Criar versus Auto-imagem

Capítulo 3 – A PERCEPÇÃO INOCENTE

VII. Criar versus auto-imagem

1. Cada sistema de pensamento tem de ter um ponto de partida. Começa com um ato de fazer ou de criar, uma diferença que já discutimos. A diferença entre eles está no seu poder como fundamentos; a sua diferença está no que se baseia neles. Ambos são pedras angulares para os sistemas de crença pelos quais se vive. É um equívoco acreditar que um sistema de pensamento baseado em mentiras é fraco. Nada do que tenha sido feito por uma criança de Deus deixa de ter poder. É essencial reconhecer isto porque, de outra forma, não serás capaz de escapar da prisão que tu mesmo fizeste.

2. Tu não podes resolver o problema da autoridade desprezando o poder da tua mente. Fazê-lo é enganar-te e isso ferir-te-á porque realmente compreendes a força da mente. Também reconheces que não podes enfraquecê-la, nem mais nem menos do que podes enfraquecer Deus. O «diabo» é um conceito assustador porque parece ser extremamente poderoso e extremamente ativo. Ele é percebido como uma força em combate contra Deus, guerreando com Ele pela posse das suas Criações. O diabo engana com mentiras e constrói reinos nos quais tudo está em direta oposição a Deus. No entanto, atrai os homens em vez de lhes causar aversão, ao ponto de estarem dispostos a «vender-lhe» as suas almas em troca de dádivas sem valor real. Isso, absolutamente, não faz nenhum sentido.

3. Já discutimos anteriormente a queda e a separação, mas o significado disso tem de ser compreendido de forma clara. A separação é um sistema de pensamento bastante real no tempo, embora não na eternidade. Todas as crenças são reais para aquele que acredita. O fruto de apenas uma árvore foi «proibido» no jardim simbólico. Mas Deus não poderia tê-lo proibido ou não teria sido comido. Se Deus conhece as suas crianças – e asseguro-te de que Ele as conhece – tê-las-ia posto numa posição na qual a própria destruição delas seria possível? A «árvore proibida» foi chamada «árvore do conhecimento». No entanto, Deus criou o conhecimento e deu-o livremente às Suas criações. O simbolismo aqui tem recebido muitas interpretações, mas podes ter a certeza de que qualquer interpretação que veja Deus ou Suas criações como se fossem capazes de destruir o Seu próprio propósito é um erro.

4. Comer o fruto da árvore do conhecimento é uma expressão simbólica para a usurpação da capacidade de se autocriar. Esse é o único sentido no qual Deus e as Suas criações não são co-criadores. A crença em que o sejam está implícita no «autoconceito» ou na tendência do ser para fazer uma imagem de si mesmo. Imagens são percebidas e não conhecidas. O conhecimento não pode enganar, mas a percepção sim. Tu podes perceber-te como se estivesses a criar-te a ti mesmo, porém, não podes fazer mais do que acreditar nisso. Não podes fazer com que isso seja verdadeiro. E, como disse antes, quando finalmente percebes corretamente, só podes contentar-te em não poder. Até então, todavia, a crença em que podes é a pedra fundamental do teu sistema de pensamento e todas as tuas defesas são usadas para atacar as idéias que possam trazê-la à luz. Tu ainda acreditas que és uma imagem da tua própria feitura. A tua mente está dividida em relação ao Espírito Santo quanto a esse ponto e não haverá nenhuma resolução enquanto acreditares na única coisa que é literalmente inconcebível. É por essa razão que não podes criar e estás com muito medo em relação ao que fazes.

5. A mente pode fazer com que a crença na separação seja muito real e muito assustadora, e essa crença é o «diabo». É poderosa, ativa, destrutiva e está em clara oposição a Deus porque, literalmente, nega a Sua Paternidade. Olha para a tua vida e vê o que o diabo tem feito. Mas reconhece que esse feito certamente será dissolvido à luz da verdade, porque o seu fundamento é uma mentira. A tua criação por Deus é o único fundamento que não pode ser abalado, porque a luz está nele. O teu ponto de partida é a verdade e tens de regressar ao teu Começo. Muito já foi visto desde então, mas nada tem realmente acontecido. O teu Ser ainda está em paz, muito embora a tua mente esteja em conflito. Tu ainda não voltaste atrás o suficiente e é por isso que ficas tão assustado. À medida que te aproximas do Começo, sentes o medo da destruição do teu sistema de pensamento sobre ti, como se fosse o medo da morte. Não existe morte, mas existe uma crença na morte.

6. O ramo que não der fruto será cortado e secará. Fica contente! A luz brilhará vinda do verdadeiro Fundamento e o teu próprio sistema de pensamento vai erguer-se, corrigido. Não pode erguer-se de outro modo. Tu, que tens medo da salvação, estás a escolher a morte. Vida e morte, luz e escuridão, conhecimento e percepção são irreconciliáveis. Acreditar que podem ser reconciliados é acreditar que Deus e os Seus Filhos não podem. Só a unicidade do conhecimento está livre de conflito. O teu reino não é deste mundo porque te foi dado de além deste mundo. Apenas neste mundo a idéia de um problema de autoridade é significativa. Não se deixa o mundo pela morte mas sim pela verdade e a verdade pode ser conhecida por todos aqueles para quem o Reino foi criado e pelos quais espera.

 

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