Dicionário-Texto de Budismo: C – D

 

CHENREZIG (tib., Spyan Ras Gzigs) – veja Avalokiteshvara.

CHIna medicina chinesa, a energia ou força vital que circula pelo corpo. Acredita-se que o mesmo poder vital flua por todo o universo. Ki em japonês.

CHI-KUAN (chinês) – veja kôan.

CHI-KUNG (chinês; jap., ki kong) – desde o término da Revolução Cultural Chinesa, a tolerância religiosa vem aumentando neste país, e para as pessoas simples as prá­ticas e crenças religiosas têm se tornado cada vez mais importantes. O culto aos ancestrais é amplamente praticado, e muitas famílias oferecem sacrifícios aos mortos, em festivais ou aniversários. A localização dos túmulos familiares nas áreas rurais é novamente escolhida segundo o conselho de mestres de yin-yang e feng shui (geomancia). Enquanto os heróis revolucionários são negligenciados, voltaram a ser populares tem­plos e santuários locais, onde deuses e deusas regularmente recebem ali­mentos e incenso. Mosteiros budistas e templos taoístas vêm atraindo um número de pessoas cada vez maior e a doação de esmolas é comum entre os peregrinos. Certas religiões vêm desenvolvendo as suas doutri­nas por meio do sincretismo de aspectos do budismo, do taoísmo e do cristianismo, especialmente em nome do exercício do chi (ki) através de prá­ticas como chi kung, ou ki kong

No entanto, as religiões populares e comunais também tiveram proble­mas. O governo estipula que as religiões “normais” sejam protegidas e per­mitidas, enquanto as religiões e os cultos “anormais” ou “supersticiosos” sejam perseguidos e eliminados. Questiona-se em que ponto traçar a linha entre o normal e o anormal. Praticantes religiosos, como os taoístas erran­tes e os xamãs, e certas atividades religiosas, como o estudo da fisionomia, a quiromancia e a geomancia, realizavam tudo isso tradicionalmente fazendo parte da re­ligião popular, mas que agora é considerado reacionário e supersticioso. Várias formas de ki kong, extremamente populares nas décadas de 1980 e 1990, acabam de ser definidas como “cultos” ou “religiões do mal”, o que se po­de constatar na recente repressão à bem-sucedida organização Falun Gong, ou Práticas da Roda do Darma (parte religião, parte psicofisiotera­pia e parte comércio), que alega que as suas práticas e crenças são capazes de curar todas as doenças. Foi banida pelo governo em 1999, basicamente devido ao lado mais obscuro das suas práticas e ao seu envolvimento em assuntos políticos.

CHI-TSANG – monge chinês (549-623) da escola San-Lun (Sanron), autor de diversos comentários sobre a filosofia Madhyamika.

CHIEN-CHEN (chinês; jap., Ganjin) – monge chinês (688-763), fundador da escola Lü-Tsung (jap. Ritsu).

CHIH-I (chinês; jap., Chisha) – monge chinês (538-597), fundador da escola T'IEN-T'AI (jap. Tendai).

CHIH-KUAN (chinês) – veja Shamatha-Vipashyana.

CHIH-TUN – monge chinês (314-366), fundador da escola Prajna.

CHING-T'U[-TSUNG] (chinês; jap., Jôdo-[Shû]) – escola fundada pelo monge chinês HUI-YÜAN em 402, centralizada na veneração do Buda Amitabha.

CHINUL – Mestre Zen Coreano.

CHITTAMATRA (sânscr.) – “apenas mente”; principal ensinamento da filosofia Yogachara.

CHOGYE – grande seita Zen Budista Coreana.

CHU-HUNG – monge chinês (1535-1615) que desenvolveu um movimento leigo, combinando as escolas Zen e Jôdo.

CHU-SHE [LUN](chinês; jap., Kosha) – escola chinesa baseada nos ensinamentos do Abhidharma-Kosha; fazia parte da escola Fa-Hsiang (jap. Hossô).

CHÜEH-HSIEN (chinês) – Buddhabhadra.

CHUNG-LUN (chinês) – Tratado do Caminho do Meio.

CINCO ASCETAS – são aqueles que se juntaram a Sidarta, em sua primeira fase, a do ascetismo; são eles: Kondanna (aquele brâmane que predissera o destino do recém-nato Sidarta), Bhaddiya, Vappa, Mahanama e Assajit. Os seis vestiram seus mantos laranja dos ascetas e viajaram como um grupo.

CINCO BUDAS TRANSCENDENTES – representam os aspectos da mente iluminada: VAIROCHANA, AMITABHA, AMOGHASIDDHI, AKSHOBHYA e RATNASAMBHAVA.

CINCO CAMINHOS – 1. Preparação ou Acumulação; 2. Aplicação ou Ligação; 3. Visão; 4. Cultivo; 5. Não-mais-aprendizagem. Os cinco Caminhos incorporam-se às Trinta e Sete Asas da Ilu­minação.

CINCO CIÊNCIAS: as cinco ciências de estudo obrigatório para os monges: (1) idioma, (2) artes e matemática, (3) medicina, (4) lógica, (5) filosofia budista.

CINCO DESEJOS – são cinco os desejos saudáveis: (1) fome razoável; (2) busca equilibrada de abrigo e vestimenta; (3) atividade social sensata; (4) sexualidade moderada, e (5) dedicação sem exagero às diversões.

CINCO DINASTIAS (907-960 E.C.) – o último Liang, o último Tang, o último Chin, o último Han e o último Chou.

CINCO GRAUS DE DHYANA – no estado de absorção mental, na meditação, acham-se presentes cinco elementos cooperativos: (1) Reflexão, raciocínio ou discriminação (vitaka); (2) Investigação ou pesquisa (vicara); (3) Alegria extática ou êxtase (piti); (4) Felicidade ou paz (sukkha), e (5) Unificação ou uniorientação (ekagatta). Quando estes cinco estados mentais encontram-se completamente desenvolvidos, surge a Equanimidade (upekka).

CINCO IMPEDIMENTOS ou obstáculos (páli, nivarana) – dificultam o Caminho para dhyana (absorção mental para a meditação): (1) sensualidade (concupiscência, luxúria) – yamacchanda; (2) maldade (má vontade, repugnância, ódio) – vyapada; (3) indolência (torpor físico e mental) – thinamiddha; (4) inquietação (ansiedade, agitação, preocupação) – uddhacca, e (5) dúvida cética (defensiva ou discursiva) – vicikiccha.

CINCO MALES(1) do kalpa, (2) das visões, (3) das preocupações, (4) das existências, e (5) dos seres.

CINCO PODERES, ou Cinco Raízes – são as condições necessárias ao controle da mente (veja Quatro fundamentos da plena atenção), são elas: (1) confiança ou fé (sradda); (2) energia (virya); plena atenção (sati), (4) concentração (samadhi), e (5) sabedoria (panna).

CINCO PRECEITOS: preceitos morais mais fundamentais do budismo: (1) não matar, (2) não roubar, (3) não mentir, (4) não ter má conduta sexual, (5) não se intoxicar com drogas ou álcool. Poderão chegar a Dez Preceitos para os leigos (veja).

CINCO PRECEITOS E DEZ VIRTUDES NA PRÁTICA DO BUDISMO HUMANISTA – o VM Hsing Yün nos diz: “Hoje cedo, o diretor da Academia Militar me perguntou: ‘O Senhor poderia me dar especificamente alguns exemplos concretos do que o Budismo pode oferecer à nação e à sociedade?’ Respondi que a nação e a sociedade podem se beneficiar dos ensinamentos Budistas do Tripitaka. De fato, os Cinco Preceitos bastariam para trazer paz ao país e ao mundo inteiro. Como vocês todos devem saber, os Cinco Preceitos nos ensinam que se deve abster de matar, de roubar, de manter uma conduta sexual desregrada, de mentir e de fazer uso de substâncias tóxicas. Abster-se de matar demonstra respeito pela vida em geral; ao não desrespeitarmos os direitos dos outros, podemos todos desfrutar a liberdade de vida. Não roubar significa não infringir o direito dos demais à propriedade, só assim pode haver liberdade na conquista do bem estar material. Evitar uma conduta sexual desregrada demonstra respeito ao corpo e honra à integridade dos outros, permitindo a todos gozarem a liberdade do corpo e da honra. Abster-se de mentir e de usar um falso discurso significa respeitar a reputação alheia e não prejudicar ninguém. Abster-se de substâncias tóxicas e estimulantes significa evitar danos físicos e mentais a nós mesmos, e aos outros, também. Aquele que segue os Cinco Preceitos tem a moral e o caráter bem estruturados. A família que segue os Cinco Preceitos mantém em bom estado o caráter e a moral de seus membros. Se todos em uma organização, sociedade ou nação puderem seguir os Cinco Preceitos, essa nação certamente terá como características estabilidade, paz e prosperidade”.

É só visitar uma penitenciária para perceber que todos aqueles que foram aprisionados por causa de seus crimes violaram, de alguma forma, os Cinco Preceitos. Assim, os assassinos e homicidas violaram o preceito de não matar. Os corruptos, estelionatários e ladrões, violaram o preceito contra o roubo. Pornografia, adultério, poligamia, estupro, abdução e prostituição são exemplos de violação do preceito contra a conduta desvirtuada do sexo. Envolver-se em fraude, inadimplência e chantagem viola o preceito contra a mentira. Além de álcool, o preceito contra tóxicos inclui heroína, cocaína e outras drogas ilegais que afetam negativamente o cérebro, prejudicando nossas habilidades cognitivas e provocando atos inconscientes. Se todos respeitassem os Cinco Preceitos, as penitenciárias estariam vazias”.

Para nós budistas, também há uma lição aqui. Hoje em dia, alguns budistas encaram o Budismo como uma religião popular. Eles reverenciam o Buda esperando alcançar longevidade, riqueza, uma família próspera, fama e saúde. Se pudermos elevar o nível de nossa fé e seguir os Cinco Preceitos com reverência, gozaremos verdadeiramente grandes bênçãos, sem precisar suplicar por elas. Se além de não matar, protegermos a vida, como não atingir a longevidade? Se além de não roubar, agirmos com generosidade, como não conquistar riqueza? Se além de não apresentar condutas sexuais desvirtuadas, formos respeitosos, como pode nossa família não ser harmoniosa? Se além de não mentir, formos também honestos, como não ter boa reputação? Se além de não nos intoxicar, cuidarmos de nosso corpo, como não ter boa saúde? Os Cinco Preceitos causam, de fato, grande impacto tanto no indivíduo, quanto na sociedade e na nação”.

Assim sendo, o que significa Budismo Humanista? Budismo Humanista nada mais é que a prática dos Cinco Preceitos e das Dez Virtudes. As Dez Virtudes são extensões dos Cinco Preceitos. Em nossas atitudes, elas são: não matar, roubar ou envolver-se em desvios de conduta sexual. Em nosso discurso: não mentir, injuriar, enganar ou ofender. Em nossos pensamentos: não ser gananciosos, rancorosos, ou corrompidos. No Budismo, o desenvolvimento do pensamento correto é chamado de estudo da sabedoria: o propósito supremo de despertar a sabedoria de nossa verdadeira natureza. Os Cinco Preceitos e as Dez Virtudes são ferramentas que nos auxiliam nessa tarefa. É disso, também, que trata o Budismo Humanista”.

CINCO SKANDHAS – ou agregados da existência: (1) agregado da matéria, da corporeidade – rupa; os demais são agregados mentais – nama: (2) as sensações, (3) as percepções, (4) as formações mentais, e (5) a consciência.

CINCO VEÍCULOS PARA A REALIZAÇÃO

Sravakayana – o veículo daquele que ouve os ensina­mentos do Buda compreende o sofrimento inerente ao samsara e concentra-se na compreensão de que não existe um eu independente. Vencendo a emocionalidade, o Sravaka alcança o estágio do Vencedor-da-Corrente; no Caminho da Visão, progride para o estágio daquele que Retorna-mais-uma-vez no qual renasce mais uma única vez, e o estágio do Sem-volta, a partir do qual entrará no nirvana. A meta final é tornar-se um Arhat, aquele que cessou completamente todas as forças cármicas e assim finalizou o ciclo de renascimento.

 

Pratyekabuddhayana – o veículo daquele que pratica o Darma sem um mestre e, portanto, nunca aparece no tempo de um Buda. O Pratyekabuddha investiga sozinho as leis da existência e descobre que tanto o eu quanto o mundo não têm existência última. Depois de alcançar a realização, pode viver sozinho ou com outros. Pode ensinar por meio de gestos e exemplos, mas nunca com palavras.

 

Bodhisattvayana – o veículo daquele cuja meta é a realização plena do estado de Buda para o benefício de todos os seres sencientes. Começando com a geração da bodhicitta, a mente dedicada à iluminação, desenvol­ve-se a compaixão, a sabedoria e a perfeita compreensão de sunyata, o vazio de toda existência. Praticam-se as seis paramitas, ou perfeições: generosidade, obediência aos preceitos, paciência, vigor, concentração meditativa e prajna. Do interior de prajnaparamita, a sexta das perfeições, surgem mais qua­tro paramitas: meios hábeis, votos, força e sabedoria completa e abrangente. Ao realizar o caminho, o Bodhi­sattva progride em dez bhumis, ou estágios; três ou seis estágios adicionais são algumas vezes acrescentados nos ensinamentos Mantrayana.

 

Hinayana – o caminho daqueles que se concentram em sua própria liberação e buscam deter as forças que conduzem ao renascimento no samsara. Muito mais uma atitude do que um conjunto de ensinamentos, a visão Hinayana pode surgir em cada um dos três veículos, embora os Sravakas e Pratyekabuddhas sejam mais suscetíveis a esta abordagem mais limitada, do que aqueles dedicados ao ideal do Bodhisattva.

 

Mahayana – o caminho daqueles que seguem o ideal do Bodhisattva e têm a intenção de alcançar a liberação com o propósito de beneficiar todos os seres. Os dois caminhos que conduzem à realização do Bodhisattva são o Sutrayana e o caminho dos que seguem os ensinamentos dos Trantas.

CINCO VIOLAÇÕES: (1) matar o pai, (2) matar a mãe, (3) matar um arhat, (4) derramar o sangue de um Buda, (5) destruir a harmonia da sanga.

CINERÁRIO – sala onde se gurdam as cinzas dos antepassados dos discípulos e benfeitores de um templo budista.

CINQÜENTA E DOIS ESTÁGIOS DO CAMINHO BODHI – uma detalhada análise, apresentada no Sutra Avatamsaka, dos estágios que vão da consciência comum à plena iluminação de um Buda.

CITTA (páli) – material mental, consciente e e inconsciente. Abrange sentimentos agradáveis, dolorosos ou neutros; percepções, memórias de objetos: visuais, auditivas, táteis, olfativas, gustativas e mentais; atividades volitivas conscientes e inconscientes.

CLARA LUZ – mente muito sutil manifesta que percebe uma apa­rência de espaço vazio e claro.

CLARIVIDÊNCIA – habilidade que surge de uma concentração es­pecial. Há cinco tipos principais: clarividência do olho divino, a habilidade de ver formas sutis e distantes; clarividência do ouvi­do divino, a habilidade de ouvir sons sutis e distantes; clarivi­dência dos poderes miraculosos, a habilidade de emanar várias formas com a mente; clarividência de conhecer vidas passadas; e clarividência de conhecer mentes alheias. Alguns seres, como os do bardo e alguns humanos e espíritos, têm clarividência contaminada, que se desenvolve devido ao carma, mas isso não é clarividência verdadeira.

CLASSIFICAÇÃO DO DARMA – Angas: são as diferentes formas de expressar os ensinamen­tos do Darma, cada uma um meio distinto de evocar a realização no ouvinte. O Mahayana geralmente reco­nhece doze angas, ao passo que a tradição Theravada enumera nove. Um único texto pode conter mais de uma anga. Segundo Bu-ston, que segue o Abhidharma samuccaya, as doze angas são as seguintes:

1. Sutra: provérbios curtos; 2. Geya: resumo de versos; 3. Vyakarana: previsões; 4. Gatha: versos; 5. Udana: exclamações de alegria e louvor; 5. Nidana: instruções sobre conduta para determinadas pessoas; 7. Avadana: histórias e parábolas; 8. Itivrttaka: relatos de tempos passados; 9. Jataka: relatos sobre vidas anteriores de Buda como um Bodhisattva; 10: Vaipulya: ensinamen­tos abrangentes; 11. Adbhutadharma: relatos de eventos milagrosos; 12. Upadesa: explicações sobre a doutrina.

COLEÇÃO DE MÉRITO – ação virtuosa motivada por bodhichitta que é a causa principal para se atingir o corpo-forma de um Buda. Exemplos: fazer oferendas e prostrações aos seres sagrados com a motivação de bodhichitta e praticar as perfeições de dar, disci­plina moral e paciência.

COLEÇÃO DE SABEDORIA – ação mental virtuosa motivada por bodhichitta que é a causa principal para se atingir o corpo-verdade de um Buda. Exemplos: ouvir e contemplar a vacuidade e meditar sobre ela com a motivação de bodhichitta.

CONCENTRAÇÃO VAJRA – o último instante do caminho Mahayana da meditação. É o antídoto às obstruções muito sutis à onisciência. No momento seguinte, o meditador atinge o caminho mahayana do não-mais-aprender, ou budeidade.

CONCÍLIOS BUDISTAS (sânscr., samgiti) – 1º Concílio realizado pouco depois da morte de Buda, sob os auspícios do Rei Ajatasattu, do norte da Índia, em Rajagriha, no ano 480 a.E.C. sob a presidência de Kashyapa, fica determinado o Cânone Páli; 2º Concílio em Vaishali, em 386 a.E.C., apoiado pelo Rei Kalasoka; ocorre a secessão dos futuros adeptos do Mahayana; 3º Concílio (escola Theravada), em Pataliputra (hoje, Patna), em 308 a.E.C., sob o reino de Ashoka: cisão definitiva do Mahayana; 4º Concílio realizado sob o patrocínio do Rei Kanishka, entre os anos 29 e 13 a.E.C., o Cânone Páli é redigido (antes eram guardados de memória) pela primeira vez, escrito em folhas de palmeira no Ceilão (hoje, Sri Lanka); 5º Concílio foi efetuado em Mandalay (Burma), no ano de 1871, sob o governo do rei-patrono Mindon; os textos foram então escritos em 729 lousas de mármore, e o 6º Concílio (Theravada), em Rangoon-Birmânia (República da União de Burma), da Lua Cheia de maio de 1954, à Lua Cheia do mesmo mês de 1956; a este Concílio compareceram cerca de 2000 representantes de povos budistas, dos mais eruditos, com a finalidade precípua de estudar, comparar, corrigir ou aprovar textos doutrinários; o Cânone Páli é revisado e a edição Páli é publicada em birmanês.

CONDIÇÃO – a fenomênica como se mostra no presente. “Surgimento condicionado” ou “gênese condicionada”. Significa que todos os fenômenos resultam de outros fenômenos e nenhum deles tem natureza autônoma. Originação (causação) interdependente.

CONFISSÃOpurificação de carma negativo por meio dos quatro poderes oponentes – o poder da confiança, do arrependimento, do antídoto e da promessa.

CONFÚCIO (chinês, K'ung Tzu, 551-479 a.E.C.) – um dos primeiros filósofos chineses da moral. O confucionismo, filosofia que leva seu nome, foi a filosofia oficial da China entre o século III a.E.C. e a queda da dinastia Ch'ing, em 1911.

CONSIDERAÇÃO – agindo em prol do interesse dos ou­tros, este fator mental leva-nos a evitar as ações impróprias.

CONTEMPORÂNEOS DE BUDA SHAKYAMUNI – na Índia, ao tempo de Shakyamuni, temos o Mahavira, do Jainismo; na China, Lao-Tsé e Confúcio; na Judéia, Jeremias e o segundo Isaías; na Grécia, os filósofos pré-socráticos, e talvez na Pérsia, Zaratustra. Tal simultaneidade de gênios denota muita intercomunicação de idéias entre as antigas culturas.

CORPOS DE BUDA – um Buda tem quatro corpos: o Corpo-Verdade Sabedoria, o Corpo Natureza, o Corpo Fruição e os Cor­pos Emanados. O primeiro é a mente onisciente de Buda; o segundo é a vacuidade ou a natureza última da sua mente; o terceiro é o seu Corpo Forma efetivo, que é muito sutil; e o quarto são os Corpos Forma densos que são visíveis para os seres comuns e dos quais cada Buda manifesta um número incontável. O Corpo-Verdade Sabedoria e o Corpo Natureza fazem parte do Corpo Verdade, e o Corpo Fruição e os Corpos Emana­dos fazem parte do Corpo Forma.

 

 

D

 

 

DAI JI (jap.) – um dos diagramas referentes à transmissão do Darma, ou dos ensinamentos secretos transmitidos de mestre a discípulo.

DAIGIDAN (jap.) – grande dúvida; um dos Três Pilares do Zen.

DAINICHI-KYÔ (jap.) – veja Mahavairochana-Sutra.

DAIOSHÔ (jap.) – grande monge; termo honorífico de mestres Zen.

DAISHI (jap.) – grande mestre; título honorífico do budismo japonês.

DAISHIKAN (jap.) – grande raiz de fé; um dos Três Pilares do Zen.

DAITOKU-JI (jap.) – Monastério da Grande Virtude; um dos maiores monastérios Zen de Kyoto, no Japão.

DAKINI – no budismo Vajrayana, ser de sabedoria feminino, irado, que transmite ensinamentos tântricos.

DALAI LAMA (tib., Ta La'i Bla Ma) – “Oceano de Sabedoria”; título honorífico concedido pelo príncipe mongol Althan Kham ao líder da escola tibetana Gelug, em 1578. É o chefe temporal do Tlbete, encarnação de Avalo­klteshvara. Residia em Lha-Sa, capital do Tibete, a “Cidade dos Deuses”.

Relação dos 14 Dalai Lamas:

I. Dalai Lama Gendün Drub – (1391-1475)

2. Dalai Lama Gendün Gyatso – (1475-1542)

3. Dalai Lama Sönam Gyatso – (1543-1588)

4. Dalai Lama Yönten Gyatso – (1589-1617)

5. Dalai Lama Losang Gyatso – (1617-1682)

6. Dalai Lama Jamyang Gyatso – (1683-1706)

7. Dalai Lama Kelsang Gyatso – (1708-1757)

8. Dalai Lama Jampel Gyatso – (1758-1804)

9. Dalai Lama Lungtog Gyatso – (1806-1815)

10. Dalai Lama Tsültrim Gyatso – (1816-1837)

11. Dalai Lama Kedrub Gyatso – (1838-1856)

12. Dalai Lama Trinle Gyatso – (1856-1875)

13. Dalai Lama Tubten Gyatso – (1876-1933)

14. Dalai Lama Tenzin Gyatso – (nasc. 1935)

DANA (sânscr. e páli) – generosidade; um dos seis paramitas.

DANGYÔ (jap.) – veja Liu-Tsu Ta-Shih Fa-Pao-T'an-Ching.

DARUMA (jap.) – veja Bodhidharma.

DEDICAÇÃO DE MÉRITOS (sânscr., parinama) – no budismo, o último passo de qualquer cerimônia ou recitação, seja de sutras, seja de daranis ou dos nomes do Buda.

DELUSÃO – um fator mental que nasce a partir de atenção imprópria e serve para tornar a mente agitada e descontrolada. As três delusões principais são: ignorância, apego e ódio. Delas derivam todas as outras: ciúme, orgulho, dúvida deludida, etc.

DELUSÕES INATAS – aquelas que surgem naturalmente, sem especu­lação intelectual.

DELUSÕES INTELECTUALMENTE FORMADAS – aquelas que surgem como resultado de raciocínios incorretos ou dogmas equivocados.

DEMÔNIO (sânscr.) –Mara”; tudo o que obstrui a aquisição da libertação ou da iluminação. Existem quatro tipos principais de de­mônios: o demônio das delusões, o demônio dos agregados contamina­dos, o demônio da morte descontrolada e os demônios Devaputra. Entre eles, só os últimos são seres sencientes. O principal demônio Devaputra é Ishvara irado, o mais elevado dos deuses do reino do desejo, que habita na Terra de Controlar Emanações. Um Buda é chama­do de 'Conquistador' porque ele ou ela conquistou os quatro tipos de demônios.

DENKÔROKU (jap.) – “Transmissão da Luz”; coletânea de episódios sobre as transmissões da escola Sôtô Zen.

DESTRUIDOR DE INIMIGOS (sânscr., Arhat) – um praticante que, treinando-se nos caminhos espirituais, abandonou todas as delusões e suas sementes, e que nunca mais irá renascer no samsara. Neste contexto, o termo 'inimigo' refere-se às delusões. Veja Ouvinte e Arhat.

DEVA (sânscr. e páli) – ser celestial ou deus; um dos seis gati. Classe de habitantes de um dos reinos su­periores de existência, que reside nos felizes mundos celestiais, mas que como todos os seres, está sujeito ao ciclo de renascimento. Como resultado de boas ações anteriores, eles gozam de vida longa e feliz. Contudo, tal felicidade repre­senta o principal obstáculo à sua iluminação. Por causa desse sentimento, os devas não conseguem compreender a verdade do sofrimento.

DEVADATTA – um dos discípulos do Buda Shakyamuni, primo de sua esposa Yasodhara.

DEVA-DUTA (sânscr.) – mensageiros divinos.

DEVA-RAJA (sânscr.) – reis celestiais.

DEZ APEGOS POTENCIAIS QUE IMPEDEM A BOA MEDITAÇÃO – o Visuddhimagga lista dez categorias de apegos potenciais, todos empecilhos ao progresso na meditação: (1) qualquer moradia fixa se sua manutenção é motivo de preocupação, (2) família, se seu bem­estar gera inquietação, (3) acúmulo de presentes ou reputação, que envolve perda de tempo com admiradores, (4) um séquito de discípulos ou a ocupação de estar ensinando, (5) projetos, ter “algo para fazer”, (6) perambulações, (7) pessoas caras a alguém cujas necessidades pedem atenção, (8) doença que necessita de tratamento prolongado, (9) estudos teóricos não acompanhados pela prática, e (10) poderes psíquicos sobrenaturais, cuja práti­ca se torna mais interessante que a meditação. Desprender-se dessas obrigações libera o meditador para a busca sincera da meditação, isso é, “purificação” no sentido de liberar a mente de questões preocupantes. A vida do monge é traçada para esse tipo de liberdade; para o leigo, breves retiros permitem um isolamento temporário.

DEZ ATOS BENÉFICOS ou Dez Bons Caminhos – a saber: (1) não matar, (2) não roubar, (3) não ter má conduta sexual, (4) não mentir, (5) não fin­gir, (6) não proferir palavras ásperas, (7) não adular, (8) não ser ganancioso, (9) não sentir raiva, (10) não alimentar a ignorância.

DEZ BENEFÍCIOS ADVINDOS DA PRÁTICA DA DILIGÊNCIA – (1) não somos facilmente derrotados pelas circunstâncias; (2) recebemos as bêncãos de muitos Budas; (3) somos honrados por seres de outros planos de existência; (4) lembramos o Darma com facilidade; (5) aprendemos depressa; (6) passamos a utilizar a linguagem de forma eficaz; (7) alcançamos estados de samadhi profundos; (8) temos menos doenças e preocupações; (9) melhoramos a digestão, e (10) iluminamo-nos mais rapidamente.

DEZ DIREÇÕES – os oito pontos da bússola (norte, sul, leste, oeste, nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste) mais os pontos do nadir e do zênite.

DEZ EPÍTETOS DO BUDA – dez nomes pelos quais são descritas as características e qualidades do Buda. São eles:

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1. Bhagavan (ou Bhagavat): literalmente, significa “afortunado, próspero, feliz, divino, adorável e venerável”. Uma vez que o Buda conseguiu eliminar todas as aflições e impurezas, ele é o mais venerável dos seres.

 

2. Mundialmente Honrado: tradução usual adotada na atualidade para as expressões originais em sânscrito loka-natha: “senhor dos mundos” e loka-jyestha:”o mais venerável no mundo”.

3. Merecedor de Oferendas (sânscr., arhat ou arhant; p?li, arahat ou arahant): tendo levado à plenitude todas as virtudes, alcançado a sabedoria suprema e se libertado de todas as ilusões e sofrimentos. Portanto, é merecedor de oferendas dos seres celestiais e humanos.

4. Absoluta Consciência Universal lluminada (sânscr., samyaksambodhi; p?li, sammasambodhi): a expressão sambodhi designa a verdadeira sabedoria, que possibilita ver a real natureza de todos os Darmas. Esse tipo de sabedoria é também conhecido como a sabedoria do Tathagata. Samyaksambodhi refere-se ao conhecimento completamente perfeito e à sabedoria para os quais despertam todos os Budas.

5. Atividade da Brilhante Plenitude (sânscr., vidya-charana-sampanna): “Brilhante Plenitude” representa a iluminação suprema (anuttara-samyak-samboddhi); “atividade” con­cerne à conduta que tem por base seguir os preceitos, praticar a meditação e aperfeiçoar a sabedoria. Portanto, pode-se dizer que o Buda alcançou a iluminação suprema como resultado da plena execução da prática dos preceitos, da meditação e da sabedoria.

­6. Aquele que Partiu Imaculadamente (sânscr., sugata) ou ''Aquele que Partiu Bem”; refere-se a entrar em estado de samadhi profundo e de maravilhosa sabedoria. Em outras palavras, o Buda atravessou para a outra margem e nunca mais esteve sujeito ao ciclo de nascimento e morte.

7. Compreensão Transcendente do Mundo Comum (sânscr., lokavid): o Buda sabe tudo sobre o mundo comum, incluindo o que é associado aos seres sencientes e não-sencientes. Ele também compreende a causa da formação e da extinção do mundo material. Por outro lado, conhece verdadeiramente o caminho que leva ao mundo supramaterial.

8. Insuperável (sânscr., anuttara): as virtudes e a sabedoria do Tathagatha são insuperáveis no mundo material.

9. Verdadeiro Homem que Doma e Harmoniza (sânscr., purusha damyasarathi): significa que o Buda é um mestre que emprega meios hábeis, grande bondade amorosa, compaixão e sabedoria para domar e guiar os seres sencientes na trilha para a libertação.

10. Professor de Seres Humanos e Divinos (sânscr., sasta deva-manusyanam): o Buda ensina a todos os seres sencientes, inclusive os celestiais e os humanos, o que deve e não deve ser feito, o que é íntegro ou não. O Buda também sabe determinar se alguém é capaz de seguir seus ensinamentos, praticá-Ios de fato, não abandonar o Darma e o caminho e, em última instância, libertar-se de todas as aflições.

DEZ ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO DO BODHISATTVAtambém conhecidos como os “dez terrenos”, englobam do 41º ao 50º nível dos 52 que compõem o caminho do bodhisattva. São os estágios através dos quais um praticante budista progride.

DEZ GRILHÕES QUE NOS PRENDEM À RODA DA EXISTÊNCIA CONTÍNUA – (1) crença na personalidade ou na ilusão do “eu”; (2) dúvida cética defensiva, ou discursiva; (3) apego a regras e rituais; (4) desejo sensorial pela procura de satisfação através da imaginação da mente; (5) má vontade, repugnância e ódio; (6) anseio pela paz espiritual devido ao apego a objetos psíquicos sutis da meditação intensa (mundo das formas); (8) orgulho espiritual; (9) inquietude e preocupação da mente, e (10) ignorância devido aos resíduos de apego e de auto-ilusão.

 

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