O Nascimento da Vida

Continuaremos com o relato da evolução da vida na Terra junto com uma pequena explanação acerca dos Eons geológicos (do grego Æon, eternidade, no sentido de um tempo aparentemente interminável):

 

1.   Eon Criptozóico

 

1.1.  Era Pré-cambriana: intervalo de tempo correspondente a 80% da história geológica da Terra. Iniciado há cerca de quatro bilhões e seis milhões de anos e encerrado há 570 milhões de anos. Divide-se em dois períodos: o Arqueano e o Proterozóico.

 

1.1.1.   Período Arqueano: o planeta tinha uma atmosfera rica em CO2  e uma temperatura de superfície de cerca de 1.000oC. Paulatinamente a crosta endureceu e se formaram os oceanos. Registra uma chuva de meteoros que só findou há 4 bilhões de anos e o surgimento de vida aquática na Terra, por volta de 3,85 bilhões de anos atrás. Os organismos eram procariontes (organismos unicelulares, sem membrana nuclear), capazes de sobreviver aos altos níveis de radiação solar existentes na atmosfera sem oxigênio e sem camada de ozônio.

Até recentemente, os fósseis encontrados em terra mais antigos – achados no Arizona (EUA) – tinham 1,2 bilhão de anos. Mas, de acordo com pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, a vida pode ter deixado o oceano e se estabelecido em terra muito antes, há talvez 2,6 bilhões de anos. Para chegar a essa conclusão, Yumiko Watanabe, por meio de uma série de métodos geoquímicos, encontrou um tipo de solo, datado de 2,6 a 2,7 bilhões de anos, contendo carbono orgânico. A pesquisadora afirma que o carbono orgânico representa restos de microrganismos que se desenvolveram sobre o solo. Isso aponta para a possibilidade de desenvolvimento de uma atmosfera rica em oxigênio anterior a essa data. “O desenvolvimento da camada de ozônio, que protege a vida na Terra das radiações cósmicas, requer uma atmosfera rica em oxigênio. Isso significa que essa camada tem que ter surgido há mais de 2,6 bilhões de anos”, afirma Hiroshi Ohmoto, outro autor do estudo e diretor do Centro de Pesquisa em Astrobiologia. O surgimento da camada de ozônio marca o início da diminuição da temperatura terrestre.

 

1.1.2.   Período Proterozóico: situado entre 2,5 bilhões e 570 milhões de anos atrás. Aos procariontes do Arqueano se sucederam, no Proterozóico, os eucariontes (unicelulares ou não, possuidores de membrana nuclear) que, para seu crescimento, usavam o oxigênio existente na atmosfera, cada vez em maior quantidade. Formas de vida simples, pluricelular invertebrada, começaram a aparecer no fim da Pré-cambriana e foram os precursores dos metazoários (organismos pluricelulares com células diferenciadas em tecidos e órgãos) do Cambriano.

Sabe-se que há aproximadamente 800 milhões de anos, quando na Terra existia apenas um imenso continente, ocupando todo o pólo sul do planeta, a Rodínia, o planeta começou a congelar, de forma que entre 730 e 630 milhões de anos atrás a Terra virou uma bola de neve, com uma capa de gelo que chegava a 5 quilômetros de espessura (-110oC). O fenômeno quase acabou com todos os seres pluricelulares simples que tinham acabado de surgir no planeta, sobrevivendo apenas os que habitavam uma delgada faixa de mar na linha do Equador, que teria permanecido a 10oC. Após esse período emergiram continentes e se formaram cinturões orogênicos à margem e entre os blocos continentais.

 

2.   Eon Fanerozóico

O bombardeio cósmico voltou na Paleozóica, entre 500 e 400 milhões de anos atrás, correspondendo à chamada explosão cambriana. Diversas criaturas pluricelulares complexas, como os metazoários, se desenvolveram principalmente nos mares, evoluindo para os peixes, anfíbios e répteis, e, posteriormente, “deram lugar” aos primatas e à espécie humana. Invertebrados ancestrais dos aracnídeos e insetos também proliferaram.

 

2.1.  Era Paleozóica: intervalo de tempo que se estende de 570 a 245 milhões de anos atrás, quando surgiram na Terra os primeiros peixes, plantas, animais terrestres e anfíbios. Divide-se em seis períodos, a saber:

 

2.1.1.   Período Cambriano: teve início há cerca de 570 milhões de anos e durou cerca de 70 milhões de anos. Sem grandes perturbações tectônicas, o Cambriano apresenta, em suas rochas mais antigas, um grande número de fósseis com partes duras e já com certo grau de evolução. Caracterizou-se por uma explosão evolutiva da vida marinha.

 2.1.2.   Período Ordoviciano: iniciou-se há cerca de 505 milhões de anos e teve duração de quase setenta milhões de anos. A vida era predominantemente marinha: nessa época surgiram os peixes, ao que tudo indica, nas águas doces. As únicas plantas conhecidas do Ordoviciano são as algas marinhas. Uma glaciação matou 55% das espécies há 450 milhões de anos.

 2.1.3.   Período Siluriano: intervalo de tempo geológico iniciado há cerca de 438 milhões de anos e que durou cerca de trinta milhões de anos, caracterizado pelo surgimento das plantas terrestres.

2.1.4.   Período Devoniano: iniciou-se há 408 milhões de anos e durou cerca de 48 milhões. A fisionomia da Terra era substancialmente diferente da atual, pois um gigantesco continente se localizava no hemisfério sul e outras porções de terra se encontravam nas regiões equatoriais. A Sibéria se achava separada da Europa por um oceano. Durante o período, houve a colisão dos continentes europeu e norte-americano, e muitas regiões sofreram intenso vulcanismo e movimentos sísmicos. A explosiva evolução dos animais aquáticos no período valeu-lhe também o nome de idade dos peixes. A vegetação, modesta no início do período, desenvolveu-se gradativamente e apareceram, no Devoniano médio, as primeiras florestas. No final do Devoniano, grande número de invertebrados marinhos desapareceu sem que se conheça o motivo. A flora do período é, no entanto, relativamente pobre em comparação com a do Carbonífero.

2.1.5.   Período Carbonífero: teve início há cerca de 360 milhões de anos, com duração estimada em 75 milhões de anos. Nesse período os primeiros répteis surgiram e se formaram grandes florestas em que predominavam as gigantescas pteridófitas dos pântanos (que chegavam à cerca de trinta metros de altura), das quais derivaram espessas camadas de carvão.

2.1.6.   Período Permiano: começou há cerca de 285 milhões de anos e durou cerca de 40 milhões de anos. Um grupo de cientistas de diversas instituições americanas, como a Universidade de Washington, a Universidade de Rochester e a NASA, conseguiu provas de que uma extinção maciça aconteceu na Terra entre o Permiano e o Triássico (transição ocorrida há 250 milhões de anos), eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies vertebradas terrestres e quase todas as formas vegetais, extinção essa causada pelo impacto de um corpo celeste. O choque teria desencadeado uma longa série de erupções vulcânicas, que também teriam contribuído para essa destruição em escala planetária. Grandes movimentos orogenéticos resultaram, então, na formação de importantes cadeias de montanhas, inclusive os Apalaches, no leste dos Estados Unidos.

 

2.2.  Era Mesozóica: segunda das três principais eras geológicas da Terra. Ocorrida de 245 a 66,4 milhões de anos atrás, abrangeu os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo.

                     Entre 230 e 65 milhões de anos atrás, reinaram na Terra os dinossauros, quando então uma hecatombe astronômica, no Golfo do México, matou-os de uma vez, sobrando apenas as tartarugas, os crocodilos e os mamíferos. Embora a extinção de 250 milhões de anos atrás tenha sido mais violenta que a dos dinossauros, acredita-se que o asteróide ou cometa tivesse as mesmas proporções nos dois casos: em torno de 10 km de diâmetro. Ao longo de aproximadamente 180 milhões de anos, durante a era Mesozóica, a Terra assistiu ao surgimento dos ancestrais das principais espécies de plantas e animais que existem atualmente.

                     Segundo teoria do geólogo Alfred Lothar Wegener (1.880-1.930), esboçada no início do século XX, há 200 milhões de anos houve a separação da Pangéia (única massa de terra existente até então) em dois supercontinentes, Gonduana, ao sul, e Laurásia, ao norte, que deram origem às atuais massas continentais. Essa época registrou a evolução de uma flora e de uma fauna bem diversas das que haviam se desenvolvido durante a era Paleozóica e das que surgiriam depois na Cenozóica.

                     Em meados da era Mesozóica, a Laurásia, que incluía a maior parte da América do Norte e da Eurásia, separou-se totalmente de Gonduana pelo mar de Tétis, no hemisfério sul. Durante o Jurássico, a América do Norte começou a se afastar dos dois supercontinentes. No final do Jurássico, a África já tinha começado a se separar da América do Sul, e a Austrália e a Antártica já estavam desligadas da Índia.

2.2.1.   Período Triássico: iniciou-se há cerca de 245 milhões de anos e durou quase 40 milhões de anos. Presentes na Terra desde o período Carbonífero, os répteis só dominaram os continentes a partir do Triássico, quando a falta de competição provocou uma evolução explosiva da classe. No período surgiram os primeiros dinossauros, de início pequenos e bípedes.

2.2.2.   Período Jurássico: iniciado há cerca de 208 milhões de anos. Havia na Terra imensas regiões pantanosas e outras desérticas. Na fauna, predominavam os répteis, entre os quais a espécie mais numerosa era a dos dinossauros.

2.2.3.   Período Cretáceo: iniciado há cerca de 144 milhões de anos, durou cerca de 77,6 milhões de anos. As rochas cretáceas são de extrema importância para o homem, pois nelas se concentra grande parte das reservas de petróleo, bem como extensas jazidas de carvão e de outros minerais. O Cretáceo se caracteriza pela fauna de dinossauros bizarros, tartarugas e crocodilos, répteis voadores, mamíferos como os marsupiais e primatas e os insetívoros, os triconodontes e os multituberculados.

            O fim do Cretáceo marcou uma época de crise para a vida, tal como no fim da era Paleozóica. Um intenso vulcanismo iniciou-se, levando a um aquecimento global. As árvores com flores e frutos (angiospermas) diminuíram em 90%, levando a um decréscimo, talvez na mesma proporção, dos dinossauros. Outros grupos de animais decresceram gradativamente e os dinossauros e os répteis voadores se extinguiram abruptamente no fim do período, devido ao impacto do asteróide na península do Yucatán, no Golfo do México. Essa extinção em massa atingiu também os mamíferos triconodontes e as aves com dentes. Mas as tartarugas, crocodilos e até sapos e salamandras sobreviveram ao impacto. A temperatura, que era a maior desde a grande extinção (5 a 10oC maior que hoje), cai vertiginosamente devido à poeira levantada que encobria o Sol. Ao mesmo tempo ciclos de gigantescas inundações e secas se revezaram no período, cadeias de montanhas surgiram assim como a aridez predominou no globo.

 

2.3.  Era Cenozóica: era geológica que compreende os períodos Terciário e Quaternário. Nela, a fauna e a flora adquiriram suas formas atuais. Iniciada há aproximadamente 66,4 milhões de anos, estende-se até a atualidade. Nos últimos 50 milhões de anos todos as oscilações da temperatura tiveram como origem a posição do Sol em relação à Terra, devido à mudança no eixo de inclinação desta em relação àquele. Ou seja, as glaciações ocorridas tiveram lugar devido às alterações periódicas dessa posição relativa, que varia a cada 41.000 anos. Há 3,6 milhões de anos o gelo cresceu ao norte e o planeta esfriou. A África secou sumindo as matas onde viviam os hominídeos, fazendo surgir o gênero Homo adaptado a caminhar nos campos. Há 900 mil anos, o atual padrão de glaciações, de 100 mil anos de duração com intervalos de 8 a 40 mil anos, enfim se estabeleceu.

2.3.1.   Período Terciário: primeiro dos dois períodos da era Cenozóica. Iniciado há 66,4 milhões de anos, abrange cerca de 65 milhões de anos. Foi a época em que surgiram as montanhas e durante o qual a face do planeta assumiu sua forma atual. Os movimentos sísmicos, então registrados, provocaram o surgimento das grandes cadeias de montanhas que conhecemos hoje: os Andes, os Alpes, o Himalaia e a cadeia de vulcões localizada na região ocidental da América do Norte. Divide-se em:

2.3.1.1. Paleoceno: foi caracterizado pelo desenvolvimento dos mamíferos primitivos e pela queda de temperatura em escala planetária.

2.3.1.2. Eoceno: iniciado há 57,8 milhões de anos e finalizado há cerca de 36,6 milhões, caracterizado pelo clima ameno. O clima começou a esfriar novamente há cerca de 38 milhões de anos.

2.3.1.3. Oligoceno: intensificou-se a atividade orogênica e durou cerca de doze milhões de anos. Nessa época ocorreram mudanças na paisagem do Leste e Sul da África aproximando-a do Oriente Médio. Vulcões explodiram transformando o verde em mata seca.

2.3.1.4. Mioceno: iniciado há 23,7 milhões de anos, caracteriza-se por grande atividade vulcânica em diversos pontos da Terra, época em que se completou o dobramento de cadeias montanhosas como o Himalaia e os Alpes. Os hominídeos diferenciaram-se há cerca de 23 milhões de anos. Embora ainda não tenha sido encontrado o chamado “elo perdido”, a transição entre o animal e o homem, sabe-se hoje que numerosas espécies de hominídeos existiram e coexistiram, sendo o mais antigo fóssil bípede encontrado o Sahelanthropus tchadensis descoberto em 2.001 e apelidado de Toumai. Com 7 milhões de anos, desbancou o Orrorin tugenensis, com 6 milhões de anos encontrado em 2.000 na Etiópia. O clima teve uma queda brusca há 14 milhões de anos (glaciação).

2.3.1.5. Plioceno: iniciado há 5,3 milhões de anos atrás e caracterizado pela presença dos grandes carnívoros e pelo surgimento do Ardipithecus ramidus, com 4,4 milhões de anos encontrado na Etiópia em 1.994, e do Australopithecus anamensis, com 4,2 milhões de anos, encontrado no Quênia menos de um ano depois. A cada nova descoberta, surgem novas evidências de que umas espécies estavam acompanhadas de outras (Australopithecus afarensis – Lucy, Australopithecus africanus, A. robustus, A. boisei, A. prometheus, A. afarensis, Homo habilis, etc.) e que estariam disputando a primazia de virar o que chamamos hoje de espécie humana.

2.3.2.   Período Quaternário: último período da era Cenozóica, marcado pelo aparecimento do homem. Também chamado antropozóico, abrange cerca de 1,6 milhão de anos. Foram registradas cinco glaciações sucessivas e quatro recuos da camada de gelo, que duraram ao todo cerca de dois milhões de anos, com a última se iniciando há 22 mil anos (no seu auge, há 18 mil anos, o gelo chegava à Inglaterra) e terminando há dez mil anos atrás. Isso afetou sobremaneira o desenvolvimento da fauna e da flora no hemisfério norte. Como as outras espécies, os primeiros humanos se deslocaram em conseqüência das glaciações mas, ao contrário de algumas delas, se adaptaram às mudanças e sobreviveram ao que se conhece como a grande idade do gelo. Achava-se que esse primeiros imigrantes humanos a saírem da África fossem os Homo erectus, mas foram encontrados, pela equipe do paleantropólogo David Lordkipanidze, na Geórgia, na aldeia de Dmanisi, crânios de tamanhos variados, datados de 1,7 a 1,8 milhão de anos atrás, com características tanto do H. habilis quanto do H. erectus. Talvez um ancestral anterior a ambos tenha sido o autor da migração. O Quaternário divide-se em Pleistoceno e Holoceno.

2.3.2.1. Pleistoceno: época da era Cenozóica correspondente à parte mais antiga e mais extensa do período quaternário. Caracterizado pelo aparecimento do homem de Java, Heidelberg e de Pequim (conhecidos como Homo erectus Florisbad (África do Sul), da Rodésia (África) e do homem primitivo de Neanderthal (Alemanha), esses conhecidos como Homo sapiens, surgidos entre 150 e 35 mil anos atrás. Outra característica dessa época é a extinção dos grandes mamíferos e as várias glaciações. Há cerca de 35 mil anos atrás, surgiu o Homo sapiens sapiens: do tipo branco do Cro-Magnon (mediam em média 1,83m), do tipo Chancelade, os homens de Swanscombe (Inglaterra), o de Kanjera (África) e o de Fontechevade (França), correspondentes aos homens atuais. Após o surgimento desses primeiros hominídeos inteligentes, iniciou-se uma época conhecida como pré-história, dividida em paleolítica (ou idade da pedra lascada, que veio até a 12 mil anos atrás), mesolítica (um período intermediário caracterizado por uma série de transtornos geológicos, trazidos pelo fim da quarta glaciação) e neolítica (ou idade da pedra polida, iniciada há 11 mil anos atrás). Devido a essa glaciação, o homem se transformou do vegetariano do paleolítico em carnívoro no neolítico. – de 1,6 milhão a 130 mil anos atrás) e dos homens do Rio Solo (Polinésia), de

2.3.2.2. Holoceno, época atual, abrange os últimos dez mil anos, após as glaciações. Inclui o Neolítico, iniciado no Pleistoceno e que findou por volta de cinco mil anos atrás, onde se iniciou a idade dos metais, ou proto-história, que finaliza a pré-história. No período entre 7 e 5 mil anos atrás, o mais quente dos últimos 10 mil anos, florescem as civilizações humanas (veja a seguir), numa Terra onde os oceanos eram três metros mais altos do que hoje. Por volta de 5.600 a.C., segundo Walter Pittman e Willian Ryan, geólogos americanos, o Mediterrâneo teria atingido um nível tal que o teria feito invadir a Ásia Menor, destruindo uma civilização lá existente e dando origem ao Mar Negro. Os sobreviventes teriam emigrado para outras partes do mundo, e dado origem aos relatos do dilúvio nas escrituras, mitos e lendas da humanidade.

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