Por uma Cultura de Paz

 

Se não fosse a verdadeira proteção do Ser humano, a Espiritual, o Brasil  teria perdido um de seus mais atuantes humanistas, o diretor da  Universidade Holística Internacional da PAZ (UNIPAZ-CE), Francisco Souto Paulino.

Há exatos sete dias (dia 06/03/07), ele  foi baleado  em frente ao Sindicato dos Jornalistas do Ceará quando ia participar, juntamente com colegas de profissão, da criação de uma ONG inédita no país que tem por finalidade disseminar uma cultura de paz na imprensa com base em pesquisas científicas, que apontam a visibilidade excessiva dada ao crime como uma das formas de potencialização da violência.

Coincidência?  Não. Acredito que nada acontece por acaso.

O triste episódio foi recheado de simbolismos que precisamos estar abertos e atentos para tirarmos as nossas próprias conclusões; Senão vejamos; 

Seria a primeira reunião oficial destes jornalistas defensores da Não-Violência, porém  duas pessoas, que estão á margem da sociedade em decorrência de nosso próprio egoísmo –  violência moral,  impediram o encontro,  paradoxalmente com o uso de outra forma de  violência: a física.

Francisco Souto, que também é Professor de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC),  foi abordado pelos assaltantes  ainda dentro do carro, quando chegava ao sindicato, instituição legal que representa os interesses dos trabalhadores da classe jornalística.

 Logo pediu calma levantando  a sua   mão direita, em tradicional gesto de quem pede PAZ. Neste momento, levou um tiro que perfurou a sua mão no meio, ferimento que até lembra as chagas de Cristo.

 E foi justamente por causa da mão (por que não dizer: a mão de Deus!) que o impacto do projétil foi  amortecido e desviado, por milímetros, de regiões vitais do corpo de Francisco.

Entendo tudo isso, como um recado transcendental de validação à causa abraçada por Souto, pois com a repercussão do fato na mídia, as adesões de jornalistas à esta ONG se multiplicaram e, até de certa forma ampliando a área de atuação da mesma, já que  publicitários também manifestaram o interesse de desenvolver idéias para a criação de uma cultura de PAZ na mídia em geral.

E essa força tarefa é necessária mesmo; e de imediato, pois não temos tempo a perder. Para mim, o caso do sindicato representou um “tiro no coração” da imprensa e, ao mesmo tempo, um importante despertar da sociedade, inclusive dos profissionais de comunicação, para a urgente implantação de uma cultura de PAZ na sociedade. A banalização da violência, através de sua espetacularização   na mídia, chegou ao limite do insuportável.

 Dedica-se espaço demasiado nos meios de comunicação para a criminalidade, muito além do necessário para informar sobre uma ocorrência policial. E a televisão, a mais importante das mídias,  é o canal principal desta  degradante aula de violência.

Segundo dados de outra  ONG, a  MOVPAZ (Movimento Internacional pela PAZ e Não violência), as crianças brasileiras recebem, entre os seus  03 e 10 anos de idade, inputs de 107 mil cenas de violência além de assistirem mais de 40 mil tiros por ano! Tudo isso transmitidos pela  TV, seja em filmes, novelas ou programas policiais que, diga-se de passagem, estão infestando de sangue o horário mais sagrado do convívio de uma família: a hora do almoço.

No Ceará, por exemplo, chega-se ao cúmulo de ter 13 horas diárias de programas de “mundo cão” na veiculados diariamente na TV. É recorde no Brasil.

Esta exposição exagerada vem estimulando a formação de um novo tipo de rede escolar: a do crime entre as nossas crianças e jovens. E tudo isso com o estímulo da  TV aberta, que de uma forma “includente” e “democrática”, tem o  apoio do próprio poder público, uma vez que a concessão destas emissoras é fornecida pelo Estado que, diga-se de passagem, é omisso na avaliação do conteúdo transmitido por elas.

O que nos preocupa é que os protagonistas deste horrendo espetáculo alcançaram requintes de masoquismo, fazendo com que na cena do crime se veja pessoas querendo aparecer e rindo da própria desgraça. Com isso, essa corrente do mal ganha força e tem quebrado paradigmas, criando até novos “super-heróis”, inspirando milhares de espectadores a se tornarem ávidos por 5 minutos de fama. Sim, porque, com a impunidade e o sensacionalismo barato  a que chegamos no Brasil, o criminoso vira um astro de TV nesses programas policiais.

Este círculo vicioso, retro-alimentado pela própria sociedade (leia-se empresas que anunciam em programas de violência e audiência do público), reforça a inversão dos valores do Ser Humano, o ter ao invés do ser, e acaba gerando mais violência  na medida que deixa as pessoas mais  tolerantes à violência, ceifando a capacidade de indignação das mesmas.

Esta nefasta cultura da violência vai minando o homem aos poucos, brutalizando-o, ao ponto de ele deduzir que a violência é algo natural, sendo encarada normalmente por toda a sociedade.

Algumas produções cinematográficas  apresentam teorias complementares desenvolvidas em renomadas universidades, que também contribuem para a compreensão deste preocupante fenômeno psicológico moderno, como nos filmes “Quem Somos nós” e o ” O Segredo”.

No 'docficção' “Quem somos nós” (What the bleep do we know – EUA/2005), por exemplo, uma banca de cientistas explica, através da física quântica, que a energia dos nossos pensamentos acaba por criar uma realidade. Ou seja, se pensamos em coisas boas, atraímos coisas boas. Mas se pensamos em coisas ruins criamos uma atmosfera pesada, negativa e, conseqüentemente, muito propícia para que coisas ruins aconteçam…

E a cultura da violência faz isso. Induz-nos a pensar que tudo está perdido. Que vamos ser assaltados a qualquer momento. E se entrarmos nesta sintonia, iremos mesmo!

A cultura da violência paralisa a pessoa. Ela fica aterrorizada de uma forma tal que nem sai mais de casa, embora quase que hipnoticamente continue assistindo programas de violência até a exaustão. Logo depois vem a depressão que é originada pelo medo, pavor e faz o indivíduo, “contagiado” com as más notícias, viver   pela metade, como um zumbi, sem um sentido maior para a vida, ou seja, impedido de amar.

Minha mãe, Erbene Maria, foi uma das vítimas desta doença coletiva que parece estar incubada no inconsciente de nossa sociedade. Ela faleceu em 2005 aos 60 anos.

Não, mas felizmente a realidade não é esta que aparece todo o tempo na mídia. Tem mais coisas boas acontecendo do que ruins. A violência é exceção à regra. Para ilustrar esta tese, façamos um teste rápido; Quantos assassinatos você já presenciou? Agora compare com quantos você já viu pela TV…

É ou não é colocar uma lente de aumento no que é ruim?

Trata-se do velho mito de que notícias ruins dão audiência. Só que esta crença já tem questionada a sua eficácia junto à preferência do  público. É observada uma forte tendência dos brasileiros para outro tipo de tema: a busca da Espiritualidade que está intimamente ligada a cultura da PAZ.

Daí o sucesso cada vez mais impressionante das últimas novelas da Rede Globo, como Alma Gêmea e Páginas da Vida e dos filmes de Hollywood que bateram recordes de bilheteria como “Sexto Sentido”, “O Mistério da Libélula” e “Os Outros”.

Isso sem falar no crescimento vertiginoso que o assunto tem na literatura pois  o gênero de auto-ajuda, pelo quarto ano consecutivo, é o líder absoluto em vendas na Bienal do Livro de São Paulo.

É a cultura da PAZ, do amor, que liberta, une e faz as pessoas serem mais humanas e solidárias com o próximo. Uma cultura que gera otimismo, esperança e a certeza de que podemos ter dias melhores.

Por tudo exposto, os empresários que hoje patrocinam programas com teor violento, anunciando seus produtos ou serviços, seriam inteligentes na migração seu investimento para a cultura da PAZ, automaticamente contribuindo para a construção de um mundo melhor.

Estes sim, serão empresários socialmente responsáveis.

E, se houver resistência de alguns em fazer isso, eles precisam estar conscientes, e o telespectador também, que o incentivo, direto (patrocínio) ou indireto (audiência) a programas policiais é um “tiro no próprio pé” de todos.

Além do mais, o público tem um poder precioso em suas mãos: o de não consumir e até fazem campanha para que o máximo número de pessoas  não adquiram marcas anunciadas em programas que estimulam a cultura da violência.

Agora é questão de sobrevivência para nós e nossas famílias, inclusive, a minha, a sua,  a  do jornalista, e a do anunciante.

Se não descobrimos isso pelo amor, iremos descobrir pela dor.

É uma questão de opção. Cultura da violência ou cultura da PAZ?

Você decide.

Se a opção for a da Cultura da PAZ, saiba que ainda dá tempo sim, de reverter o processo, pois o Universo conspira numa velocidade incrível a favor do bem, ou seja,  de acordo com as leis de Deus. E estas, sabemos, são as Leis do coração, do amor e da PAZ.

A força da PAZ é poderosa e cabe a nós, somente a nós, agirmos para que ela penetre no âmago de nosso ser e aí, conseqüentemente, ela conquistará esta abençoada escola chamada Terra.

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