Dicionário-Texto de Budismo: L – M

 

L

 

LALITAVISTARA (sânscr.) – biografia tradicional sobre o Buda Shakyamuni, a qual foi parafraseada por Edwin Arnold em “The light of Asia”.

LAMA (tib., Bla Ma) – em tlbetano: “instruido”, “exaltado”. Título dado aos religiosos sábios. Veja guru.

LAMDRE (tib., lam bras) – Caminho e Fruto; principal ensinamento da escola tibetana Sakya.

LAMRIM (tib., Lam Rim) – “as etapas do caminho”. Uma organização espe­cial de todos os ensinamentos do Buda, fácil de ser entendida e pratica­da. Revela todas as etapas do caminho à iluminação; principal ensinamento da escola tibetana Gelug.

LANGRI TANGPA, GESHE (1054-1123) – grande geshe da tradição Kadampa, famoso pela realização da prática de trocar eu por ou­tros. Compôs Os oito versos do treino da mente.

LANKAVATARA SUTRA (sânscr.) – Discurso sobre a Descida ao [Sri] Lanka; texto do budismo MAHAYANA que enfatiza o despertar da não-dualidade através da realização da natureza búdica.

LEÃO – para os budistas o leão é um símbolo dos Budas e Bodhisattvas que são fortes em seus corações e não temem nenhum mal. O rugir do leão é como um trovão despertando os seres para o poder do Darma; representa os ensinamentos dos mestres Ch’an e a força superior da mente não-limitada por pensamentos.

LIN-CHI-TSUNG (chinês) – veja Rinzai[-Shü].

LING-KU (chinês) – é um tambor com um pequeno sino, normalmente colocado à direita do altar; é usado nos cantos e recitações. Seu som simboliza o fim do ciclo de renascimentos, o qual inevitavelmente leva à felicidade.

LIU-TSU TA-SHIH FA-PAO-T'AN-CHING (chinês; jap., Rokuso Daishi Hôbôdan-Gyô, Dan-Gyô) – Discurso do Sexto Ancestral da Alta Plataforma do Tesouro do Darma, ou simplesmente o Sutra da Plataforma; biografia do monge chinês Hui-Neng, sexto ancestral do Zen na China.

LO-HAN (chinês) – veja arhat.

LOBHA (sânscr. e páli) – cobiça; veja akushala.

LOKAPALA (sânscr.) – protetor do mundo; imagens muito comuns na entrada dos grandes monastérios, como guardiões do templo.

LOKAS – em número de três: Céu, terra e Infernos, conforme a divisão hinduísta do universo.

LOKAVID veja Compreensão Transcendente do Mundo Comum

LOKESHVARA – Avalokiteshvara entre os Khmers.

LONGCHENPA (tib., Klong Chen Pa) – lama tibetano (1308-1364) de grande importância para a transmissão dos ensinamentos Dzogchen da escola Nyingma.

LÓTUS (sânscr., padma) – planta aquática da família lily (Nelumbo nucifera, também Nelumbium speciosum). No budismo o lótus é um símbolo da verdadeira natureza dos seres, que permanece imaculada pela lama do mundo do samsara e pela ignorância (avidyã) e que se realiza com a iluminação (bodhi). Frequentemente o lótus é também um símbolo do mundo, com a haste como sua linha central. Iconograficamente, representa a forma do assento ou do trono do Buda. O lótus é também o atributo identificador do Bodhisattva Avalokiteshvara. Na escola Terra Pura é o símbolo da doutrina do Buda.

LÓTUS DA BOA LEI – sermões pronunciados por Buda no Pico dos Abutres, perto de Gaya. Escrita especial da seita Nlcheren no Japão.

(chinês) – (seita) Vinaya.

LÜ-TSUNG (chinês; Ritsu[-Shû]) – Escola da Disciplina; escola fundada pelo monge chinês Tao-Hsüan (596-667) com base nos ensinamentos da escola indiana Dharmaguptaka.

LUMBINI um dos quatro locais sagrados para o budismo (Sarnath, Bodh-gaya, Kushinagara), onde acredita-se tenha sido o lugar do nascimento do Buda histórico Shakyamuni. Lumbini fica perto da capital do reino dos Shakya, Kapilavastu, atual Nepal.

Em Lumbini há uma coluna de pedra a qual o Rei As­hoka erigiu por ocasião de sua peregrinação por lá no ano 249 a.E.C. Há nela uma inscrição que diz: “Vinte anos depois de sua coroação o Rei Devanapiya Piyadasi (Ashoka) veio aqui e comemorou com sua ven­eração, porque o Buda, o sábio do clã de Shakya, aqui nasceu. Há um relevo na coluna de pedra que mostra o nascimento do venerável. O Rei liberou a aldeia de Lumbini de taxas e reduziu seus tributos (usualmente de um quarto) para um oitavo”.

LUN-HUI (chinês) – veja samsara.

 

M

 

MADHYAMA-PRATIPAD (sânscr.) – expressão aplicada ao “Caminho do Meio” do Buda histórico, Shakyamuni, que ensinou a evitar os extremos – a indulgência com os prazeres sensuais por um lado, a automortificação e o excessivo ascetismo por outro. Refere-se mais especificamente à escola Madhyamika (veja).

MADHYAMIKA (sânscr.) – filosofia Mahayana do Caminho do Meio, fundada pelos monges Nagarjuna (século II) e Aryadeva (século III). ln­troduzida na China em tomo de 380 pelo monge indiano Kumarajiva. Escola que se abstém de escolher entre posições opostas e em relação à existência e não-existência de todas as coisas.

MAHA (sânscr.) – grande.

MAHAKASHYAPA (sânscr.; páli, Mahakassapa; jap., Daikashô, Makakashô) – um dos grandes discípulos do Buda Shakyamuni, considerado o primeiro ancestral do Zen.

MAHAMUDRA (sânscr.; tib., Chagya Chenpo/ Phyag Rgya Chen Po) – Grande Sinal; principal ensinamento da escola tibetana Kagyü.

MAHAPRAJAPATI GAUTAMI – rainha, tia e madrasta de Sidarta Gautama, tornou-se a primeira monja budista com a intervenção do discípulo e primo do Buda, Ananda. Até então o Sangha não admitia a participação de mulheres.

MAHAPARINIBBANA-SUTTA (páli) – texto do Digha-Nik?ya que relata os últimos anos da vida do Buda Shakyamuni.

MAHAPARINIRVANA-SUTRA (sânsc.) – coleção de textos do budismo Mahayana sobre a natureza búdica.

MAHAPRAJNAPARAMITA-HRIDAYA SUTRA (sânscr.; jap., Maka Hannya Haramitta Shingyô) – um dos principais e mais breves textos do Prajna-Paramita Sutra, de grande importância para o budismo Mahayana.

MAHASANGHIKA (sânscr.) – Grande Comunidade; escola que se separou do grupo Sthaviravada após o concílio de Pataliputra, precursora do budismo Mahayana.

MAHASATTVA SADAPARIBHUTA – (sânscr.) – “Bodhisattva que jamais era desrespeitoso”; personagem que aparece no ensinamento final do Buda Shakyamuni, o Sutra do Lótus. No texto, o Buda admite que esse bodhisattva era ele próprio em uma vida anterior. Ele era alvo de zombaria pelo fato de sempre saudar monges, monjas ou leigos dizendo respeitá-los por terem natureza búdica e capacidade para se iluminar.

MAHASIDDHA (sânscr.) – “Grande Adepto”; mestre dos ensinamentos Vajrayana, dotado de poderes sobrenaturais ou siddhis.

MAHASTHAMAPRAPTA BODHISATTVA (sânscr.; chinês, Shih-Tza; jap., Seishi) – no budismo Mahayana, o Bodhisattva que traz os seres ao conhecimento; um dos principais Bodhisattvas na Terra Pura Oci­dental do Buda Amitabha, tema de um dos capítulos do Sutra Shurangama. Mahabodhisattva do Grande Poder de Cura e Salvação, também chamado de Bodhisattva do Grande Esforço. Ele ilumina o universo com a luz da sabedoria; é representa­do sentado em um lótus vermelho, segurando uma flor de lótus na mão esquerda.

MAHATMA (sânscr.) – “Grande alma”. Mestres de sabedoria e de compaixão que, assim como os Bodhisattvas do Mahayana, renun­ciaram, momentaneamente, a terminar a própria evolução espi­ritual, a fim de permanecer na terra, imortais, para ajudar os outros no caminho da salvação. Por extensão, termo aplicado a grandes filósofos, tais como Ghandi.

MAHAVAIROCHANA-SUTRA (sânscr.; jap., Dainichi-Kyô) – Discurso do Grande Radiante; texto Vajrayana de grande importância para as escolas Mi-Tsung e Shingon.

MAHAVASTU (sânscr.) – Grande Evento; texto da escola Mahasanghika sobre a vida do Buda SHAKYAMUNI, marcando uma transição para o budismo Mahayana.

MAHAVIRA – para o pensamento jainista o tempo é infinito e feito de uma série de movimentos ascendentes e descendentes que duram milhares de anos. Durante cada um deles, os 24 mestres aparecem sucessivamente. São os tirthankaras, ou “aqueles que fazem a vau através das águas do renascimento”, que reacendem a fé jainista quando a humanidade entra em declínio espiritual. Mahavira é o vigésimo quarto tirthankara no presente movimento do tempo. Para os jainistas, todos os predecessores de Mahavira são figuras históricas. O próprio Mahavira tem sua vida tradicionalmente datada entre 599 e 527 a.E.C., e foi contemporâneo de Buda Shakyamuni. Nascido na bacia do Ganges, na Índia, como um membro principesco da casta guerreira hindu xátria, Mahavira renunciou ao mundo aos trinta anos de idade para se tornar um asceta errante. Depois de negar o corpo por 12 anos, ele atingiu a iluminação. Então, converteu 12 discípulos, que estruturaram seus ensinamentos nas escrituras jainistas e constituíram uma comunidade de seguidores. Mahavira morreu meditando e se tornou uma alma liberada.

MAHAYANA (sânscr.) – a escola do Grande Veículo movimento surgido por volta dos séculos I-II que procura valorizar a libertação de todos os seres através da compaixão dos Bodhisattvas. É também conhecida como a escola do Norte, à medida que se propagou pelo Tibete, a Mongólia, a Coréia e o Japão. A Escola Mahayana enfatiza a inclusão de todos (pessoas leigas e sa­cerdotes, homens e mulheres) como seguidores do Buda e como seres ca­pazes de alcançar a perfeita iluminação.

MAHAYANA-SHRADDHOTPADA-SHASTRA (sânscr.) – Tratado sobre o Despertar da Fé no Mahayana; texto do budismo Mahayana dos séculos V-VI, atribuído a Ashvaghosha (séculos I-II).

MAHINDA – monge missionário indiano (século III a.C.) enviado pelo rei ASHOKA ao Sri Lanka.

MAHISHASAKA – escola que se separou do grupo Vibhajyavada (século II a.C.) e que originou a escola Dharmaguptaka.

MAITREYA (sânscr.; chinês, Mi-Lo; jap., Miroku ou Ajita) – “amistoso”, “benevolente”; Buda do futuro, que deverá aparecer no mundo para restaurar o Darma. Será o próximo Buda, que suce­derá o Buda Shakyamuni neste mundo. Atualmente, este Bodhisattva encontra-se no Paraíso Tushita, ou paraíso do leste, expondo o Darma para seres celestiais no palácio interior. É habitualmente representado como um Buda gordo e sorridente. Sua metamorfose para essa aparência mais jovial ocorreu na China durante a Dinastia Sung, quando um rotundo e generoso monge foi associado com o Bodhisattva Maitreya. Assim, muitos propagam a idéia de que para o kalpa do passado existiu o Buda Dipamkara; ao kalpa do presente, o Buda Shakyamuni, e ao kalpa do futuro existirá o Buda Maitreya. O futuro Buda Maitreya há de vir 5 bllhões e 656 milhões de anos depois da morte de Buda Shakyamuni.

MAITREYANATHA – monge de historicidade contestada, que teria vivido na Índia entre os séculos IV-V e que seria um dos fundadores da filosofia Yogachara.

MAITRI (sânscr.; páli, metta) – bondade; uma das quatro Brahma-Vihara.

MAJJHIMA-NIKAYA – Coleção Média; uma das seções do Sutta Pitaka.

MAKA HANNYA HARAMITTA SHINGYÔ (jap.) – veja Mahaprajnaparamita-Hridaya Sutra.

MAKYO (jap.) – fenômenos ou distrações que podem ocorrer durante a prática de zazen.

MALA (sânscr.; jap., nenju) – rosário de 108 contas para recitação de mantras, dharanis, nenbutsu etc.

MANA (sânscr.) – veja anushaya.

MANA (sânscr. e páli) – mente; órgão interno de percepção e conhecimento mental, que tem a faculdade de analisar impressões que recebe; é o elemento da nossa consciência que mantém o equilíbrio entre as qualidades empíricas individuais, de um lado, e as qualidades espirituais e universais, de outro. É o que nos prende ao mundo sensorial, ou nos liberta dele. Na Polinésia: fôrça anônima e impessoal, difusa em todos os seres e que está na base de toda atividade.

MANA SIKARA (páli) – atenção.

MANDALA (sânscr.; jap., mandara; tib., kyilkhor/ dkyil 'khor) – diagrama circular do budismo Vajrayana, representando a consciência iluminada como uma dimensão pura.

MANI (Jóia Mani) – a tradução para mani pode ser “como desejado”, uma vez que o possuidor da jóia recebe o que deseja. Corresponde a uma pedra preciosa, brilhante e luminosa, que simboliza o Buda e sua doutrina.

MANJUSHRI (sânscr.; chinês, Wen-Shu; jap., Monju) – “nobre e gentil”; no budismo Mahayana, o Bodhisattva das Cinco Sabedorias (sânscr., prajna). É geralmente retratado empunhando a espada da sabedoria, com duas flores de lótus na altura de sua cabeça, onde se vê um livro de sutras. Aparece, tam­bém, sentado sobre um leão, símbolo de majestade. Nono predecessor de Buda. O único que não possui Shakti.

MANTRA (sânscr.; jap., shingon) – “a que sustenta”, “unir e segurar”; no budismo Vajrayana, série de sílabas que representam a fala iluminada. É a poderosa prática espiritual de recitar uma palavra ou verso com a finalidade de cultivar a sabe­doria, aprofundar a concentração e transformar a consciência. São os sons dos mantras, e não o significado, que formam a base de sua força mística. Veja dharani.

MANTRA SECRETO – sinônimo de tantra. Os ensinamentos do mantra secreto diferem dos ensinamentos do sutra por revelarem métodos de treinar a mente com o objetivo de trazer o resultado futuro – a budeidade – para o caminho atual. Mantra secreto é o caminho supremo à iluminação. O termo “mantra” indica que se trata de uma instrução especial de Buda para proteger nossa mente das aparências e concepções comuns. Os praticantes do mantra se­creto superam as aparências e concepções comuns visualizando seu corpo, ambiente, prazeres e atividades como os de um Buda. O termo “secreto” indica que as práticas devem ser feitas reserva­damente e apenas pelos que receberam uma iniciação tântrica.

MANTRAYANA (sânscr.) – Caminho do Mantra, Vajrayana.

MANUSHYA (sânscr.) – reino humano; um dos gati.

MARA (sânscr. e páli) – “assassino”, “destruidor”; demônio da ignorância, do apego, personificação da morte. Mara simboliza no budismo as paixões que oprimem os seres humanos e também tudo o que impede o surgimento das raízes benévolas e o progresso no caminho da iluminação. Reina no sexto céu, o das delícias sensuais.

MARANA (sânscr. e páli) – “morte”; acrescentando ao sentido convencional de morte, o budismo Marana refere-se à morte de todo fenômeno mental e físico.

MARCAS ACESSÓRIAS – as características secundárias de um Buda. Veja Oitenta Nobres Qualidades.

MARCAS DA EXCELÊNCIA ou 32 Marcas da excelência (sânscr., dvatrimsanmaha Purusha laksanani) – também conhecidas como “as 32 Excelentes Marcas de um Buda”, são as notáveis características físicas dos Budas, que simbolizam as qualidades conquis­tadas de quem chegou ao mais alto nível de aperfeiçoamento: (1) pés nivelados; (2) sinal da Roda de Darma nas solas dos pés e nas duas mãos, (3) dedos longos e finos; (4) calcanhares fortes; (5) dedos dos pés e das mãos curvos; (6) mãos e pés macios e suaves; (7) pés arqueados; (8) membros inferiores como os de um antílope; (9) braços que chegam aos joelhos; (10) pênis que não se afina no prepúcio; (11) corpo poderoso; (12) corpo coberto de pêlos; (13) pêlos grossos e crespos; (14) corpo dourado; (15) corpo que irradia energia até 3 metros em todas as direções; (16) pele suave; (17) mãos, ombros e cabeça arredondados; (18) ombros bem-formados; (19) membros superiores como os de um leão; (20) corpo ereto; (21) quarenta dentes; (22) ombros poderosos e musculosos; (23) dentes alinhados; (24) dentes alvos; (25) face semelhante à de um leão; (26) paladar maravilhoso para todos os alimentos; (27) língua larga; (28) voz como a de um Brahma (no sentido de “um deus”); (29) olhos azuis límpidos; (30) cílios como os de um touro; (31) elevação em forma de cone no alto da cabeça; (32) cacho de cabelo entre as sobrancelhas. (Fontes: Fo Guang Encyclopedia; Shambhala Dictionary of Buddhism and Zen.)

MARCA MENTAL (imprint, em inglês) – há dois tipos de marca men­tal: marcas das ações e marcas das delusões. Cada ação deixa uma marca na mente; as marcas se tornam potencialidades cármicas, que nos fazem experienciar certos efeitos no futuro. As marcas das delusões permanecem mesmo depois delas, as delusões, te­rem sido abandonadas; constituem obstruções à onisciência e só são completamente abandonadas pelos Budas.

MARGHA (sânscr.; páli, Magga) – caminho (para a cessação do sofrimento); uma das Quatro Nobres Verdades.

MARPA LOTSAWA (tib., Mar Pa Lo Tsa Ba) – tradutor tibetano (1012-1097), discípulo de Naropa e mestre do poeta Milarepa; seus ensinamentos Mahamudra foram passaram a ser transmitidos pela escola tibetana Kagyü.

MAUDGALYAYANA (sânscr.; páli, Moggalana) – um dos grandes discípulos do Buda Shakyamuni.

MAYA (sânscr., ilusão) – aparência, decepção, delusão. Potência insondável que reside na derradeira Realidade Bramã atmã. Sua função é “projetar” o universo material e quanto nele se encerra.

MAYA ou Mahamaya ou Mahamayadevi – mãe de Sidarta Gautama, que faleceu no sétimo dia após seu nascimento sendo substituída por sua irmã Mahapradjapati.

MEDITAÇÃO, PREPARAÇÃO PARA A – a prática começa com sila (virtude ou pureza moral). Este cultivo sistemático do pensamento, palavra e ato virtuo­sos concentra os esforços do meditador para a alteração da consciência na meditação. “Pensamentos não virtuosos”, por exemplo, fantasias sexuais ou raiva, levam à distração durante a meditação. São uma perda de tempo e energia para o medi­tador sério. A purificação psicológica significa descartar pen­samentos dispersivos. O processo de purificação é uma das três grandes divisões do treinamento no esquema budista, sendo as outras duas samadhi (concentração meditativa) e punna (introvisão). A introvisão é entendida no sentido especial de “ver as coisas como são”. Purificação, concentração e introvisão são estreita­mente ligadas. Esforços para purificar a mente facilitam a con­centração inicial, que permite a introvisão sustentada. Desen­volvendo a concentração ou a introvisão, a pureza se torna, em vez de um ato de vontade, fácil e natural para o meditador. A introvisão fortalece a pureza, enquanto ajuda a concentração; a forte concentração pode ter como subprodutos a introvisão e a pureza. A interação não é linear; o desenvolvimento de qual­quer uma facilita as outras duas. Não existe progressão neces­sária, mas antes uma espiral simultânea das três no curso da via da meditação. Embora a apresentação seja linear aqui por necessidade, existe uma inter-relação complexa no desenvolvi­mento da pureza, concentração e introvisão do meditador. São três facetas de um único processo.

 

MENCIUS – nome latinizado de Meng-Tsé, também conhecido como Meng K’o, filósofo chinês (371-289 a.E.C.), representante da linha idealista do confucionismo. Para ele, o homem é inerentemente bom quando nasce, mas sua natureza é corrompida pela experiência mundana.

MENTE – com “M”, o termo se refere àquela mente que se encontra em com­pleta harmonia com a verdade do universo; com “m”, significa nossa mente terrena e comum, que não se encontra em harmonia com a qualidade uni­versal e vasta da vida. A Mente transcendeu o eu; a mente apega-se, tenaz­mente, à idéia de eu.

MENTE BODHI: o pensamento dirigido ao bodhi ou à iluminação. Veja bodhichitta.

MENTE-DO-CAMINHO – a mente que retomou à sua natureza original, a da se­renidade e da tranqüilidade.

MENTE CONCEITUAL – pensamento que apreende seu objeto através de uma imagem genérica.

MENTE NÃO-CONCEITUAL – conhecedor para o qual o objeto apa­rece com clareza, sem se misturar com uma imagem genérica.

MENTE DE MACACO – a mente que está sempre correndo atrás dos objetos do desejo, pulando de uma coisa para outra.

MENTE PRIMÁRIA – conhecedor que apreende, principalmente, a mera entidade de um objeto. Há seis mentes primárias: cons­ciência visual, consciência auditiva, consciência olfativa, cons­ciência gustativa, consciência corporal e consciência mental.

MÉRITO – a boa sorte que é criada pelas ações virtuosas, e o poder potencial para aumentar as nossas boas qualidades e produzir felicidade.

MERU (sânscr.) – “a montanha do mundo”; na concepção cosmológica da Índia antiga, o centro do universo, ponto em que residem os deuses; referido também como “Monte Sumeru”. De acordo com a concepção budista, o monte Meru está cercado por mares e continentes, abaixo dos quais estão os reinos do inferno e dos fantasmas famintos; acima de Meru encontram-se os reinos elevados dos Devas e dos deuses do reino de “forma pura” (rupaloka), bem como o reino do sem-forma e finalmente os Campos-de-Budas (Terra Pura).

MESTRES MAHAYANA – AS OITO JÓIAS:

1. Nagarjuna mestre e siddha, cujos comentários sobre ensinamentos tais como o sunyata e as duas verdades tornaram-se a base da Escola Madhyamika, que se formou mais tarde. Nagarjuna recuperou sutras Prajnaparamita importantes; sua obra mais conhecida é a Mula Madhyamika karika (Versos sobre o Ensinamento do Meio).

2. Aryadeva – o principal discípulo de Nagarjuna, famoso por suas habilidades em dialética. Aryadeva foi o prin­cipal esclarecedor dos trabalhos de Nagarjuna.

3. Asanga grande mestre e professor, iniciado nos ensi­namentos Prajnaparamita pelo Bodhisattva Maitreya. Asanga compilou os ensinamentos de Maitreya em cinco grandes tratados e os esclareceu em seus comentários e textos originais.

4. Vasubandhu – Irmão de Asanga; mestre em Abhidharma que mais tarde se devotou ao Mahayana. Vasubandhu escreveu tratados que esclareceram o Abhidharma e as doutrinas das escolas mentalistas.

5. Dignaga – Discípulo de Vasubandhu; mestre em lógica cujos textos tornaram-se o fundamento da lógica budista.

6. Dharmakirti – estudante importante na linhagem de Dignaga; mestre no debate e em lógica. Dharmakirti continuou o trabalho de Dignaga e estabeleceu os alicer­ces de uma teoria completa do conhecimento (pramana).

Dois professores admiráveis:

7. Santideva – filósofo e Mahasiddha, conhecido por sua explicação da natureza, da visão e do caminho do Bodhisattva.

8. Candragomin – filósofo e Mahasiddha, conhecido por sua maestria nos ensinamentos Mahayana, em lógica e em gramática.

MI-LO-FO (chinês) – “Buda da Felicidade”; representação do monge Zen chinês Pu-Tai (século X), considerado uma encarnação do Bodhisattva Maitreya.

MI-TSUNG (chinês) – Escola dos Segredos; escola Vajrayana chinesa, fundada no século VII pelos indianos Shuvhakarasimha (chinês, Shan-wu-wei, 637-735), Vajrabodhi (chinês, Chin-kung-chih, 663-723) e Amoghavajra (chinês, Pu-k'ung, 705-774); deu origem à escola japonesa Shingon.

MIAO-FA LIEN-HUA CHING (chinês) – Sutra do Lótus.

MIKKYÔ (jap.) – Ensinamento Secreto, Vajrayana.

MILAM (tib., Rmi Lam) – sonho; uma das seis yogas de Naropa (tib., Naro Chödrug).

MILAREPA (tib., Mi La Ras Pa) – poeta tibetano (1025-1035), recebeu os ensinamentos Mahamudra do tradutor Marpa e foi mestre do monge Gampopa, fundador da escola tibetana Kagyü.

MILINDAPANHA (páli) – Questões de Milinda; texto da escola Theravada com o diálogo ente o rei Milinda (ou Menandro, século I E.C.) e o monge Nagasena.

MIROKU (jap.) – veja Maitreya.

MO-FA (chinês) – Fim da Lei.

MO-HO CHIH-KUAN (chinês) – grande concentração e intuição.

MOHA (sânscr. e páli) – ignorância, delusão, ilusão.

MOKUGYO (jap.) – peixe de madeira; no budismo japonês, tambor utilizado para recitar marcar a recitação dos sutras.

MONDÔ (jap.) – pergunta e resposta; diálogo entre um mestre Zen e um discípulo.

MONJU (jap.) – veja Manjushri.

MU (jap.; chinês, wu) – “nada”, “não”, “in-“, “an-“, “negação de tudo, inclusive da própria negação”; está presente no famoso koan “Chao-chou, cão”, geralmente chamado de koan mu, como segue: Um monge pergunta ao Mestre Chao-chou, respeitosamente, “Um cão tem realmente uma natureza-Buda ou não?” Chao-chou respondeu: “Mu”.

A tarefa do estudante de Zen, ou Ch’an, enquanto praticante do zazen com este mu, ou wu, é a de obter uma experiência imedi­ata, para além de qualquer significação intelectual, de seu verdadeiro conteúdo profundo. Geralmente é o primeiro koan que o noviço Zen recebe de seu Mestre. Quando o estudante termina sua iniciação diz-se que ele adentrou ao “Mundo do MU”. Na formação do Zen o MU é vivenciado e demonstrado em seus vários níveis de profundidade constantemente.

MU-YÜ (chinês) – é um bloco de madeira esculpido com o formato estilizado de um peixe; é usado como instrumento de percussão durante os cantos e recitações. Normalmente é colocado ao lado esquerdo do altar e pode ter vários tamanhos. O peixe é utilizado como um símbolo por nunca fechar os olhos e estar sempre “desperto”, o que representa o incansável esforço de se estar sempre alerta na prática do Darma.

MUDITA (sânscr. e páli) – alegria; uma da quatro Brahma-Viharas.

MUDRA (sânscr.; chinês, yin; jap., inzô; tib., chagya/ phyag rgya) – uma postura simbólica do corpo ou gesto da mão. Seu poder reside na própria postura como meio de comunicar a qualidade da verdade.

MUMONKAN (jap.) – veja Wu-Men-Kuan.

MUNI (sânscr.) – o sábio.

MUNDO SAHA (sânscr., saha-lokadhatu) – “mundo duradouro”; este mundo de ilusões no qual pregou Buda Shakyamuni.

MYOHÔ-RENGE-KYÔ (jap.) – veja Saddharma-Pundarika Sutra.

 

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