O Filho de Deus sem culpa

Capítulo 13 – O MUNDO SEM CULPA

II. O Filho de Deus sem culpa

1. O propósito final da projeção é sempre livrar-se da culpa. No entanto, caracteristicamente, o ego tenta livrar-se da culpa apenas do seu ponto de vista, pois por mais que o ego queira reter a culpa, tu a consideras intolerável já que a culpa obstrui o caminho da tua lembrança de Deus, Cuja atração é tão forte que não podes resistir. Nessa questão, portanto, é onde ocorre a mais profunda das divisões, pois se tens que reter a culpa, como insiste o ego, não podes ser quem és. Só persuadindo-te de que ele é quem tu és, é que o ego tem possibilidade de induzir-te a projetar a culpa e assim mantê-la em tua mente.

2. No entanto, considera que estranha solução é o arranjo feito pelo ego. Tu projetas a culpa para te veres livre dela, mas de fato estás apenas ocultando-a. Experimentas culpa mas não tens a menor idéia do por quê. Ao contrário, a associas com uma esquisita variedade de “ideais do ego”, nos quais, segundo o ego, tens falhado. Mas, não tens idéia de que estás falhando para com o Filho de Deus por vê-lo culpado. Acreditando que não és mais quem és, não reconheces que estás falhando a ti mesmo.

3. A mais escura das pedras angulares ocultas em ti mantém a tua crença na culpa fora da tua consciência. Pois nesse local escuro e secreto está o reconhecimento de que traíste o Filho de Deus por condená-lo à morte. Tu nem sequer suspeitas de que essa idéia assassina mas insana está escondida lá, pois a necessidade de destruição do ego é tão intensa que nada menos do que a crucificação do Filho de Deus pode, em última instância, satisfazê-la. Ele não conhece quem é o Filho de Deus porque é cego. Entretanto, permite que ele perceba a inculpabilidade em qualquer lugar e ele tentará destruí-la porque tem medo.

4. Grande parte do estranho comportamento do ego é diretamente atribuída à sua definição de culpa. Para o ego, os que não têm culpa são culpados. Aqueles que não atacam são os seus “inimigos” porque, ao não valorizarem a sua interpretação da salvação, estão em excelente posição para abandoná-la. Eles chegaram perto da pedra angular mais escura e profunda no fundamento do ego e embora o ego possa suportar que questiones tudo o mais, esse único segredo ele guarda com a própria vida, pois a sua existência depende da manutenção disso. Assim sendo, é para esse segredo que temos que olhar, pois o ego não pode proteger-te contra a verdade e na sua presença o ego é dissipado.

5. Na calma luz da verdade, vamos reconhecer que acreditas que crucificaste o Filho de Deus. Não admitiste esse “terrível” segredo porque ainda desejarias crucificá-lo se pudesses achá-lo. No entanto, esse desejo o escondeu de ti, porque é um desejo muito amedrontador e, por conseguinte, tens medo de encontrá-lo. Tens lidado com esse desejo de matar a ti mesmo não sabendo quem és tu e identificando-te com alguma outra coisa.  Projetaste a culpa cegamente e indiscriminadamente, mas não descobriste a sua fonte. Pois o ego, de fato, quer matar-te e se tu te identificares com ele, não podes deixar de acreditar que a sua meta é a tua.

6. Eu tenho dito que a crucificação é o símbolo do ego. Quando ele foi confrontado com a real inculpabilidade do Filho de Deus, tentou matá-lo e a razão que deu foi a de que a inculpabilidade é uma blasfêmia para com Deus. Para o ego, o ego é Deus e a inculpabilidade tem que ser interpretada como a culpa máxima que justifica inteiramente o assassinato. Tu ainda não compreendes que qualquer medo que possas experimentar em relação a esse curso, em última instância, brota dessa interpretação, mas se considerares as tuas reações a ela virás a estar cada vez mais convencido de que é assim.

7. Esse curso declarou explicitamente que a sua meta para ti é a felicidade e a paz. No entanto, tens medo dele. Já te foi dito muitas e muitas vezes que ele vai libertar-te, mas às vezes reages como se ele estivesse tentando aprisionar-te. Freqüentemente o descartas com maior prontidão do que descartas o sistema de pensamento do ego. Assim sendo, até um certo ponto, tens que acreditar que, por não aprenderes o curso, estás protegendo a ti mesmo. E não reconheces que é apenas a tua inculpabilidade que pode proteger-te.

8. A Expiação foi sempre interpretada como a liberação da culpa e isso está correto se for compreendido. Entretanto, mesmo quando eu a interpreto para ti, és capaz de rejeitá-la e não aceitá-la para ti mesmo. Talvez tenhas reconhecido a futilidade do ego e dos oferecimentos que ele te faz, mas apesar de não os quereres, podes ainda não considerar a alternativa com contentamento. No fundo, tens medo da redenção e acreditas que ela vai matar-te. Não cometas nenhum equívoco em relação à profundidade desse medo. Pois acreditas que, na presença da verdade, poderias voltar-te contra ti mesmo e destruir-te.

9. Pequena criança, isso não é assim. O segredo da tua culpa não é nada e se apenas o trouxeres à luz, a Luz o dissipará. Então, nenhuma nuvem escura permanecerá entre tu e a lembrança do teu Pai, pois irás lembrar do Seu Filho sem culpa que não morreu porque é imortal. E verás que foste redimida com ele e nunca estiveste separada dele. Nesta compreensão está a tua lembrança pois é o reconhecimento do amor sem medo. Haverá grande júbilo no Céu quando voltares à casa e o júbilo será teu. Pois o filho redimido do homem é o Filho de Deus sem culpa e reconhecê-lo é a tua redenção.

 

 

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