7. Atma ou Jiva
Procede da Vida Una, eterna e fundamental, sendo a vida que impregna a Mônada dual (Atma-Buddhi), o Espírito vivente bíblico. A Fonte Cósmica de Vida Una, quando embebe o corpo físico, denomina-se Prana e quando embebe nossa alma espiritual (Buddhi) denomina-se Atma. Está unido com a ordem implícita do Universo, com O TODO de infinita paz e infinita alegria. Mohan Chandra Rajneesh – o Osho (1.931-1.990) o chama de Corpo Nirvânico 24:82. Seu reflexo transitório no “eu inferior” é Prana e da mesma forma que este, não pode ser considerado um “corpo”, mas um princípio. Atinge-se a fonte original, aquilo que existia antes da criação e que existirá após a aniquilação.
“Atma é um Princípio Auto-iluminado, Autodeterminado e Auto-suficiente” 90:159.
Igbal Kishen Taimni (1.898-1.978)
É nesse plano que reside a nossa fonte da força da vontade, a verdadeira Vontade Espiritual. Dessa porção do “Eu superior”, a Vontade Espiritual desce aos planos inferiores e se manifesta velada como vontade mental, no plano mental, e desejo, no plano astral. No plano físico-etérico se concentra no terceiro e sexto Chakras. É essa força da vontade que nos dá a certeza da vitória final sobre todas as dificuldades. Uma sensação de poder e segurança que somente é encontrada em personalidades humanas de forte vontade.
Além da nossa Vontade interna, também estão em Atma a nossa Luz interna e a nossa fonte interna de felicidade (Bem-aventurança). Quando decidirmos buscar verdadeiramente essas três coisas, encontra-las-emos em Atma, e não mais em coisas “externas”. Enquanto cabe a Manas superior manifestar a Luz de Atma na personalidade e a Buddhi manifestar a Bem-aventurança de Atma, é o próprio Atma que exerce o poder da Vontade espiritual na persona.
Atma é o TODO universal, o princípio divino que se torna o “EU superior” do homem em conjunto com Buddhi, seu veículo, o qual O liga ao homem divino que é Manas superior, o corpo causal. Esses três princípios, considerados princípios superiores, são “aspectos e estados de consciência” do único homem real que é Manas, a consciência corporificada. A combinação de Atma-Buddhi com os mais puros atributos de Manas superior forma a nossa individualidade ou Ego espiritual reencarnante: Amrita em sânscrito (Cf. no Capítulo IV). Já nosso ego pessoal, chamado também de personalidade (Pratyeka em sânscrito), é uma combinação dos quatro princípios inferiores com os outros atributos de Manas superior.
Assim, a personalidade é apenas uma projeção temporária da individualidade, com o fim de aquisição de experiências. Dessa forma a personalidade não evolui, embora se torne mais rica e complexa à medida que a evolução da individualidade progride. As experiências adquiridas pela personalidade servem ao desenvolvimento do pensamento superior, da sabedoria e da Bem-aventurança, metas a serem atingidas pela individualidade. Essa sim, imortal em essência e com características divinas em potência, quer e deve manifestar a sua divindade na Unidade.
Santa Teresa d’Ávila 92 (1.515-1.582), São João da Cruz 87 (1.540-1.591), Madre Teresa de Calcutá 12 (1.910-1.997), os Upanishads, os quacres (cristãos protestantes da Sociedade dos Amigos), os sufis, etc., todos afirmam isso com suas próprias palavras:
“Deus está dentro de mim com uma presença mais íntima do que eu em mim mesma. Nele nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É Ele que dá vida. Se não fosse a Sua presença sustentadora, todas as coisas cessariam de existir e cairiam no nada” 12:44 .
Madre Teresa de Calcutá
“Santas são vossas almas, porque o Espírito Santo nelas habita; santos são vossos corpos, por causa de vossas almas…” 60:47.
São Bernardo de Claraval (1.090-1.153)
monge cisterciense
Deduz-se, assim, a presença de três almas no homem, uma alma espiritual (Buddhi), uma alma humana (Manas) e uma alma animal mortal (Kama), como três aspectos que são somente uma alma (a última some com a morte, da segunda, somente sua essência divina sobrevive, se estiver pura, enquanto a primeira, imortal, torna-se conscientemente divina, através da assimilação de Manas superior). Da mesma forma existiriam três corpos materiais: o corpo físico (Sthula-Sharira), o corpo etérico (Linga-Sharira) e um corpo astral (Kama-Manas), e um corpo espiritual, o corpo causal (Buddhi-Manas), ou Karana-Sharira dos hindus.
Nosso corpo físico, nosso corpo emocional e nosso corpo mental (inferior) são a nossa trindade pessoal: são três e ao mesmo tempo são um. Atma, Buddhi e Manas compõem a nossa trindade divina interna: são três, mas ao mesmo tempo são um. Mais ainda, Atma é também de natureza tríplice (Sat-Chit-Ananda): Luz, Força e Vontade; Sabedoria, Consciência e Beatitude.
Para que toda essa divisão? Para que saber da existência de corpos sutis em nossa constituição? O homem almeja a felicidade e a Bem-aventurança: a sua utopia. O conhecimento da existência de nossos corpos sutis, e de suas funções, nos habilita o controle, desenvolvimento e purificação de nossa vida, com vistas a alcançarmos nossa utopia. Nosso “Eu superior“ está por detrás de todas as nossas ações de busca de nossa utopia.
O primeiro alvo a se controlar, desenvolver e purificar é o corpo físico-etérico, através de cuidados que serão descritos no Capítulo III. Purificar o corpo físico-etérico, e conseqüentemente o nosso cérebro e Chakras, é alterar a nossa freqüência energético-vibracional pessoal. Nos habilita a responder (entrar em harmonia), conscientemente, a vibrações provenientes de nossos corpos mais sutis e, assim, espiritualizando-nos, nos levar ao que almejamos. Depois que o homem desenvolve plenamente seus sentimentos e raciocínio lógico (corpo astral) e começa a elevar o seu pensamento a assuntos abstratos, psicológicos e/ou espirituais, que desenvolvem o corpo causal (mental superior), inicia uma vida nobre e altruísta que estimula o desenvolvimento do corpo intuicional (Buddhi). Esse desenvolvimento nos traz um senso de discernimento ético e de apreciação profunda das verdades espirituais. Nem o maior intelecto (Manas superior) é capaz de fazer qualquer avanço espiritual sem o discernimento e a intuição (Buddhi) despertos.
O desenvolvimento de Buddhi é a mola propulsora ao anseio ao divino. Assim, o homem começa a se interessar por questões existenciais e a buscar algo fora da existência material, aspirando a uma vida mais elevada, como vamos descrever mais adiante.
A descida à matéria, da divindade, é o único meio dela se tornar consciente de seu próprio estado divino.
Cf. também: Alma e Espírito