Budismo Essencial

A Arte de Viver o Dia-a-Dia


 A Honestidade

A honestidade é uma das principais qualidades da integridade humana e todas as religiões nos ensinam a ser honestos, como nos Dez Mandamentos cristãos (“Não Mentirás”) e nos Cinco Preceitos Budistas (“Não digas uma palavra que não seja verdadeira”). A honestidade é o princípio fundamental da lei ética, e diz o provérbio que “A honestidade é a melhor política”.



Perguntaram-me, outro dia, sobre a honestidade, em especial no budismo. Por isso, eu gostaria de escrever um ensaio sobre a honestidade e compartilhar o ensinamento.O constante hábito de enganar os outros dizendo inverdades também leva à emergência de uma personalidade fendida mesmo quando o indivíduo consegue ocultá-la . Essa condição impele à esquizofrenia incipiente. A constante trapaça com a inverdade aos poucos torna a pessoa insegura em relação àquilo em que deve confiar. O que por sua vez leva à personalidade clivada, bem como à falta de autoconfiança em momentos decisivos.Pode-se tentar enganar os outros tomando um fragmento de inverdade como verdadeiro. Mas ninguém desejará basear sua conduta naquilo que sabe ser um pedaço de mentira, isto é, ajustar-se àquilo que sabe ser uma inverdade. Essa condição investe o indivíduo da responsabilidade de decifrar ou verificar a verdade -desde que sua percepção da verdade afete o seu comportamento.

Levando-se em conta que a verdade é a “Lei do nosso Ser”, e dado que o homem, diferentemente dos outros animais, tem a capacidade de conhecer essa lei, ele deve a si próprio a sua conscientização. É seu dever descobri-Ia ou compreendê-la. A vida do ser humano só tem significado se for uma busca do conhecimento dessa lei e de viver e evoluir de acordo com ela.

A honestidade, em geral, aplica-se ao relacionamento entre as pessoas. Isso equivale a dizer que devemos ser honestos com nossos pais e amigos. Diz-se que uma pessoa é honesta quando ela não mente para os outros nem para a sociedade. O indivíduo é legalmente punido por ser desonesto. Vemos, assim, que a honestidade é um fator muito importante na educação social. Ensinam-nos a ser honestos desde o momento em que somos capazes de falar e de compreender; e este é o alicerce da vida social.

Em termos de religião, a honestidade está implícita na nossa própria vida. É mais importante ser honesto consigo mesmo do que ser honesto com os outros. A honestidade é bastante subjetiva em termos de religião, se comparada ao seu sentido objetivo na ética. Há muitas pessoas que mentem para si mesmas e depois padecem de distúrbios internos. É fácil mentir para os outros, mas ninguém consegue realmente enganar a si mesmo. A pessoa mente para encobrir um incidente qualquer e assim safar-se. Muitos assumem uma fachada falsa – através da mentira – para ganhar dinheiro, poder ou prestígio. Uma pessoa pode enganar os outros facilmente, mas não consegue iludir a si mesma. Ela sabe que não está sendo honesta consigo mesma. A desonestidade para consigo mesmo é causa de distúrbios na vida interior, e é causa de infelicidade e neurose.

Existem muitos aduladores e muitas pessoas que assumem uma fachada falsa vivendo vidas duplas, porém eu prefiro ser logrado, mas feliz, ser pobre, mas honesto, do que enganar os outros visando ganhar alguma coisa. Sinto uma imensa paz e alegria sendo honesto comigo mesmo. Na verdade, a honestidade é um problema que diz respeito a nós mesmos, não um problema relacionado com os outros.

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