O equívoco na morte e ressurreição de Jesus

Um bom cristão recita o Credo: “Creio em Deus Pai Onipotente… e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus…”

A morte e a ressurreição de Jesus são dois pontos cardeais da história e da teologia cristãs. Na vitória de Cristo sobre a morte está a chave da redenção, a missão terrena do Messias. Diz Paulo aos Corinthos: “Se o Cristo não ressuscitou, vã é a vossa fé…”

Para a Igreja e aos fiéis não há dúvida: a verdadeira história de Jesus é a exposta nos Evangelhos e a interpretada por Paulo. Contudo, apesar desta biografia oficial do Filho de Deus, se for analisada com a razão humana, apresenta pontos obscuros. Heresia, rebate a Igreja de dois milênios.

A última grande ofensiva contra o Jesus oficial (morto na cruz, ressuscitado e subido aos Céus) vem à tona no Século XIX. Estudiosos europeus, alemães, sobretudo, influenciados pelo racionalismo e amparados pela ciência, confrontaram pela enésima vez “o conceito paulino de Cristo”. Sustentava que o Jesus transmitido por Paulo é um personagem semi-imaginário, na melhor hipótese, em boa parte inventado em gabinete: um personagem que não encontra respaldo no Jesus histórico. Daqui vem toda uma inconsciência do edifício teológico cristão.

Nessa disputa religiosa reside uma autêntica investigação policial: a vida de Jesus. Assim, uma contribuição pouco divulgada, mas muito importante nesta questão, vem do Oriente. Existem estudos, crônicas, testemunhos e documentos (boicotados e acobertados pela Igreja), que mostram uma vida de Jesus inédita e surpreendente.

Aqui falamos de um profeta que viajou ao longo da Palestina, e afora antes de completar treze anos; que sobreviveu ao sacrifício da crucificação; que fugiu ao Oriente junto com sua mãe Maria, e que morreu aos 82 anos em Kashmir, na Índia.

Lembremos que nenhum dos quatro evangelistas assistiu à crucificação. Lucas e Mateus dizem que nenhum discípulo seguiu o Mestre ao Calvário. Lembremos também que os Quatro Evangelhos Canônicos, fonte oficial daqueles acontecimentos, foram escritos entre 35 e 70 anos depois do Calvário. Ora, como podemos evitar dúvidas?

A questão central é a de que não é verdade que Jesus morreu naquela tarde, nem sobre a cruz e nem logo depois de sua retirada da cruz. A morte por crucificação era concebida como a maneira mais cruel de realizar a pena capital.

O sofrimento estava na duração do suplício: sobre a cruz se morria lentamente de sede, fome, insônia, febre traumática, tétano, gangrena, hemorragia. O condenado chegava a pagar a guarda para que fosse assassinado na primeira hora. A agonia durava, em média, dois dias, mas podia prolongar-se até quatro. Se o condenado fosse retirado a tempo da cruz, poderia sobreviver. Heródoto e Flavius Josephus relatam casos de crucificados por dois dias que sobreviveram.

Ao que tudo indica, Jesus ficou na cruz por poucas horas: não menos de três não mais de seis. Isto consta nos Evangelhos. Os judeus pediram permissão para que Jesus saísse da cruz antes da noite, para que o sacrifício não profanasse o “sabbath”, ainda mais que estavam na vigília da Páscoa hebraica.

Era uso dos judeus oferecerem ao condenado, antes da execução, uma mistura de vinho misturado com opiáceo, um rudimentar anestésico, mas o suficiente para provocar um estado de semi-consciência e aliviar um tanto o sofrimento da pena. O antropólogo norte-americano Michael J. Harner conseguiu descobrir que na Palestina, naquela época, já era ministrado, antes da crucificação, um vinho misturado com a planta “mandrake”, capaz de provocar no condenado, também um estado de morte aparente.

Jesus primeiro recusou o anestésico. Depois pediu que lhe dessem de beber e um soldado lhe colocou na boca, fixado sobre um ramo de hissopo, uma esponja embebida de um líquido chamado “vinho de mandrake”.

 

Em nenhum dos quatro Evangelhos aparece o verbo morrer. Dizem que expirou. É bastante provável que Jesus estivesse em estado de catalepsia ou morte aparente voluntária, como os iogues indianos que sobrevivem um mês sepultados, praticando a considerada suspended animation. E Jesus havia exercitado tal prática na Ásia Central. Mas, isso é uma outra história…

A pedido dos judeus, os dois crucificados ao lado de Jesus, que estavam vivos, sofreram a “crurifragium” (fratura das pernas), como um golpe de misericórdia. Jesus, que parecia morto, foi poupado desta última tortura e, em vez disso, recebeu um golpe de lança no tórax, do qual falam os Evangelhos, a cujo golpe Jesus não reage.

Conta-nos João que o golpe da lança provocou o derrame de sangue e água do corpo de Jesus. Ora, ora, de um cadáver, ainda que recém-morto, poderá sair umas gotas líquidas do corpo. Jamais um fluxo de sangue e linfa. Quem fizer notar essa contradição será chamado de herético pela Igreja.

Jesus está oficialmente “morto” na cruz. A Lei Romana ditava que o cadáver do justiçado fosse entregue a qualquer um que o requisitasse. A Lei hebraica prescreve que na vigília do sábado não haverá uma morte violenta. Assim, quando José de Arimateia, membro importante do Sinédrio, pede a Pilatos o corpo de Jesus, não encontra obstáculo algum.

José de Arimateia, até aqui um desconhecido discípulo de Jesus, estava ligado ao Mestre pela comum filiação à Ordem dos Essênios, que era uma seita espiritual hebraica que praticava uma espécie de socialismo primitivo, de solidariedade interclassista. O sigilo, e certos rituais noturnos trazem semelhança entre essênios e maçons da época. Não é por acaso, que os maçons modernos, em fins do século XIX, manifestaram simpatia pelos essênios.

Jesus tinha uma vida dupla? _Talvez. Entre José de Arimateia e Pilatos, um outro membro do Sinédrio e amigo secreto de Jesus, estava Nicodemo, descrito por João como um “cabeça dos judeus”, além de médico. Percorre a Via do Gólgota com uma sacola que contém 32 “chili” de mirra e aloes.

Para que, pergunta lógica? _ Certo que não era para embalsamamento. O Dr. Ian Wilson, um dos mais apaixonados estudiosos do Sindone, o Santo Sudário, diz que a quantidade daqueles ingredientes, era absolutamente exagerada para embalsamamento de um só homem. Em realidade, José e Nicodemo, tendo desatado e descravado o corpo de Jesus, cobriram-no de um unguento muito conhecido na Medicina Oriental, e citado pelos grandes especialistas, inclusive Avicena, como sendo o “unguento de Issa” (Issa nome dado a Jesus no Oriente), ou “unguento do Profeta”. Era o que tinha de melhor para tratar feridas.

Quanto ao jazigo, era necessário esconder Jesus e tratá-lo. Bem próximo ao Calvário, José de Arimateia era proprietário de um grande jardim, onde fez escavar, na rocha, uma tumba. É aqui que, José e o médico Nicodemo, segundo um plano pré-estabelecido resguardaram Jesus envolto em um lençol. E aqui vai outra contradição dos Cânones. Os Evangelhos dizem que o corpo de Jesus não foi lavado, mas sim, imediatamente coberto de unguento. Se estivesse morto, por que não lavá-lo, já que é exigência do ritual hebraico? Do estudo do Sindone, desde que não seja um falso, revelam-se evidências de sangue, que pelo ângulo de escorrimento, estão de acordo com a disposição na cruz.

Maria de Magdala (Maria Madalena) e um jovem anônimo testemunharam a tumba aberta por dois “anjos de branco”, e que renderam os guardas do sepulcro, naquele domingo pela manhã. À propósito, Marcos diz que Maria Madalena era possuída de sete demônios, e o estudioso Ernesto Renan não hesita em considerá-la uma visionária. Os escritos apócrifos encontrados no século XX não confirmam esses julgamentos.

O historiador Celsus, em 178 dC, não deixa dúvida. Os anjos de que falam os Evangelhos em referência à ressurreição eram companheiros de Jesus, desconhecidos por seus discípulos, membros da Ordem dos Essênios, somente usavam o branco. Não pode haver estudioso sério da ressurreição que não leve em conta o precioso Evangelho apócrifo de Pedro, onde, no Cap. 9, escreve: “E vieram três homens saindo da tumba, dois dos quais carregavam o terceiro.” Parece o filme de um ferido que deixa pela primeira vez seu hospital-esconderijo.

Confirmam os Evangelhos que o Messias descansa meio dia nas proximidades dos jardins de José de Arimateia e somente no domingo à tarde consegue dirigir-se ao vilarejo de Emmaus. Bem depois é que conseguirá enfrentar uma viagem até a Galileia, dado seu estado de convalescença. Logo após sua “ressurreição”, Jesus impede Maria Madalena de tocá-lo, por causas das feridas abertas. Somente oito dias depois, com a cicatrização em curso, permitirá que Thomé lhe toque. Essa situação guarda relação, segundo os Evangelhos, com a profecia de Jonas, aquele que ficou três dias e três noites no ventre do monstro marinho, como o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.

Os Evangelhos Canônicos deixam um vazio de dezoito anos na vida de Jesus. Dos 12 anos, quando visita o Templo de Jerusalém com seus pais e surpreende os doutores do Templo, até os 30 anos, quando reaparece para ser batizado. Relata o russo Nicolas Notovitch, rico empresário viajante, que circulou muitos anos pela Ásia Central, que em 1887, conversando com um monge budista do Monastério de Mulbekh, ouviu-o dizer com grande entusiasmo e admiração de um famoso e misterioso profeta, de nome Issa. Issa havia divulgado a nossa religião, dizia, por todo o mundo. Era um grande profeta, um dos primeiros logo após os 22 Budas, maior que um Dalai-Lama, pois emanou diretamente da espiritualidade mesma de Nosso Senhor.

Notovitch descobre ainda a existência de vasta literatura sobre Issa. Manuscritos compilados na Índia e no Nepal, conservados em Lhasa, capital do Tibete, e dali difundido a muitos Mosteiros. O viajante russo não se dá por satisfeito até localizar um destes mosteiros, o Hemis-gonpa, no alto do Himalaya. Aí, usa de toda a sua diplomacia para obter, durante uma segunda visita ao mosteiro, permissão de consultar e traduzir do tibetano uma biografia de Issa, chamada “O melhor do Filho do Homem”.

 

De início, aparecem os fatos do mercado de Israel. Fala de um prodigioso menino nascido na Palestina romana. Quando Issa está com 13 anos, idade na qual um judeu devia ligar-se a uma mulher. Fala da casa de seus pais, modestos comerciantes, que tornou-se objeto da atenção de pessoas ricas e nobres desejosas de ter como genro um jovem que havia se tornado famoso pelo discurso em nome do Onipotente.

Foi então que Jesus/Issa deixa em segredo a casa de seus pais e se une a um grupo de mercadores que partiam para o Sindh. Queria aperfeiçoar-se na palavra divina e estudar a Lei do Grande Buda. Um ano depois, Jesus/Isssa está no moderno Paquistão. Famoso e cortejado por várias seitas religiosas. Decide só deixar o Oriente quando alcançasse a tumba de Viassa-Krishna e fosse aceito pelos sacerdotes de branco de Brahma.

A viagem de Issa é tanto de estudo quanto de apostolado, sucessivamente. Issa aprende a ler e entender os Vedas, a fazer curas com a ajuda das orações, banindo espíritos e doenças do corpo humano, e ensinando as Escrituras. Por seis anos Issa vive andando ao redor da cidade sagrada de Benares, ensinando de preferência o vaishya e os sutras, especialmente aos excluídos das castas. Ora, isso tudo não agrada aos sacerdotes brâmanes. Issa vivendo entre escravos e semi-escravos e difundindo entre estes as Escrituras, na verdade, violava a Lei, “contaminava” os nobres sacerdotes e as Escrituras, ofendia a divindade. Issa recebe o ultimato.

Um verdadeiro encontro com o poder religioso, mais ou menos como a disputa entre Jesus e os fariseus. Issa desafiou os sacerdotes dizendo que Deus-Pai não faz diferença entre seus filhos, que todos lhe são igualmente queridos. Os sacerdotes decidem, então, matá-lo. Mas Jesus/Issa escapa a tempo e inicia uma longa viagem de retorno ao Ocidente, vindo das montanhas do Himalaya no Nepal, de onde decorrerá mais de seis anos até chegar à Palestina. Lê-se no livro que Notovitch publicou em francês em 1894, sob o título “A vida desconhecida de Cristo”, que Issa estava com 29 anos quando retornou à terra de Israel.

O livro de Notovitch foi muito mal recebido na Europa. Não por acaso que o autor russo esperou sete anos para publicá-lo. Todos aqueles que estavam próximos a Notovitch aconselharam-no a arquivar suas descobertas. O Vaticano tratou de acobertar a obra de Notovitch. Diz-lhe o Cardeal Rotelli, que a Igreja já sofria muito com a nova onda de ateísmo que corria pela Europa, e que Notovitch não faria outra coisa a não ser que dar novos argumentos aos detratores e caluniadores da doutrina evangélica.

Mas, alguém se ocupou do livro? _ Sim, mas quase todos chamaram Notovitch de impostor. A pensar que este russo, viajante e pesquisador, já na Introdução, agrega revelações pós revelações. Diz ele, na verdade, que a Biblioteca do Vaticano possui 63 manuscritos, trazidos a Roma por missionários, em várias épocas, vindos da Ásia, e que fazem referência à vida de Issa. O Vaticano se cala.

O jornalista italiano Carlo Buldrini, que há tempos vivia na Índia, consegue chegar ao Monastério de Hemis em 22 de junho de 1980. O local é certamente aquele descrito por Notovitch. Foi recebido pelo Abade do mosteiro, um jovem lama de 16 anos. Quando o jornalista fala sobre a vida de Issa, somente recebe respostas evasivas. Pergunta se os manuscritos existiram: “Não estou certo”. Se eram considerados documentos secretos e o monge disse que sim, contradizendo-se em sua dúvida. E que depois foram de lá retirados.

Voltemos à Palestina do Calvário. Se Jesus não morreu, não ressuscitou, nem voou aos céus, o que é feito dele? _ A hipótese mais verossímil a se demonstrar é a de que Jesus havia retornado ao Oriente, para terminar seus dias na moderna Kashmir. Dois seriam os móveis deste exílio voluntário. Primeiro o lugar: devemos lembrar que Jesus estava constrangido à mais rigorosa clandestinidade. Os Evangelhos o apresentam naqueles dias como um conspirador que impõe a todos entregar-se ao silêncio. Tinha mudado seu aspecto, ao ponto que seus próprios discípulos não o reconheceram nem em Emmaus e nem nos bancos do Lago de Tiberíades.

Mesmo Maria Madalena, sua companheira, não o reconhecera. Sente-se caçado. “As raposas têm suas tocas e as aves do céu seus ninhos; o Filho do Homem, em vez, não tem onde pousar a cabeça”. Não lhe resta mais que fugir. O segundo móvel é de natureza religiosa. Dissera um dia, Jesus que não foi mandado senão para as ovelhas perdidas da Casa de Israel. Exaurida sua missão na Palestina, o profeta quer reconduzir à unidade também os filhos de Deus dispersos. Pensa na Diáspora.

Muitos estudiosos estão de acordo na conclusão de que a décima tribo perdida de Israel dispersou-se ao longo de um arco geográfico que desce o atual Afeganistão próximo à costa Sudoeste da Índia, ao Sul de Bombay – Bombaim ou Mumbai, capital do Estado de Maharashtra. Historiadores e cronistas orientais deixaram narrações mais ou menos cortadas desta fuga-missão, na qual Jesus foi acompanhado de sua mãe Maria.

Aqui se destaca um novo nome para Jesus: Yuz Asaf, que se pode traduzir como “o guia dos leprosos”, sendo sua cura uma atividade muito frequente realizada por Jesus. O profeta da Palestina assume este novo nome, que o acompanhará até sua verdadeira morte, durante um incidente de viagem referido pelo historiador Ibn-i-Jarir. Junto à Corte de um Rei de Nasibian e estando ameaçado de morte, Jesus retorna incógnito e prossegue a viagem disfarçado. Atravessa o Irã,, visita a cidade afegan de Ghanzi e fica aí por algum tempo em Sandaruk, um porto do Oceano Índico, não longe da moderna Karachi, onde se encontra com Thomé.

O próprio Jesus havia encaminhado Thomé, provavelmente seu irmão gêmeo! Aqui a Sagrada Família também é questionada. Os Evangelhos, para começar, trazem alguns dados. João traduz o nome (ou sobrenome) Thomé do aramaico ao grego como Didymus, o gêmeo. Também, a literatura árabe falará de Thomé, chamando-o Ba’dad, o gêmeo. Mas, gêmeo de quem? Alguns autores, que completam o nome, Judas Thomé, dizem-no, gêmeo de Jesus.

Essa tese é sustentada, em seguida, por uma antiga obra da literatura siríaca, a “Acta Thomae”, obra apócrifa escrita em Edessa, hoje Urfa, entre 180-230 dC, e cujo título original era “Os atos de Judas Thomé o apóstolo”. É um texto que não agrada à Igreja, mas que é citado, por exemplo, na Enciclopédia Britânica. Pergunta-se:_ Jesus teve outros irmãos? _ Sim. Marcos e Mateus, que contam quase com as mesmas palavras de quando Jesus fala à Sinagoga, aos 12/13 anos. Dizem eles de um observador presente naquele lugar: “Não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria? E seus irmãos não são Thiago, José, Simone e Judas? As suas irmãs não estão todas entre nós?”

A Igreja Romana fez anotações para serem afixadas nos Evangelhos, intimando que “irmãos, irmãs, leia-se primos”. Não há explicação. Pegar ou largar. Mas, qual seria a confiabilidade da “Acta Thomae”? _ Obviamente, é controversa. Esse texto, após ter feito fama e fortuna nos primeiros tempos do cristianismo, foi colocado no Índex dos Pais da Igreja. Depois de séculos de disputa, alguém conseguiu trazê-lo de volta. Realmente existiu, por exemplo, um Rei Gondafarre, que reinou na Índia Setentrional e cuja identificação se deve à Acta.

Recentemente o jesuíta E.R. Hambye, provavelmente o maior especialista vivo da história do cristianismo na Índia, declarou em Nova Delhi, ou Nova Déli, capital da Índia, que agora a Igreja está pronta para admitir a existência de um núcleo de verdade histórica na “Acta Thomae”. E, em seguida, os cristãos da Índia Meridional conservam ainda hoje vistosamente o culto de São Thomé.

Em “Acta Thomae” encontramos, também, que Jesus reaparece em Jerusalém depois do suplício, organiza a sua partida e a dos Apóstolos para a nova missão (Evangelho quer dizer “Boas Novas”). A Judas Thomé designa a Índia, e para enviá-lo recorre a um expediente: vende-o como escravo-artesão a um mercador indiano, Habban, na Palestina, que procurava um bom carpinteiro para a Corte do Rei Gondafarre. Jesus e seu irmão irão se encontraram, por acaso, em Sandaruk, como veremos.

Depois de Sandaruk, Jesus/Issa/Yuz Asaf, toma o caminho do Norte. Nesta viagem, sua mãe Maria, os deixa definitivamente. No local exato onde Maria interrompe, existe uma antiga tumba à qual os habitantes do lugar consideram ser o túmulo de Maria. Seu local está perto de Rawalpindi, na aldeia de Murree. Ali está a tumba hebraica, no interior de um campo militar, orientada do leste para oeste. Esse lugar é chamado Mai Mari de ashtan, onde repousa Maria.

Não muito longe de Murree abre-se um vale de onde se acessa ao Kashmir, que se chama Yusmarg, o Vale (Margh) de Jesus (Yuz). Em Kashmir, de fato, Jesus/Issa/Yuz Assaf se fixa até sua morte, em torno de 78 dC, não longe da capital da região, Srinagar. Podemos questionar qual a prova que temos de que Jesus de Nazaré e Yuz Asaf eram a mesma pessoa?

São várias as provas. Em primeiro lugar um dos 300 livros escritos pelo historiador Shaik As Said us Sadiq, morto em 962 na Pérsia. No Kamal-ud-Din, texto celebrado por todos os orientais, o historiador conta a vida de Yuz Asaf em Kashmir. Diz que falava à gente por meio de parábolas, e traz como exemplo, a do semeador que coincide, letra por letra, com a parábola referida nos Evangelhos. Narra ainda que perto de sua morte Yuz Asaf manda chamar um discípulo de nome Ba’dad (Thomé), a quem dita sua última vontade: construir uma tumba orientada do leste para oeste.

Continuemos. Mulla Nadiri, o primeiro historiador muçulmano de Kashmir, recordando o Reino de Gopadatta (49-109 dC), conta-nos que naquela época Yuz Asaf, vindo da Terra Santa, proclama ser o profeta dos filhos de Israel. Existe ainda uma obra em sanscrito do Segundo Século, traduzida e publicada em Bombay, em 1910. Conta-nos de um Rajá Shalewahin, que em 78 dC, em Wien, um vilarejo a poucos quilômetros de Srinagar, que encontrou um homem de tez clara, vestido de branco, que parecia uma autoridade. Interrogou-lhe, e disse chamar-se Yuz Asaf, de ter nascido de uma virgem (a palavra sanscrita pode significar também “moça não casada”), de haver sofrido nas mãos de pecadores, de ser chamado pelos seus discípulos Issa Masih (Jesus, o Messias). Para finalizar, há relatos de viajantes ocidentais em Kashmir em fins do Século XIX, quase todos se referindo à “lenda” de Yuz Asaf.

Portanto, não foram 33 anos que viveu Jesus de Nazaré, mas pelo menos 78 anos. Melhor dizendo, 82 anos. Vale a pena lembrar um grave erro, hoje admitido pela própria Igreja, que em 525 da Era Cristã, introduz-se a cronologia, hoje em vigor, do monge Dionysius Exiguus, Dionísio o Pequeno. Tomando como referência duas datas certas, a morte de Herodes e o eclipse de 12 de março de 4 aC, chega à conclusão que Jesus nasceu 4 anos antes do “Ano Zero”. Portanto, já idoso, aos 82 anos, falece em Kashmir, Jesus de Nazaré/Issa Mesih/Yuz Asaf.

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