O Nascimento da Vida

Já no século XIII, São Tomás de Aquino (1.225-1.274) defendia a existência de Deus como única explicação para a complexidade da vida. Foi o início da tese do “planejamento inteligente”, que acredita numa interferência divina na origem e evolução da vida (criacionismo). Feito tese científica em 1.802, por William Paley, ficou conhecido como neocriacionismo.

Na contramão do criacionismo novas teorias surgiram, sendo o ponto alto a publicação do livro de Charles Robert Darwin (1.809-1.882), “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”. Surgiu o darwinismo. A teoria da evolução das espécies faz pressupor que, no método de tentativa e erro, as mutações fizeram evoluir procariontes em seres humanos, num período de tempo matematicamente curto.

O neocriacionismo defende a existência de tal “planejamento inteligente” embutido na complexidade das máquinas vivas, onde um sistema só existe se todos os seus mecanismos, com suas complexas engrenagens e encaixes únicos, estiverem presentes: “Essa teoria não especula sobre a existência de um Criador ou suas intenções. Ela apenas constata que a complexidade dos seres vivos sugere um desenho inteligente”, diz o matemático William Dembsky.

A ciência não consegue explicar satisfatoriamente os monumentos ciclópicos existentes no mundo nem os túmulos gigantes, os Hünengräben da Alemanha, os Ganggriften da Suécia, os túmulos dos Daityasi (gigantes) da Índia, as “Sepolture dei Giganti” da Sardenha, os Chulpas (sepulcros) do Peru e Bolívia, etc., e até hoje, ainda não conseguiu coletar fósseis que mostrem a modificação de traços prevista pela tese evolucionista. As espécies aparecem “de repente”, nos estudos paleontológicos, como se tivesse um tempo certo para elas, de acordo com a situação e o meio-ambiente; cada qual no seu tempo; no seu devido tempo.

O elo entre ciência, filosofia e teologia parece não ter sido descoberto ainda, do mesmo modo que o “elo perdido” entre o macaco e o homem, que alguns queriam associar ao Ramapithecus. Há dezenove espécies de hominídeos descritas, fazendo pensar que na “tentativa e erro”, muitas delas se extinguiram e o Homo sapiens foi uma exceção. A descoberta do Sahelanthropus tchadensis evidencia muitas semelhanças com hominídeos 5 milhões de anos mais recentes. Essas semelhanças se acham ausentes em espécies mais primitivas, como os Australopithecus, fazendo balançar a tese darwinista. Já não se fala mais do conceito de “árvore genealógica” e sim de “arbusto genealógico”. Dessa forma, pensamentos como o do maior neodarwinista vivo, Ernest Mayr, biólogo da Universidade de Harvard, ecoam no mundo científico:

 

“A conclusão é que o surgimento da inteligência na raça humana foi um evento fortuito, raríssimo, e cuja possibilidade de vir a ocorrer de novo num ambiente natural, digamos em outro planeta, é um número astronomicamente pequeno”.

 

Em 1.972, dois paleontólogos americanos, Stephen Jay Gould e Niles Eldredge, formularam a tese do “equilíbrio pontuado”. Segundo eles, o elo de transição inexiste porque a evolução ocorre em saltos rápidos, após o que a espécie permanece inalterada durante milênios. Mas mesmo esse “salto” parece no mínimo não natural, se simplesmente aceitarmos que ele ocorra espontaneamente. Como nos “saltos quânticos”, devemos pensar que Algo, ou Alguém, estimule essa evolução até o ponto em que um “salto” ocorra. Acreditava-se que esses saltos se processavam através da modificação genética das espécies. Mas parece que não é tão simples assim.

O homem possui quarenta e seis cromossomos em cada uma de suas células e o macaco, possui quarenta e oito, o cão, setenta e oito, e assim por diante… . O mapeamento genético do homem mostra que as diferenças entre o genoma dos seres vivos não justificam, por si só, a diferença entre eles. O que no início pareceu ser a grande descoberta da biologia molecular se transformou no grande enigma da ciência, pois se acreditava que era no código genético que estavam todas as informações que nos diferenciavam (seres humanos) dos outros seres vivos.

Com o seqüenciamento do genoma humano, vimos que não há muita diferença na quantidade de genes de um organismo mais primitivo para o nosso. Os humanos têm cerca de 30 mil genes (as estimativas variam de 20 mil a 40 mil), o mesmo que um pé de milho e que a Arabidopsis thaliana (planta da família da mostarda com 30 mil genes), e quase o mesmo que a levedura dos cervejeiros, o verme Caenorhabditis elegans (19 mil genes) e a mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster com 16 mil genes).

O grande mistério a ser desvendado era como esses poucos genes a mais, que nosso organismo possui, funcionam. Saber o que realmente nos caracteriza como ser humano e não como moscas, vermes, plantas ou leveduras. Até a orientação espacial que permite que, por exemplo, a cabeça fique acima dos ombros não é informada pelos genes. Esses contêm toda a matéria-prima, mas não todas as instruções de montagem, as instruções para organizações e estruturas específicas.

Até o final de 2.001, considerava-se que apenas um a dois por cento dos genes continha informações que ajudavam na formação do ser humano, ou seja, 98 a 99% seriam “DNA lixo”, pois não sintetizavam proteínas, e esconderiam genes desativados ao longo da evolução humana, desde a fase de vegetais. Pelo menos 200 deles são herdados dos nossos ancestrais unicelulares.

 

“[O genoma] é apenas uma pista para buscar onde reside a complexidade que nos torna humanos”.

Francis Collins – coordenador do Projeto Genoma Humano

 

Da mesma forma que a descoberta da matéria escura e da energia escura significou revisar paradigmas na física, a descoberta recente de que o “DNA lixo” funciona através do RNA e não através de alguma proteína, fez com que os cientistas procurassem desvendar como essa parte “escura” do genoma exerce controle sobre os organismos vivos. Como as proteínas, o RNA pode interagir com outros RNA, DNA, proteínas e até pequenos compostos químicos. Assim, o conceito de gene como uma porção do DNA capaz de codificar uma proteína não faz mais sentido. Hoje não se procura mais por genes, porções de DNA capazes de codificar proteínas, mas, sim, por “unidades de transcrição”, como qualquer segmento de DNA capaz de transcrever formas ativas de RNA.

Descobriu-se ainda uma outra camada de informações, embutida numa mistura protéica e química que envolve, sustenta e adere ao DNA. Essa camada opera com engrenagens desconhecidas e seu código pode ser apagado e reescrito e pode estar envolvido em uma lista crescente de defeitos de nascença, câncer e outras doenças, e pode ser reversível com drogas: o mecanismo “epigenético”. Parece que há mais “hélices de DNA” escondidas, separadas e, de alguma forma, desligadas.

Voou pelos ares o antigo conceito de gene e de determinismo genético, em que tudo poderia ser explicado pelo que estivesse codificado no DNA. DNA, RNA e mecanismo epigenético são as novas peças de um imenso quebra-cabeças. Além disso, as influências ambientais seriam tão decisivas quanto o genoma no funcionamento do organismo. Do mesmo modo que uma mutação não determina infalivelmente que uma pessoa irá desenvolver um câncer, exercícios, bem estar psíquico e emocional, e uma dieta equilibrada podem evitar o surgimento de doenças, apesar de existirem mutações genéticas. Da mesma forma, as diferenças raciais não se explicam pelos genes. Todos os seres humanos são 99,99% idênticos do ponto de vista biológico, diferentes devido a menos de 1,4 milhão de bases nitrogenadas do total de três bilhões de pares de bases. Algo desconhecido para a ciência ainda está para ser descoberto, o elo que a une à filosofia e à teologia, para formar um todo. O sistema newtoniano/cartesiano/darwinista não consegue explicar o que o sistema de inter-relações “quântico” consegue.

A teoria dos Campos Morfogênicos de Rupert Sheldrake baseia-se na sincronicidade quântica, descrita anteriormente, e no fato de que, ao contrário da energia e da massa, a forma não pode ser quantificada nem está sujeita à Lei da Conservação. Postula a existência de campos morfogênicos, invisíveis e detectáveis apenas pelos seus efeitos morfogênicos, de natureza diferente da conhecida pela física, não sendo energéticos, locais ou lineares, mas independentes do espaço/tempo físico.

Esses campos seriam múltiplos, conteriam as matrizes de todas as formas, comportamentos e evolução e atravessariam o tempo e o espaço inter-conectando todas as coisas entre si. Dessa forma, corpos existentes no passado estão ligados aos corpos existentes no presente. Formas semelhantes seriam influenciadas por elas mesmas, de maneira que cada ser vivo permanece em “ressonância mórfica” com os seus semelhantes. Essa influência se daria na formação do ser vivo, onde o campo atuaria como um molde (Cf. Corpo Etérico e Prana no volume 2 de Órion), orientando e controlando o desenvolvimento do organismo, garantindo a repetição da forma em todos os seres semelhantes, pela “ressonância mórfica”.

Dessa forma a hereditariedade envolveria em parte o DNA, e em parte a ressonância mórfica. O DNA serviria apenas como um “sintonizador de campos morfogênicos” que conectaria o ser em gestação com seu respectivo campo morfogênico. Quando um ou mais indivíduos de uma espécie assumissem um novo padrão de comportamento e esse se repetisse um número crítico de vezes, o campo morfogênico se alteraria e afetaria a todos, independente de contato entre membros da espécie.

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