As Provações no Caminho

Amigos, Amigas,
 

Todas as tradições espirituais falam da existência de “provações” no caminho espiritual. E elas existem. Elas impedem que nossas vitórias ocorram imerecidamente. Elas tornam nosso progresso mais sólido e durável.

A seguir, anoto sete pontos sobre os “testes”, “desafios” e bênçãos que encontramos na caminhada do autoconhecimento, à medida que passamos a viver, de fato, os ensinamentos.


UM.
 

É possível criar uma grande quantidade de amor incondicional, harmonia, comunhão e contemplação — seja em grupo, seja individualmente, combinando estudo, reflexão e
meditação sobre temas elevados.

DOIS.
 

Esse estado, essa atmosfera, faz bem à alma e, ao mesmo tempo, não é fácil de ser mantida. Para isso é necessário desenvolver um outro tipo de atenção, a “segunda atenção”. Esse estado elevado de consciência provoca testes, provações, fatos que são descritos e discutidos em todas as grandes religiões e tradições espirituais. Os testes são, pois, um processo natural, a ser visto com tranquilidade.

TRÊS.
 

O estado de espírito elevado, produzido pelo estudo, pela meditação e pela reflexão individual ou coletiva sobre temas elevados, pode “desaparecer” e transformar-se em conflito na alma de qualquer indivíduo, devido a um pequeno incidente qualquer, que em determinado momento passa a assumir proporções exageradas. Nesse caso, será importante não perder de vista a luz e a paz.

QUATRO.
 

Por que ocorrem tais testes? Através de que mecanismos? Essas duas perguntas devem ser examinadas com calma e atenção. Elas contêm a chave para alcançar a sabedoria.

CINCO.
 

O mecanismo dos testes pode ser compreendido. A energia dos níveis inferiores de consciência fica “estranha” e “deslocada” ao perder o foco exclusivo dos acontecimentos. O rumo da vida do caminhante se altera em direção ao desconhecdo. De repente, a luz do foco central afasta-se um pouco do eu inferior. As energias acumuladas, os hábitos abandonados, ou meio-abandonados,
preparam-se para dar o troco e tentar retomar o controle.

Os hábitos emocionais estão ligados a processos químicos no organismo e esses processos geram dependência. As forças inconscientes do hábito mental e emocional parcialmente abandonado se reúnem para um motim, e aproveitam a primeira oportunidade para tentar virar o barco. Daí a importância da auto-observação. Os peregrinos observam esses processos de testes, pelos quais o eu inferior faz suas manipulações de poder, sempre vestido de ovelha branca e pura.

Os testes são preparados e servidos ao caminhante pelo seu próprio subconsciente, com a ajuda de alguns personagens externos (que Carlos Castañeda chama de “pequenos tiranos”). Esses personagens ou circunstâncias externas são, no entanto, apenas coadjuvantes no filme ou drama.

SEIS.
 

Essas tempestades passam. Aqueles que perseveram em suas metas descobrem que, depois da tempestade, fica, como lucro, um novo patamar, mais elevado, para o trabalho comum, ou para a busca individual. Fica uma certa bonança. Emerge uma nova bênção. Em um gruipo, ficam relações mais maduras entre os camihantes, mais sólidas. Eles confiam mais uns nos outros, e nos futuros testes seus mecanismos de ajuda mútua, de apoio mútuo e de compreensão mútua funcionarão, provavelmente, um pouco melhor. Na caminhada individual, cada um confia mais em si mesmo e sabe que tem motivos para isso. Uma nova luz se abre.

SETE.

 

Todo esse processo permite aos peregrinos perceber melhor os seus próprios processos de aprendizagem, de modo que eles se tornam mais conscientes, mais autônomos, mais eficientes. Um bom caminhante avança sem apego a resultados, plantando continuamente em todo tipo de solo, sabendo que a colheita virá como o orvalho da madrugada, sem que ele tenha que fazer esforço. O esforço se concentra no ato de plantar.
 

Os testes têm uma função sagrada. Eles dão solidez ao avanço. Eles impedem que as lições sobre a caminhada sejam só teóricas.

Om, Shanti, Carlos.

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