Yoga dar?ana

Por Cláudio Azevedo

Extraído de Azevedo, Cláudio; A Caminho no Ser: Uma Visão Transpessoal

da Psicologia no Yoga S?tra de Pat?ñjal?, Editora Órion, Fortaleza, 2.007

Para melhor visualização faça o download das fontes usadas no site: tahoma, tahoma bold, sanskrit98, sanskrit2003

 

Yoga ( ???)

PatañjaliÉ atribuída a Pat?ñjal?, monge do sul da Índia, onde até hoje a tradição tamil preserva elementos das filosofias pré-vêdicas, a compilação e sistematização de toda a filosofia do Yoga no Yoga S?tra, um texto clássico de mais de 2.000 anos considerado a base do Yoga dar?ana. O R?ja Yoga (ou caminho real de união através da meditação) é baseado, principalmente, no Yoga S?tra de Pat?ñjal?, mas também no R?ja Yoga Prad?pik? de ?r? Kapila Mun?.

A Caminho no Ser          Para alguns, Pat?ñjal? pode ter sido um título usado por um grupo de pessoas (uma escola), que, através do tempo, compilaram idéias e práticas já existentes num sistema próprio. O sistema Yoga, que mostra o caminho ascendente (nirv?tti m?rga), é geralmente considerado como tendo surgido da filosofia S??khya, que mostra o caminho descendente (prav?tti m?rga).

Para o S??khya e o Yoga dar?ana, o mundo é real e não ilusório, como é, por exemplo, para o Ved?nta. Esse conceito é chamado de satv?da.(avidy?) do espírito, que o mantém em constante estado de mudança (pari??mav?da). As inúmeras formas do Cosmos, assim como seu processo de manifestação e desenvolvimento, somente existem na medida em que o Espírito (Puru?a) se ignora e, do fato da existência dessa ignorância de ordem metafísica, surgem o sofrimento e a escravidão. Entretanto, se o mundo existe e permanece, isso se deve à ‘ignorância’

A escola Yoga não somente incorpora o conceito transcendente de ??vara (ou Deus pessoal) em um uma visão de mundo metafísica, como também sustenta ??vara como um ideal sobre o qual meditar, por ser o alvo último a ser atingido e ultrapassado. ??vara é Consciência-Poder (citi-?akt?) YS IV:34: a verdadeira natureza do Eu. É Puru?a (a Infinita Consciência Divina) mesclado com Prak?ti (a Força Criativa). O Yoga dar?ana também utiliza as terminologias Brahma?/?tman e conceitos profundos das Upani?ads, adotando uma visão vedantina monista.

Diferente dos outros dar?anas (pontos de vista filosóficos) ortodoxos da filosofia hindu, que são meramente especulativos, Yoga é um conjunto sistematizado de técnicas que visam alcançar o estado não-condicionado de superconsciência (sam?dhi) e auto-realização (mok?a). O Yoga S?tra não foi escrito para debates e especulações intelectuais, mas para descrever o processo de perceber o invisível sem o uso dos sentidos, mas, com a mente sob completo controle, usando a percepção espiritual.

Muitos dos versos descrevem coisas que estão além da experiência e compreensão normais, pois foram escritos como um mapa, um guia na jornada em ‘Busca do Eu’ a partir dos níveis mais mundanos da existência até chegar aos mais altos níveis de consciência, tendo como meta final a Libertação. Por isso não dá lugar para especulações metafísicas, mas simplesmente diz: ‘pratique e descubra por si mesmo, pois você já é bem crescido e tem plenas condições para isso’. Depende somente de nós mesmos…

Através de uma ética, usando o corpo físico e a mente em meditação, o Yoga visa atingir a Verdade Suprema. Embora as Upani?ads e a Bhagavad G?t? também sejam textos indispensáveis ao estudo do Yoga, é o Yoga S?tra de Pat?ñjal? a obra de maior autoridade e utilidade de todas, pois contêm o essencial da filosofia e da técnica do Yoga em seus 196 s?tras, distribuídos em 4 quatro capítulos:

Sam?dhi P?da (sobre a superconsciência): com 51 sutras, refere-se ao conhecimento geral do que seja Yoga, à sua técnica essencial, o Sam?dhi, o que é, como é atingido e quais os obstáculos ao progresso. Descreve o sa?prajñ?ta e o asa?prajñ?ta sam?dhi, o savitark? e nirvitark? sam?dhi, o savic?ra e nirvic?ra sam?dhi, e o sab?ja e nirb?ja sam?dhi. Faz um estudo da mente, dá a importância da auto-entrega ao Senhor ??vara, e diz quem é ??vara e o que é o O?. 

O S?dhan? P?da (sobre a prática), com 55 sutras, analisa, em sua primeira parte, as causas da miséria e do sofrimento inerente à vida humana, compondo um contexto filosófico conhecido como ‘teoria do kle?as’. A partir disso indica a prática do Yoga para a cura da miséria e do sofrimento humano. Sua segunda parte descreve as cinco primeiras práticas (de natureza preparatória), de um total de oito práticas (a????gayoga). Essas práticas externas (bahira?gayoga), que se compõem de yama (harmonização do homem com a sociedade), niyama (harmonização interna do homem com ele mesmo), ?sana (a imobilidade sentada), pr???y?ma (o controle respiratório) e praty?h?ra (abstração e interiorização dos sentidos), habilitam o aspirante física, emocional e moralmente à senda do Yoga.

O Vibh?ti P?da (sobre as conquistas), com 56 sutras, trata das três últimas práticas (antara?gayoga) do a????gayoga: dh?ra?? (concentração da mente) e dhy?na (meditação) culminando em sam?dhi (superconsciência – estado em que se destrói a ignorância de nossa verdadeira natureza). Então, os mistérios da vida são desvendados através de diversas capacidades extraordinárias (siddhis) que são adquiridas.

E, enfim, no Kaivalya P?da (sobre a Emancipação), nos seus 34 sutras, são explicados como se adquire os siddhis, as Leis fundamentais da Natureza, o karma, a natureza da mente e a teoria da percepção, a mente individual e a mente cósmica, a unidade das coisas, a natureza do desejo e seus efeitos aprisionadores, e as lutas finais para a libertação com a conquista da Emancipação (Kaivalya).

Para que possamos conhecer nossa verdadeira natureza, é necessária uma disciplina prática de busca pelo conhecimento do Eu (adhy?tma-jñ?na s?dhana), que tenha como meta o controle e a tranqüilização da mente. Em suma, Yoga é a cessação das modificações mentais, que são causadas pelos kle?as, as fontes de aflição: avidy? (ignorância de nossa verdadeira natureza), asmit? (identificação com o ego), r?ga (gosto ou atração), dve?a (aversões) e abhinive?a (medo de morrer), que podem ser destruídas através de abhy?sa (perseverança na prática) e vair?gya (desapego).

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *