A História de “Um Curso em Milagres”

AQUI COMEÇA UM CURSO EM MILAGRES

Seja muito Bem-vindo!!

Esta é a transcrição de uma palestra com a duração de um dia dada em Madison, Connecticut, USA, como parte de um retiro dirigido por Tara Singh. Nós a estamos publicando agora em resposta a múltiplos pedidos para que fizéssemos uma apresentação breve dos princípios de ‘Um Curso em Milagres’ e especificamente para transcrevermos a dita palestra.

A HISTÓRIA DE UM CURSO EM MILAGRES.

Uma das coisas mais interessantes a propósito de como Um Curso em Milagres chegou a ser escrito é que o próprio processo da sua transcrição e a história em torno disso nos dão um exemplo perfeito do que são os princípios básicos do Curso. A mensagem central do Curso é que a salvação vem a qualquer momento que duas pessoas se unem para compartilhar um interesse comum, ou trabalhar para uma meta comum. Isso sempre envolverá algum aspecto do perdão, sobre o qual falaremos mais adiante.

As duas pessoas responsáveis por Um Curso em Milagres foram Helen Schucman, que morreu em fevereiro de e William Thetford, o Bill, que morreu em julho de. Ambos eram psicólogos no Columbia Presbyterian Medical Center em New York City, USA. Bill tinha chegado primeiro, em, e era diretor do departamento de psicologia. Helen se uniu a ele poucos meses depois. Durante os primeiros sete anos de seu relacionamento eles tiveram muitas dificuldades um com o outro. Suas personalidades eram totalmente opostas. Ainda que trabalhassem bem juntos em certo nível, a nível pessoal havia muita tensão e ambivalência. Não só tinham dificuldades em sua relação pessoal como também com outros membros do departamento, dentro do Medical Center e em seu trabalho com outras disciplinas em outros centros médicos. Essa era a atmosfera típica de uma grande universidade ou centro médico, e Columbia não era diferente de nenhum outro lugar.

O ponto crucial aconteceu durante um dia de primavera quando Helen e Bill tinham que atravessar a cidade para ir ao Corneil Medical Center onde assistiriam a uma reunião interdisciplinar da qual participavam regularmente. Em geral, essas eram reuniões desagradáveis, cheias de competitividade e rivalidade, ainda algo muito comum em meios universitários. Helen e Bill também participavam de tudo isso, sendo muito críticos e julgando outras pessoas. Mas nesse dia, exatamente antes de sair para a reunião, Bill, que era um homem calado e despretensioso, fez algo muito fora do normal para ele. Em um discurso passional ele disse a Helen que tinha que haver um jeito melhor de se lidar com essas reuniões e com os tipos de problemas que lá surgiam. Ele sentia que ambos deveriam ser mais capazes de aceitar e de amar em vez de estarem tão preocupados em competir e criticar.

A resposta de Helen foi igualmente inesperada e fora do comum para ela. Não apenas concordou com ele como também se comprometeu a ajudá-lo a encontrar esse outro jeito. Esse acordo não condizia com a sua maneira de ser habitual, pois os dois tendiam a se criticar mutuamente e tinham dificuldade de aceitar as opiniões um do outro. Essa união de ambas as partes foi um exemplo do que o Curso chama de um instante santo e, como eu disse no início, o instante santo é o meio da salvação.

Em certo nível do qual nenhum dos dois tinha consciência, aquele instante foi o sinal que abriu a porta para uma série de experiências que Helen começou a ter quando estava desperta e também em sonhos. Vou mencionar algumas que têm muita força tanto psiquicamente quanto em seus aspectos religiosos, pois a figura de Jesus começa a aparecer de forma cada vez mais regular. O que torna isso inesperado é a postura que Helen tinha assumido a essa altura de sua vida. Ela estava vivendo a dezena dos cinqüenta e tinha adotado o papel de uma ateísta militante, disfarçando com astúcia o seu amargo ressentimento contra um Deus que, na sua opinião, não havia agido bem com ela. Assim sendo, ela era agressiva diante de qualquer tipo de pensamento que julgasse duvidoso, ambíguo, ou impossível de ser estudado, medido e avaliado. Ela era uma excelente psicóloga, fazia pesquisa e investigações e tinha uma mente lógica, analítica, e aguda, sem nenhuma tolerância para qualquer idéia que se desviasse disso.

Desde pequena, Helen tinha uma certa capacidade psíquica de ver coisas que não estavam presentes. No entanto, ela nunca prestou muita atenção a isso, pensando que acontecia com todo mundo. Ela teve uma ou duas experiências místicas bastante impressionantes muito cedo, às quais também não deu atenção. De fato, ela praticamente nunca tinha mencionado essas coisas a ninguém até aquele momento. Assim, quando começou a ter essas experiências, foi tudo muito surpreendente. As experiências além disso também a assustavam, pois parte dela tinha medo de estar enlouquecendo. Essas não eram coisas normais em sua vida, e se Bill não tivesse estado lá, eu acredito que ela teria parado com todo o processo.

É muito importante reconhecer o quanto a ajuda e a união constante com Bill foram essenciais. De outro modo, Um Curso em Milagres nunca teria sido transcrito. Portanto, vocês estão vendo um outro exemplo do princípio básico do Curso em si mesmo expressado uma e outra vez, de muitas formas diferentes: “A salvação é um empreendimento de colaboração” (T-VI.:), “Na arca da paz só entram dois a dois” (T-.IV.:), “Ninguém pode entrar no Céu por si mesmo” (L-pl.:), e “juntos ou absolutamente não o fareis” (T-IV-D.:). Sem a união de Helen e Bill neste empreendimento, o Curso não existiria e nós não estaríamos reunidos aqui hoje falando sobre ele.

Helen teve uma série de experiências durante o verão, quase como um seriado. Essas vieram a ela em segmentos diferentes quando estava acordada, não foram sonhos. A série começou com ela andando por uma praia deserta e achando um barco na areia. Ela compreendeu que deveria colocar o barco na água. Mas não havia possibilidade de conseguir fazer isso, já que o barco estava encalhado na areia. E eis que um estranho apareceu e ofereceu-se para ajudá-la. No fundo do barco Helen, então, notou um instrumento antigo projetado para dar e receber mensagens. Ela disse ao estranho: “Talvez isso nos ajude”. Mas ele lhe disse: “Você ainda não está pronta para isso. Deixe isso de lado”. Mas ele tirou o barco da areia e o colocou na água. Sempre que surgiam problemas e mares tempestuosos, este homem aparecia para ajudá-la. Depois de algum tempo, ela reconheceu que o homem era Jesus, embora não se parecesse com a imagem que as pessoas usualmente associam a ele. Estava sempre ali para ajudá-la quando a coisa ficava feia.

Finalmente, na ultima cena desta série, o barco chegou à seu destino no que parecia ser um canal, onde tudo estava calmo, sereno e cheio de paz. Havia uma vara de pesca no fundo do barco e no fim da linha, no fundo do mar, havia uma arca do tesouro. Helen viu a arca e ficou toda excitada, pois naquele momento da sua vida ela gostava muito de jóias e de todo tipo de coisas bonitas. Ela estava querendo muito descobrir o que havia na arca. Ergueu a arca, mas ficou muito desapontada quando a abriu e viu um velho livro preto. Isto era tudo o que havia na arca. Na lombada do livro estava escrito o nome Aesculapius, o deus da cura dos gregos. Naquele momento Helen não reconheceu o nome. Só muitos anos depois, quando o Curso já estava todo datilografado e colocado em um fichário preto, ela e Bill se deram conta de que parecia ser exatamente igual ao livro que ela tinha achado na arca. Ela viu a mesma arca outra vez, mas desta vez havia um colar de pérolas em volta dela. Alguns dias depois, ela teve um sonho no qual havia uma cegonha sobrevoando algumas cidadezinhas e no seu bico um livro preto com uma cruz dourada em cima. E uma voz lhe disse: “Este é o seu livro”. (Isso foi antes da vinda do Curso)

Helen teve uma outra experiência muito interessante na qual ela se viu entrando em uma gruta. Era uma gruta muito antiga e no chão havia algo que se parecia com um pergaminho da Tora com duas varas, em torno das quais o pergaminho estava enrolado. (A Tora é a primeira parte do Antigo Testamento.) Era muito antigo. De fato, o pequeno barbante que o amarrava caiu e se desintegrou assim que Helen o apanhou. Ela olhou para o pergaminho e o desenrolou e no painel central estavam as palavras “DEUS É”. Ela pensou que aquilo era muito bonito. Então ela o desenrolou um pouco mais e havia um painel em branco à esquerda e outro painel em branco à direita. E essa voz lhe disse: “Se olhar para a esquerda, você será capaz de ler tudo o que se passou no passado. E se olhar para a direita, será capaz de ler tudo o que se passará no futuro”. Mas ela disse: “Não, eu não estou interessada nisso. Tudo o que eu quero é o painel central”.

Ela então enrolou de novo o pergaminho de forma que a única coisa visível eram as palavras: “DEUS É”. Neste momento a voz lhe disse: “Obrigado. Desta vez você conseguiu”. Ela reconheceu então que havia tido sucesso em certo tipo de teste no qual obviamente tinha falhado antes. O que isso realmente exprimia era que ela tinha expressado o desejo de não usar equivocadamente a habilidade que possuía; em outras palavras, não usá-la para conquistar poder ou satisfazer a curiosidade. A única coisa que ela queria realmente era o presente, onde Deus é encontrado.

Há uma lição no livro de exercícios que diz: “Dizemos:”Deus é” e então deixamos de falar”, porque não há nada mais a ser dito além dessas duas palavras (L-pI.l:). Eu penso que essa passagem se refere à experiência da gruta. O Curso enfatiza muito as idéias de que o passado não existe mais e de que não devemos nos preocupar com o futuro, que também não existe. Só devemos nos preocupar com o presente, já que este é o único lugar em que podemos conhecer a Deus.

Uma última estória: Helen e Bill estavam indo para a Mayo Clinic em Rochester, Minnesota, para passar um dia estudando como os psicólogos de lá faziam suas avaliações psicológicas. Na noite anterior, Helen viu em sua mente o retrato perfeito de uma igreja que identificou em primeiro lugar como católica e depois percebeu que era luterana. Ela a viu tão claramente que a desenhou. Como estava olhando para baixo em sua visão, Helen se convenceu de que ambos, Bill e ela, a veriam quando seu avião estivesse descendo em Rochester. Essa igreja, nesse momento, passou a ser um símbolo importante e indicativo da sua própria sanidade, já que nesse período ela tinha dúvidas disso e realmente não entendia todas essas experiências internas. Sentia que se pudesse ver essa igreja teria mais confiança em não ter enlouquecido. Quando aterrissaram, no entanto, eles não viram a igreja. Helen ficou muito assustada e Bill então alugou um táxi para levá-los a todas as igrejas em Rochester. Acho que havia vinte e seis igrejas na cidade, mas eles não encontraram a igreja de Helen. Helen estava muito aborrecida, mas não havia nada mais a fazer naquela noite.

O dia seguinte foi muito ocupado e naquela noite eles voltavam para New York. Enquanto esperavam no aeroporto, Bill, que sempre tinha sido muito bom nesse tipo de coisa, comprou acidentalmente um livro sobre Rochester que ele imaginou que o marido de Helen, Louis, gostaria de ver. Esse livro incluía a história da Mayo Clinic e paginando-o ele viu uma foto exatamente igual à igreja que Helen tinha descrito. A igreja se situava no antigo terreno da Mayo Clinic, já que tinha sido demolida para a construção da clínica. Helen tinha olhado para baixo para vê-la porque ela já não se encontrava lá; ela estava olhando para baixo no tempo. Isso a fez sentir-se um pouco melhor, mas não foi o fim da estória.

Helen e Bill tinham que mudar de avião em Chicago. Já era tarde da noite e eles estavam muito cansados. Estavam sentados no terminal e Helen viu uma mulher sentada do outro lado da sala de espera, sem perturbar ninguém. Helen sentiu que a mulher estava muito aborrecida, apesar de não existirem razões aparentes que demonstrassem isto. Ela se dirigiu à mulher, uma coisa que normalmente não era do feitio de Helen; no entanto ela se sentiu compelida a fazê-lo. Não havia dúvida, a mulher estava mesmo muito perturbada. Ela tinha acabado de fugir de seu marido e de seus filhos e estava indo para New York, onde jamais estivera. Só tinha trezentos dólares, que ia usar para ficar em um hotel em New York e, finalmente, estava apavorada pois nunca havia viajado de avião. Helen foi amiga e trouxe-a para perto de Bill e, juntos, ambos cuidaram dela no avião. Ela sentou-se entre os dois e num determinado momento disse a Helen que planejava ficar na igreja luterana, já que era luterana. Helen, então, ouviu uma voz interior dizendo: “E essa é a minha verdadeira igreja”. Helen entendeu que Jesus queria lhe dizer que uma igreja verdadeira não é um edifício, mas ser capaz de ajudar e se unir a uma outra pessoa.

Quando chegaram a New York, Helen e Bill puseram sua nova amiga em um hotel e, de forma curiosa, encontraram-se com ela por acaso algumas vezes nos dias seguintes. Acho que Bill a encontrou uma vez no Bloomingdale’s, uma grande loja de departamentos em New York, e Helen convidou-a para jantar uma ou duas vezes. A mulher eventualmente acabou voltando para sua família, mas continuou a manter contacto com Helen, enviando-lhe cartões de Natal, etc.. Uma ocasião, ela telefonou quando eu estava lá. Essa estória é importante para demonstrar que não é o fenômeno psíquico que conta e sim o propósito espiritual subjacente, nesse caso a meta de ajudar uma outra pessoa.

Um dia em meados de outubro, Helen disse a Bill: “Acho que vou fazer algo muito inesperado”. Naquele momento, Bill lhe sugeriu que comprasse um caderno e anotasse todas as coisas que lhe viessem à cabeça, ou coisas que ouvisse, ou sonhos que tivesse. Helen começou a fazer isso. Ela conhecia taquigrafia e podia escrever com muita rapidez. Uma noite, umas duas semanas depois disso, ela ouviu essa voz lhe dizer: “Esse é um curso em milagres. Por favor, tome nota”. Ela foi tomada de tal pânico que ligou para Bill e lhe disse: “Essa voz não pára de me dizer essas palavras. O que você acha que eu devo fazer?” Bill disse algo pelo qual as gerações futuras o chamarão de bem-aventurado. Ele disse:

“Por que você não faz o que a voz lhe diz?” Helen fez. Ela começou a tomar nota do ditado e sete anos depois isso veio a constituir os três livros a que chamamos ‘Um Curso em Milagres’.

A experiência de Helen com a voz foi como se ela tivesse um gravador interno. Podia ligar e desligar a voz quando quisesse. No entanto, não podia desligá-la por muito tempo ou ficava aborrecida. Podia anotar o que a voz lhe dizia apesar da rapidez da fala. Nisso, a sua taquigrafia lhe foi muito útil. E ela fazia aquilo totalmente consciente. Essa não era uma escrita automática; ela nunca entrava em transe ou coisa alguma desse tipo. Podia estar escrevendo e o telefone tocava; ela soltava a caneta, ia tomar conta do telefonema e depois voltava e acabava o que estava escrevendo. Muitas vezes, era capaz de recomeçar de onde havia parado. O que passa a ser ainda mais impressionante quando se pensa que muito do Curso é escrito em verso (pentâmetros iâmbicos) e que Helen conseguia fazer esse tipo de coisa sem perder a métrica ou o sentido daquilo que a voz lhe dizia.

Talvez a coisa mais assustadora de todas para Helen nessa experiência era que essa voz se identificava como Jesus. Um boa parte do curso é escrita na primeira pessoa, onde Jesus fala bastante sobre a sua crucificação. O Curso, no entanto, diz que não é necessário que se acredite que essa é a voz de Jesus para que se consigam benefícios com o que Um Curso em Milagres diz. Eu acho que facilita quando se acredita, pois não é necessário fazer ginástica mental enquanto se lê o material. Mas não é necessário acreditar nisso para praticar os princípios do Curso. O próprio Curso diz isto. Há um capítulo sobre Jesus no manual que diz que não é preciso que o aceitemos em nossas vidas, mas que ele poderia nos ajudar muito mais se nós o permitíssemos. (E-:-).

Não havia dúvida na mente de Helen de que essa fosse a voz de Jesus, e esse fato tornava tudo muito mais assustador. Não era uma experiência feliz para ela. Ela o fazia porque, de algum modo, acreditava que era isso o que tinha que fazer. Num dado momento, ela se queixou amargamente a Jesus: “Porque você me escolheu? Porque não escolheu uma boa freira ou alguém assim? Eu sou a última pessoa no mundo que deveria estar fazendo isso.” E ele respondeu: “Não sei porque você está dizendo isso, porque afinal de contas você já está fazendo.” Ela não pôde discutir com ele, pois, de fato, já estava mesmo fazendo e obviamente era uma escolha perfeita.

Ela anotava as palavras do Curso todos os dias no seu caderno de estenografia. No dia seguinte, sempre que havia tempo em suas agendas super ocupadas, ela ditava a Bill o que tinha sido ditado a ela e ele então o datilografava. Bill brincava dizendo que ele precisava ter um braço em volta de Helen para ampará-la, enquanto datilografava com o outro. Helen tinha mesmo grande dificuldade para ler o que havia escrito. Foi assim que Um Curso em Milagres veio a ser transcrito. Repetindo, o processo ocorreu por um período de sete anos.

O Curso consiste em três livros, como a maioria de vocês sabe: um texto, um livro de exercícios para estudantes e um manual para professores. O texto, que é o mais difícil dos três para ser lido, contém a teoria básica do Curso. O livro de exercícios consiste em lições, uma para cada dia do ano, e é importante como uma aplicação prática dos princípios do texto. O manual de professores é um livro muito mais curto e é o mais fácil dos três livros para ser lido, pois contém respostas para algumas das perguntas mais comuns que uma pessoa possa ter. De fato, é um bom sumário de muitos dos princípios do Curso. Quase como um apêndice é o capítulo que trata do esclarecimento de termos, que foi feito alguns anos depois de Um Curso em Milagres ter sido terminado. Essa foi uma tentativa de definir algumas das palavras que são usadas. Helen e Bill não fizeram correções. Os livros como vocês os têm agora estão essencialmente tais quais foram transmitidos. As únicas mudanças que foram feitas ocorreram porque o texto veio inteiro e não estava dividido em partes ou capítulos. Não havia pontuação nem parágrafos. Helen e Bill fizeram o trabalho inicial de estruturar o texto e, quando eu apareci, Helen e eu revisamos todo o manuscrito. Todos os capítulos e títulos, portanto, foram definidos por nós. O livro de exercícios não era problema porque veio com as lições e o manual de professores veio com as perguntas e respostas. Basicamente era só no texto que o problema existia, mas quase sempre o material foi ditado em seqüências lógicas, de forma que dividi-lo em partes e capítulos não foi difícil. Ao longo de todo o trabalho, sentimos que estávamos agindo de acordo com a orientação de Jesus de modo que tudo fosse como ele queria.

Logo que o Curso começou, havia muita coisa pessoal para Helen e Bill, para ajudá-los a compreender o que estava acontecendo e como poderiam se ajudar mutuamente. Isso incluía muita coisa apenas para ajudá-los a aceitar o que lhes estava sendo dado. Já que Helen e Bill eram psicólogos, havia comentários sobre Freud e outras pessoas para ajudá-los a fazer uma ponte entre o que eles conheciam e o que o Curso estava lhes dizendo. Jesus instruiu Helen e Bill para retirarem esse material por razões óbvias, já que não era pertinente ao ensinamento básico do Curso. O único problema que isso causou foi ter deixado alguns buracos em termos do estilo da língua. Nesses casos, algumas vezes nós acrescentamos uma ou duas frases, não devido ao conteúdo, mas para suavizar a transição de um tópico para outro. Isso só ocorreu bem no início.

O estilo dos primeiros quatro capítulos sempre foi um problema para nós. São algumas das passagens mais difíceis de ler. Eu acho que isso se deve ao material que foi suprimido, tornando o fluir da leitura um pouco fracionado. Nós tentamos fazer o melhor possível para facilitar o problema. Também vale a pena mencionar que, logo no início, Helen estava tão assustada com o que estava acontecendo que apesar de ser capaz de escutar o significado do que lhe estava sendo dito, o estilo e o fraseado eram prejudicados freqüentemente.

Bem no início, por exemplo, as palavras ‘Espírito Santo’ não foram usadas. Helen estava com tanto medo desse termo que Jesus usou uma expressão chamada o ‘Olho Espiritual’. Isso mais tarde foi substituído por o ‘Espírito Santo’ por instrução de Jesus. A palavra ‘Cristo’ também não foi usada no início pela mesma razão, mas foi ditada mais tarde. Contudo, depois de um ou dois meses Helen se sentia mais tranqüila, e a partir do Capítulo o Curso está agora virtualmente como foi dado.

Uma outra coisa que não foi posta foram as letras maiúsculas. A tendência de Helen para usar letras maiúsculas para qualquer palavra remotamente ligada a Deus passou a ser a praga da minha existência: que palavras seriam maiúsculas, que palavras não seriam. Certas palavras, no entanto, Jesus insistiu para que o fossem a fim de ajudar na compreensão.

Helen, que revisava muito bem e compulsivamente quando revisava material para publicações de pesquisa científica, era sempre tentada a mudar certas palavras para que se adequassem às suas preferências estilísticas. Mas sempre lhe era dito que não fizesse isso, e ela obedecia, o que exigia uma boa dose de força de vontade. Em algumas ocasiões, ela mudou certas palavras, contudo, Helen tinha uma memória prodigiosa e se lembrava perfeitamente do que tinha feito. Acabava descobrindo duzentas ou trezentas páginas mais tarde que a razão pela qual determinada palavra tinha sido escolhida era porque seria citada e servia como referência para algo posteriormente. Assim sendo, ela sempre voltava atrás e mudava a palavra que tinha mudado antes.

Um Curso em Milagres foi terminado no outono de, e eu conheci Helen e Bill no inverno daquele mesmo ano. Um amigo mútuo, que era padre e psicólogo, fazia parte de seu treinamento sob a supervisão de Helen e Bill e sabia do Curso. Ele e eu nos tornamos amigos naquele outono. Nessa época eu estava a caminho de Israel, e poucos dias antes de minha partida ele insistiu para que eu conhecesse esses amigos seus. Nós passamos uma noite juntos, e esse livro sobre espiritualidade, que Helen tinha escrito, foi mencionado algumas vezes. Contudo, nada mais foi dito sobre o que era ou de onde tinha vindo.

Nós nos encontramos no apartamento de Bill e eu me lembro dele ter apontado para um canto onde havia uma pilha de sete grandes fichários que continham o Curso. Naquele ponto, eu não estava levando praticamente nada comigo para Israel e não achava que devia começar a colecionar bagagem com um daqueles volumes. Não obstante, eu estava intrigado com o que eles haviam dito, embora tivessem dito muito pouco. Mais tarde naquela noite, acompanhei o padre à sua residência, onde ele me disse que tinha uma cópia do livro, se eu tivesse interesse em vê-lo. Eu senti com muita força que não devia fazê-lo naquele momento, mas durante todo o tempo da minha estada em Israel fiquei pensando no livro. Eu tinha escrito uma carta a Helen dizendo-lhe que estava interessado em ver o seu livro quando voltasse. Ela mais tarde me disse que eu tinha escrito ‘Livro’ com um ‘L’ maiúsculo. Eu não tinha consciência de ter feito isso. Não costumo usar letras maiúsculas, mas evidentemente tinha acontecido.

Como disse antes, todo o tempo em Israel eu pensei nesse livro e achava que devia haver algo importante nele para mim. Voltei na primavera de, pretendendo ficar apenas algum tempo para visitar meus amigos e minha família e depois voltar para Israel para lá ficar em um monastério por período indeterminado. Mas eu estava muito interessado em ver o livro e era importante encontrar Helen e Bill. A partir do momento em que o vi, mudei de idéia a respeito da minha volta à Israel e me decidi a ficar em New York.

Do meu ponto de vista, Um Curso em Milagres é a melhor integração que eu jamais vi de psicologia e espiritualidade. Naquela época eu realmente não sabia que havia algo faltando na minha vida espiritual, mas quando vi o Curso compreendi que, de fato, era aquilo que eu estava buscando. Quando a gente acha o que está buscando, não larga mais.

Uma das coisas importantes a saber a respeito do Curso é que ele torna muito claro que esse não é o único caminho para o Céu. No início do manual de professores há uma passagem que diz que essa é apenas uma forma do curso universal, entre milhares de outras (M-l.: -). Um Curso em Milagres não é para todas as pessoas e seria um erro pensar o contrário. Nada serve para todas as pessoas. Eu penso que este é um caminho importante que foi introduzido no mundo, mas não é para todas as pessoas. Àqueles para quem este não é o caminho, o Espírito Santo dará uma outra coisa.

Seria um erro uma pessoa batalhar com o Curso, se não se sente confortável com ele, e então vivenciar isso como um fracasso. Isso iria contra tudo o que o Curso diz. O propósito do Curso não é tornar as pessoas culpadas! É o contrário. Mas, para aquelas pessoas que sentem que este é o seu caminho, essa batalha através do Curso vale a pena.

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