Ao Encontro do Ser, mas Presente no Corpo
Conselho do Campo DEP
A Escola fornece ao participante toda uma instrumentalização que tem como sentido o despertar do Curador Interno, do Ser Essencial, a fim de que possa atuar como o que chamamos de Terapeuta Centrado no Ser.
Um dos principais instrumentos para o despertar do Curador Interno é a consciência corporal. Nesse nível de consciência podemos perceber nossas impregnações, nossas limitações, nossos bloqueios, que são expressões do ‘eu pessoal’. Passamos a identificar uma linguagem corporal que nos aponta onde estão as nossas fragilidades e impedimentos para entrarmos em contato com nosso verdadeiro Ser. O Ser que somos necessita, para se expressar, de um corpo, de um cálice sagrado. É, por outro lado, esse mesmo Ser que sustenta a forma e experimenta: Ser é Vida. Vida é a realização do Ser.
Para a Escola, o corpo é um instrumento, uma manifestação do Ser, que conta uma história em si mesmo. O fluxo energético no corpo conta, para nós, como a vida está transcorrendo para aquela pessoa, se ela está mais livre ou ainda muito presa a seus bloqueios. Conta como foi a sua vida até o presente momento. Assim, todas as propostas feitas para o trabalho de conscientização corporal são para que se possa revelar os mais profundos segredos do nosso ser corporal e, conseqüentemente, possamos perceber quais sensações se revelam, quais emoções nos aprisionam, quais crenças e imagens se escondem em nossas mentes. Nesse processo de conhecer e reconhecer quem somos, começamos a nos libertar de todas essas impregnações.
As impregnações são marcas em nós impressas desde a nossa fecundação, no útero de nossas mães. Elas são sustentadas pelas sensações, imagens e crenças que a criança recolhe, adota ou constrói desde os primeiros anos de vida. São as impregnações que nos levam para a repetição, para os aprisionamentos em nós mesmos, para nossas limitações, impedindo, assim, o fluir da vida em nós. Vida é a expressão de um potencial infinito, gerando infinitas possibilidades de manifestação. Repetir, fazer sempre igual, é negar esse potencial.
As sensações primárias são sentidas como prazer ou desprazer pela criança. Isto produz, nas células corporais, uma resposta de expansão ou contração. Prazer, de um modo geral, provoca a expansão, enquanto desprazer provoca contração. O desprazer traz muitas sensações como o medo, a dor, a insegurança, entre outras, e provoca a contração da célula, dos músculos, criando hábitos inconscientes. Os músculos se contraem e ‘prendem’ o fluxo energético, criando impedimentos e bloqueios que se constroem na mente como crenças, errôneas ou corretas, que se apresentam como conhecimento adquirido por experiência própria, e se instalam no corpo como padrões no fluxo energético. Esta energia cristalizada ocupa um lugar e não permite que o fluxo de energia circule livremente para o novo e, assim, acabamos repetindo sempre a mesma experiência em situações diferentes. É sempre o medo, em todos os níveis vibratórios, que provoca o bloqueio do fluxo da energia.
As impregnações ficam no corpo, como estruturas corporais que reforçam a marca mental e, desta forma, vamos seguindo a vida, apresentando sempre os mesmos comportamentos. Na Escola, seguimos o princípio de que não é o movimento que nos libera das impregnações, mas a atenção, a intenção e a respiração, que trazem a consciência; a consciência libera o fluxo energético das marcas e impregnações, permite novos caminhos para a energia. Nesta desconstrução de padrões de impregnação, o fluxo de atenção e intenção carrega a energia que relaxa a tensão, tanto muscular como emocional e mental, e a energia flui por todo o sistema nervoso e muscular e, por conseqüência, por todo o organismo. A energia segue a atenção e a intenção.
A respiração consciente, o sustentar o incômodo das sensações desagradáveis que ficam reprimidas, levam a consciência às impregnações e abrem o espaço intercelular, o fluxo energético pode voltar a fluir e o Ser pode se expressar mais livremente. A vida entra em consonância com o padrão vibratório do Ser nesta experiência corporal. Se não estamos alinhados com nossos princípios e propósitos essenciais, ficamos como que esquecidos de nós mesmos, imersos nos padrões de impregnação e bloqueios do fluxo energético, adormecemos, seguimos como meros repetidores dos padrões culturais, distanciados do Ser Essencial. Quanto mais esquecidos estamos de nosso Ser Essencial, mais separados do nosso centro ficamos.
Na Escola, reconhecemos que o Ser se manifesta em um fluxo vertical, um eixo que chamamos de Inconsciente Emergente, cuja expressão na corporeidade faz um caminho em espiral, marcando níveis de consciência e desenvolvimento do ‘eu pessoal’. O Inconsciente Emergente é como o Ser sustenta essa corporificação; como causação descendente que sustenta a vida; é o Ser em manifestação, com todas as possibilidades que Ele pode expressar dentro da singularidade que cada pessoa é. Por outro lado, a espiral de desenvolvimento é a causação ascendente ou como o ‘eu pessoal’ se forma e se desenvolve nesta corporificação.
Assim, a proposta que a Escola DEP faz para o corpo é uma conseqüência da conscientização e não apenas a construção de um corpo forte, saudável, flexível, expressivo e criativo. Mesmo que este resultado seja alcançado, ele é secundário ao processo de conscientização corporal. Todo este instrumental que a Escola oferece traz a possibilidade de tornar o corpo físico mais desperto e preenchido da qualidade essencial que o informa, tornando-o um instrumento do Ser, sendo um vaso sagrado do Ser, sendo um vaso que contém um infinito potencial.
Desde o primeiro passo, o participante vai se conscientizando que estas impregnações, surgidas desde a fecundação, são a carga genética familiar. Embora trazidas pelo DNA, a carga genética é garantida pelo Ser, formando assim o potencial, o campo de possibilidades para aquilo que se veio experimentar e transformar. Vários são os níveis de experiências no mundo manifesto. Na Escola procuramos perceber os vários níveis possíveis dessa manifestação: desde as sensações corporais, passando pelas emoções, pelos pensamentos e também pelas idealizações. Percebemos, também, o registro do padrão vibratório do Ser Essencial através da experiência da própria Presença.
No trabalho objetivo de percepção, investigação e aprofundamento, usamos uma forma de registro da experiência, uma espécie de mapa, que chamamos de cartografia. Esta cartografia é um instrumento metodológico da Escola DEP que permite o registro simbólico daquilo que é experimentado, das recordações e conscientizações das impregnações e bloqueios do fluxo energético no corpo. É um meio pelo qual o Ser Essencial mostra para o ‘eu pessoal’ o que este necessita aprofundar para sair das impregnações. A cartografia constitui-se de uma folha impressa com a figura humana. Na Escola optamos por usar a imagem do ‘Homem Vitruviano’ de Leonardo da Vinci. Nela estão desenhados 4 triângulos ascendentes e 5 triângulos descendentes. Os triângulos representam os diferentes níveis de organização do Ser individualizado e corporificado.
Os 4 triângulos ascendentes mostram essa organização e expressão a partir do corpo e do ‘eu pessoal’: representam o fluxo de ascendente da energia em busca da integração com o fluxo descendente e expressão plena e singular do Ser individualizado ou da Identidade Espiritual. Os 5 triângulos descendentes mostram essa organização e expressão a partir da Identidade Espiritual, do ‘Eu Sou’, da Presença, do Ser Essencial, e representam aenergia que vem dos códigos de informação e sustentação da vida, em busca da integração com o fluxo ascendente.
Os 4 triângulos ascendentes podem ser comparados ao desenvolvimento representado pelo movimento da Espiral de desenvolvimento da consciência, enquanto os 5 triângulos descendentes podem ser comparados ao eixo de sustentação do Inconsciente Emergente, no centro da Espiral.
Como conclusão, é no eixo da medula nervosa, na coluna vertebral do corpo físico,que estes fluxos de energia se ancoram no biológico. Alcançar e perceber este padrão vibratório conscientemente, é o que chamamos de ‘entrar em um Espaço de Silêncio”. Esta percepção e esta realização tão delicada é o processo de transformação do fluxo energético que se libera tanto dos níveis mais densos do ‘eu pessoal’ quanto dos níveis mais sutis do Eu Espiritual, liberando assim as impregnações corporais, emocionais e sociais, além das impregnações espirituais.