A História do Curso
Um Curso em Milagres foi primeiramente publicado em junho de 1976. Portanto como ensinamento espiritual, é um documento muito recente. Muitas pessoas que estudam o Curso acham que ele está no mesmo nível ou até mesmo num nível superior de outros escritos que freqüentemente são chamados de escrituras. Eu, particularmente, acredito que a influência do Curso apenas está começando, e que as pessoas estarão estudando e discutindo seus escritos durante muitos séculos por vir.
O Que Levou à Redação do Curso
Em 1965, Helen Schucman, uma mulher de 56 anos, trabalhava como Professora de Psicologia Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Columbia, na cidade de Nova Iorque. Helen fora contratada em 1956, por William Thetford que era conhecido como Bill. Em 1965, Bill, que era chefe e colega de Helen tinha 42 anos.
No departamento deles havia muita competição e hostilidade entre os colegas de trabalho, e a mesma situação existia em relação a um departamento, onde Helen e Bill eram os consultores. As reuniões da equipe normalmente eram cenas de discussão e competição entre os orientadores, apesar do fato de todos eles serem psicólogos. Em particular, havia muita tensão entre Helen e Bill.
Um dia, a caminho de uma reunião na universidade, eles se encontraram no apartamento de Bill. Ambos estavam tensos. De uma maneira atípica, Bill fez um tipo de apelo comovente para Helen em que ele declarou, “deve haver outra maneira”, querendo dizer outra maneira de lidar com as reuniões, os relacionamentos e suas vidas “e eu estou determinado a encontra-lo”. Declarou que estava determinado a não ficar tenso na reunião e nem atacar as pessoas.
Em vez de focalizar as falhas e mostrar os erros, ele ia procurar o lado construtivo do que as pessoas dissessem, e iria cooperar em vez de competir. Incidentemente, de acordo com a versão mais confiável da história, Bill disse, “Deve haver outro jeito”, e não, “Tem que haver um jeito melhor”.
Para a surpresa de Bill, Helen o interrompeu para dizer que ele tinha plena razão, e que se uniria a ele para tentar esta nova abordagem e encontrar uma outra maneira de lidar com as pessoas.
Este evento foi o nascimento do Curso. Ele continha as sementes de Um Curso em Milagres.
Era um momento, numa relação, em que duas pessoas se uniam a um propósito comum, ou seja, a chave para aquilo que o Curso chama “um relacionamento santo”. Era um “milagre”, ou um momento para deixar a antiga maneira de pensar e abrir a mente para “uma maneira melhor”. Se eles perceberam isso ou não, era um momento decisivo de mudança do medo e ataque para o amor, que permitiu que o Espírito Santo de Deus atuasse em suas mentes.
Embora fosse o nascimento do Curso, o Curso em si não começou a aparecer naquele exato momento. Durante três meses, Helen teve uma série de sonhos e experiências psíquicas que a estavam conduzindo para a redação do Curso. Duas vezes ela teve visões de um livro grande e foi dito a ela, que era de alguma maneira o “seu livro”. Ela começou a ter conversações mentais com uma voz que identificou como sendo de Jesus.
Helen faria perguntas a Jesus sobre a vida dela, de Bill, e escreveria as respostas, embora esse processo estivesse lhe perturbando. Os sonhos e visões a deixavam apavorada; sendo uma psicóloga, ela temia por sua própria sanidade. Começou, então a falar com Bill sobre tudo o que estava acontecendo.
A Redação do Curso – 1965-1972
Finalmente, um dia (21 de outubro de 1965), a “voz” de Helen começou a dizer:
“Este é um curso em milagres. Por favor anote.”
Ela escreveu uma página de anotações antes que percebesse que não ia ser algo curto; a voz estava pedindo um compromisso a longo prazo.
Em pânico, ela chamou Bill para pedir conselho. Bill a encorajou a fazer o que a voz pedia, as anotações, inclusive. Disse-lhe que se reuniriam na manhã seguinte antes do trabalho, iria ler as anotações, e juntos examinariam o texto. Após analisarem os escritos, Bill ficou tão impressionado com o que leu que a incentivou a continuar escrevendo as anotações. Eles reconheceram que os textos que formariam o Curso eram suas respostas para aquele “outro jeito” que juntos tinham concordado em encontrar.
E foi assim que tudo começou. Durante os próximos sete anos, eles se encontraram quase que todas as manhãs. Helen lia todas as suas anotações, Bill as datilografava, e depois discutiam os textos.
Ambos eram renomados psicólogos. Nenhum dos dois teve coragem de mencionar publicamente o que eles estavam fazendo; recearam ser chamados de insanos e até poderiam perder seus respectivos empregos. Finalmente compartilharam o material com alguns amigos íntimos. Primeiro com um padre católico que trabalhou com eles, depois com Kenneth Wapnick, e em seguida com Jon Mundy. Atualmente os dois últimos são famosos professores do Curso. Helen e Bill estudavam as anotações, encadernavam os textos datilografados e guardavam em uma estante.
Embora ficasse claro nas anotações que era para os escritos serem compartilhados, Helen e Bill chegaram a pensar em não publicar o livro antes de ambos falecerem.
Com o passar do tempo, as relações no departamento de Helen e Bill melhoraram consideravelmente, quando começaram a aplicar o que estavam aprendendo.
Helen nunca se considerou a autora do curso. Na realidade, muitas vezes ficava transtornada pelo que ela escrevia, ou até mesmo discordava das anotações. Para ela ficou evidente que o verdadeiro autor era Jesus, embora parte da sua mente ficava tão assustada com Jesus, que ela raramente o chamava pelo nome, e por muito tempo simplesmente referia-se a Ele como “a Voz” com um V maiúsculo. Quando ela perguntou à Voz, “Por que eu? Eu nem mesmo sou religiosa”, a resposta que ela obteve foi, “Você é uma escolha excelente, e por uma razão muito simples. Você fará este trabalho.”
A maneira como o Curso foi escrito foi semelhante, mas não idêntica ao que se conhece hoje por “canalização” entre os adeptos da Nova Era. Kenneth Wapnick escreveu no livro “Absense From Felicity” uma biografia de Helen, que o Curso foi ditado, e não escrito. Ele diz no livro:
Helen chamava as anotações de “ditado interno”, quer dizer, ela não entrou em um estado alterado, em transe, ou de escrita automática (psicografia). Ela estava sempre atenta ao que fazia, mesmo se optasse por não prestar atenção. Independentemente da sua atitude, as anotações continuariam.
Helen disse que o processo parecia mais com a redação de um ditado do que com uma escrita automática; isso requeria uma cooperação consciente dela. Às vezes ela tentou resistir, tendo ficado certa feita um mês sem escrever, mas sempre sentia uma pressão para redigir as anotações que surgiam. Sua resistência a deixava deprimida. Às vezes ela ia para cama sem escrever, mas se sentia incapaz de dormir enquanto não se levantasse para fazer as anotações.