?r? Sevananda Svami

(1.901 – 1.970)

(Leo Alvarez Costet de Mascheville)

  ?r? Sevananda Svami

Leo Alvarez, francês, nasceu em 1.901. Desde a sua infância, foi um superdotado, apresentando características excepcionais de comportamento. Foi um forte, no agir e no sentir, sempre marcado pela paixão do coração. Adolescente ainda, obtém a permissão para ingressar aos estudos superiores, matriculando-se na faculdade de química, o que o conduziu à alquimia, reminiscências do passado, sempre com classificação máxima. Aos vinte e dois anos de vida já era instrutor, dando palestras as funcionários do “bas fond” do cais do porto de Buenos Aires, que o ouviam com respeitoso silêncio, a lhes falar de genes, filosofia e mística.

Caráter “sem temor nem censura”, foi discípulo de seu próprio Pai e Mestre, CEDAIOR, aprendendo Astrologia, Astrosofia, Martinismo e Hermetismo, ajudando-o nas suas pesquisas de Astrometereologia e Astrosismologia, na qual sempre acertava por antecedência.

Aos vinte e três anos de vida, praticava Yoga e Meditação, orientado pela intuição e com a ajuda dos conhecimentos obtidos de um yogi alemão, com o qual andou durante meses, atravessando o Pampa Argentino a pé. A percepção e lembrança do passado lhe era inerente, procurando retransmitir aos seus discípulos o mesmo carisma, provando-lhes que conhecia seus próprios passados, que às vezes neles acordava.

Vivia com intensidade cada dia e hora, retransmitindo com o fogo do entusiasmo do coração aos que dele se aproximavam com corações abertos. Sua mais evidente expressão de ser era a espontaneidade, que definiu em um dos seus escritos: “meu método se baseia 200% na espontaneidade”.

Aos vinte e quatro anos, após ter cumprido com o dever de cidadão francês e ser chamado às armas, perto do fim da Primeira Grande Guerra, servindo no Estado Maior do Exército, veio para o Brasil com a esposa Lotúsia, que conhecera na frente como enfermeira de campanha, e da qual ganhou uma filhinha.

Aqui, no Brasil, teve diversas atividades, entre as quais se destacam a de agrimensor e gerente de circo ambulante. Em um galpão alugado instalou uma fábrica de “lubrificantes de automóveis”, da qual era gerente-diretor, comprador de matéria-prima, químico responsável, operário que fazia o trabalho de produção e embalagem e, finalmente, vendedor e representante vestido de terno, até que um dia a fábrica pegou fogo… Nunca se apegou às posses materiais, desfazendo-se, quando era preciso, de tudo por “preço de banana”, para recomeçar tudo de novo. Mas sempre foi rigoroso e honesto com as finanças.

Estudou Kabbala, Krishnamurti, aprendeu a magia cerimonial e a Alquimia, estudou Martinismo, Yoga e era um exímio astrólogo. O dom da palavra lhe fluía elegantemente dos lábios e gostava de um copo de um bom vinho quando estava a conversar, como bom francês que era. Tinha excelente humor, respeitava as gestantes que, para ele, estavam perto do Pai”, pois eram doadoras de vida. Mas seus olhos sabiam faiscar, quando necessário. ?r? Sevananda Svami

Em torno de 1.932, transferiu-se para o Uruguai, instalando-se em Montevidéu, onde fundou o GIDEE (Grupo Independente de Estudos Esotéricos), trazendo junto a Ordem Martinista, organização originariamente Européia, fundada por Papus e da qual era ele o Presidente. Criou também a revista “La Iniciación”, que continha e refletia toda a abundância dos elevados conceitos e ensinamentos, que, no GIDEE, era ensinado por um grupo de colaboradores sob sua direção; verdadeira universidade esotérica e espiritualista transcendental: Sufismo, Yoga e Yogaterapia, Kabbala, Cristianismo Esotérico, Ciências Herméticas, Astrologia e Astrosofia, Filosofia Transcendental, Alimentação, todas as matérias do Martinismo e da Rosa-Cruz. Curas Místicas sob a orientação do MESTRE PHILIPPE, Budismo e Gnose.

Foi membro de diversas Ordens e Fraternidades ocultas do Oriente e Ocidente. Mas, como tudo que é nascido na intensidade, que com o Amor se desgasta no Amor do coração, o GIDEE se desmorona: tinha chegado o fim de seu ciclo de existência vital. Logo passou fome, ao lado de sua companheira Louise, com a qual continuou trabalhando após o falecimento de Lotúsia, trabalhando com vendas de apólices de seguros, de porta em porta, nas ruas de Montevidéu… ?r? Sevananda e Sadhana

Pouco tempo depois, e em comum acordo, separaram-se e Sevananda passa a trabalhar junto à sua nova companheira, Sadhana, mais apta para sua nova etapa de ação e de iniciador. Encerra as atividades no GIDEE, liquida o passado, e vendem as posses de Sadhana para adquirir um trailer e um jipe.

Um dia, apareceu um senhor de idade para lhe entregar um pequeno baú que continha o acervo cerimonial, intelectual e místico de uma antiga e venerável sociedade dos Himalaias, o SUDDHA DHARMA MANDALAM, pondo-o em contato com seu “Iniciador Externo”, o Guru Subrahmanyananda, de quem recebe a Iniciação e Ordenação como membro da Ordem dos Svamis de ?r? Sankaracarya, com o nome de “Sevananda”. Foi incumbido, pelo mesmo Guru, a assumir a função de “Iniciador Externo” e de ser seu sucessor no Suddha Dharma (a segunda escola de Yoga do Uruguai).

Ainda em Montevidéu, fundou a “Associação Mística Ocidental”, sob a direção do Mestre PHILIPPE, escola que se tornou um centro de União de Correntes Espirituais: Essênios, Suddha Dharma Mandalam, Rito Egípcio de Osíres, Ramakrishna Ashrama, Kriya Yoga, Yoga Ashrama, Comunidade Sufi, Satyauraha Ashrama, Ordem Martinista, Maitreya Mahasangah, Ordem Cabalística Rosae Crucis, Departamento do Verbo, Zen Boddhi Dharma, e Igreja Expectante, com contatos com os representantes de quase todas essas correntes.

Antes de mais um deslocamento, escreveu seu livro “Yo que caminé por el mundo…”, o qual contém a síntese de sua doutrina pessoal, reeditado em português por seus Discípulos no Brasil, mais tarde.

Em junho de 1.952 partem, Sevananda e Sadhana, dirigindo o jipe, puxar a “Ermida do Serviço”, rumo norte a atravessar o Uruguai e Brasil, parando em todas as cidades visitadas e dando palestras públicas a divulgar sob o lema “O sacrifício de Jesus e de Gandhi nos unem à todos”.

Em fins de 1.953 chegam à Resende, RJ, onde ganham um terreno de 12 hectares e instalam o “Monastério AMO-PAX”. Ashram de Sarva Yoga e Mosteiro Essênio, inaugurado numa singela cerimônia na meia noite do dia 19/20 de novembro de 1.953, sob insistente chuva, perante 22 presentes e um cão. O livro, contendo a Doutrina, tornou-se o esteio dos ensinamentos do novo trabalho iniciático.

Os primeiros meses foram difíceis e de intenso trabalho, quase sem apoio algum, ao instalar uma necessária infra-estrutura material de sobrevivência. Mas novos discípulos se apresentaram como candidatos a residentes, e assim a comunidade foi crescendo. A “Associação Mística Ocidental” serve de via para a preparação interior. A correspondência com diversos representantes das correntes que constituem a associação, do Oriente e do Ocidente, se instala, notadamente, com o Mahatma Gandhi (que nomeia ?r? Sevananda seu representante para a América do Sul), com discípulos europeus do Mestre Philippe e com Paramahansa Yogananda, assim como Lobsang Rampa, que naquele tempo se encontrava na Inglaterra.

O Ashram se torna conhecido no Brasil inteiro e visitantes começam a chegar também do Exterior. Jocosamente o Mestre se referia ao Ashram como a um “restaurante onde cada um dos residentes recebe o alimento que lhe agrada…, mas pena que não sabem comer!”.

No teatro Carlos Gomes, do Rio de Janeiro, ?r? Sevananda anuncia, perante mais de 1.500 pessoas, convidadas individualmente, a criação da “Ordem dos Sarva Svamis”, que mais tarde ele mesmo comenta assim: “o continente latino-americano possivelmente ainda não percebeu a real importância que há de ter um dia, por todos esses países, aquela proclamação de Sarva Yoga e da Ordem dos Sarva Svamis”. Era no dia do Mestre Philippe, 2 de agosto de 1.954.

Os dias eram longos no Ashram: começavam às 4 da madrugada e terminavam, após ininterrupto trabalho, às 21 horas, ou mais tarde ainda, com o direito a uma hora de sono a mais aos domingos. O aprendizado era vigoroso sob a atenção de quem sabe o que faz: treinamentos da “Via de Gurdjieff” se revezavam com as práticas da “Via do Mestre Philippe” e do Suddha Dharma, com treinamentos e práticas Martinistas, danças dos derviches Sufis e exercícios de Budismo Zen.

Reuniu um grupo humano eclético sob uma vida “sui generis”, entre brasileiros e estrangeiros de diversas origens. Os resultados práticos não demoraram a se apresentar, em cada um deles de maneira individual e particular. Alguns ainda queriam se casar, outros desejavam alcançar a suprema realização, que é o samadhi: havia casais com filhos e solteiros inveterados, e ainda os que ainda não sabiam o que queriam.

Em 22 de junho de 1.957 é realizada a ordenação do primeiro Residente do Monastério na Ordem dos Sarva Svamis, obedecendo rigorosamente as regras da Antiga e Venerável Ordem dos Svamis, fundada pelo Svami Sankaracarya.

Com algumas vocações que se destacam, e que constituem a continuação viva de sua via de ensinamentos, o Ashram de Resende encerra suas atividades em junho de 1.961. Os Residentes se dispersam, e um pequeno grupo segue com o Mestre para a cidade de Lajes (SC), onde é fundado o “Retiro Alba Lucis”, um sítio de discípulos.

A viagem à França, pouco antes da instalação em Lajes, transformou totalmente e definitivamente seu posicionamento de Homem e de Iniciado: a influência do Mestre Philippe o conquistara, impelindo-o a se afastar das tradições orientais. Para estar livre e trabalhar, o Sevananda transferiu diversos setores da sua obra para alguns “Discípulos-Sucessores”, com o que pôde dedicar-se à sua vida interior, bem como da divulgação dos Ensinamentos do Mestre Philippe. Foi em Lajes que o Mestre escreveu sua principal obra, “O Mestre Philippe de Lyon”, em quatro volumes, que hoje está totalmente sumida.

Terminada esta tarefa (a edição dos quatro volumes), o Mestre transferiu sua vida para a cidade de Belo Horizonte, passando a se ocupar com alguns dos seus mais próximos e sobrevivendo materialmente com a venda de apólices de seguro e da importação de objetos ornamentais, trazidos da Argentina. Havia terminado sua etapa cíclica setenária com a principal missão cumprida: o prolongamento 'da Obra' por meio de alguns poucos homens e mulheres por ele preparados, para prosseguir. 

Numa pequena chácara, a vinte minutos de Belo Horizonte, viveu seus últimos dois anos, sob os cuidados de sua Enfermeira, Anjo Guardião e fiel Discípula Sevaki. Sua saúde se alterou rapidamente, passando a não mais receber visitas, exceto alguns poucos discípulos. As últimas semanas foram de grande sofrimento, a sua doença avançando rapidamente.

Na véspera de sua morte, mandou Sevaki chamar seu discípulo Svami Sarvananda, ao Hospital Nossa Senhora do Carmo, em Betim, para onde Sevaki o havia levado. Sem quase nenhuma capacidade de se movimentar, o soro pingando na sua veia inutilmente e com os órgãos praticamente paralisados, mas com os olhos faiscando vivos, lúcidos e brilhantes, fez a “Transferência Iniciática” para Svami Sarvananda.

Na madrugada seguinte, e com Sévaki ao lado, dia 6 de Novembro de 1970, o Sevananda finalmente expirou, após meses de cruentos sofrimentos com os quais absorveu voluntariamente os defeitos e travas dos seus sucessores, para que 'a Obra' pudesse ter continuidade. A simples lápide de cor cinza-clara, lá está, no velho cemitério de Betim, rodeado do silêncio que tanto amou. Raros são os que o visitam.

O mundo esquece facilmente. Entretanto sua presença continua forte e ativa, mais poderoso do que em vida, nos corações dos que foram transformados pelos seus Ensinamentos. Ensinamentos que estão começando a brotar como flores de luz, em milhares, por meio de suas palavras escritas.

A vida de ?r? Sevananda Svami foi um único sacrifício de amor e de transferência. Vida dedicada aos seus semelhantes “para maior glória DAQUELE”:

 

“o poder do pensamento é proporcionado, ao mesmo tempo, por três fatores, que são: o conhecimento intelectual, a sabedoria experimental e a íntima aspiração. Por isso, o ser humano não pode matar a ilusão pela meditação, sem as praticas que proporcionam experiências interiores, e estas: sabedoria. porém, somente as praticas e suas resultâncias, inclusive o êxtase ou samadhi, tampouco podem dar a liberação da ilusão, porque elas mesmas contêm um aspecto individual, auto-criador, porém auto-limitante. Somente uma imensa sede de infinitude, de eternidade e de paz inalterada darão ao pensamento, enriquecido pelo conhecimento e pela sabedoria, o poder penetrante e dispersivo, atrativo e concentrador, que um esforço tenaz e sereno, mata a ilusão e outorga a paz. em termos muito mais limitados, tal caminho visto em etapas individualizadas, nos pareceria: um inquieto que estuda, observa e se auto-observa; logo um sarva yogui em japa, dhyana e samadhi; finalmente um sarva swami entregue à perene meditação, que realiza a verdade, fora de todas as ilusões que até a devoção, a ação e o próprio samadhi ainda contêm.”
 

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Reeditado e corrigido por Jário Araujo ©

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