Oficializada em 1968, por Abraham Maslow quando presidente da Associação de Psicologia Norte-Americana (APA), a Psicologia Transpessoal é um abordagem epistemológica e de cuidado que procura criar uma visão dialógica com as demais visões epistemológicas que classicamente compõem essa ciência, a saber: a Psicologia Comportamental e sua variantes, a Psicanálise e suas variantes, as Psicologias de Enfoque Humanista, a Psicologia Cognitiva e a Positiva. A abordagem transpessoal reúne estudiosos que, desafiando o paradigma vigente, ousam ampliar esse diálogo para além das escolas clássicas, como as já mencionadas, estabelecendo diálogo também com outra perspectivas psicológicas contidas em outras culturas e tradições espirituais. Desta forma, partindo de um fundamento ontológico da existência de uma espiritualidade complexa que contempla uma visão abrangente da integralidade do homem com o meio, do respeito fundamental ao relacionamento humano e da existência de uma energia superior, compreendida de diferentes formas por essas tradições, como Deus, Divino, Sagrado, Energia Superior, entre outros. Isso se justifica, pois o conhecimento transpessoal é necessariamente transdisciplinar e transcultural, entendendo o prefixo trans como um elemento que indica aquilo que está ‘nas’, ‘entre’, e ‘além’ das culturas, pessoas e disciplinas.
Presente no curriculo de graduação e pós-graduação de universidades federais brasileiras, a transpessoal vem desde os anos setenta contribuindo na formação de gerações de psicólogos. E ciente da importância do papel deste olhar epistemológico e da necessidade de garantir padrões de cuidado, a fim de garantir a excelência de sua reflexão no ambiente acadêmico, bem como dos serviços a serem prestados à comunidade, os participantes do I Colóquio Brasileiro de Pesquisa em Psicologia Transpessoal e VI Semana de Psicologia Transpessoal realizado na cidade de Natal – RN, marcadamente as entidades aqui representadas por seus participantes resolvem propor a fundação da Associação Brasileira de Pesquisa e Ensino em Psicologia Transpessoal (ABRAPET) cujo escopo maior é o de congregar entidades de estudiosos no campo da Psicologia Transpessoal propondo:
– Critérios para o estabelecimento de, pesquisas em transpessoalidade que envolvam temas como: espiritualidade, ócio, resiliência, desenvolvimento humano, coping religioso, alegria, morte e transcendência, entre outras.
– Critérios para o estabelecimento de curriculos mínimos, definindo a construção de competências, em cursos de especialização e capacitação em psicologia transpessoal.
– Criação de Grupo de Trabalho (GT) específico na Associação Nacional de Pesquisadores em Psicologia (ANPEPP).
– Promover a divulgação dos trabalhos científicos em Psicologia Transpessoal produzidos no país, através da realização de congressos, seminários e reuniões.
A Associação se propõe ao diálogo sistemático e permanente com o sistema Conselhos, com as entidades nacionais da psicologia entre outras, visando a problematização das questões sociais na qual a Psicologia Transpessoal pode se inserir e contribuir efetivamente.
Natal, 27 de Maio de 2011
Assinam esta carta os seguintes pesquisadores e profissionais da saúde:
- Aurino Lima Ferreira (UFPE).
- Claudio Roberto Freire de Azevedo, escritor e médico (CE).
- Débora Cristina Diógenes (Associação Norte-Riograndense de Psicologia e Psicoterapia Transpessoal – ANPPT).
- Gerardo Campana Neto, Psiquiatra (AL).
- José Clerton Martins (UNIFOR).
- Jucionou Coelho Silva (UECE).
- Luiz Eduardo Valiengo Berni (CRP-SP).
- Maria de Fátima Abrahão Tavares (UFRN).
- Marlos Alves Bezerra (UFRN).
- Nilza Maria Molina Mendes (presidente CRP-17).
- Vera Saldanha (Associação Luso Brasileira de Psicologia Transpessoal – ALUBRAT).