A Teoria do Tulkuísmo

A TEORIA DO TULKUÍSMO


Artigo publicado no jornal Folha da Tarde
Autor: SBE
Data: desconhecida

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A muitos deve ocorrer uma pergunta que a primeira vista parece não ter resposta: se existe reencarnação, como se justifica que o número de pessoas seja cada vez maior? Ao materialista, àquele que possui um mental técnico-científico, difícil será aceitar a teoria do tulkuismo, por este ser um conceito filosófico e abstrato, impossível de ser comprovado concreta ou objetivamente. 

O termo “tulku” segundo ensinava nosso saudoso mestre Henrique José de Souza, deve ser estudado através da Temura, que consiste na inversão das sílabas de uma palavra, ou anagramaticamente. Assim da palavra tulku obteremos o termo kulto ou kurtur que em alemão significa cultura, e em latim, cultus com o mesmo significado; por conseguinte, tulkuismo é o processo de se transmitir cultura ou sabedoria (mental psíquica ou moral) de fora para dentro, de um ser superior por um ser inferior. Portanto o aluno é um tulku de seu professor, que lhe transfere seus conhecimentos, e, da mesma forma tudo o que existe na natureza é tulku de algo que lhe é superior: o homem é tulku do Adepto ou Sábio; o animal é tulku de homem, o vegetal é tulku do animal e o mineral é tulku do vegetal.

Podemos também definir tulku como sendo uma sombra ou projeção, nesse mundo, de entidades de categorias imediatamente superior, relacionados aos seu criador por um processo numeral de seriação infinita. O Supremo Arquiteto ou a Consciência Única geradora do universo manifestado, na sua infinita sabedoria, veio criando através dos sistemas de evolução, todos os seres que compõe a vida dentro desse mesmo universo. Assim é que, inicialmente, a Unidade desdobrou-se em Sete partes do Todo, e cada uma destas Sete partes do Todo, por sua vez, em mais sete e assim sucessivamente, constituindo uma imensa árvore em que todos os galhos e ramificações prendem-se uns aos outros e finalmente ao tronco Central que é essa própria Consciência Una, que flui desde o maior dos Seres por ela criado até a mais ínfima partícula. Essa imensa árvore universal é a Árvore da Vida e corresponde à todas as árvores das diversas tradições. Com isso podemos dizer que, tulkuismo é a seqüência da consciência já que o conjunto dos tulkus representa o Uno ou a Consciência que os criou. Da mesma forma, o Cristo, o Buda, e tantos outros Avataras ou Iluminados, ao deixarem seus ensinamentos aos seus discípulos, estavam fazendo deles seus tulkus diretos ou seus representantes, para darem seqüência às Suas Obras grandiosas – ou seja, os discípulos seriam a continuidade de suas consciências e teriam a missão de levar ao mundo as Suas palavras. Mas, infelizmente, acontece que quando o Mestre se retira eles caem degradação e posterior adulteração até chegarem ao mito e conseqüente misticismo religioso. Os seres que receberam o conhecimento da boca do Mestre são seu tulkus diretos, que por sua vez, podem criar novos tulkus em seriação infinita. 

De outra forma tulku também é um ser criado quase sempre por processos mágicos, pelo poder da mente do Adepto ou Avatara, com a finalidade de cumprir determinada missão no mundo, a favor da evolução.

Do ponto de vista comum, Ísis sem Véu foi escrita por H. P. B.; porém do ponto de vista oculto, esta notável obra contou com a colaboração de muitos iniciados ou Adeptos da Irmandade Oculta. “Trechos desta obra foram escritos pela mente consciente comum da Autora reconhecida, outras foram ditadas a ela por um ou outro iniciado, para quem ela serviu como uma amanuense, com linhas de comunicação clarividente. Outras partes, ainda, dos manuscritos, foram escritas quando um ou outro desses iniciados dominavam temporariamente a sua forma exterior e a usavam. E há outras, também, que se precipitaram para ela, em sua própria caligrafia, quando estava adormecida.”

“Em nenhum momento, contudo, houve qualquer mediunidade comum envolvida no processo, e nem era este de maneira alguma semelhante à escrita automática.”

É necessário o leitor entender a doutrina do Budismo Tibetano chamada de Tulku. “O termo, numa de suas aplicações, designa a condição em que um iniciado fiel ou ocultista superior envia uma parte de sua consciência para corporificar, por um período de tempo curto ou longo, num mensageiro-neófito que aquele iniciado envia ao mundo exterior para cumprir uma tarefa ou para ensinar. O mensageiro age como um transmissor do poderes espirituais e divinos do iniciado. H. P. B. atuou freqüentemente durante toda a sua carreira pública como um Tulku temporário de um ou outro iniciado.” Essa doutrina está intimamente ligada a doutrina dos avataras.

Note-se que a mediunidade comum, praticada nos círculos espiritas, está no lado oposto da condição de Tulku. Enquanto a mediunidade é ligada a várias condições de transe, ou cessação ou perda temporária de consciência pessoal. Na condição de Tulku não existe a perda da consciência pessoal ficando o agente com conhecimento definitivo e completo do ocorrido.

Para compreender a situação, o estudioso deve ter em mente a doutrina do Tulku, um termo técnico tibetano que é um dos mais abrangentes e misticamente significativos em todo o rol das palavras mais importantes usadas pelo Budismo tibetano. O termo, numa das suas aplicações, designa a condição em que um iniciado fiei ou ocultista superior envia uma parte da sua consciência para corporificar, por um período de tempo curto ou longo, num mensageiro-neófito que aquele iniciado envia ao mundo exterior para cumprir uma tarefa ou para ensinar. O mensageiro age como um transmissor dos poderes espirituais e divinos do iniciado. H. P. Blavatsky atuou freqüentemente durante toda a sua carreira pública como o tulku temporário de um ou outro iniciado. Essa transferência de consciência de um ocultista para a constituição de um outro é também conhecida no esoterismo tibetano pelo termo hpho-wa e é um fato muito mais comum no Oriente.

A doutrina do Tulku está intimamente ligada à doutrina dos avatâras, de que existem muitos tipos distintos.

A mediunidade comum, tão proeminente nos círculos espiritistas modernos, e conhecida por outros nomes durante toda a história da raça humana, está no pólo oposto da condição do tulku. A mediunidade está intimamente ligada a várias condições de transe, ou cessação ou perda temporária de consciência pessoal. O tulku é desempenhado sem perda da consciência pessoal e com conhecimento definido e completo do que está ocorrendo. Os fenômenos executados pelos médiuns comuns são completados também durante a condição de transe e sem lembrança posterior do que tenha ocorrido, ou fora de transe, mas sem controle ou sem conhecimento específico do que ocorreu.

Na condição de tulku, todavia, o ocultista mantém sempre a sua percepção autoconsciente e simplesmente empresta o seu organismo astrofísico para o uso temporário de urna outra consciência superior, por consentimento mútuo. O médium comum geralmente age sob a influência de vários tipos de entidades exumadas e elementais dos sub-planos inferiores do mundo astral, enquanto o ocultista transmite o poder, o conhecimento e a influência de homens vivos que aprenderam por meio de árduo treinamento oculto como se retirar temporariamente de suas próprias constituições exteriores e penetrar em outras para o desempenho de uma tarefa específica.

Um médium comum nunca pode esperar tornar se um ocultista a menos que consiga um controle completo e definitivo sobre as suas tendências rnediúnicas, que são psíquico-patológicas e desordenadas, e mantenha toda a sua constituição astrofísica sob o domínio da sua vontade espiritual.

Como tantos outros ocultistas muito conhecidos, H. P. Blavatsky possuía fortes tendências mediúnicas nos primeiros anos da sua vida, mas elas foram transmutadas e controladas, por meio de severo treinamento oculto sob orientação de seu Mestre. Ela escreveu:

 

“Eu conhecia e conversava com muitos 'John King' em minha vida – um nome genérico para mais de um espectro -, mas graças ao céu nunca foi 'controlada' por um! Minha mediunidade foi aniquilada em mim há um quarto de século ou mais; e eu desafio em voz alta todos os 'espíritos' do Kâmaloka a se aproximarem – não queriam me controlar agora(…)

“Não tenha medo, que não estou fora de mim. Tudo o que posso dizer é que alguém realmente me inspira – (…) mais que isso: alguém entra em mim. Não sou eu quem fala e escreve: é algo dentro de mim, meu Eu superior e luminoso, que pensa e escreve por mim. Não me pergunte, minha amiga, o que sinto, porque não posso explicá-lo claramente. Eu não me conheço! A única coisa que sei é que agora, quando estou perto de chegar à velhice, tornei-me uma espécie de armazém do conhecimento de outro – (…). Alguém vem e me cerca como uma nuvem indistinta e de repente me empurra para fora de mim e então não sou mais 'eu' – Helena Petrovna Blavatsky – mas outro alguém. Alguém forte e poderoso, nascido numa região do mundo totalmente diferente; e, quanto a mim, é quase como se eu estivesse adormecida, ou deitada e não inteiramente consciente – não em meu próprio corpo, mas perto, presa apenas por um fio que me amarra a ele. Todavia, às vezes vejo e ouço tudo de modo bastante claro: estou perfeitamente consciente do que meu corpo está dizendo e fazendo – ou pelo menos o seu novo possuidor. Eu até entendo e me lembro tão bem que depois posso repetir e mesmo escrever as suas palavras (…). Nessas ocasiões vejo admiração e temor nas faces de Olcott e dos outros, e sigo com interesse a maneira pela qual Ele meio compassivamente os observa com meus próprios olhos e os ensina com minha língua física. Não com a minha mente, mas com a sua própria, que envolve o meu cérebro como uma nuvem (…). Ah, mas na verdade eu não posso explicar tudo.”

 

Em outra carta da mesma época, escrita à sua família, respigamos o seguinte:

 

“Palavra de honra, eu mal entendo por que você e as pessoas em geral fazem tanto barulho a respeito dos meus escritos – sejam russos ou ingleses! Juro, durante os longos anos de minha ausência de casa, eu estudei constantemente e aprendi certas coisas. Mas quando eu escrevi Ísis, eu a escrevi tão facilmente, que não foi de fato nenhum trabalho, mas um real prazer. Por que deveria eu ser elogiada por isto? Quando me dizem que escreva, sento-me e obedeço, e então posso escrever facilmente sobre quase tudo: Metafísica, Psicologia, Filosofia, religiões antigas, Zoologia, ciências naturais – e não sei que mais. Eu nunca me perguntei: 'eu posso escrever sobre esse assunto? (…)' ou 'estou à altura da tarefa?', mas eu simplesmente me sento e escrevo. Por quê? Porque o que sabe tudo me dita (…). Meu MESTRE, e ocasionalmente outros que conheci anos atrás em minhas viagens (…). Por favor, não imagine que perdi os sentidos. Eu já fiz uma insinuação a você sobre Eles antes (…) e eu lhe digo francamente que quando escrevo sobre um assunto de que conheço pouco ou nada, eu me dirijo a Eles, e um d'Eles me inspira, isto é, ele me permite simplesmente copiar o que escrevo dos manuscritos, e até de material impresso que passa diante dos meus-olhos, no ar (…) Foi o conhecimento de Sua proteção e a fé em Seu poder que me capacitaram a me tornar tão forte mental e espiritualmente (…) e mesmo Ele (o Mestre) nem sempre é solicitado; pois, durante sua ausência em qualquer outra ocupação, ele desperta em mim o seu substituto em conhecimento (…). Nestas ocasiões, não sou mais eu quem escreve, mas o meu ego interior, meu 'Ego luminoso', que pensa e escreve por mim. Veja só. É possível que em poucos anos eu possa ter-me tomado tão culta a ponto de escrever sem hesitação página após página de Ísis, com todas as suas citações verbatim de livros, e inúmeras referências a eles, que jamais vi, nem sequer poderia ter visto? Então toda essa correria atrás de mim de repórteres e jornalistas, e de editores russos atrás dos meus artigos (…). Qual é a causa disso? (…) De onde vem todo esse conhecimento? (…).

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