Capítulo 9 – A ACEITAÇÃO DA EXPIAÇÃO
V. O curador não-curado
1. O plano do ego para o perdão é muito mais usado do que o de Deus. Isso é assim porque é empreendido por curadores não-curados e é, portanto, do ego. Vamos considerar agora, com mais detalhes, o curador não-curado. Por definição, ele está tentando dar o que não recebeu. Se é um teólogo, por exemplo, ele pode partir da premissa “Eu sou um miserável pecador, assim como tu.” Se é um psicoterapeuta, é mais provável que parta da crença igualmente inacreditável em que o ataque é real para ambos, ele próprio e o paciente, mas que não importa para nenhum dos dois.
2. Eu disse repetidamente que as crenças do ego não podem ser compartilhadas e por isso são irreais. Como é possível, então, que descobri-las possa fazer com que sejam reais? Todo curador que procura fantasias para que venham a ser a verdade necessariamente não está curado, porque não sabe onde procurar a verdade e, por conseguinte não tem a resposta para o problema da cura.
3. Há uma vantagem em trazer à consciência os pesadelos, mas somente para ensinar que eles não são reais e que qualquer coisa que contenham não tem significado. O curador não-curado não pode fazer isso porque não acredita nisso. Todos os curadores não-curados têm que seguir o plano do ego para o perdão de uma forma ou de outra. Se são teólogos, provavelmente condenam a si mesmos, ensinam a condenação e advogam uma solução amedrontadora. Projetando a condenação sobre Deus, eles O fazem parecer vingativo e têm medo da Sua punição. O que fizeram foi apenas identificar-se com o ego e ao perceber o que ele faz, condenam a si mesmos devido a essa confusão. É compreensível que tenha havido revoltas contra esse conceito, mas revoltar-se contra ele ainda é acreditar nele.
4. Algumas das formas mais novas do plano do ego são tão inúteis quanto as antigas, porque a forma não importa e o conteúdo não foi mudado. Em uma das formas mais novas, por exemplo, um psicoterapeuta pode interpretar os símbolos do ego em um pesadelo e então usá-los para provar que o pesadelo é real. Tendo feito com que seja real, ele então tenta desfazer os seus efeitos, depreciando a importância do sonhador. Esse seria um enfoque de cura se o sonhador também fosse identificado como irreal. Entretanto, se o sonhador é equiparado à mente, o poder corretivo da mente através do Espírito Santo é negado. Isso é uma contradição mesmo nos termos do ego, contradição essa que até o ego, na sua confusão, usualmente nota.
5. Se o caminho para neutralizar o medo é reduzir a importância da mente, como pode isso construir a força do ego? Tais inconsistências evidentes são a razão por que ninguém realmente explicou o que acontece na psicoterapia. Nada realmente acontece. Nada de real aconteceu com o curador não-curado e ele tem que aprender com o seu próprio ensino. Seu ego sempre buscará ganhar alguma coisa da situação. O curador não-curado, portanto, não sabe como dar e conseqüentemente não pode compartilhar. Ele não pode corrigir porque não está trabalhando de modo a corrigir. Acredita que depende dele ensinar ao paciente o que é real, embora ele próprio não o saiba.
6. O que deveria acontecer então? Quando Deus disse “Haja luz,” houve luz. É possível achares a luz analisando a escuridão, como faz o psicoterapeuta, ou como o teólogo, reconhecendo a escuridão em ti mesmo e procurando uma luz distante para removê-la, enfatizando a distância durante todo o tempo? A cura não é misteriosa. Nada vai mudar a não ser que seja compreendido, já que a luz é compreensão. Um “miserável pecador” não pode ser curado sem mágica e nem pode uma “mente sem importância” estimar-se sem mágica.
7. Assim sendo, ambas as formas de abordagem do ego têm, necessariamente, que desembocar em um impasse: a característica “situação impossível” à qual o ego sempre conduz. É possível ajudar alguém apontando a direção que ele está seguindo, mas o sentido se perde, a menos que ele também seja ajudado a mudar de direção. O curador não-curado não pode fazer isso para ele, pois não pode fazê-lo para si. A única contribuição significativa que o curador pode fazer é apresentar um exemplo de alguém cuja direção foi mudada para ele e que não mais acredite em pesadelos de espécie alguma. A luz na mente dele irá então responder ao questionados, que tem que decidir com Deus que existe luz porque ele a vê. O através do reconhecimento dele, o curador sabe que ela existe. É assim que, em última instância, a percepção é traduzida em conhecimento. O trabalhador de milagres começa percebendo a luz e traduz a sua percepção em certeza por estendê-la continuamente e aceitar o reconhecimento dela. Seus efeitos lhe asseguram que ela existe.
8. Um terapeuta não cura; ele permite que a cura seja. Ele pode apontar a escuridão, mas não pode por si mesmo trazer a luz, pois a luz não é dele. Entretanto, sendo para ele, ela tem que ser também para o seu paciente. O Espírito Santo é o único Terapeuta. Ele faz com que a cura seja clara em qualquer situação na qual Ele seja o Guia. Tu só podes permitir que Ele cumpra a Sua função. Ele não precisa de ajuda para isso. Ele dir-te-á exatamente o que fazer para ajudar qualquer pessoa que Ele te envie em busca de ajuda e falará a ela através de ti, se não interferires. Lembra-te de que escolhes o guia para ajudar e a escolha errada não ajudará. Mas, lembra-te também de que a escolha certa vai ajudar. Confia Nele pois ajudar é a Sua função, e Ele é de Deus. 12À medida que despertas outras mentes para o Espírito Santo através Dele e não de ti, vais compreender que não estás obedecendo às leis desse mundo. Mas as leis que estás obedecendo funcionam. “Bom é aquilo que funciona” é uma afirmação sólida, porém insuficiente. Só o que é bom pode funcionar. Nenhuma outra coisa funciona em absoluto.
9. Esse curso oferece uma situação de aprendizado muito direta e muito simples e provê o Guia Que te diz o que fazer. Se o fizeres, verás que funciona. Seus resultados são mais convincentes do que as suas palavras. Eles te convencerão de que as palavras são verdadeiras. Seguindo o Guia certo, aprenderás a mais simples de todas as lições:
Por seus frutos os conhecereis, e eles conhecerão a si mesmos.