MANDALAS
Refere-se ao diagrama simbólico de uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade meditativa, “a dimensão pura da mente iluminada”. Geralmente, as mandalas são pintadas, representadas tridimensionalmente em madeira, metal ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é desfeita após algumas cerimônias e a areia é jogada em um rio próximo, para que as bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo de impermanência.
As mandalas são muitas vezes constituídas por uma série de círculos concêntricos, cercados por um quadrado que, por sua vez, é cercado por outro círculo. O quadrado possui um portão no centro de cada lado, o principal voltado para o leste, com outras três entradas em cada ponto cardeal. Eles representam entradas para o palácio da divindade principal e são baseados no desenho do templo indiano clássico de quatro lados. Tais mandalas são plantas elaboradas do palácio, visto de cima. Os portais, porém, muitas vezes são “deitados”, assim como os muros externos. Estes portais são elaboradamente decorados com símbolos tântricos. A arquitetura da mandala representa tanto a natureza da realidade como a “ordem de uma mente iluminada”.
MANTRAS
São séries de sílabas que invocam a energia de um Buddha ou Bodhisattva. A repetição de mantras no budismo Vajrayana é tão importante que o budismo esotérico também é chamado Mantrayana.
“A relação entre a fala, a respiração e o mantra pode ser melhor demonstrada através do método pelo qual o mantra funciona. Um mantra é uma série de sílabas cujo poder reside em seu som; através da pronunciação repetida e correta entonação, pode-se obter controle sobre uma determinada forma de energia. A energia do indivíduo está fortemente ligada à energia externa, e uma pode influenciar a outra. (…) É possível influenciar a energia externa, efetuando os assim chamados ‘milagres’. Tal atividade é realmente o resultado de se ter controle sobre a própria energia, através do qual se obtém a capacidade de comando sobre fenômenos externos”.
Chögyal Namkhai Norbu, Dzogchen
Equivalentemente às orações das outras religiões, para contar as recitações, geralmente se utiliza um rosário (mala em sânscrito) de cento e oito contas. Na prática, considera-se que uma volta do rosário equivale a cem mantras, os oito restantes servem para compensar os mantras recitados distraidamente.
O mantra mais conhecido do budismo tibetano é Om Mani Padme Hum (os tibetanos pronunciam Om Mani Peme Hum), associado ao Bodhisattva da compaixão, Avalokiteshvara. Nesse mantra, a sílaba Om representa a presença física de todos os Buddhas. A palavra sânscrita Mani, jóia, simboliza a jóia da compaixão de Avalokiteshvara, capaz de realizar todos os desejos. A palavra Padme significa lótus, a bela flor que nasce no lodo; do mesmo modo, devemos superar o lodo das negatividades e desabrochar as qualidades positivas. A sílaba Hum, representando a mente iluminada, encerra o mantra. Os mantras nem sempre possuem um significado claro e muitos deles são compostos por sílabas aparentemente ininteligíveis.
Outro mantra famoso é o mantra de Padmasambhava, conhecido como “Mantra de Vajra Guru”: Om Ah Hum Vajra Guru Padma Siddhi Hum. As três primeiras sílabas têm três significados: um externo, um interno e um secreto. Mas a cada um deles, o primeiro se refere ao corpo, o segundo à fala e o terceiro à mente. Vajra Guru Padma significa: a imutável e indestrutível essência da Verdade, as nobres qualidades da iluminação e a ação com compaixão, respectivamente. Siddhi representa as bênçãos que solicitamos, e o último Hum tem o sentido de “assim seja!”. A essência seria: “Eu o invoco, Vajra Guru, Padmasambhava; em sua bênção, conceda-nos os siddhis ordinário e supremo. Hum!”. Invoca as energias dos três kayas (dimensões ou campos): Dharmakaya (Buddha Amitabha), Sambhogakaya (Buddha Avalokiteshvara) e Nirmanakaya (Buddha Padmasambhava) – (Cf. em “REALIDADE” e “MORRER CONSCIENTE”).
MUDRAS
Os mudras são os gestos simbólicos que são associados aos Buddhas. Esses gestos são muito utilizados na iconografia, mas no Vajrayana eles possuem uma função especial: criar uma conexão do praticante com a energia do Buddha que é invocado pela repetição dos mantras. Os principais (veja gravuras no apêndice):
- Dhyana-mudra: O gesto da meditação; mão direita sobre a esquerda, com as pontas dos polegares se tocando. Associado à meditação do Buddha Shakyamuni e ao Dhyani-buddha Amitabha.
- Bhumi-sparsha-mudra: O gesto de tocar a terra; as pontas dos dedos da mão direita tocam o chão. Associado à firmeza inabalável do Buddha Shakyamuni e ao Dhyani-buddha Akshobhya.
- Varada-mudra: O gesto da realização dos desejos; os dedos da mão direita ficam abaixados. Associado à generosidade e à compaixão do Buddha Shakyamuni e ao Dhyani-buddha Ratnasambhava.
- Abhaya-mudra: O gesto da proteção; os dedos da mão direita ficam levantados. Associado à benevolência do Buddha Shakyamuni e ao Dhyani-buddha Amoghasiddhi.
- Vitarka-mudra: O gesto da explicação; as pontas dos dedos polegar e indicador da mão direita ficam se tocando. Em uma variante, a mão direita faz o Abhaya-mudra e a mão esquerda faz o Varada-mudra. Associado às explicações do Buddha Shakyamuni e ao Dhyani-buddha Vairochana.
- Dharma-chakra-mudra: O gesto da Roda do Dharma; ambas as mãos fazendo o gesto anterior. Associado ao ensinamento de Buddha Shakyamuni, ao Bodhisattva Maitreya e, às vezes, é utilizado em representações dos Dhyani-buddhas Vairochana e Amitabha.
- Tarjani-mudra: O gesto da eliminação de negatividades.
- Butadamara-mudra: O gesto da proteção.
- Namaskara-mudra: O gesto da oração.
- Buddha-shramana-mudra: O gesto da renúncia, da eliminação do apego.