O Caibalion

15 posts

TRÊS INICIADOS

O CAIBALION

Estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia

Tradução de

ROSABIS CAMAYSAR

 

 

INTRODUÇÃO

 

Temos grande prazer em apresentar aos estudantes e investigadores da Doutrina Secreta esta pequena obra baseada nos Preceitos herméticos do mundo antigo. Existem poucos escritos sobre este assunto apesar das inúmeras referências feitas pelos ocultistas aos Preceitos que expomos, de modo que por isso esperamos que os investigadores dos Arcanos da Verdade saberão dar bom acolhimento ao livro que agora aparece.

O fim desta obra não é a enunciação de uma filosofia ou doutrina especial, mas sim fornecer aos estudantes uma exposição da Verdade que servirá para reconciliar os fragmentos do conhecimento oculto que adquiriram, mas que são aparentemente opostos uns aos outros e que só servem para desanimar é desgostar o principiante neste estudo. O nosso intento não é construir um novo Templo de Conhecimento, mas sim colocar nas mãos do estudante uma Chave-Mestra com que possa abrir todas as portas internas que conduzem ao Templo do Mistério cujos portais já entrou.

Nenhum fragmento dos conhecimentos ocultos possuídos pelo mundo foi tão zelosamente guardado como os fragmentos dos Preceitos herméticos que chegaram – até nós através dos séculos passados desde o tempo do seu grande estabelecedor, Hermes Trismegisto, o mensageiro dos deuses, que viveu no antigo Egito quando a atual raça humana estava em sua infância. Contemporâneo de Abraão e se for verdadeira a lenda, instrutor deste venerável sábio, Hermes foi e é o Grande Sol Central do Ocultismo, cujos raios têm iluminado todos os ensinamentos que foram publicados desde o seu tempo. Todos os preceitos fundamentais e básicos introduzidos nos ensinos esotéricos de cada raça foram formulados por Hermes. Mesmo os mais antigos preceitos da Índia tiveram indubitavelmente a sua fonte nos Preceitos herméticos originais.

Da terra do Ganges muitos mestres avançados se dirigiram para o país do Egito para se prostrarem aos pés do Mestre. Dele obtiveram a Chave-Mestra que explicava e reconciliava os seus diferentes pontos de vista, e assim a Doutrina Secreta ficou firmemente estabelecida. De outros países também vieram muitos sábios, que consideravam Hermes como o Mestre dos Mestres; e a sua influência foi tão grande que, apesar dos numerosos desvios de caminho de centenas de instrutores desses diferentes países, ainda se pode facilmente encontrar uma certa semelhança e correspondência nas muitas e divergentes teorias admitidas e combatidas pelos ocultistas de diferentes países atuais. Os estudantes de Religiões comparadas compreenderão facilmente a influência dos Preceitos herméticos em qualquer religião merecedora deste nome, quer seja uma religião apenas conhecida atualmente, quer seja uma religião morta, ou uma religião cheia de vida no nosso próprio tempo. Existe sempre uma correspondência entre elas, apesar das aparências contraditórias, e os Preceitos herméticos são como que o seu grande Conciliador.

A obra de Hermes parece ter sido feita com o fim de plantar a grande Verdade-Semente que se desenvolveu e germinou em tantas formas estranhas, mais depressa do que se teria estabelecido uma escola de filosofia que dominasse o pensamento do mundo. Todavia as verdades originais ensinadas por ele foram conservadas intatas na sua pureza original, por um pequeno número de homens, que, recusando grande parte de estudantes e discípulos pouco desenvolvidos, seguiram o costume hermético e reservaram as suas verdades para os poucos que estavam preparados para compreendê-las e dirigí-Ias. Dos lábios aos ouvidos, a verdade tem sido transmitida entre esses poucos. Sempre existiram, em cada geração e em vários países da terra, alguns Iniciados que conservaram viva a sagrada chama dos Preceitos herméticos e sempre empregaram as suas lâmpadas para reacender as lâmpadas menores do mundo profano, quando a luz da Verdade começava a escurecer e a apagar-se por causa da sua negligência, e os seus pavios ficavam embaraçados com substâncias estranhas. Existiu sempre um punhado de homens para cuidar do altar da Verdade, em que mantiveram sempre acesa a Lâmpada Perpétua da Sabedoria. Estes homens dedicaram a sua vida a esse trabalho de amor que o poeta muito bem descreveu nestas linhas:

“Oh! não deixeis apagar a chama! Mantida de século em século nesta escura caverna, neste templo sagrado! Sustentada por puros ministros do amor! Não deixeis apagar esta divina chama!”

Estes homens nunca procuraram a aprovação popular, nem grande número de prosélitos. São indiferentes a estas coisas, porque sabem quão poucos