VI Semana de Psicologia Transpessoal

I Colóquio Brasileiro de Psicologia Transpessoal

A Psicologia Transpessoal*

A Psicologia Transpessoal surge no cenário da história do movimento psicológico internacional nos anos 60 como um desdobramento histórico das psicologias anteriores, mais especificamente da Psicologia Humanística, de onde saiu a maioria de seus fundadores. Propondo-se ao estudo dos estados de consciência, com ênfase nos estados de consciência transpessoal, este novo ramo da psicologia, também denominado “Quarta Força em Psicologia”, estabelece uma conexão entre existencialismo, fenomenologia, humanismo e as mais recentes descobertas nos diversos campos do saber humano.

Nesse sentido, a Psicologia Transpessoal não surgiu para negar outras abordagens. Antes surgiu no sentido de transcender os parâmetros estabelecidos pelas ciências exatas, confirmando-se num universo de maior atuação.

No contexto Transpessoal, as relações bio-psico-sócio-culturais são acrescidas do nível espiritual, favorecendo uma nova dinâmica psíquica, facilitando a compreensão de diversos fenômenos que são geralmente postulados como psicopatológicos ou colocados à margem pelos estudos psicológicos.

Dessa visão emerge uma proposição holística de mundo, de tal forma que a colaboração entre escolas tradicionalmente oponentes incorpora-se no cenário transpessoal.

No trabalho transpessoal, quanto mais ampla e integrada for a visão do terapeuta acerca das possibilidades disponíveis nos diversos ramos do saber, mais ampla será sua possibilidade de atuação. Uma marca do terapeuta transpessoal deve ser a flexibilidade e a capacidade de abertura para o novo, mesmo que este desafie suas idéias correntes.

Tendo ressonância no paradigma quântico, a Psicologia Transpessoal não se propõe a ser um sistema fechado, nem um substituto para o velho paradigma, isto é, não tem como objetivo fechar-se ou dominar frente a uma visão de mundo que sustente uma verdade única. O auto-enriquecimento, através da autocrítica, marca seu modo de produzir o saber, de forma que a expansão de novas tecnologias no estudo do homem são requeridas e experienciadas.

No Brasil*

Na história da psicologia brasileira dois nomes destacam-se como os “pais” da psicologia transpessoal: o primeiro é o de Pierre Weil, que além de ter sido pioneiro na introdução da teoria transpessoal no campo acadêmico, percorreu nas décadas de 80 e 90 várias regiões do país divulgando e anunciando o surgimento dessa nova escola no mundo acadêmico; até a sua morte atuou com contribuição teórica inestimável, bem como montou centros formadores espalhados por todo Brasil e a Universidade Internacional Holística da Paz em Brasília. O segundo é Léo Matos que influenciou intensamente a formação das primeiras gerações de psicoterapeutas transpessoais, além de ter aberto, com seus cursos na Índia, um canal de comunicação com as psicologias orientais.

A abordagem transpessoal vem gradativamente se inserindo no espaço acadêmico formal brasileiro desde os anos 70, inicialmente através do pioneirismo de Pierre Weil que introduziu a primeira disciplina de psicologia transpessoal na academia.

De acordo com levantamento efetuado por Lisboa e Barbosa (2009), temos um total de 37 universidades públicas federais (dentre elas, a UFRN) que oferecem curso de psicologia, sendo encontrado neste universo de cursos um total de 6 (16,22%) universidades que apresentavam na grade curricular do curso de graduação temáticas envolvendo a psicologia transpessoal.

Os dados coletados sugerem a inserção da psicologia transpessoal no espaço acadêmico, apontando, portanto, o seu reconhecimento e legitimação na formação inicial dos psicólogos brasileiros.

Foram encontrados um total de 9 cursos de especialização que tratam da temática da psicologia transpessoal. Sendo 7 cursos de especialização específicos de psicologia transpessoal. As universidades federais de Pernambuco e da Paraíba apresentam disciplinas nos cursos de especialização que tratam da abordagem transpessoal. Todos os cursos de especialização investigados apresentam os requisitos necessários ao seu funcionamento, sendo todos reconhecidos pelo MEC.

Além desses cursos de especialização, há ainda no contexto nacional, agências formadoras que realizam sistematicamente a formação em pós graduação de psicólogos transpessoais, e que mesmo não vinculadas diretamente a uma universidade, são reconhecidas como centros formadores de excelência, tais como a Associação Luso Brasileira de Psicologia Transpessoal (ALUBRAT), a Associação Brasileira de Psicologia Transpessoal (ABPT), a Rede Nordestina de Psicologia Transpessoal, a PHOENIX – Centro de Estudos Transpessoais, o Terra Viva e o Espaço Ser e Transcender.

Foram levantados dois programas de pós-graduação que oferecem a disciplina transpessoal para alunos de mestrado e doutorado, além de apresentarem linhas de pesquisa sobre a Psicologia Transpessoal.

A UNICAMP foi a primeira universidade brasileira a oferecer a disciplina de psicologia transpessoal, disponibilizando em sua biblioteca virtual um acervo de dissertações e teses enfocando a temática transpessoal. A UFPE apresenta um Núcleo de Pesquisa no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) que oferece uma linha de pesquisa especifica em Psicologia Transpessoal, além de uma disciplina de Psicologia Transpessoal que atende alunos do mestrado e doutorado.

* Trechos extraídos do livro Psicologia Transpessoal no Brasil: História, Conquistas e Desafios, de Aurino Lima Ferreira, em fase de elaboração.

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