11 de março 1957
O MAR DA VIDA
Saudações. Meus queridos, trago a vocês as bênçãos de Deus.
Do ponto de vista mais amplo do espírito, a vida humana se vê como uma cena, onde a forma e a substância da vida terrena são representadas como o mar, o oceano, sobre o qual cada vida é um barco. Vemos com freqüência esta analogia em sonhos. O quadro representa diversos aspectos da vida: o mar pode estar tempestuoso e o céu cinzento; mais tarde, de novo, o sol volta a brilhar e as águas se acalmam, enquanto a próxima tempestade não chega. Assim se alternam, até a viagem atingir seu destino, que é a terra firme, o mundo do espírito e o verdadeiro lar. Sendo assim, tudo depende de quão bem vocês possam dirigir sua vida.
Algumas pessoas são como um capitão habilidoso, experiente e treinado, e como tal não têm medo do perigo; pilotam seu barquinho através dos elementos e durante a calmaria e os bons ventos reúnem forças para a próxima tormenta. Outros já ficam nervosos e perdem o controle interno quando uma tempestade começa a se formar. Outros ainda se assustam tanto que, no seu medo extremo, nem manobram o barco, deixando-o à deriva nas tempestades da vida – e assim não conseguem nada. Vocês estão cientes, claro, de que as perturbações atmosféricas, as tempestades, os furacões e o acúmulo de nuvens são provas que a vida lhes apresenta. O ser humano que já passou por algum aprendizado espiritual e é um pouco mais sensível pode usar sua intuição para reconhecer onde seu barquinho se encontra, num momento determinado.
Eu gostaria de falar sobre as provas. Quase não existe um grupo de pessoas, seja uma família ou qualquer outra comunidade, onde ao menos uma das almas humanas não tenha um desenvolvimento tão lento que ela se torna o peão das forças da escuridão. Isto não significa necessariamente que a pessoa seja má. Não, basta ela não aceitar certas leis espirituais como válidas, não aplicá-las a si mesma, ou, apesar de ter algumas qualidades muito boas, não cultivar a auto-honestidade. Só isto basta para torná-la um peão da forças da escuridão.
O mundo das sombras vai buscar sua matéria nestas correntes, na falta de autodisciplina e de autoconsciência e em todas as formações que se manifestam quando o ser humano não segue as leis divinas. A matéria espiritual se parece com fios finos, como se fossem raios – neste caso de cor e textura sombrias – que se torcem, entrelaçam e embaraçam até formar uma bola compacta de confusão muito difícil de desembaraçar. No entanto, esta pessoa não é a única a fornecer a matéria para estas confusões, mas todos os outros envolvidos no grupo dão sua contribuição, que tem origem em seus próprios erros e debilidades nas áreas onde eles violam as leis espirituais. Sendo assim, maior quantidade de fios do mesmo tipo é torcida, até não ser mais possível discernir a verdade – ao menos com facilidade – mesmo para aqueles que têm a visão mais aguçada; e muitas vezes é preciso um grande esforço para encontrar a verdade.
Até mesmo a pessoa que se esforça por aumentar sua percepção espiritual muitas vezes tem extrema dificuldade para saber como comportar-se quando estas provas chegam, porque as forças obscuras sabem muito bem como fazer o falso parecer verdadeiro, a verdade parecer mentira, o bem parecer o mal e o mal parecer o bem. O ser humano fica confuso – ele que na realidade quer tanto estar com a verdade – e não sabe mais como agir direito.
Muitas vezes suas próprias correntes doentias, que ele não conhece, contribuem não só para escurecer ainda mais a situação como também para impedir que ele perceba isto com clareza, ficando portanto sem saber como lidar com a questão.
A fim de apartar as nuvens escuras e ver a verdade, é importante para todos instruir-se na percepção espiritual e, de acordo com o nível de cada um, encarregar-se de seu próprio desenvolvimento, até o máximo de sua capacidade.
Se não, esta mesma pessoa também se torna, de um jeito diferente e de novo sem perceber, um peão das forças da escuridão; os ventos mandam seu barco de um lado para o outro e ela já não consegue dirigi-lo, ou dirigi-lo tão bem quanto seria possível. E nem sequer poderá, quando tentar enxergar a verdade e perceber o cerne do problema, dissipar sozinha as nuvens carregadas.
Só se pode saber o que fazer ou deixar de fazer, para colocar as energias a serviço do bem, quando se trilha um caminho como este. Assim, é possível aprender a ter disciplina para atingir a tranqüilidade interior em qualquer momento – sobretudo quando as tempestades violentas estiverem assolando – e entrar em contato com Deus e seus espíritos divinos. Então a pessoa poderá abrir-se à inspiração da verdade, observando-se a si mesma com todos os seus defeitos e conquistando uma grande resistência.
As leis espirituais podem e devem tornar-se uma realidade viva em três níveis – e quanto maior o desenvolvimento da pessoa, mais a fundo poderá ir nestes níveis. São eles:
- fazer
- pensar
- sentir
A tarefa mais difícil é no nível emocional. Trata-se do nível mais elevado porque, em primeiro lugar, muitos sentimentos são inconscientes e é preciso trabalhar, ter força de vontade e paciência para torná-los conscientes; e além disso, porque não se pode controlar os próprios sentimentos de forma imediata e direta, como com os pensamentos e ações. Isto requer um trabalho intenso no nível espiritual, auto-análise e uma completa absorção das leis espirituais, antes que as emoções possam sequer começar a mudar. Quanto menos desenvolvida for a pessoa, mais superficial será sua compreensão e observação das leis espirituais. É por isto que Deus deu à humanidade primeiro os Dez Mandamentos. Eles tratam das ações humanas. “Não roubar.” “Não mentir”, etc. Para a média das pessoas daquela época, aceitar isto já era muito, e ainda o é para certos grupos de pessoas que encarnaram a partir de esferas inferiores.
A próxima etapa é cultivar os próprios pensamentos. É comum a pessoa agir bem, mas seus pensamentos vão noutra direção; ela se comporta bem porque entende que se não fizer assim terá problemas com o mundo exterior, mas tem dificuldade para controlar seus pensamentos e muitas vezes deseja coisas que não estão de acordo com as leis divinas. Ela ainda não entende que os pensamentos e os sentimentos impuros acabam levando-a ao mesmo conflito consigo mesma, pois todos os pensamentos e sentimentos têm uma forma e uma substância em espírito, causando assim efeitos externos e reações em cadeia, embora ela não consiga percebê-los imediatamente desta forma.
Uma visão deste tipo requer a consciência espiritual que só vem por meio do desenvolvimento superior. Portanto, Cristo deu a vocês uma compreensão ampliada das leis e mandamentos divinos, ensinando-lhes que também podem pecar em pensamentos. Naquela época, a humanidade estava começando a se preparar para esta consciência expandida e a percepção em profundidade. Atualmente, a humanidade está começando a ser receptiva para uma compreensão espiritual ainda mais profunda.
Uma pessoa na segunda etapa, que está se esforçando ao máximo para trabalhar ao nível dos pensamentos e os está purificando, está mais adiantada que outra, que ainda se encontra na etapa de cumprimento das leis ao nível da ação externa.
Mas vocês, queridos amigos, precisam aprender a alcançar níveis mais profundos ainda e atingir seus verdadeiros sentimentos, aqueles que tantas vezes ficam no inconsciente, que logo são encobertos por pretextos e a respeito dos quais é tão fácil iludir-se a si mesmos, de forma que não precisem ver o que eles realmente são.
Esta auto-ilusão inevitavelmente deve colocá-los em conflito com vocês mesmos e muitas vezes também com o seu ambiente; isto é assim, ainda que vocês se recusem a reconhecer a verdadeira origem dos conflitos. É muito difícil purificar os próprios pensamentos. Portanto, é bem doloroso ter de reconhecer que muitos dos seus sentimentos ainda se desviam muito dos seus pensamentos ou intenções conscientes.
É justamente este esforço a mais que Deus quer que todos façam. É claro que a última etapa e o aprofundamento da consciência são mais difíceis de alcançar, trata-se da meta à qual todos vocês aspiram: é a verdadeira purificação. A pessoa capaz de trazer à consciência os seus sentimentos mais íntimos e capaz de admitir que estes sentimentos nem sempre são paralelos aos pensamentos que ela aceita como certos, já realizou muita coisa. Se vocês trabalharem nisto continuamente, até aprender aos poucos, poderão não só penetrar na sua própria verdade mas também poderão, em tempos de provação e em situações difíceis, encontrar o cerne da verdade. Então poderão dispersar as nuvens e desembaraçar o emaranhado de fios, um nó de cada vez. Porque só a pessoa que se encara a si mesma muitas vezes e com coragem – e neste caso a vaidade é um obstáculo insuperável – pode chegar a ter uma perspectiva verdadeira sobre outro ser humano ou sobre qualquer situação exterior. Quem for cego para sua própria verdade será cego para a verdade dos outros.
Os nós e a confusão entrelaçada constituem também formas espirituais que são uma realidade, meus queridos. Podemos sempre observá-los ao redor de cada grupo de pessoas. Cada um entra com sua parte para aumentar a confusão dos fios, trançados pelas forças sombrias; e muitas vezes alguém dá uma contribuição especialmente grande para criar mais nós, aumentando cada vez mais a confusão. Mas se houver uma pessoa no grupo que esteja trilhando o caminho direto, espiritual, e que se confronte a si mesma todos os dias, ela irá finalmente – repito, não é de um dia para o outro – desatar os nós um a um até eles se acabarem e tudo se esclarecer. Assim, aquela pessoa fraca também não poderá continuar se iludindo por mais tempo, o que de qualquer maneira já a prejudicou muito, dificultando seu progresso. É claro que no começo a pessoa resiste porque a confusão alimenta o eu inferior, que prefere o caminho da menor resistência e da vaidade, pratica a auto-ilusão e prospera na desarmonia. Mas, a longo prazo, até mesmo aquela pessoa fraca vai se sentir mais livre à medida em que as nuvens vão desaparecendo de sua vida. Quando a verdade ilumina com sua claridade uma situação que antes era obscura, vão deixando de existir perguntas como qual é a atitude correta, o que é justo e qual é a ação certa.
Todos têm suficiente autoconhecimento – ou deveriam se esforçar para chegar a este ponto – para se perguntar: “O que posso fazer para contribuir com o plano de salvação de Deus?” Muitos consideram que não têm a obrigação de fazer coisas que chamem a atenção do público. Mas em silêncio, por sua própria causa, todos podem e devem começar a fazer sua parte. Porque todos têm uma tarefa dentro do plano, mesmo a pessoa mais fraca. Para esta pode bastar, e talvez significar o máximo de realização, corrigir um determinado defeito, acertar algo com um companheiro junto ao qual encarnou com esta finalidade, pautar suas ações pelas leis de Deus e recusar-se a ceder aos seus instintos mais baixos. A outros se pede mais; a todos sempre aquilo que é mais difícil, o que requer maior perseverança; cada um se purifica e se desenvolve segundo as possibilidades de seu nível e de sua força.
No caso dos que estão mais adiantados em seu desenvolvimento, este processo de purificação traz automaticamente a capacidade de desatar os nós que estão ao seu redor e de esclarecer as situações confusas. Assim eles realizam algo que tinham intenção de fazer e contribuem para o plano de salvação de Deus, no qual cada ato de cooperação conta muito. E depois outras tarefas serão encontradas.
Vocês, seres humanos, querem ser felizes, todos vocês, e é claro que entendemos isto. Se na alma humana não houvesse o desejo de ser feliz e perfeito, não haveria desenvolvimento espiritual. Mas são muito poucos os que perguntam: “O que eu posso dar? Como posso contribuir para o plano de salvação de Deus?”
Vocês estão sempre pedindo alguma coisa, não necessariamente de modo direto nas orações, para que este ou aquele desejo se realize, mas através de sua determinação, dos seus sentimentos e muitas vezes dos seus pensamentos. Vocês querem o melhor para si mesmos e ficam infelizes com as dificuldades da vida.
Alguma vez já perguntaram a Deus, “O que posso fazer por vós?” Porque aquele que reivindica sua própria felicidade como o objetivo máximo – o que geralmente é o caso, mesmo que vocês não tenham consciência disto – rompe o ciclo do fluxo vivo de energia que é a base de tudo o que é espiritual. E no momento em que o ciclo se interrompe, ele também morre. Vamos supor que um determinado desejo foi concedido a vocês. Se o bem recebido tiver seu objetivo máximo em vocês mesmos, ele não poderá continuar vivo em vocês, e então sua felicidade vai durar pouco. Só aquele que mantiver o ciclo fluindo ativamente, permanecendo consciente e inspirado pelo desejo de colocar em uso espiritual e a serviço do plano de salvação de Deus tudo o que recebeu em ajuda e graça, em felicidade e realização, em intervenção divina e orientação, e que além disso agir e sentir assim, será capaz de suster e manter viva sua própria felicidade.
Vocês podem e devem deixar que Deus os oriente, a fim de que possam atingir este objetivo. Quem fizer isto estará de fato participando na ordem divina e sua felicidade nunca se tornará rasa, ou secará ou morrerá, mas estará sempre viva, pulsante, regenerando-se a si mesma para sempre. E só uma pessoa com este tipo de intencionalidade merece ser especialmente guiada, recebendo a ajuda divina.
Sim, meus queridos, poucas pessoas pensam assim. Elas se dirigem a Deus com desejos e pedidos, mas não estão dispostas a dar nada para o mundo de Deus, para a grande luta que é tão crucial. Pensem nisto, todos vocês. Qualquer um que se aproxime de Deus desta forma poderá receber mais luz e ajuda para desembaraçar os nós e ter força para dirigir bem seu barco, mesmo numa tempestade, e assim atravessá-la fortalecido e iluminado, como é a vontade de Deus.
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