Estamos vivendo o momento que cerca a descoberta de mais um planeta do Sistema Solar, o tão cogitado astro transplutoniano. Ainda não existem certezas nem tabelas que nos permitam localizar fisicamente este planeta nos mapas astrológicos, o que seria uma maneira direta de verificar a sua relação com a nossa vida. Planeta-X, Carla, Perséfone… Vários nomes já foram cogitados para o novo planeta, e muitos cientistas e astrônomos vêm se manifestando a respeito, mas nós, astrólogos, já elegemos o nome para o companheiro – ou melhor, a companheira – de Plutão nos confins do Universo: Prosérpina.
Filha de Júpiter e Ceres, Prosérpina (que no mito grego toma o nome de Perséfone) foi raptada por Plutão num dia em que colhia flores, quando retirava um narciso especialmente colocado por Plutão… Daí foi levada para o Tártaro, o reino infernal presidido por Plutão. Desesperada pela perda da filha, Ceres pediu a Júpiter que a trouxesse de volta. Júpiter concedeu, mas com a condição de que Prosérpina ainda não houvesse comido nada no reino de Plutão. Como Prosérpina já havia comido seis grãos de romã, foi condenada a ficar nos Infernos como esposa de Plutão e rainha das sombras. A tristeza de Ceres pela perda da filha fazia com que tudo ficasse estéril e sem vida à sua volta: era o Inverno, que secava o solo e tornava tudo árido e improdutivo… Compadecido dos homens e de Ceres, Júpiter deu permissão para que Prosérpina passasse seis meses na companhia da mãe e seis meses no Tártaro. Porém, Ceres não se satisfez de todo. Quando Prosérpina estava longe, as árvores perdiam as folhas e a terra caía fria e despojada. Até os pássaros se calavam. Porém na sua volta os pássaros a agasalhavam com seus cânticos, as folhas brotavam e se abriam: o Inverno havia terminado. Era a Primavera seguida pelo Verão.
Por uma notável sincronicidade, os nomes atribuídos aos planetas representam figuras mitológicas que refletem no mito a sua função astrológica. Esta sincronicidade não é a única coincidência a vincular a Mitologia, o Céu e a Astrologia. Uma segunda coincidência é a época em que os planetas são descobertos, cujos fatos e tendências mundiais também refletem o significado astrológico atribuído ao planeta. Isto foi verificado a partir da descoberta de Urano, em 1781, e posteriormente constatado nas descobertas de Netuno e Plutão.
Urano rege o novo, a mudança, o inesperado. Também preside a ciência, e seu descobrimento coincidiu com o advento de características mundiais totalmente novas e inesperadas, como a Revolução Industrial, que abriu caminho para descobertas científicas, sobretudo no campo da eletricidade, que mais tarde deu origem ao rádio, TV, avião, etc. Este início da Era Científica viria a revolucionar os métodos de comunicação e da produção de bens de consumo, originando o Capitalismo, sistema politico-econômico regido por Urano. Este planeta também simboliza os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, e na sua forma mais tensa provoca rebeldia, revolta e rupturas. A descoberta de Urano também coincidiu com mudanças drásticas no mundo e revoltas, como a Revolução Francesa e a Americana, onde se buscava o aumento da liberdade e independência do indivíduo. A Igreja teve seus poderosos alicerces abalados quando Marx declarou que “a religião é o ópio do povo”. Surgiram filósofos amaldiçoados, com afirmações totalmente inusitadas para a época, como Nietzche.
Mais suave que Urano, Netuno (Possidon na mitologia grega), rege a imaterialidade, a sensibilidade e a espiritualidade. No seu lado difícil Netuno tem a ver com os processos de escapismo, onde o indivíduo tenta escapar da realidade material em busca de reinos mais fascinantes – através das artes, do misticismo ou das drogas. Sua descoberta em 1846 coincidiu com fatos relacionados à sua natureza astrológica, como o advento dos anestésicos e seu uso médico. A hipnose e movimentos espiritualistas tão marcantes como a Teosofia e o Ocultismo explodiram nesta época.
Plutão habita os confins do Sistema Solar, o seu lado mais escuro. Ele preside todos os processos subterrâneos, tudo que se desenvolve no interior das coisas, acumulando uma imensa energia potencial, um poder avassalador, que pode tanto destruir como construir. Plutão rege o poder, a reprodução, e portanto tem a capacidade de produzir vida. Por outro lado também rege a morte e a destruição das formas. Sua descoberta em 1930 se deu numa época em que a máfia se formava em Chicago, grupos organizados agiam no submundo, estorquiam, controlavam e assumiam um poder subterrâneo, similar ao simbolismo do planeta. Mas também foi nessa época e nessa mesma Chicago que se descobriu a energia nuclear, com a primeira reação atômica em cadeia que marcou o advento da Era Nuclear. Com a chegada de Plutão o homem descobriu a energia atômica, que pode levá-lo à salvação ou à total destruição. Na sua aparição Plutão trouxe uma possibilidade até então inimaginável: a da autodestruição da vida na Terra.
Vivemos agora a iminência da chegada do novo visitante do Sistema Solar. Sincronicamente a humanidade passa pela transição mais crítica de sua história: estamos no limiar de uma passagem de século, de um milênio e de uma era astrológica. A Era de Peixes se despede e vai deixando para trás um período de 2000 anos de duro aprendizado. Nestes dois últimos séculos, graças ao advento da Era Científica, a humanidade vem se desenvolvendo de forma exponencial. É o sinal da entrada na Era de Aquário. Infelizmente, este avanço cientifico ainda não teve ressonância no nível psicológico e espiritual da humanidade. Existe ainda um perigoso desequilíbrio na raça humana. Mesmo com tantos recursos à sua disposição ainda existe o sofrimento causado pela fome e pela desigualdade. E é justamente neste limiar, neste final-início de eras, que desponta o novo planeta.
Que seja Prosérpina! Como no mito, sua volta traz a Primavera e garante novas colheitas. Seu retorno do reino das sombras faz ressurgir a esperança, o calor e a abundância. Sua reaparição na luz do dia faz brotar as sementes, garante o cantar dos pássaros, traz boas colheitas e aumenta os recursos. É com base nesta mensagem de esperança, simbolizada pelo retorno de Prosérpina, que esperamos pelo seu ressurgimento do mundo das trevas – do além Plutão. Seja bem vinda, Prosérpina!