Incrível é a similaridade dos feitos de Apolônio de Tyana e os de Jesus. Vestindo-se com túnicas brancas, andando descalço, ensinou a libertação do sofrimento a todos os homens, independente de sua classe social, nacionalidade ou religião. Suas curas eram famosas, afastava os maus espíritos, e via o passado das pessoas. Em Roma, às vésperas do casamento, uma moça morrera. Durante o cortejo fúnebre, Apolônio fez parar a procissão e, perguntando à morta seu nome, tocou-a, proferiu algumas palavras num sussurro e ressuscitou-a. Lutou contra a escravidão, pregava que o nascimento e a morte eram apenas aparências, condenava os sacrifícios a Deus e as fogueiras ascendidas a Ele: “É melhor não fazer sacrifício a Deus – não acender fogueiras, não O chamar por nomes que os homens empregam às coisas sensórias, porque Deus é tudo, o Primeiro…. O único sacrifício válido para Deus é a mente sadia do homem e não a palavra que sai da sua boca…. A mente não precisa de coisas materiais para fazer a sua prece. Então para Deus, o Todo-Poderoso, que está acima de tudo, nenhum sacrifício deveria ser feito”. Foi mencionado pelos primeiros padres da Igreja Católica (como Justino em 160 d.C.) como um líder espiritual do primeiro século da nossa era: “Se Deus é Construtor e Mestre da Criação, como os objetos consagrados de Apolônio têm poder nas ordens da Criação? Pois, como podemos ver, controlam a fúria das ondas e o poder dos ventos, os meandros dos vermes e os ataques de animais selvagens”.
Nascido entre 1 e 10 d.C. em Tyana, na Capadócia, Turquia, ou na Ásia Menor como era conhecida à época, Apolônio de Tyana teve pais aristocratas e viveu entre sacerdotes, líderes e imperadores, questionando-lhes a ética e a desonestidade. No Egeu, aos dezesseis anos instruiu-se nos mistérios pitagóricos (Cf. em “Os Ensinamentos de Pitágoras”). Deixou o Egeu dez anos depois e dirigiu-se à Índia junto com seu discípulo Damis. Passou pela Pérsia, Babilônia, Tróia, Chipre e Grécia onde se iniciou nos mistérios de Elêusis (Cf. em “Os Ensinamentos de Platão”). Em 66 d.C., já em Roma, tentou introduzir, junto com o Papa, reformas religiosas, mas fugiu de lá devido às perseguições de Nero. Viajou para a Espanha, África do Norte e Alexandria, no Egito. Em todos os lugares procurou reformar as práticas religiosas, principalmente o derramamento de sangue de seres vivos. Perseguido, acusado, preso e acorrentado pelo Imperador Domiciano, em 93 d.C., soltou a sua perna do corpo e a recolocou de volta, livre das correntes, e disse a seu discípulo: ”Estás vendo a liberdade que tenho, portanto peço-te que não desanimes”. No seu julgamento não lhe foi permitido defesa, e disse a Domiciano: “Nem mesmo tua lança mortal pode matar-me, pois não sou mortal”, e desapareceu do tribunal. Em 96 d.C., em Éfeso, teve uma visão do assassinato de Domiciano, após o que encaminhou seu discípulo de volta a Roma e desapareceu misteriosamente.