Por Uma Rede de Holopráxis

A afinidade de metas com o CIT

Esse projeto tem diversos pontos em comum e metas complementares com as do Colégio Internacional dos Terapeutas, CIT. O CIT foi concebido inicialmente por Jean-Yves Leloup, em 1990, e criado em Brasília em 08 de setembro de 1.992. Está inspirado no espírito de Fílon e dos terapeutas de Alexandria. Quem foi Fílon? A figura de Fílon tem uma relação direta com a tradição da filosofia clássica ocidental que é um dos meus temas centrais de estudo (e que abordo há alguns anos como facilitador da Unipaz).  Na sua discussão sobre Jesus-Joshua-Jesshu, em “Did Jesus Live 100 B.C.?”, G.R.S. Mead escreve sobre Fílon de Alexandria e o trabalho dos Terapeutas. Mead afirma (p. 336-340) que se eles eram cristãos, como diz Eusébio, nada tinham a ver com a etapa imperial do cristianismo dogmático, que nasce em Roma a partir do século 4.  Mead cita De Vita Contemplativa ou On the Contemplative Life, um tratado escrito por Fílon. A Encyclopaedia Britannica (ed. 1967) informa que Philo, filósofo judeu, viveu desde cerca de 30 A.E.C. até cerca de 40 E.C., e foi o expoente principal do helenismo judaico, isto é, da troca cultural entre o mundo grego clássico e o mundo judaico. Os seus escritos “nos dão uma visão clara da evolução do judaísmo no período da Diáspora”. Ele é um platônico, em sua linguagem, diz a enciclopédia. Suas outras grandes afinidades são os pitagóricos e os estóicos. Mas, sendo judeu, ele reconhecia o caráter divino do Pentateuco e das leis mosaicas. 

Ao contrário da Enciclopédia, a obra História da Filosofia, de Giovanni Rale e Dario Antiseri, situa o nascimento de Fílon de Alexandria entre 10 e 15 antes da era cristã. Para Reale e Antiseri, o mérito de Fílon está sobretudo em ter sido o primeiro a combinar a filosofia grega com a tradição religiosa que inicia em Moisés. Eles consideram Fílon um precursor do cristianismo, porque ele abre caminho para a teologia a partir da consciência filosófica. O CIT reivindica uma longa tradição, pois. O CIT-Brasil faz parte da Unipaz como um organismo complementar, e estende-se pelos diferentes campus nacionais. O CIT foi criado em outros lugares do mundo por Jean-Yves Leloup como uma rede não formal, reunindo terapeutas de diferentes orientações, partilhando a antropologia, a cosmologia e a ética, praticadas e vivenciadas na Unipaz.

Um projeto de Rede de Holopráxis se soma, pelo seu ideal e pelo seu alicerce, à proposta do CIT. Trata-se, precisamente, de estimular de modo amplo uma ética pessoal e interpessoal que decorra naturalmente da compreensão de que o eu e o outro estão em unidade. O que eu faço aos outros, faço a mim mesmo. Essa ética é também ambiental. “O que acontece à Terra acontece aos filhos da Terra”, ensinou o chefe Seattle em sua famosa Carta ao Presidente Norte- Americano. Daí a importância prática diária da regra de ouro do Novo Testamento – agir com os outros como esperamos que eles ajam conosco. Essa regra, aliás, é muito mais antiga que o cristianismo. Está no Velho Testamento e, antes disso, estava na tradição pitagórica, no ocidente, e nos ensinamentos de Confúcio, no oriente. Constitui uma bela formulação da antiquíssima lei do carma ensinada na Índia mais de 3.000 anos atrás. Só mais recentemente foi adotada pela religião cristã, uma das mais jovens do mundo.   

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