Extraído de Azevedo, Cláudio; A Caminho no Ser: Uma Visão Transpessoal
da Psicologia no Yoga S?tra de Pat?ñjal?, Editora Órion, Fortaleza, 2.007
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Itih?sas
Já os Itih?sas (‘assim foi’) são textos histórico-lendários, equivalentes à Bíblia cristã, que alguns autores classificam como Sm?tis. Incluem o Mah?bh?rata (Grande Índia), que se passaria há mais de 5.000 anos, e o R?m?ya?a (sobre R?ma), que se passaria há cerca de um milhão e 750 mil anos atrás. São textos que ilustram situações práticas onde os ensinamentos dos ?rutis tiveram aplicabilidade histórica na Índia.
O R?m?ya?a é um poema épico rico em intrigas, atos de heroísmo, romances e aventuras, tendo como protagonista os filhos do rei de Ayodhya (na moderna cidade de Oudh, ao norte da Índia), R?ma e seu irmão Lak?ma?a, a esposa de R?ma (S?t?) e o grande macaco herói (Hanum?na). Em seus sete capítulos, narra a maravilhosa personalidade de ?r? R?ma (com sua aparência esverdeada), suas poderosas qualidades, os planos para coroá-lo como rei, plano este que foi frustrado, e o seu exílio subseqüente para dentro da floresta, junto com seu irmão e esposa, onde matou perigosos demônios e realizou incríveis façanhas.
Próximo ao fim do exílio, sua casta esposa, incansável defensora da verdade, foi raptada por R?va?a (rei dos gigantes com dez cabeças) e R?ma, acompanhado pelo seu exército, auxiliado pelo exército dos macacos, chefiados por Hanum?na, iniciou uma grande batalha contra o rei demônio de La?k?, R?va?a, com seus monstros e estranhas criaturas.
No R?m?ya?a, existem dois tipos de mensagens predominando: uma pertence a R?ma e outra a R?va?a. A mensagem de R?ma para a humanidade é sustentar a verdade e a retidão, que são os dois olhos do homem, permanecer no caminho delas e realizar suas vidas. Por outro lado, esses dois princípios são os próprios opostos das propensões de R?va?a. A fama e a infâmia são cognatas. Não existe R?ma sem R?va?a ou R?va?a sem R?ma. O R?m?ya?a é a interação de R?ma e R?va?a como o bom e o mau que estão sempre presentes, lado a lado. O resplandecer da boa fama é intensificado pelas trevas circundantes do mal.
Já o Mah?bh?rata, composto de 100 mil estrofes em 100 capítulos, ditado por K???a-Dwaipayana Vy?sa e anotado por ?r? Ga?e?a, filho do Senhor ?iva, começa com o Rei Du?yanta, um poderoso governador da antiga Índia. Sua esposa, ?akuntala, deu à luz a Bh?rata, que governou por muitos anos e foi o fundador da dinastia Kuru. Dh?tar???ra e P???u foram seus filhos. Infelizmente, as coisas não foram bem depois de sua morte. Como Dh?tar???ra não pôde assumir o reinado por ser cego, seu irmão P???u o assumiu.
P???u morreu precocemente e Dh?tar???ra assumiu interinamente o trono, com a intenção de que seus filhos o herdassem e não os filhos de P???u. A inveja e o ódio surgiam no reinado, e, após um fraudulento jogo de dados, os filhos de P???u foram exilados durante 13 anos. Com o término do exílio, recorrendo aos seus direitos, Yudhi??hira, Bh?ma, Arjuna, Nakula e Sahadeva pediram o reino de volta, o que foi negado por Duryodhana, o filho mais velho de Dh?tar???ra.
Os cinco então reduziram a reivindicação para apenas cinco aldeias, o que também foi sarcasticamente negado por Duryodhana. Diante do perigoso clima conflituoso que então se instaurou, ?r? K???a, primo dos príncipes exilados, foi à corte de Dh?tar???ra para negociar a paz. Mas depois que suas propostas foram recusadas, a guerra se tornou inevitável. Assim, o Mah?bh?rata descreve a guerra entre os P???avas (filhos do Sol) e os Kauravas (filhos da Lua) pela posse do reino.
Na sua sexta seção, o Bh??ma Parva, os momentos que antecedem à batalha final de Kuruk?etra,Arjuna se questiona por estar combatendo contra amigos e familiares e se aconselha com ?r? K???a, compõem a parte mais famosa do poema, conhecida como Bhagavad G?t? (o 63º capítulo do Mah?bh?rata): um conjunto harmonioso das doutrinas de Pat?ñjal?, Kapila e dos Vedas (veja adiante nos quando o príncipe dar?anas).
A Bhagavad G?t?, também conhecida como G?topani?ad é uma das obras mais importantes que existem no mundo e é considerada como o ‘evangelho’ hindu. Afirma-se que ela tem sete níveis de interpretação, e aconselha-se ao estudante esforçar-se por penetrar no seu mais profundo sentido. Esse sentido interior, ou espiritual, é estudado profundamente pelo sistema filosófico (dar?ana) conhecido como Ved?nta. É um maravilhoso ensino sobre Karma Yoga (capítulos 1 a 6), Bhakti Yoga (capítulos 7 a 12) e Jñ?na Yoga (capítulos 13 a 18), mas cada capítulo é uma forma de Yoga, uma forma de alcançar a comunhão com a Consciência Última.
Ensina vinte práticas, ou virtudes essenciais, para preparar a mente do buscador para a percepção do Eu BG 13:8-12: humildade (am?nitva?), modéstia (adambhitva?), não-violência (ahi?s?), tolerância (k??nti?), simplicidade (?rjava?), aproximar-se de um Mestre (?c?rya-up?sana?), limpeza (?auca?), firmeza (sthairya?), autocontrole (?tma-vinigraha?), desapego dos estímulos sensoriais (indriy?rthe?u vair?gyam), inegoísmo (anaha?k?ra?), percepção da relatividade do nascimento, morte, velhice, doença e dor (janma-m?tyu-jar?-vy?dhi-du?kha do??nudar?anam), desapego às posses (asakti?), desapego aos filhos, ao cônjuge e ao lar (anabhi?va?ga? putra-d?ra-g?h?di?u), equilíbrio mental ante o desejável e o indesejável (sama-cittatva? i?t?ni?topapatti?u), ininterrupta devoção (bhakti? avyabhic?ri??),(vivikta-de?a sevitvam) e à solidão (arati? jana-sa?sadi), busca ininterrupta pelo autoconhecimento (adhy?tma-jñ?nam nityatva?) e pelo conhecimento filosófico da Verdade (tattva-jñ?na artha-dar?ana?). aspirar à reclusão