Yoga Sūtra: SAMĀDHI PĀDĀ

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SAMĀDHI PĀDA

Sobre (pāda) a superconsciência (samādhi)

Yoga Sūtra

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Samādhi Pāda (sobre a superconsciência)

Sādhanā Pāda (sobre a prática)

Vibhūti Pāda (sobre as conquistas)

Kaivalya Pāda (sobre a Emancipação)



O que é Yoga?

Aw yaeganuzasnm!.1.

Atha yogānuśāsanam

(I-1) Agora (atha) uma exposição do ensinamento (anuśāsanam) para (obter-se) o estado de yoga.

Agora você está pronto para conhecer Deus.

yaegiíÄv&iÄinraex>.2.

Yogaś citta-vŗtti-nirodhaḥ

(I-2) Yoga é a cessação (nirodhaḥ) [da identificação com] dos processos reativos (vṛtti) da mente (citta).

Conhecê-lo implica cessar todo o nosso barulho interno.

tda Ôòu> Svêpe=vSwanm!.3.

Tadā draṣṭuḥ svarūpe’vasthānam

(I-3) Então (tadā), o Observador (draṣṭuḥ) está estabelecido (avasthānam) em sua própria natureza essencial (svarūpa) [e fundamental].

e nos estabelecermos em nossa própria Natureza Divina.

v&iÄsaêPyimtrÇ.4.

Vṛtti-sārūpyam itaratra

(I-4) De outra maneira (itaratra) [fora do estado de yoga], existe identificação (sārūpyam) [entre o observador e] os processos reativos (vṛtti) [mentais].

Pois de outra forma, nos identificaremos com o próprio barulho.

 

Modificações da mente

v&Äy> pÂtYy> i¬òai¬òa>.5.

Vṛttayaḥ pañcatayaḥ kliṣṭākliṣṭāh

(I-5) Os processos reativos (vṛttayaḥ) [mentais] são de cinco tipos (pañcatayaḥ) [alguns] dolorosos (kliṣṭā) e [outros] não dolorosos (ākliṣṭāh).

Nosso barulho interno vem de cinco fontes, dolorosas e indolores:

àma[ivpyRyivkLpinÔaSm&ty>.6.

Pramāṇa-viparyaya-vikalpa-nidrā-smṛtayaḥ

(I-6) [Eles são:] conhecimento correto (pramāṇa), conhecimento equivocado (viparyayah), a construção mental (vikalpa) [ou imaginação], o sono (nidrā) e memória (smṛtayaḥ).

do nosso conhecimento correto, nossos enganos, nossa imaginação, nosso sono sem sonhos e nossa memória.

àTy]anumanagma> àma[ain.7.

Pratyakṣānumānāgamāḥ pramāṇāni

(I-7) O conhecimento correto (pramāṇa) [é baseado em] cognição sensorial direta (pratyakṣa), inferência lógica (anumāna) ou testemunho reconhecido (āgamā).

Nosso conhecimento correto provém daquilo que captamos com os sentidos, de nossa lógica racional e do testemunho de outros.

ivpyRyae imWya}anmtÔUpàitòm!.8.

Viparyayo mithyā-jñānam atad-rūpa-pratiṣṭham

(I-8) O conhecimento equivocado (viparyayah) [supõe] um conhecimento mental (jñānam) falso (mithyā) [de uma coisa], que não (a) corresponde (pratiṣṭham) com sua (tad) real forma (rūpa) [e sim com a aparente].

Nossos enganos provêm de nossa relação com as aparências das coisas.

zBd}ananupatI vStuzUNyae ivkLp>.9.

Śabda-jñānānupātī-vastu-śūnyo vikalpaḥ

(I-9) [O processo reativo de] construção mental (vikalpa) [ou imaginação] provém (anupātī) do conhecimento (jñānam) verbal (ṥabda) vazio (śūnyah) [ou sem base em nada] de objetivo (vastu).

Nossas imaginações são barulhos que não se baseiam em nada objetivo.

A-avàTyyalMbna v&iÄinRÔa.10.

Abhāva-pratyayālambanā vṛttir nidrā

(I-10) O processo reativo mental (vṛttir) [que surge durante o] sono profundo (nidrā) baseia-se (ālambanā) na sensação de ausência (abhāva) de qualquer conteúdo mental (pratyaya).

 A própria sensação de ausência de conteúdo mental é o barulho mental próprio do sono sem sonhos.

Anu-Utiv;yas—àmae;> Smi«t>.11.

Anubhūta-viṣayāsampramoṣaḥ smṛtiḥ

(I-11) O não completo desaparecimento (asampramoṣaḥ) de um objeto (viṣaya) percebido (anubhūta) é [o processo reativo mental de] retenção (smṛtiḥ) ou memória.

E nossa memória é o barulho interno proveniente daquilo que retemos após contato com o externo.

Prática perseverante e desapego

A_yasvEraGya_ya< tiÚraex>.12.

Abhyāsa-vairāgyābhyāṁ tan-nirodhaḥ

(I-12) A cessação (nirodhaḥ) desses (tan) [cinco processos reativos mentais] é obtida pela (abhi) prática perseverante (abhyāsa) e pelo desapego (vairāgya).

Mas só nos desidentificaremos desses barulhos se formos perseverantes e desapegados.

tÇ iSwtaE yÆae=_yas>.13.

Tatra sthitau yatno’bhyāsaḥ

(I-13) A prática perseverante (abhyāsaḥ) é o esforço (yatnaḥ) [constante] para permanecer firmemente estabelecido (sthiti) nele (tatra) [no estado de cessação dos processos reativos mentais].

A perseverança é o esforço constante de se permanecer imerso no Vazio do Silêncio interior,

s tu dI”RkalnErNtyRsTkaraseivtae †F-Uim>.14.

Sa tu dīrgha-kāla-nairantarya-satkārāsevito dṛḍha-bhūmiḥ

(I-14) Entretanto (tu), essa (sa) [prática perseverante] torna-se firmemente (dṛḍha) estabelecida (bhūmiḥ) quando se leva a cabo (āsevito) por longo (dīrgha) tempo (kāla), de forma apropriada (satkāra) e sem interrupção (nairantarya).

um esforço duradouro, apropriado e ininterrupto,

†òanuïivkiv;yivt&:[Sy vzIkars—}a vEraGym!.15.

Dṛṣṭānuśravika-viṣaya-vitṛṣṇasya vaśīkāra-saṃjñā vairāgyam

(I-15) A consciência (saṃjñā) de [auto]domínio (vaśīkāra), de alguém que tenha deixado de desejar (vitṛṣṇasya) por objetos (viṣaya) vistos (dṛṣṭā) ou revelados (ānuśravika), é chamada desapego (vairāgyam).

e o desapego é o autodomínio da ausência de desejos conscientes por qualquer coisa, percebida ou não.

tTpr< pué;OyateguR[vEt&:{ym!.16.

Tatparaṁ puruṣa-khyāter guṇavaitṛṣṇyam

(I-16) Quando se percebe (khyāter) o Si-mesmo (puruṣa) se alcança o (tat) supremo (paraṁ) [desapego] e se manifesta a completa indiferença (vaitṛṣṇyam) pelos elementos fundamentais da matéria (guṇa).

Mas o verdadeiro desapego só surge quando conhecemos Deus, através da ampliação de nossa consciência.

Tipos de interiorização

ivtkRivcaranNdaiSmtanugmat! s—à}at>.17.

Vitarka-vicārānandāsmitānugamāt saṃprajñātaḥ

(I-17) O conhecimento transcendente (saṃprajñātaḥ) [ou êxtase consciente que vem com a superconsciência – samādhi] é acompanhado (anugamāt) por associações verbais (vitarka) ou sutis (vicāra) [raciocínio dialético ou reflexão mental], de bem-aventurança (ananda) [ou sentido de puro ser] com consciência de uma existência individual (asmitā).

Ampliar nossa consciência é, partindo desse confuso barulho, perceber a verdadeira compreensão das coisas, alcançar a plenitude no vazio e atingir a percepção de nossa verdadeira Natureza Divina.

ivramàTyya_yaspUvR> s<Skarze;ae=Ny>.18.

Virāma-pratyayābhyāsa-pūrvaḥ saṃskāra-śeṣo ‘ nyaḥ

(I-18) [É necessário] primeiro (pūrvaḥ) um esforço persistente (abhyāsa) na supressão (virāma) dos conteúdos da consciência (pratyaya), [para que surja] o outro (anyaḥ) [estado de consciência que trans-cende o conhecimento – asaṁprajñātaḥ] [onde somente existem as] impressões latentes (saṁskāra) remanescentes (śeṣaḥ).

Mas para isso, temos que suprimir tudo o que surgir em nossa tela mental para se poder perceber nossos próprios condicionamentos.

O esforço na prática

-vàTyyae ivdehàk«itlyanam!.19.

Bhava-pratyayo videha-prakṛtilayānāṁ

(I-19) Esse estado de consciência que transcende o conhecimento, nos seres imateriais (videha) e nos fundidos (layānām) na matéria (prakṛti), [se deve à persistência da] imagem mental (pratyayo) de existência (bhava) [pessoal].

Para alguns seres da natureza, essa percepção já é presente,

ïÏavIyRSm&itsmaixà}apUvRk #tre;am!.20.

Śraddhā-vīrya-smṛti-samādhi-prajñā-pūrvaka itareṣāṁ

(I-20) [No caso] dos outros (itareṣām), [o estado de consciência mencionado em I-18 – asaṁprajñātaḥ samādhi], é precedido (pūrvakah) por fé (śraddhā), energia (vīrya), memória (smṛti) e superconsciência (samādhi) com conhecimento transcendente (prajñā) [ou saṁprajñātaḥ].

mas nós necessitamos de auto-entrega, suficiente energia e registros pessoais de experiências e conhecimentos transcendentes.

tIìs<veganamasÚ>.21.

Tivra-saṃvegānām āsannaḥ

(I-21) [O estado de consciência que transcende o conhecimento – asaṁprajñātaḥ] está mais perto (āsannaḥ) para aqueles [que praticam] com muita (tivra) intensidade (saṁvegānām).

Alcançar a supressão das imagens em nossa tela mental implica numa prática intensiva,

m&ÊmXyaixmaÇTvat! ttae=ip ivze;>.22.

Mṛdu-madhyādhimātratvāt tato’pi viśeṣaḥ

(I-22) [Visto que uma] diferenciação (viśeṣaḥ) também (api) [surge] em razão (tatah) do teu (tvāt) suave (mṛdu), médio (madhya) ou intenso (adhimātra) [esforço].

pois há uma diferença de conquistas entre quem mantém um suave, médio ou intenso esforço,

Via direta mediante a devoção

$ñrài[xanaÖa.23.

Iśvara-praṇidhānād vā

(I-23) E também (vā) [está próxima para aqueles que praticam a] autoentrega (praṇidhānāt) ao Senhor (Iśvara).

e quem se entrega totalmente ao Senhor:

¬ezkmRivpakazyErpram&ò> pué;ivze; $ñr>.24.

Kleśa-karma-vipākāśayair aparāmṛṣṭaḥ puruṣa-viśeṣa Iśvaraḥ

(I-24) Esse Ser Supremo (Iśvaraḥ) é um Si-mesmo (puruṣa) especial (viśeṣa), que é incólume (aparāmṛṣṭaḥ) às causas de aflições (kleśa) da vida e aos resultados imediatos (vipāka) ou latentes (āśayaih) das suas ações (karma).

Aquele que age incólume aos efeitos de suas ações,

tÇ inritzy< svR}bIjm!.25.

Tatra niratiśayaṃ sarvajña-bījam

(I-25) Nele (tatra) está, em grau mais elevado (niratiśayaṁ), a semente (bījam) da Onisciência (sarvajña).

Aquele que é a Suprema Energia Onisciente,

s pUvRe;amip gué> kalenanvCDedat!.26.

Sa pūrveṣām api guruḥ kālenāna-vacchedāt

(I-26) Mestre (guruḥ) [aquele que dissipa a ignorância] inclusive (api) dos primeiros (pūrveṣām) [mestres], pois não está condicionado (āna-vacchedāt) [ou limitado] pelo tempo (kāla).

Mestre dos mestres, não limitado pelo tempo e

  tSy vack> à[v>.27.

Tasya vācakaḥ praṇavaḥ

(I-27) Seu (tasya) símbolo verbal místico (vācakaḥ) é aquele continuamente novo (praṇavaḥ): [o OṀ].

cuja Voz ecoa no Vazio como o divino Som criador.

t¾pStdwR-avnm!.28.

Tajjapas tad-artha-bhāvanam

(I-28) Sua (taj) constante repetição (japah) [do praṇavaḥ OṀ], [junto com] a evocação mental (bhāvanaṁ) de seu (tad) significado objetivo (artha).

Quando se mantém o foco mental Nele e em Seu divino Som,

tt> àTyKcetnaixgmae=PyNtraya-aví.29.

Tataḥ pratyak-cetanādhigamo ‘py antarāyā-bhāvaś ca

(I-29) Como conseqüência (tataḥ) [da prática de I-28], adquire-se (adhigamah) a orientação da consciência (cetana) para o interior (pratyak) e (ca) também (api) o desaparecimento (abhāvah) dos obstáculos (antarāya).

obtém-se a remoção de todas as distrações que nos impedem a interiorização no Silêncio.

Os obstáculos e soluções

VyaixSTyans<zyàmadalSyaivritæaiNtdzRnalBx-UimkTvanviSwtTvain
icÄiv]epaSte=Ntraya>.30.

Vyādhi-styāna-saṃśaya-pramādālasyāvirati-bhrānti-darśanālabdhabhūmi-katvānavasthitatvāni citta-vikṣepās te ‘ntarāyāḥ

(I-30) Estes (te) [são os] obstáculos (antarāyāḥ) [que causam a] distração (vikṣepāh) da mente (citta): doença (vyādhi), apatia (styāna), dúvida (saṁśaya), falta de entusiasmo (pramāda) [ou displicência], preguiça (alasya), avidez por objetos mundanos (avirati), confuso ponto de vista (bhrānti-darśana), não-conquista de um estágio [de interiorização] (alabdhabhūmikatva) e instabilidade [da conquista de um estágio de interiorização] (anavasthitatva).

As distrações que podem assim serem vencidas são: a doença, a apatia, a dúvida, a falta de entusiasmo, a preguiça, a busca pelo mundano, a confusão mental, a não-conquista ou a instabilidade na conquista de uma etapa de interiorização.

Ê>odaEmRnSya¼mejyTvñasàñasa iv]epsh-uv>.31.

Duḥkha-daurmanasyāńgamejayatva-śvāsa-praśvāsā vikṣepa-sahabhuvaḥ

(I-31) Insatisfação (duḥkha), depressão (daurmanasya), nervosismo (aṇgamejayatva) e respiração (śvāsa-praśvāsā) [irregular] acompanham (sahabhuvaḥ) as distrações (vikṣepa).

Insatisfações, depressões, nervosismos e alterações respiratórias são sintomas causados por essas distrações.

tTàit;exawRmektÅva_yas>.32.

Tat-pratiṣedhārtham eka-tattvābhyāsaḥ

(I-32) A fim de (ārtham) neutralizar (pratiṣedha) esses (tat) [sintomas causados pelas distrações, deve haver] uma prática perseverante (abhyāsa) [de fixar a mente] em uma só (eka) verdade ou princípio essencial (tattva).

A fim de cessar esses sintomas e serenizar a mente, para conseguir se manter o foco mental Nele, deve-se manter o foco em um único dos seguintes princípios:

Pacificação da mente

mEÇIké[amuidtaepe]a[a< suoÊ>opu{yapu{yiv;ya[a— -avnatiíÄàsadnm!.33.

Maitrī-karuṇā-muditopekṣāṇāṃ sukha-duḥkha-puṇyāpuṇya-viṣayāṇaṃ bhāvanātaś citta-prasādanam

(I-33) A serenização (prasādanam) da mente (citta) [é obtida] pelo cultivo (bhāvanātaś) [de atitudes de] cordialidade (maitrī), compaixão (karuṇā), alegria (mudita) e equanimidade (upekṣā) diante de situações (viṣayāṇaṁ) de satisfatoriedade (sukha), miséria (duḥkha), virtude [ou justiça] (puṇya) e injustiça [ou perversidade] (apuṇya).

cultivar atitudes de cordialidade perante sintomas agradáveis, de compaixão perante sintomas dolorosos, alegria perante o virtuoso e equanimidade perante o injusto;

àCDdRnivxar[a_ya< va àa[Sy.34.

Pracchardana-vidhāraṇābhyāṃ vā prāṇasya

(I-34) Ou (vā) [a mente se sereniza] pela expiração (pracchardanam) e retenção (vidhāraṇābhyāṁ) do alento (prāṇasya) [ou respiração].

expirar e manter-se relaxado e confortável na ausência de respiração; ou

iv;yvtI va àv«iÄéTpÚa mns> iSwitinbNxnI.35.

Viṣayavatī vā pravṛttir utpannā manasaḥ sthiti-nibandhanī

(I-35) Ou (vā) [a mente se sereniza] quando se produz (utpannā) uma perfeita (pra) percepção (vṛttir) [mental] de um objeto (viṣayavatī) mantendo (nibandhanī) inativa (sthiti) a mente discriminativa (manasaḥ).

permanecer no presente, mantendo-se um foco mental e inibindo-se a atividade discriminativa e associativa da mente.

ivzaeka va Jyaeit:mtI.36.

Viśokā vā jyotiṣmatī

(I-36) Ou (vā) [a mente se sereniza através de percepções] indolores (viśokā) ou luminosas (jyotiṣmatī) [experimentadas interiormente].

Esse foco mental pode ser qualquer percepção interior, indolor ou luminosa,

vItragiv;y< va icÄm!.37.

Vīta-rāga-viṣayaṃ vā cittam

(I-37) Ou (vā) a mente (cittam) [se sereniza quando] dirigida àqueles objetos (viṣayaṁ) [que estão] livres (vīta) de apego (rāga).

ou a lembrança de seres livres do apego,

SvßinÔa}analMbn< va.38.

Svapna-nidrā-jñānālambanaṃ vā

(I-38) Ou (vā) [a mente se sereniza quando] apoiada (alambanaṁ) em conhecimentos (jñāna) obtidos durante o sono, com sonhos (svapna) ou sem sonhos (nidrā).

ou de conhecimentos oníricos,

ywai-mtXyanaÖa.39.

Yathābhimata-dhyānād vā

(I-39) Ou (vā) [a mente se sereniza pela prática da] meditação (dhyānād) que (yatha) se desejar (abhimata).

ou, enfim, a prática meditativa que se desejar.

Resultados da serenização mental

prma[uprmmhÅvaNtae=Sy vzIkar>.40.

Paramāṇu-parama-mahattvānto ‘sya vaśīkāraḥ

(I-40) [Quando a mente se sereniza], seu (sya) poder de controle (vaśīkāraḥ) estende-se (antah) desde o mais ínfimo átomo (paramāṇu) até a grandeza (mahattva) suprema (parama).

A serenidade mental assim obtida nos dá o controle desde o micro até o macrocosmo. 

]I[v&Äeri-jatSyev m[e¢RhIt&¢h[¢aýe;u tTSwtdÃnta smapiÄ>.41.

Kṣīṇa-vṛtter abhijātasyeva maṇer grahītṛ-grahaṇa-grāhyeṣu tatstha-tadañjanatā samāpattiḥ

(I-41) Após o total enfraquecimento (kṣīṇa) [da identificação com] os seus (sya) processos reativos (vṛtti) [da mente], como (iva) uma jóia (maṇi) transparente (abhijāta) assume (tatsthata) a cor (tadañjana-tā) de seu íntimo, o conhecedor (grahītṛ), o processo do conhecimento (grahaṇa) e o objeto conhecido (grāhyeṣu), [se fundem numa] completa absorção (samāpattiḥ) [recíproca].

À medida que o barulho mental se enfraquece, da mesma forma que uma jóia transparente assume a cor do que está em seu íntimo, o eu inferior paulatinamente toma a forma do Eu Superior.

  tç zBdawR}anivkLpE> s—kI[aR sivtkaR.42.

Tatra śabdārtha-jñāna-vikalpaiḥ saṃkīrṇā savitarkā

(I-42) Nela (tatra), [na completa absorção – samāpattiḥ] com associações verbais (savitarkā), se misturam (saṃkīrṇā) as construções mentais indistinguíveis (vikalpa) do som (śabda), do objeto em si (artha) e da sua compreensão mental (jñāna).

No estágio inicial de ampliação da consciência, os nomes, os objetos e sua verdadeira compreensão mental são indistinguíveis.

Sm&itpirzuÏaE SvêpzUNyevawRmaÇin-aRsa inivRtkaR.43.

Smṛti-pariśuddhau svarūpa-śūnyevārtha-mātra-nirbhāsā nirvitarkā

(I-43) Na purificação total (pariśuddhi) da memória (smṛti), quando a mente se esvazia (śūnya) de sua natureza essencial (svarūpa), refletindo (nirbhāsa) exclusivamente o objeto em si (artha-mātra), [atinge-se a completa absorção – samāpattiḥ] sem raciocínio dialético (nirvitarkā).

Quando a mente associativa se esvazia de suas crenças e “pré-conceitos”, atinge-se um novo estágio mais puro de consciência, onde se inicia a compreensão da Verdade.

@tyEv sivcara inivRcara c sUúmiv;ya VyaOyata.44.

Etayaiva savicārā nirvicārā ca sūkṣma-viṣayā vyākhyātā

(I-44) De igual maneira (etayaiva) se explica (vyākhyātā) [a completa absorção – samāpattiḥ] com (savicāra) e sem (nirvicāra) associações com objetos (viṣayā) sutis (sūkṣma) [como raciocínio dialético ou reflexão mental].

E essa compreensão da Verdade também deve ser esvaziada e purificada de nossas crenças e “pré-conceitos”,

sUúmiv;yTv< cail¼pyRvsanm!.45.

Sūkṣma-viṣayatvaṃ cālińga-pary-avasānam

(I-45) [Essa] sutileza (sūkṣma) dos objetos (viṣayatvaṁ) estende-se (pary-avasānam) até (ca) o indeterminado (aliṅga) [estágio de manifestação dos elementos fundamentais da matéria – guṇa].

até que se atinja a percepção da mais sutil e indeterminada manifestação objetiva das coisas.

ta @v sbIj> smaix>.46.

Tā eva sabījah samādhih

(I-46) Essas (tā) [absorções] realmente (eva) pertencem a um tipo de superconsciência (samādhih) com “semente” (sabījah).

Todo esse processo de ampliação da consciência descrito, se limita ao universo manifestado.

inivRcarvEzar*e=XyaTmàsad>.47.

Nirvicāra-vaiśāradye ‘dhyātma-prasādaḥ

(I-47) A claridade (prasādaḥ) do Ser interior (adhyātma) [surge] com a transparência (vaiśāradya) [do estado de completa absorção – samāpattiḥ] sem associações sutis (nirvicāra).

Nesse segundo estado ampliado de consciência percebe-se, em nosso íntimo, a claridade de nosso Ser Interior, da Presença,

\tM-ra tÇ à}a.48.

Ṛtambharā tatra prajñā

(I-48) Nele (tatra) [no estágio transparente de completa absorção sem associações sutis – nirvicāra samāpattiḥ], o conhecimento transcendente (prajñā) é a Verdade (ṛtambharā).

e se conhece a Verdade.

ïutanumanà}a_yamNyiv;ya ivze;awRTvat!.49.

Śrutānumāna-prajñābhyām anya-viṣayā viśeṣārthatvāt

(I-49) [O conhecimento direto da Verdade – prajñā ṛtambharā] é diferente (anya) do conhecimento (prajñābhyām) baseado no testemunho (śruta) ou em inferência (anumāna), [porque] abrange (viṣayā) um objeto (arthatvāt) [ou aspecto] particular (viśeṣā).

O conhecimento da Verdade difere de qualquer conhecimento que um dia tenhamos tido,

t¾> s<Skarae=Nys<SkaràitbNxI.50.

Taj-jaḥ saṃskāro ‘nya-saṃskāra-prati-bandhī

(I-50) A impressão latente (saṁskāraḥ) produzida (jaḥ) por este (taj) [conhecimento transcendente] inibe (pratibandhī) as outras (anya) im-pressões (saṁskāra).

e o registro na memória desse conhecimento inibirá quaisquer outros registros,

tSyaip inraeexe svRinraexaiÚbIRj> smaix>.51.

Tasyāpi nirodhe sarva-nirodhān nirbījaḥ samādhiḥ

(I-51) Com a supressão (nirodhe) até mesmo (api) daquelas (tasya) [outras impressões], [ocorre a] supressão (nirodha) de todas (sarva) [as modificações da mente] e a superconsciência (samādhiḥ) sem semente (nirbījaḥ) surge.

até que se consiga inibir até esse último barulho mental, entrando para sempre no reino do Imanifesto, na morada do Pai-Mãe.

BIBLIOGRAFIA

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