Caminhos do Despertar

 

                          “Não corras, não tenhas pressa. Aonde tens que ir é só a ti.”

                                                           Jimenez

 

O Projeto Holopráxis tem a sua origem na pré-história da Unipaz e do CIT. O I Congresso Holístico Internacional – I CHI, que tive a honra de coordenar, ocorreu em março de 1.987, em Brasília. Foi um verdadeiro congresso iniciático, respondendo, efetivamente, ao documento histórico, Declaração de Veneza (1.986), da Unesco, que afirmava ter a ciência chegada aos seus próprios confins, conclamando o imediato e imprescindível diálogo da mesma com outras formas de conhecimento, através da abordagem transdiciplinar da realidade. Foi com este texto numa mão e, na outra, com a Carta Magna da Universidade Holística, escrita também em 1.986, por Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Monique-Thoenig, em Paris, que idealizamos e realizamos o nosso congresso, que terá a sua décima versão em setembro próximo, na cidade de Campinas, dezoito anos depois…

A grande novidade deste evento foi a sua metodologia, que incluia duas propostas convergentes e complementares: a holologia e a holopráxis. A primeira consiste na via analítica e acumulativa, do estudo, pesquisa, experimentação e reflexão crítica, acerca do novo paradigma transdisciplinar holístico. A holopráxis representa a via sintética e apofática, ou seja, de esvaziamento, dos caminhos do despertar, tecnologias de transmutação consciencial oferecidas pelas tradições sapienciais, do Ocidente e do Oriente. 

Como sempre afirmava Gurdjieff, a compreensão é possível apenas através da integração da dimensão do saber com a esfera do Ser. 

Portanto, ao lado das conferências, palestras e trocas de conhecimento dos diversos simpósios, o I CHI propunha diversos laboratórios experienciais de holopráxis, através do Zen, das Yogas do Hinduísmo, do Hesicasmo cristão, das práticas do Sufismo, das artes Xamanísticas, entre outras. Iniciávamos nossas manhãs fazendo Tai-Chi-Chuan, com o Mestre Pai Lin, a céu aberto, do lado de fora do Centro de Convenções. 

No seio do I CHI foi gerado outro documento ímpar, a Carta de Brasília, reafirmando a relação entre o ser humano e o universo, entre a parte e o todo, enfatizando as consequências concretas da descoberta da complementaridade entre as ciências modernas e as Tradições de sabedoria, que afirma em seu terceiro parágrafo: Uma nova civilização está nascendo, uma mutação de consciência está em curso. Ela se traduz pelo progressivo reconhecimento mundial da visão holística, que estabelece pontes sobre todas as fronteiras do conhecimento humano, resgatando o amor essencial como base de veiculação entre todos os viventes. 

Na sessão de encerramento, o Governador José Aparecido lançou o inusitado desafio: Este congresso não pode acabar; vamos criar uma Universidade Holística! 

Assim, surgiu a Unipaz, como um desdobramento inexorável deste evento memorável. Com esta característica única e marcante, com relação às universidades convencionais: todos os nossos programas e projetos são fundamentados nesta via dupla: a cognitiva e a ontológica, a dimensão do conhecer e a do Ser, o fio-terra da análise e as asas da síntese: holologia e holopráxis. 

Do exercício conjunto e sinergético destas duas vias, surge uma terceira inteligência, que contêm e supera ambas: a inteligência da metáfora do corpo caloso, ponte dinâmica entre os dois hemisférios cerebrais, o esquerdo masculino, das funções psíquicas da razão e sensação e o direito feminino, do coração e intuição. A simbólica do Chifre do Unicórnio indica esta inteligência da Trindade, o Tao da Inteireza. 

Como o paradigma do racionalismo científico nos modelou apenas para o exercício analítico, a holopráxis segue sendo o imenso desafio dos Mutantes da Nova Consciência: transcender este cenário insustentável da hipertrofia do conhecimento objetivo e atrofia da consciência subjetiva, da interioridade de onde jorram as águas vivas do Amor e do Serviço, viço do Ser.

Em marcha!

 

 

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