A função do tempo

Capítulo 13 – O MUNDO SEM CULPA

IV. A função do tempo

1. E agora, a razão pela qual tens medo deste curso deveria ser evidente. Pois esse é um curso sobre o amor, porque é sobre ti. Foi dito a ti que a tua função nesse mundo é curar e a tua função no Céu é criar. O ego ensina que a tua função na terra é a destruição e que não tens nenhuma função no Céu. Assim, ele quer destruir-te aqui e enterrar-te aqui, não te deixando nenhuma herança exceto o pó, do qual pensa que tu foste feito.  Na medida em que está razoavelmente satisfeito contigo, segundo o seu próprio raciocínio, ele te oferece o esquecimento.  Quando vem a ser abertamente selvagem, te oferece o inferno.

2. No entanto, para ti nem o esquecimento e nem o inferno são tão inaceitáveis quanto o Céu. A tua definição de Céu é inferno e esquecimento e pensas que o Céu real é a maior ameaça que poderias experimentar.  Pois inferno e esquecimento são idéias que inventaste e estás inclinado a demonstrar a sua realidade para estabelecer a tua.  Se a sua realidade questionada, acreditas que a tua também o é. Pois acreditas que o ataque é a tua realidade e que a tua destruição é a prova final de que estavas certo.

3. Nessas circunstâncias, não seria mais desejável ter estado errado, mesmo à parte do fato de que estavas errado? Embora talvez se pudesse argumentar que a morte sugere que houve vida, ninguém poderia alegar que ela prova que há vida. Mesmo a vida passada que a morte poderia indicar, só poderia ter sido em vão se é nisso que ela termina e se é disso que ela precisa para provar que, de alguma forma, foi vida. Tu questionas o Céu, mas isso não questionas. No entanto, poderias curar e ser curado se questionasses isso. E mesmo que não conheças o Céu, não poderia ele ser mais desejável do que a morte? Tens sido tão seletivo no teu questionamento quanto na tua percepção. Uma mente aberta é mais honesta do que isso.

4. O ego tem uma estranha noção de tempo e é com essa noção que poderias começar o teu questionamento. O ego investe maciçamente no passado e no final acredita que o passado é o único aspecto do tempo que é significativo. Lembra-te que a ênfase que ele coloca na culpa lhe permite assegurar a própria continuidade, fazendo com que o futuro seja como o passado e assim evitando o presente. Através da noção de pagar pelo passado no futuro, o passado vem a ser o determinante do futuro, fazendo com que ambos sejam contínuos sem a intervenção do presente. Pois o ego considera o presente apenas como uma breve transição para o futuro, na qual ele traz o passado ao futuro interpretando o presente em termos passados.

5. O “agora” não tem qualquer significado para o ego. O presente apenas lembra a ele feridas passadas e ele reage ao presente como se fosse o passado.  O ego não pode tolerar a liberação do passado e, embora o passado já esteja acabado, o ego tenta preservar sua imagem respondendo como se ele estivesse presente. Ele dita as tuas reações àqueles que encontras no presente a partir de um ponto de referência passado, obscurecendo a sua realidade presente para ti. Com efeito, se seguires os ditames do ego, reagirás ao teu irmão como se ele fosse outra pessoa e isso, com certeza, te impedirá de reconhecê-lo como ele é. E receberás mensagens do teu irmão saídas do teu próprio passado, porque ao fazer com que ele seja real no presente, estás te proibindo de deixar que ele se vá. Assim, negas a ti mesmo a mensagem de liberação que todo irmão te oferece agora.

6. É precisamente das figuras sombrias do passado que tens que escapar. Elas não são reais e não têm nenhuma influência sobre ti a não ser que as tragas contigo.  Elas carregam as manchas de dor na tua mente, orientando-te para atacar no presente em vingança de um passado que já não existe. E essa decisão é uma decisão de dor futura. A não ser que aprendas que a dor passada é uma ilusão, estás escolhendo um futuro de ilusões e perdendo as muitas oportunidades que poderias achar de liberação no presente. O ego quer preservar os teus pesadelos e impedir-te de despertar e compreender que eles são o passado. Poderias reconhecer um encontro santo se o estás percebendo apenas como um encontro com o teu próprio passado?  Pois não estarias te encontrando com ninguém e o compartilhar da salvação, que faz com que o encontro seja santo, estaria excluído da tua vista. O Espírito Santo ensina que sempre encontras a ti mesmo e que o encontro é santo porque tu o és. O ego ensina que sempre encontras o teu passado e porque os teus sonhos não foram santos, o futuro não pode ser santo e o presente é sem significado.

7. É evidente que a percepção que o Espírito Santo tem do tempo é exatamente oposta à do ego. A razão disso está igualmente clara, pois eles percebem a meta do tempo de maneiras diametralmente opostas. O Espírito Santo interpreta o propósito do tempo como o de tornar a necessidade do tempo desnecessária. Ele considera a função do tempo como temporária, servindo apenas à Sua função de ensinar, que é temporária por definição. A Sua ênfase, portanto, recai sobre o único aspecto do tempo que pode se estender até o infinito, pois o agora é a noção mais próxima de eternidade que esse mundo oferece.  É na realidade do “agora”, sem passado ou futuro, que está o começo da apreciação da eternidade. Pois só o “agora” está aqui e só o “agora” apresenta as oportunidades de encontros santos nos quais se pode achar a salvação.

8. O ego, por outro lado, considera a função do tempo como a de estender a si mesmo no lugar da eternidade, pois assim como o Espírito Santo, o ego interpreta a meta do tempo como a sua própria. A continuidade do passado e do futuro, sob a sua direção, é o único propósito que o ego percebe no tempo e ele abole o presente de tal forma que nenhuma brecha em sua própria continuidade possa ocorrer. A sua continuidade, portanto, iria manter-te no tempo, enquanto o Espírito Santo iria libertar-te do tempo. É a Sua interpretação do meio da salvação que tens que aprender a aceitar, se quiseres compartilhar da Sua meta de salvação para ti.

9. Tu também irás interpretar a função do tempo do mesmo modo como interpretas a tua. Se aceitas a cura como tua função no mundo do tempo, enfatizarás somente o aspecto do tempo no qual a cura pode ocorrer. A cura não pode ser realizada no passado. Ela tem que ser realizada no presente para liberar o futuro. Essa interpretação liga o futuro ao presente e estende o presente ao invés do passado. Mas se interpretas a tua função como destruição, perderás de vista o presente e apegar-te-ás ao passado para assegurar um futuro destrutivo. E o tempo será como tu o interpretas, pois por si mesmo, ele não é nada.

 

 

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