A cura como liberação do medo

Capítulo 2 – A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO

IV. A cura como liberação do medo

1. Nossa ênfase está agora na cura. O milagre é o meio, a Expiação é o princípio e a cura é o resultado. Falar de um “milagre de cura” é combinar duas ordens de realidade de maneira imprópria. A cura não é um milagre. A Expiação ou o milagre final, é um remédio e qualquer tipo de cura é um resultado. O tipo de erro ao qual é aplicado a Expiação é irrelevante. Toda cura é essencialmente liberação do medo. Para empreender isso, tu não podes estar amedrontado. Não compreendes a cura devido ao teu próprio medo.

2. Um passo importante no plano da Expiação é desfazer o erro em todos os níveis.  A doença, ou “a mentalidade que não está certa”, é o resultado da confusão de níveis porque sempre acarreta a crença em que o que está fora de lugar em um nível pode afetar de maneira adversa um outro. Nós nos referimos aos milagres como o meio de corrigir a confusão de níveis, pois todos os equívocos têm que ser corrigidos no nível em que ocorrem. Só a mente é capaz de errar. O corpo pode agir de forma errada apenas quando está respondendo a um pensamento equivocado. O corpo não pode criar, e a crença em que possa, um erro fundamental, produz todos os sintomas físicos. A enfermidade física representa uma crença na mágica. Toda a distorção que deu origem à mágica baseia-se na crença segundo a qual existe uma capacidade criativa na matéria que a mente não pode controlar. Esse erro pode tomar duas formas: pode-se acreditar que a mente pode criar de forma equivocada no corpo ou que o corpo pode criar de forma equivocada na mente. Quando fica compreendido que a mente, o único nível de criação, não pode criar além de si mesma, nenhum desses dois tipos de confusão precisa ocorrer.

3. Só a mente pode criar porque o espírito já foi criado e o corpo é um instrumento de aprendizado para a mente. Os instrumentos de aprendizado não são lições em si mesmos. Seu propósito é meramente facilitar o aprendizado. O pior que um uso faltoso de um instrumento de aprendizado pode fazer é falhar em facilitar o aprendizado. Ele não tem nenhum poder em si mesmo para introduzir erros factuais de aprendizado. O corpo, se compreendido de forma adequada, compartilha da invulnerabilidade da Expiação no que se refere às defesas de dois gumes. Isso não se dá porque o corpo seja um milagre, mas porque não está inerentemente aberto à interpretação equivocada. O corpo é meramente parte da tua experiência no mundo físico. As capacidades do corpo podem ser e, com freqüência são, super-valorizadas. Todavia, é quase impossível negar a sua existência nesse mundo. Aqueles que o fazem estão engajando-se em uma forma de negação particularmente indigna. Aqui o termo “indigna” subentende apenas que não é necessário proteger a mente negando o que não é mental. Se alguém nega esse aspecto desafortunado do poder da mente, esse alguém está também negando o próprio poder.

4. Todos os meios materiais que aceitas como remédios para enfermidades corporais são reafirmações de princípios mágicos. Esse é o primeiro passo para se acreditar que o corpo faz as suas próprias enfermidades. O segundo passo equivocado é tentar curá-lo através de agentes não-criativos. Contudo, não decorre daí que o uso de tais agentes com propósitos corretivos seja mau. Às vezes, a enfermidade tem um controle que é suficientemente forte sobre a mente para tornar a pessoa temporariamente inacessível à Expiação. Nesse caso, pode ser sábio usar uma abordagem de transigência para com a mente e o corpo, na qual por algum tempo se acredita que a cura venha de alguma coisa de fora. Isso é assim porque a última coisa que pode ajudar aquele que tem a mente disposta ao que não é certo, ou o doente, é fazer algo que aumente o seu medo. Esses já estão em um estado debilitado pelo medo. Se são prematuramente expostos a um milagre podem ser precipitados ao pânico. É provável que isso ocorra quando a percepção invertida induziu à crença em que milagres são assustadores.

5. O valor da Expiação não está na maneira na qual ela é expressa. De fato, se é usada de forma verdadeira, inevitavelmente vai ser expressada do modo que for mais útil para quem recebe, seja ele qual for. Isso significa que um milagre, para atingir a sua plena eficácia, tem que ser expressado em uma linguagem que aquele que recebe possa compreender sem medo. Isso não significa necessariamente que esse é o mais elevado nível de comunicação do qual ele é capaz. Significa, contudo, que é o nível mais alto de comunicação do qual ele é capaz agora. Todo o objetivo do milagre é elevar o nível da comunicação e não descê-lo por aumentar o medo.

 

 

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