Os árias, de origem controvertida, vindos do oeste, após terem, possivelmente, experimentado forte influência persa, espalharam-se lentamente no noroeste da Índia. Sítios arqueológicos no vale do Indo (Harappa e Mohenjodaro), descobriram vestígios de construções de tijolos, com utilização de abóbada, ruas cortadas em ângulo reto, casas providas de piscinas e poços, com um aperfeiçoado sistema de distribuição de água, além de provas de relações comerciais com a Mesopotâmia, todos datados de entre 2.500 a 1.200 a.C..
Traziam um sistema social baseado em castas (os brâmanes – brahmanas, os guerreiros – kshatriyas, os agricultores – vaishyas, os servos – suras e os sem casta – párias) e uma legislação (extraídos do Sutra Manarva Dharma Sastra – código de Manu), uma língua chamada indo-européia com 50 letras (o sânscrito), uma cultura literária, científica e filosófica e uma tradição religiosa. Sua história é quase desconhecida com seus textos fornecendo narrativas lendárias com cronologia e autores impossíveis de serem determinados. Foi um povo próspero, com quem todos os povos antigos buscaram comércio. O bramanismo, baseado nos Vedas, favoreceu o desenvolvimento dos cultos populares a Krishna e Rama. Deixou-nos um legado e uma história essencialmente espiritual e não político-guerreira.
Os livros sagrados dos indianos (Shastras) contêm a “Tradição-Sabedoria” existente em todos os escritos da Humanidade. De antigüidade desconhecida, versam sobre história, ciência, mitologia e filosofia. Eles compõem-se em quatro classes de escrituras:
Os Brahmana são comentários com interpretações dos Vedas, uma literatura teológica. Os Upanishad ou Vedanta (literalmente, “parte final dos Vedas”), de posterior redação, aparecem no final dos quatro Vedas e são sumários essenciais que formam a base doutrinária da religião hindu. Sua filosofia se divide em seis sistemas ortodoxos, ou darshanas: Shânkia e Yoga, Vedanta e Mimânsa, Nyáya e Vaisesíka (nesses dois últimos se encontra a teoria da estrutura atômica da matéria). Cada filosofia tem os seus próprios sutras e formam pares complementares, pois enquanto o primeiro dos pares estuda as leis que regem espírito e matéria, o segundo mostra os métodos práticos de se obter a visão da realidade. A filosofia Shânkia se diferencia um pouco por não discorrer sobre a existência de um Deus, mas somente na existência de Espírito e Matéria (Purusha e Prakriti) como entidades primeiras e eternas. Ela é chamada de filosofia realista, ao contrário dos sistemas Yoga e Vedanta, filosofias conhecidas como idealistas por discorrerem sobre a existência de Algo acima de Purusha e Prakriti.
Outros livros que tratam de ciência, incluem tratados astronômicos como o Jyotish (um dos livros do Jyotish, o Brama Gupta, versa sobre o movimento heliocêntrico dos planetas de nosso sistema solar, a forma esférica da Terra, a luz refletida da Lua, o movimento de rotação diário da Terra, a lei da gravitação e outros assuntos que só vieram à luz no Ocidente com Nicolaus Copernicus (1.473-1.543) e Isaac Newton (1.642-1.726)), os Ayurveda – tratados de medicina hindus surgidos por volta de 800 a.C. (rituais mágicos, uso de plantas, prática de cirurgia plástica, cesarianas e operações cerebrais, métodos para neutralizar efeitos de gases venenosos, etc.), o Dhanurveda – ciência militar, o Artha Shastra – ciência de governo e política, o Gandharva Veda – arte da música, dança, drama etc., o Vastu Shastra – arquitetura, o Ratha shilpa – carros, o Nauka shilpa – barcos, o Vimana shilpa – aeroplanos, o Durga shilpa – fortes, o Nagara shilpa – cidades, o Murthy shilpa – escultura e o Manu Samhita – código de leis. Todos eles considerados tradições orais (smiritis).
Hipócrates (460-377 a.C.), no século V a.C., tomou emprestadas muitas fontes hindus para sua bagagem médica. Até os “algarismos arábicos” foram formulados pelos indianos, por volta do século V d.C., escritos no Brahmasphutasidanta (A abertura do Universo) por Brahmagupta, provavelmente no século VII d.C., e levados ao Ocidente pelos árabes. Relevos de Vimanas (navios ou naves voadoras) se encontram num templo em Abydos no sul do Egito, e são muito semelhantes aos mais modernos aparelhos de aviação e navegação.
A idolatria a diversos “deuses” bramânicos desvirtua a religião bramânica até que dois reformadores religiosos surgiram no século VI a.C., fundando o budismo (Sidarta Gautama) e o jainismo (Jina).
Uma época de invasões sem sucesso ocorre com os persas (Ciro, Dario I) e gregos (Alexandre Magno) entre 517 e 305 a.C.. Ashoka (273-232 a.C.) assume como príncipe soberano em 264 a.C. e, convertido ao budismo, promulga numerosos editos que pregam a moral. Ele manda erguer mais de 84.000 mosteiros budistas na Índia e patrocina o quarto concílio budista (249-242 a.C.), com a participação de milhares de monges, restabelecendo a unidade ao budismo. Organiza a expansão do budismo nos mais longínquos países, como na Síria, Grécia, Egito (em Alexandria, escolas budistas eram conhecidas como Viharas) e Judéia (onde teriam influenciado alguns judeus: os primeiros essênios), através da Rota da Seda, e cria os primeiros textos budistas, o esboço do Triptaka em páli, a língua falada, mais evoluída que o sânscrito. O Triptaka atual, conjunto de três textos, o Vinaya-pitaka (regras monásticas), o Sutta-pitaka (coletânea de sermões e diálogos de Buda) e o Abhidhamma-pitaka (tratados de teologia), foram redigidos a partir do século V d.C. (veja mais detalhes quando falarmos do BUDISMO).