Muito ouvimos falar que Deus é Pai, Deus é Mãe, Deus é Luz, Deus é Existência, Deus é Felicidade Eterna… Ser pai ou mãe, existir e ser feliz são experiências que podemos entender, pois são ocorrências reais que temos em nossa tridimensionalidade. Mas o que é ser Luz?
Talvez, antropologicamente, tragamos em nosso inconsciente aquelas primeiras experiências do poder dos raios produzindo fogo e trovões, ou do poder transformador e acalentador do fogo nos primeiros acampamentos do Homo sapiens, ou da vida advinda da existência daquele astro-rei que nasce e morre diariamente sobre as nossas cabeças… Talvez uma experiência luminosa real e pessoal daquilo que passamos a chamar de Deus, nas suas mais variadas formas, catalogadas através do tempo e do espaço de nossa história.
Não importa! Ao perceber que após cada pôr do Sol haverá sempre um renascer, que após cada experiência de escuridão há uma experiência de luminosidade e que a alegria sempre segue à tristeza, passamos a inferir que a saúde segue a doença e que o renascimento segue à morte…
Inferências e crenças à parte, estamos em tempo de solstício, onde o Sol, paulatinamente, ficará cada vez mais tempo sobre as nossas cabeças no hemisfério norte, fonte de mitológicos nascimentos de deuses, filhos de Deus, semideuses, heróis… registrados em nossa tradição oral e escrita da humanidade.
É tempo de renascer, em nossas próprias vidas…
É tempo de mudança de pontos de vista…
De novos olhares sobre velhas coisas…
De diferentes ações, apesar de nossos hábitos…
De flexibilidade sobre nossos engessamentos…
De soltar nossos apegos, limpar nossa casa…
Olhar para dentro e olhar para fora…
De fora para dentro, de dentro para fora…
Mirando o horizonte, a partir de nossos pés…
Amando, dançando, beijando…
Correndo, brincando, festejando…
Chorando, rezando, agradecendo…
Olhando, fitando, enxergando…
“Te vejo – Estou aqui!”
O novo… Ah o novo! Pensamos o novo, aspiramos ao novo… “ano novo, vida nova” é o que sempre dizemos. Mas, enquanto o velho é o mais funesto símbolo da impermanência das coisas, o novo é o mais sublime símbolo dessa mesma impermanência das coisas. O que acontece é que não suportamos a rigidez e fixidez das coisas por muito tempo e, avidamente, pedimos mudanças, novidades, manifestações físicas do princípio da impermanência que criou o universo e o mantém sempre em mutação. Ilusão, maya,o arquétipo da Grande Mãe…
Adoramos a ilusão e evitamos a desilusão,
mas que bom também sermos desiludidos…
Buscar o novo, o sempre novo
Ou buscar o eterno e imutável?
Estar no novo, o sempre novo
Ou ser o eterno e imutável?
O que fazer? Não fazer? Inércia, morte, vida, movimento…
Presença! Observar… Respirar… Sentir…
o fluir e o refluir do temporário, porta para o eterno.
Do Filho ao Pai, mas passando pela Mãe…
Do mundo ao Vazio Criador, atravessando o grande Poder Criativo…
Metáforas do Indizível, do Inabsorvível…
Que em nossa caminhada consigamos
ver o invisível,
ouvir o que não pode ser dito,
provar o que não pode ser provado, e
sentir o que não pode ser apreendido por nossos cinco sentidos
Saber viver e saber morrer
Saber andar e saber parar
Ver e escutar…
Em silêncio…
O Silêncio.
O Vazio.
A Luz…
Não a luz, mas a Luz!