Na realidade não se pode falar de religião celta sem se falar da religião druídica, dos Druidas. Os cerimoniais célticos tinham um conteúdo “mágico” bem mais intenso que os druídicos pois neles havia uma comunhão muito grande entre o homem e a natureza.
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Sua história começa após um dilúvio, nas ocupações da Irlanda realizadas por Partholon e Nemed. Em seguida ocupada pelos Firbolg, homens do saco vindos da Trácia, foi o tempo opressor de Balor e seus Fomorii – violentos gigantes de um olho só, deuses-monstros marinhos. Com o advento dos Tuatha de Danann e seus quatro talismãs (a Pedra de Fal, a espada mágica de Nuada, a lança ou funda de Lugh e o caldeirão de Dagda), veio a época dos deuses celtas, que imperaram após derrotarem os Firbolg e os Fomorii, em duas batalhas, até a sua derrota, imposta pelos milesianos, filhos de Milesius vindos da Espanha, que trouxeram as leis humanas à Irlanda. Os milesianos seriam os antepassados dos atuais irlandeses.
A doutrina celta enfatizava a terra e a sua Deusa Mãe (Dana) com seus filhos divinos (os Tuatha de Danann) enquanto que os Druidas (conselheiros, juízes, professores e embaixadores da sociedade celta) mencionavam diversos deuses ligados às formas de expressão da natureza (como a deusa da água – Boann). Eles enfatizavam igualmente o mar, o céu e uma série de outros mundos (Avalon ou Annwn, Carbonek o castelo do Graal, o país das sombras, o reino dos Tuatha de Danann, a terra de Donn – o deus dos mortos, etc.), domínios invisíveis de deuses e espíritos da natureza, que estariam acessíveis anualmente a 31 de outubro – os mundos interiores. Festejavam a sexta-feira como um dia consagrado à Deusa, acreditavam na imortalidade da alma, que chegava ao aperfeiçoamento através das reencarnações, e admitiam como certa a lei de causa e efeito dizendo que o homem era livre para fazer tudo aquilo que quisesse fazer, mas que com certeza cada um era responsável pelo próprio destino, de acordo com os atos que livremente praticasse. Toda a ação era livre, mas traria sempre uma conseqüência, boa ou má, segundo as obras praticadas.
Enquanto em alguns dos festivais celtas os participantes o faziam sem vestes, os Druidas, por sua vez, usavam túnicas brancas. Detinham o poder político e espiritual, sendo excelentes videntes e xamãs, após de pelo menos 20 anos de longa aprendizagem das leis e dos mistérios. Embora os Celtas e Druidas não fizessem uso intenso da linguagem escrita, especialmente para transmitir seus conhecimentos, mesmo assim eles tinham uma escrita expressa sob a forma de um alfabeto, conhecido por alfabeto rúnico. As runas são símbolos gráficos com os quais podem ser gravados sons e palavras, mas o principal uso dos desenhos é de natureza mágica. Bem mais que o alfabeto hebraico, as runas são símbolos evocativos de poderes e representavam, para os Druidas, o que o alfabeto hebraico representa para a Cabala judaica (vide adiante).
Podemos dizer que as runas encerram poderes idênticos aos das letras hebraicas mais os do I Ching confucionista (vide adiante). No sistema hebraico, as letras, além dos valores simbólicos, têm valores numéricos segundo a vibração de cada uma, do som de cada uma. As letras hebraicas geralmente não são utilizáveis aleatoriamente como arte adivinhatória (como no I Ching), só acontecendo isto quando elas são distribuídas na Árvore da Vida cabalística, ou em determinadas figuras geométricas. As runas preenchiam os dois objetivos comportando-se quer como o alfabeto hebraico quer como os trigramas do I Ching.
Para eles, o ano era dividido em quatro períodos de três meses em cujo início, de cada um, havia um grande festival. Intercalando esses períodos, havia também quatro momentos secundários associados com a entrada das estações e delimitados pelos solstícios e equinócios. Eram eles:
Os Druidas celebravam suas cerimônias principais nas mesmas datas em que os celtas efetivavam seus festivais, sendo bastante similares aos rituais da WICCA (pode-se dizer que a WICCA representava o lado popular do culto druida). Contudo, os rituais eram diferentes em muitos detalhes mas visavam o mesmo objetivo que muitos outros rituais pagãos. Na realidade visavam estabelecer um elo de ligação sagrado entre o homem e a natureza, criar um espaço sagrado, visando à invocação da Deidade, celebrando a cerimônia não em templos, pois não admitiam que a Divindade pudesse ser cultuada dentro de templos construídos por mãos humanas, mas em contato direto com a natureza, principalmente onde houvesse antigos carvalhos (os locais de suas cerimônias) ou nos círculos de pedra, como se vêem nas ruínas de Stonehenge, Avebury, Silbury Hille outros, criando e intensificando assim um elo entre a Deusa Mãe e a comunidade. Possuíam três graus: os Eubates, os Bardos e os Druidas completos.