O QiGong (Ch’i-Kung)

MÃOS CÉU-TERRA

Fica-se de pé, joelhos ligeiramente flexionados e pés afastados à distância do quadril, ombros relaxados e peso centrado no hara, termo japonês para a região abdominal abaixo do umbigo, em cujo centro está o Tan-t’ien inferior (Cf. no capítulo anterior, em “A INTENÇÃO E A DIMENSÃO HÁRICA”). Com as mãos sobre o baixo ventre e suas palmas voltadas para cima, inspira-se, expandindo a caixa torácica com contração abdominal e perineal (que provoca a subida de Ch’i pré-natal – Kundalini – para a coluna), enquanto se elevam as mãos lentamente até a altura do olhar, e expira-se, relaxando o tórax, o abdômen e o períneo, enquanto se volta a suas palmas para baixo e lentamente as desce até a altura do púbis.

Em seguida se juntam as mãos sobre o hara, a direita sobre a esquerda, recolocando o Ch’i pré-natal de volta à sua fonte 36:132. Esse movimento expiratório contém a energia pré-natal no organismo, pois evita que ela se perca junto com o ar expirado. Para a filosofia taoísta o tempo restante de vida diminui à medida que se respira. Quanto mais rápido se respira, menos tempo de vida se tem. Esse exercício retém a energia vital com a qual se nasce, aumentando a longevidade e economizando-a para outros fins mais nobres, como transformá-la em energia espiritual.

Esse exercício deveria ser feito diariamente pela manhã, ao nascer do sol.

 

CIRCULAÇÃO DO PEQUENO UNIVERSO

Sentado ou de pé, com os braços ao lado do corpo, se visualiza uma bola brilhante, semelhante a um sol nascente, no ponto entre as sobrancelhas (Yin-t’ang) e se faz com que ela percorra o interior do crânio (T’ao-tao), em linha reta, em direção à base do crânio e volte à sua posição inicial, entre as sobrancelhas. Repete-se esse processo por diversas vezes até que se tenha claro a existência de um eixo energético entre esses dois pontos. Então, do ponto médio desse eixo, se faz a bola ascender até o topo da cabeça (Ni-wan) e daí, pela linha mediana do corpo, descer pela face anterior, e, no períneo, se voltar posteriormente acompanhando o trajeto ascendente da coluna até voltar ao ponto inicial.

Durante o trajeto, a bola deve parar, por dois segundos, em alguns pontos chaves: no Yin-t’ang, no T’an-chung (Chakra acessório do coração – Cf. no Capítulo II), no Shan-chueh (umbigo), no Tan-t’ien inferior (quatro dedos abaixo do umbigo), no Shang-Kiang (ponta do cóccix), no centro do sacro, abaixo da quinta vértebra lombar, no Ming-men (abaixo da segunda vértebra lombar), abaixo da nona torácica, abaixo da quinta torácica, abaixo da sétima cervical, no T’ao-tao (abaixo da base do crânio) e no Ni-wan (topo da cabeça) 36:129.

Pode-se, então, repetir ou não esse ciclo, contanto que o ciclo termine no Tan-t’ien inferior, momento em que se pousa ambas as mãos sobre esse ponto, para abraçar essa energia com a mão direita por sobre a esquerda.

 

BANHO CELESTIAL

Numa posição idêntica ao primeiro exercício citado, mas com os braços ao lado do corpo, faz-se o mesmo exercício de formação do eixo Yin-t’ang – T’ao-tao – Ni-wan do exercício anterior. Então, do topo da cabeça se visualiza uma conexão do Ni-wan com a energia cósmica, como se esta estivesse enchendo-o energeticamente, até que, do Ni-wan, se visualiza a descida de uma onda energética transbordante que percorrerá todo o corpo como que o banhando.

Após deixar que essas ondas transbordantes de energias banhem todo o seu corpo, da cabeça aos pés, vagarosamente e durante algum tempo, visualiza cinco ondas passando através da pele, dos músculos, dos nervos e tendões, dos vasos e, por fim, dos ossos 36:130.

 

ABRAÇO DO UNIVERSO

De pé, numa postura semelhante à anterior, se arqueiam os braços anteriormente, num abraço, com as palmas da mão voltadas para o tórax e as pontas dos dedos médios se tocando levemente com os polegares relaxados. Permanece-se assim durante cerca de 15 minutos, prestando plena atenção às pulsações do corpo e contemplando também os quatro grupos de meridianos (Cf. a descrição dos meridianos energéticos no capítulo anterior).

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