As duas emoções

Capítulo 13 – O MUNDO SEM CULPA

V. As duas emoções

1. Eu disse que tens apenas duas emoções: amor e medo. Uma é imutável, mas em constante intercâmbio, sendo oferecida pelo eterno ao eterno. Nesse intercâmbio, ela se estende, pois aumenta na medida em que é dada. A outra assume muitas formas, pois o conteúdo das ilusões individuais difere enormemente, mas, elas têm uma coisa em comum: são todas insanas.  São feitas de cenas que não se pode ver, de sons que não se pode ouvir. Elas compõem um mundo privado que não pode ser compartilhado. Pois são significativas apenas para quem as faz e, portanto não têm absolutamente qualquer significado.  Nesse mundo, o autor dessas ilusões move-se sozinho, pois só ele as percebe.

2. Cada um povoa o seu mundo com figuras do seu passado individual e é por causa disso que os mundos privados diferem. No entanto, as figuras que ele vê nunca foram reais, pois são feitas apenas das suas próprias reações aos seus irmãos e não incluem as reações que eles têm a ele. Portanto, ele não vê que fez essas figuras e que elas não são íntegras. São figuras que não têm testemunhas, sendo percebidas apenas em uma mente separada.

3. É através dessas estranhas e sombrias figuras que os insanos se relacionam com o seu mundo insano. Pois eles só vêem aqueles que lhes relembram essas imagens e é com elas que se relacionam. Assim, de fato, se comunicam com aqueles que não estão presentes e são eles que lhes respondem. E ninguém ouve a resposta dada por eles a não ser aquele que as invocou e só ele acredita que responderam. A projeção faz a percepção e tu não podes ver além dela.  Atacaste o teu irmão uma e outra vez, porque viste nele a sombra de uma figura do teu mundo privado. E por ser assim, não podes deixar de atacar a ti mesmo em primeiro lugar, pois o que atacas não está nos outros. Sua única realidade está na tua própria mente e ao atacares a outros, estás literalmente atacando o que não existe.

4. Os iludidos podem ser muito destrutivos, pois não reconhecem que condenaram a si mesmos. Não desejam morrer, no entanto, não é sua vontade abandonar a condenação. E assim se separam em seus mundos privados, onde tudo é desordenado e onde o que está dentro aparenta estar fora. No entanto, o que está dentro eles não vêem, pois não são capazes de reconhecer a realidade dos seus irmãos.

5. Tu não tens mais do que duas emoções, mesmo assim, no teu mundo privado, reages a cada uma como se fosse a outra. Pois o amor não pode habitar em um mundo à parte, onde não é reconhecido quando vem. Se vês o teu próprio ódio como se fosse o teu irmão, não o estás vendo. Todos são atraídos pelo que amam e se afastam do que temem. E tu reages ao amor com medo e te afastas dele. No entanto, o medo te atrai e acreditando que é amor, tu o chamas para ti. O teu mundo privado está cheio de figuras de medo que convidaste a entrar e todo o amor que os teus irmãos te oferecem, tu não vês.

6. Quando olhas para o teu mundo com olhos abertos, necessariamente te ocorre que caíste na insanidade. Vês o que não existe e ouves o que não tem som. As tuas manifestações das emoções são o oposto do que são as emoções. Não te comunicas com ninguém e estás tão isolado da realidade como se estivesses sozinho em todo o universo. Na tua loucura deixas de ver completamente a realidade e, para onde quer que olhes, vês apenas a tua própria mente dividida. Deus te chama e tu não ouves, pois estás preocupado com a tua própria voz. E a visão de Cristo não está na tua vista, pois olhas para ti mesmo sozinho.

7. Pequena criança, oferecerias isso ao teu Pai? Pois se o ofereces a ti mesma, o estás oferecendo a Ele. E Ele não te dará isso de volta, pois é indigno de ti porque é indigno Dele.  No entanto, Ele quer liberar-te disso e deixar-te livre. A Resposta sã do teu Pai te diz que o que tens oferecido a ti mesma não é verdadeiro, mas o Seu oferecimento a ti nunca mudou. Tu, que não sabes o que fazes, podes aprender o que é a insanidade e olhar para o que está além dela.  É dado a ti aprender como negar a insanidade e sair do teu mundo privado em paz. Verás tudo o que negaste nos teus irmãos porque o negaste em ti mesma. Pois os amarás e aproximando-te deles os atrairás a ti, percebendo-os como testemunhas da realidade que compartilhas com Deus. Eu estou com eles assim como estou contigo e nós os atrairemos para que saiam de seus mundos privados, pois assim como nós estamos unidos, da mesma forma queremos nos unir a eles. O Pai dá boas-vindas a todos nós com contentamento e contentamento é o que devemos oferecer a Ele.  Pois todo Filho de Deus é dado a ti, a quem Deus deu a Si Mesmo. E é Deus Que tens que oferecer a eles, para reconheceres a Sua dádiva a ti.

8. A visão depende da luz. Não podes ver na escuridão. Apesar disso, na escuridão, no mundo privado do sono, tu vês em sonhos, embora os teus olhos estejam fechados. E é aqui que vês o que tu mesmo fizeste. Mas deixa que as trevas desapareçam e tudo o que fizeste tu não mais verás, pois enxergar isso depende da negação da Visão. Contudo, da negação da visão não decorre que não possas ver. Mas é isso o que a negação faz, pois através dela tu aceitas a insanidade, acreditando que podes fazer um mundo privado e governar a tua própria percepção. Mas, para isso, é necessário que a luz seja excluída. Quando vem a luz, os sonhos desaparecem e podes ver.

9. Não busques a visão através dos teus olhos, pois fizeste um modo de ver para que pudesses ver na escuridão e nisso estás enganado. Além dessa escuridão e ainda dentro de ti, está a visão de Cristo Que olha para tudo na luz. A tua “visão” vem do medo, assim como a Sua vem do amor. E Ele vê para ti, como tua testemunha do mundo real. Ele é a manifestação do Espírito Santo, olhando sempre para o mundo real, invocando as suas testemunhas e atraindo-as a ti. Ele ama o que vê dentro de ti e quer estendê-lo. E Ele não voltará para o Pai enquanto não tiver estendido a tua percepção até o Pai. E lá, já não há mais percepção, pois Ele o terá levado de volta ao Pai junto com Ele.

10. Tens apenas duas emoções, uma feita por ti e outra que te foi dada. Cada uma é um modo de ver e mundos diferentes nascem em função de suas óticas diferentes. Vê através da visão que te é dada, pois através da visão de Cristo, Ele contempla a Si mesmo. E vendo o que Ele é, Ele conhece o Seu Pai. Além dos teus sonhos mais escuros, Ele vê o Filho de Deus sem culpa dentro de ti, brilhando na radiância perfeita que não é atenuada pelos teus sonhos.  E isso tu verás na medida em que olhares com Ele, pois a Sua visão é a Sua dádiva de amor a ti, dada a Ele pelo Pai para ti.

11. O Espírito Santo é a luz na qual Cristo está revelado. E todos aqueles que querem contemplá-Lo podem vê-Lo, pois pediram luz.  E não O verão sozinhos, pois Ele não é sozinho assim como eles também não o São. Porque viram o Filho, ressuscitaram Nele para o Pai. E tudo isso eles compreenderão porque olharam para dentro e viram, além da escuridão, o Cristo presente neles e O reconheceram. Na sanidade da Sua visão, eles olharam para si próprios com amor, vendo-se como o Espírito Santo os vê. E com essa visão da verdade em si mesmos, veio toda a beleza do mundo para brilhar sobre eles.

 

 

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