Estas 10 Orientações não são uma regra imposta ou obrigatória, são um apelo, uma solicitação, uma exigência que inspira e orienta em “ideal minimum” do Terapeuta.
1. Antropologia
Reconhecer, respeitar e cuidar do ser humano em sua inteireza física, psíquica e espiritual (soma – psique – nous e pneuma). Esta antropologia é igualmente uma cosmologia, pois não percebe o homem como algo separado do Universo, de onde a importância do cuidado ao meio ambiente, sendo ainda uma ontologia, pois não distingue o homem separado de uma Origem que freqüentemente lhe escapa, e que ele, freqüentemente, redescobre.
2. Ética
Adotar uma postura de simplicidade e beleza (moradia, alimentação e vestuário…), desapegando-se, o máximo possível, de problemas ligados à acumulação de bens, de favorecimentos e de poderes, que possam afastá-lo do Ser. Prima por uma ética da benção e do respeito à inteireza, jamais reduzindo o ser humano a um rótulo, também cuidando, nele, daquilo que não é doente, a partir do qual uma dinâmica de cura é ativada:
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Cuidar do Ser em si mesmo – acolhê-lo, contemplá-lo, respirá-lo, encarná-lo e comunicá-lo.
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Cuidar do Ser nos outros – acolhê-lo, respeitá-lo e escutá-lo. E ainda, se for o caso, orientá-lo, curá-lo e abri-lo.
3. Silêncio
Viver, se possível, diariamente, um determinado tempo de silêncio, de aproximadamente 1 hora, de acordo com as práticas próprias a cada terapeuta, visando a centralidade e abertura à transcendência.
4. Estudo
Viver, se possível, diariamente por cerca de 1 hora, um tempo dedicado ao estudo de textos, documentos, “informações e escritos necessários à formação e ao fortalecimento do terapeuta, visando uma permanente atualização.
5. Gratuidade
Dedicar, se possível a cada dia, um tempo de cuidado gratuito e de disponibilidade, segundo a competência específica do terapeuta, para o exercício da solidariedade, do serviço desapegado ao outro, à sociedade, ao universo.
6. Reciclagem
Dedicar, durante o ano, uma semana de silêncio e uma semana de estudos, para “recentrar” e aprofundar seus pressupostos antropológicos; um compromisso de vivenciar um tempo-espaço de recolhimento para uma revisão, reflexiva e meditativa, do processo de individuação.
7. Reconhecimento
Colocar-se sob a orientação atenta e benevolente de um terapeuta-acompanhante, que revalidará, a cada ano, a sua participação no Colégio dos Terapeutas, reconhecendo a sua fidelidade a seus próprios engajamentos, isto é, às “dez orientações maiores”. O reconhecimento da necessidade de ser acompanhado por uma escuta terapêutica evita o risco da inflação egóica de julgar-se pronto, que estanca o processo contínuo de aprendizagem e aperfeiçoamento.
8. Anamnese
Registrar, se possível diariamente ou semanalmente, as anotações relativas a sonhos, imagens ou acontecimentos significantes, que evidenciem, na vida cotidiana do terapeuta, a presença numinosa do Ser. Um registro de uso exclusivo do próprio terapeuta.
9. Despertar a Presença
Viver, um minuto a cada hora, se possível, a lembrança “do meu ser para o Ser que o informa, de meu sopro para o Sopro que o Inspira”. Este momento de “lembrança” pode ser vivido através de uma invocação, uma respiração ou, simplesmente, uma atenção sensorial ou afetiva da Presença do Ser no corpo que somos.
10. Fraternidade
Os Terapeutas, dispersos pelo mundo, formam uma rede fraterna. A hospitalidade recíproca é uma felicidade que lhes pertence. Sentindo este engajamento em comum, eles poderão partilhar, com prazer, o seu tempo de estudo e de silêncio meditativo.