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O que desejo dizer nesta tarde alude à revolução interior, à destruição da estrutura psicológica da sociedade, a qual somos nós mesmos. A sociedade, com suas ambições, Sua inveja, sua ânsia de sucesso, não é uma mera exterioridade. A sociedade é muito mais íntima, pois está radicada profundamente em cada um de nós. Essa estrutura psicológica e social nos aprisiona, molda-nos a mente, os pensamentos, os sentimentos, e se em nós não a destruirmos com pletamente, não poderemos ser livres para descobrir o que é verdadeiro. Mas a destruição dessa estrutura psicilógica da sociedade que somos nós mesmos não se realiza por meio de esforço; e isso se nos afigura uma das coisas mais difíceis de compreender.
Não estou dando à palavra “compreender”nenhum sentido místico ou misterioso. Deveis saber que quando escutamos uma coisa tranqüilamente, sem tensão, e lhe aplicamos nossa mente de maneira total, a compreendemos fácil e rapidamente. Mas, tão acostumados estais ao esforço, que, quando vos falo em viver sem esforço, achais muito difícil compreende-lo.
A estrutura psicológica da sociedade é o que nós somos, o que pensamos, o que sentimos a inveja, a ambição, a perene luta da contradição, consciente e inconsciente e nessa estrurura nos vemos aprisionados. Para nos libertamos dela, pensamos ser necessário fazer-se um grande esforço. Mas o esforço sempre implica conflito, contradição, não é verdade? Quando não há contradição, não há esforço: viveis. Mas existe a contradição criada pela estrutura da sociedade em que vivemos; existe um conflito, uma batalha que se trava, a todas as horas, consciente ou inconscientemente, dentro de cada um de nós; e acho que, enquanto toda essa estrutura psicológica não for perfeitamente compreendida e rompida, nenhuma possibilidade teremos de viver uma vida plena ou de compreender o que se acha além da mente.
Vede, o mundo se está tornando cada vez mais superficial. Observa-se crescente prosperidade em todo o mundo. Há interesse por parte do Estado no bem-estar social e notável progresso se está realizando em muitas direções; mas, interiormente, permanecemos mais ou menos estáticos, cultivando os mesmos e velhos padròes, as mesmas crenças. Podemos alterar ocasionalmente os nossos dogmas, acomodando-os às circunstâncias, mas estamos vivendo superficialmente as nossas vidas. Estamos sempre a arranhar a superfície, sem nunca descermos abaixo dela. E, por mais sagazes que perfuntoriamente sejamos, por mais conhecimentos e informações que tenhamos a respeito de tantas coisas, enquanto não alterarmos completamente, profundamente, toda a estrutura psicológica de nosso ser, não vejo como poderemos ser livres, por conseguinte, criadores.
Assim, desejo considerar junto convosco, nesta tarde, como poderemos realizar uma revolução, uma revolução psicológica, sem esforço. Estou empregando a palavra “esforço” no sentido de lutar, tentar alcançar ou vir a ser algo; emprego-a em referência à mente que, vendo-se envolvida em contradição, luta para superar, disciplinar, adaptar, ajustar, produzir uma modificação em si própria, estou empregando a palavrar “esforço”em relação a tudo isso.