O Despertar da Consciência

Nota Introdutória: 

 

Esse texto é relativamente longo e, se possível,  não deve ser lido em um computador. É essencial que ele seja lido com calma, para que seja compreendido em sua lógica interior, que pertence ao  mundo do silêncio e não ao mundo da agitação.

Por uma estranha e misteriosa lei do universo, todos os textos e mensagens que se referem ao caminho do autoconhecimento teimam em ocultar sempre o seu significado das mentes ansiosas e preocupadas.  Portanto, é recomendável imprimir esse texto e lê-lo e relê-lo no papel, lentamente,  de preferência com a mente serena e o computador  e telefone celular desligados. O mesmo pode e deve ser feito com todos os  textos que lhe parecerem mais  importantes nessa caminhada.


Amigos,

Cada ser humano tem dentro de si uma consciência capaz de vencer as ilusões e de  abrir caminho para a felicidade incondicional. A essa consciência chamamos de “consciência do guerreiro”.

O objetivo desse e-grupo de 60 dias é operar como um sistema de estímulos para o despertar da consciência do guerreiro.  Esse processo pode ser chamado de “iniciático“, se definirmos “iniciático” como aquilo que se refere a uma forte expansão de consciência.

Do ponto de vista da filosofia esotérica, uma iniciação é uma expansão holográfica da consciência. Em muitos casos, ela requer uma preparação. Há iniciações de todos os tamanhos. Cada dia da nossa vida traz a nós algumas pequenas iniciações.  E há iniciações enormes, difíceis de administrar.  Por exemplo, as cinco grandes iniciações (às quais só temos acesso em muito pequena escala, pela lei das analogias) estão representadas simbolicamente em certas passagens dos Evangelhos, no Novo Testamento.

Grandes ou pequenas, as iniciações correspondem a algo essencial, e são uma meta básica do caminho espiritual.  Isso, porém,  não significa que caminhar por um processo iniciático expandirá apenas os aspectos positivos da consciência do guerreiro. Longe disso. A luz do sol ilumina tudo,  e a expansão de consciência aumenta a nossa capacidade de perceber o divino, mas também aumenta no guerreiro, ou na vida do guerreiro, os obtáculos que dificultam a jornada.

Uma das imagens clássicas de um processo iniciático é a da produção de ouro.

O ouro bruto encontrado na natureza deve ser colocado em altas temperaturas, para que se separe dele  o material que não presta.  As altas temperaturas, nessa metáfora, são o processo probatório. São os testes a que o aprendiz está sujeito,  e dos quais não poderá escapar.  Cada uma das pessoas que se aproxima da prática do autoconhecimento deve enfrentar obstáculos maiores dos que havia até o início da caminhada.  Uma gripe que não cura nunca, dificuldades familiares, novos compromissos inesperados, muita coisa parece “conspirar” para que o firme propósito do autoconhecimento interior  perca sua força e vá para a fossa comum de tantas outras boas intenções abandonadas em nome de inúmeras pressões externas.  Daí a necessidade de ser um guerreiro e de travar o bom combate.

Além da metáfora do ouro que precisa de altas temperaturas para purificar-se, outra imagem é a do joio e do trigo. Em um momento, planta-se tudo (expande-se a consciência). Depois a própria dinâmica dos acontecimentos torna inevitável o “julgamento”, o discernimento, a escolha de caminhos. Torna-se indispensável separar o joio e o trigo na nossa consciência, na nossa vida, na  nossa agenda de prioridades.

De um ponto de vista prático, expandir a consciência  e separar joio e trigo são funções simultâneas. O plantio de uma nova consciência na vida do guerreiro ocorre através do estudo, da meditação, do diálogo, da auto-observação e do trabalho altruísta.

Isso tudo pode e deve ser feito ao mesmo tempo que o guerreiro avalia o que é realmente verdadeiro e o que é falso, o que é duradouro e o que é passageiro, e aprende a abrir mão do que é falso, e a optar pelo que é verdadeiro…     É importante desenvolver uma “segunda atenção” —  uma “plena atenção” —   porque, como sabemos, nem tudo que reluz é ouro. E nem tudo que é ouro reluz.

Em seu trabalho interior, o guerreiro e a guerreira têm, talvez, sete grandes campos de consciência a observar e dirigir.

  1. a consciência corporal, consciente e inconsciente;
  2. Há as emoções pessoais, conscientes, inconscientes e subconscientes, que podem pipocar amplamente e talvez queiram chamar nossa atenção  por um tempo indefinido.  Normalmente, as emoções pessoais se disfarçam de espirituais, fazem farsas, manipulam, querem manter o controle do processo.  Elas são como o  lobo que se veste com pele de ovelha. Aderem ao aspecto superficialmente luminoso do caminho espiritual apenas para atacar na noite escura quando o guerreiro menos espera, quando ele está tranquilo e deixou de vigiar.
  3. Há as emoções superiores, como a devoção (o amor do que é pequeno pelo que é grande), a fraternidade no trabalho, a alegria de trabalhar altruisticamente, a admiração pela sabedoria, pela boa vontade, pela dedicação e outras qualidades positivas dos outros, etc.  Estas emoções levam o foco da consciência do guerreiro para mais perto da alma imortal. Seu crescimento exige a morte gradual das emoções inferiores e do egocentrismo.  Embora esse processo seja homeopático, não são poucas as ilusões que surgem. Daí a necessidade da consciência de sermos guerreiros, cuja lucidez implacável deve ser cortante como uma espada que elimina as névoas, o devaneio, a ilusão.
  4. Há os pensamentos pessoais, voltados para a auto-afirmação, a auto-defesa, e que se mesclam com os sentimentos pessoais. Pensamentos e sentimentos pessoais encontram a paz quando se colocam a serviço do que é realmente superior e elevado.
  5. Há os pensamentos superiores, que se ligam aos sentimentos superiores e giram em torno da alma imortal;
  6. Há a intuição espiritual (diferente das premonições da alma mortal), que nasce do silêncio da alma, da mente e do coração.  Esse silêncio traz consigo a presença divina da alma imortal. É dele que brota a sabedoria.
  7. Há o princípio supremo, o verdadeiro eu, “Atma“,  impossível de verbalizar.  Como sabemos, “o Tao de que se pode falar não é o verdadeiro Tao” (Tao-Te-King).  Mas a influência de Atma se mostra através da Vontade Espiritual, da coragem, da paciência, do desapego, da devoção, do discernimento e da perseverança do buscador da verdade.

Como caminhantes de uma peregrinação iniciática, temos a possibilidade e o privilégio de observar e dirigir em nós, até onde pudermos, o funcionamento  desses vários níveis de consciência  em nosso interior.

Fazer um trabalho altruísta no mundo é um grande teste, que provoca provações individuais,  e traz para o plano visível muitos sentimentos adormecidos, dos quais devemos obter uma plena e serena consciência, para então transcendê-los gradualmente.   O serviço feito com intenção altruísta ( a intenção é tudo) nos permite esquecer um pouco de nós mesmos. Nos permite pensar nos outros. E quando esquecemos de nós mesmos, misteriosamente —  obtemos o autoconhecimento.

E quando obtemos o autoconhecimento descobrimos um paradoxo.  O paradoxo é que o eu inferior, visto como CENTRO da vida,  é uma  ilusão pertencente a um nível inferior de consciência; mas o mesmo eu inferior, visto como INSTRUMENTO a serviço da  vida, é algo nobre, valioso, que desenvolve em si grande parte das qualidades da alma imortal.

 

Isso não é teoria.

 

Quando descobrimos que isso não é teoria, descobrimos o que é um processo iniciático.

Mas há então uma pergunta incômoda. Quando descobrimos o que é um processo iniciático, o que é que fazemos? Recuamos?  Ou avançamos, lenta e firmemente, pelo caminho do guerreiro?

Se optarmos pelo avanço, ele deve ser homeopático, vivido passo a passo. É preciso avaliar calmamente as nossas margens de erro e de acerto, aprendendo com os erros e reforçando os acertos.

Nos dias atuais, a maré da transmutação planetária se eleva, e o despertar dos  guerreiros e das guerreiras de luz é cada vez mais necessário para a transição em direção a uma nova civilização.

Aqueles que sentirem que esse chamado faz sentido estão convidados a “levantar o braço”  e fazer seus comentários (bastam poucas palavras) 

Que cada um siga sua intuição.  Paz a todos,

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *