A Arte do Pequeno e do Devagar

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A idéia do Holopráxis, como em quase tudo o que quisermos que seja novo, criativo e ao mesmo  tempo durável, é começar devagar, começar pequeno, criando um padrão vibratório que possa ser generalizado, mais adiante, quando consolidado. Tudo que será grande um dia deve começar em pequena escala, modestamente.  E também deve terminar modestamente na hora certa. E deve preservar a modéstia quando estiver no auge. A modéstia é de fato a marca da grandeza.

Carlos (e-grupo holopraxis 24/06/05)

 

 

A perseverança é favorável. Pequenas coisas podem ser realizadas, grandes coisas não devem ser feitas. O pássaro, voando, traz a mensagem:não é aconselhável o esforço em direção ao alto, é aconselhável permanecer embaixo.

 

O World Trade Center começou com uma escavadeira fazendo um buraco em direção ao escondido, ao que estava sob a terra, debaixo da areia, para ali fincar o concreto de um profundo alicerce, como as raízes do lótus no profundo lamaçal. Saber fincar bases naquilo que já é, é uma arte. Não se limpa a areia onde se vai cavar nem a lama onde se vai plantar o lótus. O terreno já existe e é o nosso terreno. A hora é agora e não depois.

E o “agora” se faz de seqüenciais “agoras”, um após o outro. Toda a criação é descontínua, todo o Universo aparece e desaparece, mas num intervalo tão pequeno que parece ser contínuo. A luz é descontínua, o pensamento é descontínuo, etc. etc. etc.. É muito oportuna a citação da Patrícia, feita em 22/07/05 no e-grupo holopraxis:

 

“A estrada do Yoga é longa, cada palmo de chão tem que ser ganho com muita resistência, e nenhuma qualidade é mais necessária para o aprendiz do que paciência e uma perseverança inflexivelmente decidida, com uma fé que se mantém firme através de todas as dificuldades, atrasos e aparentes falhas.”

 

Viver esse “descontínuo agora” é uma arte: a arte do guerreiro. E nessa arte, o guerreiro usa a sua arma, sua espada, aquela que o possibilita discernir, distinguir o que é real do que é ilusório: o que é necessário para o agora e o que é uma necessidade desnecessária. Viveka em sânscrito. Segundo disse Aveline (e-grupo holopraxis em 16/09/05):

 

“Viveka e Vairagya são vistas como inseparáveis. Viveka, discernimento, surge de Vairagya, desapego, e  de Virya, a  determinação implacável de ir adiante na busca do real. É claro que há algumas dezenas de palavras-chave…”

 

Virya, segundo Vera Lucy (e-grupo holopraxis em 17/08/05) está “na disciplina; olhar-enfrentar os incômodos, os obstáculos, os conflitos, as crises… com coragem e amorosidade. Estar atento. Abrir-se. Cuidar. Escutar. Respirar.  Compartilhar. Amar. Alegrar. Tudo isso me faz pensar que estamos no caminho certo… num bom caminho… Me chama a atenção o trecho ‘… é importante que essas qualidades não se transformem em formalismo vazio…’  tudo vale a pena quando a alma não é pequena…“.

 

Desenvolver Viveka passa por desenvolver a intuição, aquela nossa vozinha interior que diz o que é certo e o que errado, mas que quase nunca ouvimos devido ao nosso barulho interno e externo. É a espada do discernimento que corta e separa o certo do errado, o real do irreal. A arma contra a ignorância (avidya em sânscrito). E essa espada deve estar pronta para ser usada a todo momento em que se fizer necessária: a arte wu-wei taoísta (o agir sem agir – a “não-ação”).

Daí a importância do devagar e do pequeno. O devagar nasce da percepção de que todas as coisas acontecem em seu momento certo e o pequeno nasce da percepção de que a grandiosidade do “agora” está no pequeno que lhe ocupa. O filme contínuo de nossa vida é construído de pequenos e descontínuos “agoras”:

 

“Crescendo devagar, coisa que considero importante, fazendo todas as coisas devagar, teremos tempo de analisar cada passo.  Fica difícil diferenciar crescimento muito rápido de mero inchaço. Por isso um lema nosso é ‘sem pressa, e sem preguiça’. Árvores centenárias crescem devagar. Sábios não têm pressa”.

Carlos Aveline (e-grupo holopraxis em 23/06/05)

 

“Espero que o nosso projeto de investigação da arte de viver possa evoluir, e calmamente, assim como crescem as mudas de árvores “.

Carlos Aveline (e-grupo holopraxis em 23/07/05)

 

Mas o que fazer no dia-a-dia, quando tudo á nossa volta parece estar dando errado:

 

“O que fazer??? Com TUDO que desmorona, quaaando tudo desmorona… na minha casa, no meu trabalho, chegando ao país e ao mundo… O que fazer neste momento de crise, em que tudo ou quase tudo parece está ‘estragando’, apodrecendo, ruindo…? A resposta que me veio por enquanto foi a seguinte: cuidar da parte que me cabe neste mundo da melhor maneira possível… fazer um trabalho bem feito a cada momento, com cuidado, com respeito, com atenção, com uma
ética… Cuidar desse pequeno espaço que diz respeito a mim… numa escala menor ou maior. Me lembro daquela afirmação  … menos é mais… me parece que agora só posso cuidar do que é pequeno”.

Vera Lucy (e-grupo holopraxis em 11/08/05)

 

“É necessário que se compreendam as exigências do momento para que se possa encontrar a adequada solução para as carências e danos que um tal período implica.” Uma frase de Aveline é muito profunda e nos leva à reflexão sobre o “agora”, o pequeno:

 

“O pequeno, o desconhecido,o aparentemente insignificante, o aparente nada, o silêncio, a arte de ser ninguém, é aí que ocorre a iluminação — que nada tem a ver com os fogos de artifício da mente superficial”.

Carlos Aveline (e-grupo holopraxis em 11/08/05)

 

“Pequenas coisas podem ser realizadas…”. Segundo Vera (e-grupo holopraxis em 17/08/05):

 

– a conversa, troca, diálogo;

– o pensar antes de partir para ação;

– meditar… (parece uma heresia dizer que meditar é cuidar do que é Pequeno…)

– cuidar dos copos;

– estar presente a cada segundo, inspiração, expiração, silêncio, vazio, palavra, batida do coração;

– olhar para o nosso “ser pequeno” – “ser inferior”;

– caminhar com a D. Antonia e caminhar sem a D. Antonia;

– olhar nossos fracassos;

– não planejar muito – olhar qual será o próximo passo ao invés do “caminho inteiro”;

– quando cuidamos da semente, da terra e da amorosidade, a Vida Nova se faz naturalmente… (?)

 

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