Alcançar o mundo real

Capítulo 13 – O MUNDO SEM CULPA

VII. Alcançar o mundo real

1. Senta-te em quietude e olha para o mundo que vês e dize a ti mesmo: “O mundo real não é assim. Não tem edifícios e não tem ruas por onde as pessoas andam sozinhas e separadas. Não tem lojas onde as pessoas compram uma lista sem fim de coisas das quais elas não necessitam. Não é iluminado com luz artificial e as noites não caem sobre ele. Não há dia que se ilumine e depois vá se apagando. Não há nenhuma perda. Nada lá deixa de brilhar e brilha para sempre”.

2. O mundo que vês tem que ser negado, pois ver isso está te custando um tipo diferente de Visão. Tu não podes ver ambos os mundos, pois cada um envolve um modo diferente de ver e depende do que tu aprecias. A negação de um faz com que seja possível ver o outro. Ambos não são verdadeiros, embora qualquer um dos dois possa te parecer real na medida em que o valorizares. E, no entanto, o seu poder não é o mesmo porque a sua real atração sobre ti é desigual.

3. Tu realmente não queres o mundo que vês, porque ele te desapontou desde o início dos tempos. As casas que construíste nunca te deram abrigo. As estradas que fizeste nunca te conduziram a lugar nenhum e nenhuma cidade construída por ti suportou o assalto esmagador do tempo. Nada do que fizeste tem outra marca senão a da morte sobre si mesmo. Não valorizes essas coisas porque elas são velhas e gastas e estão prontas para retornar ao pó desde o momento em que as fizeste. Esse mundo de dor não tem o poder de tocar o mundo vivo em absoluto.  Tu não poderias lhe dar esse poder e embora lhe dês as costas tristemente, não podes achar nesse mundo a estrada que conduz para longe dele, para um outro mundo.

4. Entretanto, o mundo real tem o poder de tocar-te mesmo aqui porque tu o amas. E o que chamas com amor virá a ti O amor sempre responde, sendo incapaz de negar um pedido de ajuda ou de não ouvir os gritos de dor que se erguem até ele de todas as partes desse estranho mundo que fizeste, mas não queres.  Tudo o que precisas para entregar esse mundo trocando-o com contentamento pelo que não fizeste é a disponibilidade para aprender que o que fizeste é falso.

5. Tu tens estado errado a respeito do mundo porque julgaste a ti mesmo de forma equivocada. O que poderias ver de um ponto de referência tão distorcido? Tudo o que é visto parte de quem percebe e julga o que é verdadeiro e o que é falso. E o que ele julga como falso, ele não Vê. Tu, que queres julgar a realidade, não podes vê-la, pois sempre que entra o julgamento, a realidade foge. O que está fora da mente está fora da vista, porque o que é negado está presente, mas não é reconhecido. Cristo ainda está presente, embora tu não O conheças. O que Ele é não depende do teu reconhecimento.  Ele vive dentro de ti no sereno momento presente e espera que deixes para trás o passado e entres no mundo que Ele te oferece com amor.

6. Ninguém nesse mundo distraído viu mais do que alguns vislumbres do outro mundo em torno de Si. Entretanto, enquanto ele ainda dá valor ao seu próprio mundo, negará a visão do outro, insistindo em que ama aquilo que não ama e deixando de seguir a estrada que o amor aponta.  O amor conduz com tanto contentamento!  A medida em que O segues, regozijar-te-ás por teres achado a Sua companhia e teres aprendido com Ele a feliz jornada ao lar. Tu só esperas por ti mesmo.  Entregar esse triste mundo e trocar os teus erros pela paz de Deus não é senão a tua vontade. E Cristo irá sempre oferecer-te a Vontade de Deus, reconhecendo que tu a compartilhas com Ele.

7. É a Vontade de Deus que nada toque o Seu Filho, exceto Ele próprio e que nada mais se aproxime dele. Ele está tão a salvo da dor quanto o próprio Deus Que vela por ele em tudo. O mundo à sua volta brilha com amor porque Deus o colocou em Si Mesmo onde não há dor e o amor o envolve incessante e infalivelmente. Sua paz não pode ser perturbada nunca. Em perfeita sanidade, ele olha para o amor, pois o amor está em toda parte em torno dele e dentro dele. Ele tem que negar o mundo da dor no instante em que percebe os braços do amor à sua volta. E deste ponto de segurança, ele olha em quietude em torno de si mesmo e reconhece que o mundo é um com ele.

8. A paz de Deus só excede o teu entendimento no passado. Entretanto, ela está aqui e tu podes compreendê-la agora. Deus ama o Seu Filho para sempre e Seu Filho corresponde ao Amor do seu Pai para sempre. O mundo real é o caminho que te conduz à lembrança da única coisa que é totalmente verdadeira e totalmente tua. Pois para tudo o mais tu emprestaste a ti mesmo no tempo e tudo murchará. Mas essa única coisa é sempre tua, sendo a dádiva de Deus para Seu Filho. A tua única realidade te foi dada e através dela Deus te criou um com Ele.

9. Em primeiro lugar, tu vais sonhar com a paz e então despertarás para ela. A tua primeira troca do que fizeste pelo que queres é a troca dos pesadelos pelos sonhos felizes do amor. Neles estão as tuas verdadeiras percepções, pois o Espírito Santo corrige o mundo dos sonhos, onde está toda a percepção. O conhecimento não necessita de correção. No entanto, os sonhos de amor levam ao conhecimento. Neles, nada vês de amedrontador e devido a isso, eles são as boas-vindas que ofereces ao conhecimento. O amor espera pelas boas-vindas, não pelo tempo e o mundo real não é senão as tuas boas-vindas ao que sempre foi. Portanto, o chamado da alegria está nele e a tua resposta feliz é o teu despertar para o que não perdeste.

10. Louva, então, o Pai, pela sanidade perfeita de Seu Filho santíssimo. O teu Pai sabe que não necessitas de nada. No Céu é assim, pois de que poderias necessitar na eternidade? No teu mundo, de fato, tens necessidade de coisas. É um mundo de escassez no qual tu te achas porque algo te falta. No entanto, é possível que te aches em tal mundo? Sem o Espírito Santo, a resposta seria não. Entretanto, devido a Ele, a resposta é um alegre sim! Enquanto Mediador entre os dois mundos, Ele sabe do que necessitas e do que não vai ferir-te. A propriedade é um conceito perigoso se é deixado por tua conta. O ego quer ter coisas para a salvação, pois a posse é a sua lei. Possuir por possuir é o credo fundamental do ego, uma pedra angular básica nas igrejas que ele constrói para si mesmo.  E em seu altar ele exige que deposites todas as coisas que te pede para obter, não te deixando nenhuma alegria nelas.

11. Todas as coisas que o ego te diz que necessitas irão te ferir. Pois embora ele te peça com insistência e repetidamente que as obtenhas, não te deixa nada, pois o que obténs ele vai exigir de ti.  E das próprias mãos que as agarraram, serão arrancadas e lançadas ao pó. Pois onde o ego vê salvação, ele vê separação e assim perdes tudo o que tiveres obtido em nome dele. Portanto, não perguntes a ti mesmo do que é que necessitas, pois não sabes e o teu próprio conselho irá ferir-te. Pois o que pensas que necessitas simplesmente servirá para fechar mais o teu mundo contra a luz e deixar-te sem vontade de questionar o valor que esse mundo possa realmente ter para ti.

12. Só o Espírito Santo sabe do que necessitas. Pois Ele te dará todas as coisas que não bloqueiam o caminho para a luz.  E de que mais poderias necessitar? No tempo, Ele te dá todas as coisas que precisas ter e as renovará enquanto tiveres necessidade delas. Ele não tirará de ti coisa alguma enquanto tiveres qualquer necessidade dela. E apesar disso, Ele sabe que tudo aquilo de que necessitas é temporário e só durará até que passes ao largo de todas as tuas necessidades e reconheças que todas elas foram preenchidas, por conseguinte, Ele não tem nenhum investimento nas coisas que fornece, exceto no sentido de assegurar-Se de que não vais usá-las para prolongar-te no tempo.  Ele sabe que lá não estás em casa e não é Sua Vontade que qualquer atraso adie a tua alegre volta ao lar.

13. Deixa, então, as tuas necessidades com Ele. Ele as suprirá sem colocar nelas qualquer ênfase. O que vem a ti a partir Dele vem com segurança, pois Ele garantirá que isso nunca venha a ser um ponto escuro, escondido em tua mente e mantido com o fim de ferir-te. Sob a Sua orientação, viajarás sem cargas e caminharás na luz, pois a Sua vista está sempre no fim da jornada, que é a Sua meta. O Filho de Deus não é um viajante através de mundos exteriores. Por mais santa que sua percepção venha a ser, nenhum mundo exterior a ele contém a herança que lhe é devida. Dentro de si, ele não tem necessidades, pois a luz de nada necessita a não ser brilhar em paz e deixar que os seus raios se estendam a partir de si mesma em quietude até o infinito.

14. Sempre que fores tentado a empreender uma jornada inútil que te conduzirá para longe da luz, lembra-te do que realmente queres e dize:

Espírito Santo me conduz a Cristo, a que outro lugar iria eu?

Que necessidade tenho eu senão a de despertar Nele?

15. Então, segue-O em alegria, com fé em que Ele te conduzirá com segurança através de todos os perigos para a paz da tua mente que esse mundo possa colocar diante de ti. Não te ajoelhes diante dos altares ao sacrifício e não busques o que certamente irás perder. Contenta-te com aquilo que com toda a certeza irás conservar e não sejas intranqüilo, pois empreendes uma jornada quieta para a paz de Deus, onde Ele quer que estejas em quietude.

16. Em mim, já superaste todas as tentações que te atrasariam. Nós andamos juntos no caminho para a quietude, que é a dádiva de Deus. Dá valor a mim, pois de que necessitas tu, senão de teus irmãos? Nós restauraremos para ti a paz da mente que temos que achar juntos. O Espírito Santo te ensinará a despertar para nós e para ti mesmo. Essa é a única necessidade real a ser preenchida no tempo.  Salvar-te do mundo consiste apenas nisso. A minha paz, eu te dou. Toma-a de mim, trocando-a alegremente por tudo o que o mundo tem te oferecido só para tomar de volta. E nós a espalharemos como um véu de luz através da face triste do mundo, na qual escondemos nossos irmãos do mundo e o mundo deles.

17. Não podemos cantar sozinhos o hino da redenção. Minha tarefa não está completa enquanto eu não tiver erguido todas as vozes junto com a minha. E no entanto, ela não é minha, porque assim como é minha dádiva a ti, foi a dádiva do Pai a mim, dada a mim através do Seu Espírito. O seu som abolirá a tristeza da mente do Filho santíssimo de Deus, onde ela não pode habitar. A cura no tempo é necessária, pois a alegria não pode estabelecer seu reino eterno onde mora o pesar. Tu não moras aqui, mas na eternidade. Viajas apenas em sonhos, enquanto estás a salvo em casa. Dá graças a cada parte de ti mesmo a qual tenhas ensinado como lembrar de ti. Assim o Filho de Deus dá graças ao seu Pai pela sua pureza.

 

 

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