Dicionário-Texto de Budismo: H – K

 

H

 

HAIKU (jap.) – poesia japonesa de dezesseis sílabas.

HAKUIN ZENJI – monge Zen japonês (1689-1769) da escola Rinzai, autor do famoso kôan “qual o som de uma só mão batendo palmas?”

HAN SHU (chinês) – história dos Han anteriores.

HANKA-FUZA (jap.) – postura de meio-lótus, na qual uma perna fica sobre a outra.

HANNYA (jap.) – veja prajna.

HANNYA SHINGYÔ (jap.) – veja Mahaprajnaparamita-Hridaya Sutra.

HARA (jap.) – uma região central na parte inferior do abdome, de onde vem a respiração durante a meditação. A hara é um ponto de equilíbrio e fonte do ki, ou energia vital

HARIVARMAN – monge indiano (século IV) cujos trabalhos originaram a escola Satyasiddhi (chinês, Ch'eng-Shih; jap., Jôjitsu).

HASSU (jap.) – sucessor do Darma, ancestral, patriarca.

HAYAGRIVA (sânscr.; jap., batô myô-ô) – manifestação irada de Avalokiteshvara, com cabeça de cavalo.

HINAYANA (sânscr.) – “Pequeno Veículo”; ramo ortodoxo da budismo que se espalhou principalmente pela sul da Ásia (Sri Lanka, Tailândia e Burma), também conhecido como Theravada. A ênfase do budismo Hinayana é colocada na iluminação individual, diferentemente do budismo Mahayana, que enfatiza a compaixão e a salvação de todos os seres. O termo Hinayana é, às vezes, utilizado em chinês para denotar práticas budistas individualistas, que não se preocupam com o bem-estar dos demais.

HÔGEN[-SHÛ] (jap.; chinês, Fa-Yen[-Tsung]) – escola Zen chinesa da tradição Goke-Shichishû.

HÔNEN – monge japonês (1133-1212), fundador da escola da Terra Pura (jap. Jôdo[-Shû]).

HOSSÔ (chinês, Fa-Hsiang) – escola japonesa fundada pelo monge Dôshô (629-700), com base nos ensinamentos da escola chinesa Fa-Hsiang. Também chamada de escola da Ideação Simples. Seu principal objetivo era investigar as qualidades e a natureza de tudo o que existe.

HOTEI (jap.) – veja Pu-Tai.

HOTOKE (jap.) – veja Buddha.

HOU HAN SHU (chinês) – história dos Han posteriores.

HSI-YU-CHI (chinês) – viagem para o Oeste.

HSI-YÜ – região Ocidental.

HSIANG-FA (chinês) – Lei Imitativa.

HSING SZE (?-740) – importante discípulo de Hui Neng. O mestre Hsing Sze foi fundamental no estabelecimento do Ch'an como uma das mais importantes escolas do Budismo chinês.

HSING YÜN – Venerável Mestre e 48º patriarca do budismo chinês da Escola Ch’an (Zen). Nascido em 1927 na China continental, fundou a Ordem Budista Fo Guang Shan, com sede na ilha de Taiwan (República da China), da qual foi abade até 1985.

HSÜ KAO-SENG-CHUAN (chinês) – biografias ulteriores de monges eminentes.

HSÜAN-TSANG – monge peregrino chinês (600-664), fundador da escola Fa-Hsiang, traduziu muitos textos do sânscrito para o chinês. Hsuan Tsang é famoso por sua viagem à Índia, onde foi buscar os sutras. Foi um dos fundadores da escola Fa Hsiang, a versão chinesa do Yogachara.

HUA-YEN (jap., Kegon) – Escola da Guirlanda de Flores; escola chinesa fundada pelo monge Fa-Tsang (643-712) com base nos ensinamentos do Avatamsaka Sutra.

HUI CH’AO – sucessor de Fa Yen.

HUI-K'O (jap., Eka) – monge chinês (487-593), discípulo e sucessor de Bodhidharma.

HUI-NENG (jap., En'ô) – monge chinês (638-713), sexto patriarca, ou líder, do budismo Ch’an na China, chamado Zen no Japão. Mestre de Hsing Sze (?-740), que foi fundamental no estabelecimento do Ch’an como uma das mais importantes escolas do Budismo chinês.

HUI-YÜAN – monge chinês (334-416), fundador da escola da Terra Pura (chinês Ching-T'u[-Tsung]). Foi aluno de Tao An e o Primeiro Patriarca do Budis­mo Terra Pura na China.

HUNG-JEN (jap., Gunin, Kônin) – monge chinês (601-674), quinto patriarca do Zen na China.

 

I

 

I-CHING – monge e peregrino chinês (635-713), um dos principais tradutores de textos do sânscrito para o chinês.

ICHCHANTIKA (sânscr.) – “incrédulo”; pessoa que se desviou do caminho benéfico.

IDDHI – poder psíquico.

IDDHIPADA – os Quatro Caminhos da Realização.

IGNORÂNCIA – é o fato de não estarmos conscientes das atividades da mente; é tudo aquilo que escapa de nossa Plena Atenção. Contemplando o aparecimento, o desenvolvimento e o desaparecimento dos pensamentos tornamo-nos conscientes deles, vendo-os como são, e sua influência sobre nós enfraquece-se cada vez mais.

ILUMINAÇÃO – veja bodhi.

INDRA (sânscr., deva) – um dos deuses mundanos.

INDRIYA (sânscr. e páli) – faculdade, força e poder dos sentidos e da própria mente.

INFERNO – o mais inferior plano da existência consciente. O mais baixo dentre os Seis Reinos da Existência. Há vários reinos infernais e em todos eles o sofrimento é tão intenso que pouco ou nada se avança no rumo da iluminação.

INGA (jap.) – causa e efeito, karma.

INKA-SHÔMEI (jap.) – confirmação da transmissão Zen de um mestre a um discípulo.

INNEN (jap.) – causa e efeito, carma.

INTEGRAÇÃO DOS CINCO VEÍCULOS NO BUDISMO HUMANISTA – o VM Hsing Yün nos diz: “Sabemos que o Budismo fala dos Cinco Veículos, que são: o humano, o celestial, o shravaka, o pratyekabuddha e o bodhisattva. Tanto o veículo humano como o celestial focalizam as questões mundanas. Os veículos shravaka e pratyekabuddha focalizam questões que transcendem a matéria. O veículo bodhisattva combina o espírito mundano dos veículos humano e celestial com o espírito transcendental dos veículos shravaka e pratyekabuddha. Deveríamos lutar pelo objetivo bodhisattva de, simultaneamente, beneficiar, entregar e despertar a nós mesmos e aos outros. Se entendermos que todos os seres estão indissoluvelmente inter-relacionados, veremos que beneficiar ao próximo significa beneficiar a si mesmo. Quando libertamos a outros seres viventes, também nos libertamos. Assim, quando a inter-relação dos ensinamentos desses cinco veículos é compreendida, temos então, o Budismo Humanista, ou o Budismo do mundo dos homens. Vou dar um exemplo para ilustrar o que quero dizer. Suponhamos que eu queira ir a Taipei hoje. Taipei é o objetivo de meu aperfeiçoamento budista; é uma terra pura. Ao pegar o trem, passa-se por Tainan, Taichung e Hsin Chu. Mesmo não tendo que descer nessas estações, não tenho outra escolha, a não ser passar por Tainan, Tai Chung, e Hsin Chu. Isso equivale a dizer que, enquanto atravessamos o cultivo dos veículos humano, celestial, sravaka e pratyekabuddha, podemos buscar a condição de Buda diretamente praticando os ensinamentos do Budismo Humanista do caminho do bodhisattva entre a multidão”.

ISHIN-DENSHIN (jap.) – no budismo Zen, transmissão de coração-mente para coração mente.

ISHTA-DEVATA (sânscr.; tib. Yi Dam) – no budismo Vajrayana, divindade meditacional.

ISIPATANA – também conhecido com os nomes de Mrigadava e Rishipatana, refere-se ao Parque das Gazelas, próximo a Benares, onde Shakyamuni vai procurar seus cinco antigos companheiros, e profere sua primeira pregação sobre as Quatro Nobres Verdades.

 

J

 

JAINISMO – é um seguidor dos jinas, os conquistadores espirituais de cujas vidas e ensinamentos deriva a religião jainista na Índia. Eles são mestres humanos que atingiram o mais elevado conhecimento e visão interior e compartilharam com seus seguidores o caminho para o moksha, a liberação do renascimento em mundos de ignorância e sofrimento. Os jinas também são conhecidos como tirthankaras, “os fazedores de vaus”, que conduzem as almas, através do rio do renascimento, ou samsara, para a liberdade espiritual. Os jainistas crêem que 24 tirthankaras surgam a cada meio ciclo do tempo para ensinar o caminho de libertação da alma, jiva, de sua prisão na existência material, o carma. Veja Mahavira.

JAKUJO (jap.) – tranqüilidade total. Jaku significa que “não há ninguém com quem você queira conversar”, e jo significa “serenidade” ou “imperturbabilidade”.

JAKU MOKU (jap.) – versão japonesa do chinês muni (“sábio” em sânscr.), a segunda parte do nome Shakyamuni. A palavra japonesa tem conotação de tranqüilidade e silêncio.

JAMPA (tib., Byams Pa) – veja Maitreya.

JAMPEL (tib., 'Jam Dpal) – veja Manjushri.

JATAKA – seção do Khuddhaka-Nik?ya com as lendas sobre as vidas passadas do Buda Shakyamuni. Também, descreve, em um dos seus livros, os fatos (lendários?) em torno ao nascimento de Shakyamuni: ­“na cidade de Kapilavastu a festa da lua cheia… fora anunciada. A rainha Maia, no sétimo dia antes da lua, celebrou a festa sem bebidas e com abundância de guirlandas e perfumes. Levantando-se cedo no sétimo dia, banhou-se em água perfumada e distribuiu 400.000 moedas em esmolas. Belamente adornada, comeu alimentos escolhidos, fez os votos do Uposatha (isto é, votos apropriados para o Uposatha, ou quatro dias santos do mês: a lua cheia, a lua nova, e o oitavo dia depois de cada uma dessas luas), entrou em seu ornamentado aposento e, deitando-se na cama, sonhou um sonho”.

Quatro grandes reis a ergueram com o leito e a levaram para o Himalaia, onde a depuseram no platô de Manosila. (…) Então vieram as rainhas e a levaram para o lago Anotatta, banharam-na para remover a marca humana, vestiram-na de roupas celestes e enfeitaram-na de divinas flores. Não longe dali levantava-se uma montanha de prata, e no alto da montanha uma mansão de ouro. Lá lhe prepararam um leito divino, com a cabeceira para o oriente, e nele a deitaram. Então Bodhisattva (isto é, destinado a ser um Buda; aqui significando o próprio Buda (…) cujo nome pessoal era Sidarta, e cujo nome de clã era Gautama. Também foi chamado Shakya-muni, ou o “Sábio dos Shakyas”, e Tathagata, “Um Que Conseguiu a Verdade”. Buda, porém, nunca aplicou a si próprio qualquer desses nomes) tornou-se em elefante branco. Não longe dali estava a montanha de ouro, à qual ele se dirigiu em seguida; desceu-a e passou para a montanha de prata, na direção norte. Na tromba, que era como um calabre de prata, levava um lótus branco. Então, trombeteando, o elefante entrou na mansão de ouro, rodeou três vezes o leito de sua mãe, feriu-lhe o lado direito e como que lhe entrou na madre. E assim recebeu… uma nova existência”.

No dia seguinte a Rainha despertou e contou o sonho ao Rei. O Rei convocou 64 proeminentes brâmanes, honrou-os e satisfê-Ios com excelentes refeições e presentes. Então, quando os viu contentes daqueles prazeres, contou-Ihes do sonho da rainha e pediu-Ihes a significação. Os brâmanes responderam: Não te aflijas, ó Rei, a' Rainha conceberá filho macho, não fêmea, e tu terás um filho; e ele morará numa casa e se tornará rei, um monarca universal; se deixar sua casa e sair pelo mundo, ele se tornará um Buda, um afastador do véu (de ignorância) do mundo. (…) A Rainha Maia, trazendo em si, por dez meses, o Bodhisattva como óleo na ânfora, quando chegou o dia do parto desejou ir para a casa dos seus parentes e disse ao Rei Suddhodhana: “Desejo, ó Rei, ir para Devadaha, a cidade de minha gente.” O Rei aprovou a idéia, e fez que aplainassem a estrada de Kapilavastu a Devadaha, e a enfeitassem de pavilhões e bandeiras; e, pondo-a num palanquim carregado por mil cortesãos, mandou-a com grande comitiva. Entre as duas cidades, e pertencendo aos moradores de ambas, havia um agradável bosque de árvores Sal, chamado Bosque Lumbini. Naquela ocasião, do nível do solo ao topo, as árvores eram só flores. (…) Quando a Rainha viu o bosque, desejou recrear-se nele. (…) Foi para baixo de uma árvore e desejou deitar mão num ramo. O ramo, como se fora flexível vi­me, inclinou-se ao seu alcance. A Rainha tomou-o e enquanto o segurava deu à luz a criança. (…) As outras criaturas quando nascem vêm envoltas em matéria impura – mas não foi assim com Bodhisattva. Como um pregador da Doutrina descendo da sede da Doutrina, como um homem que descesse das estrelas, estirou os braços e pernas e, isento de qualquer impureza, cintilante como uma jóia em panos de Benares, saiu de sua mãe.”

Cumpre ainda notar que durante o nascimento de Buda uma grande luz apareceu no céu; os surdos ouviram; os mudos falaram; os paralíticos se levantaram; os deuses se debruçaram nos céus para contemplá-Io; e de longe vieram saudá-Io os reis.

 

JE RINPOCHE (tib., Je Rin Po Che) – veja Tsongkhapa.

JE TSONGKHAPA (1357-1419 a.E.C.) – uma manifestação do Bodhisattva da Sabe­doria, Manjushri, cujo aparecimento como monge durante o século qua­torze no Tibete, havia sido predito por Buda. Ele restabeleceu a pureza da doutrina de Buda e demonstrou como praticar o puro Darma em tempos degenerados. Sua tradição ficou conhecida mais tarde, como a Tradição Ganden.

JIJUYU SAMADHI – o estado de consciência de uma pessoa plenamente iluminada. Jijuyu é um termo japonês dado a alguém que despertou para a verdade e que usa a alegria desse despertar em benefício dos outros. Samadhi é um termo sânscrito dado ao mais elevado estado de consciência.

JINA (sânscr.) – “vitorioso”; epíteto do Buda.

JIRIKI (jap.) – poder próprio (para alcançar a iluminação); o oposto de tariki.

JIZÔ (jap.) – veja Kshitigarbha.

JÔDO-SHIN[-SHÛ] (jap.) – Verdadeira Escola da Terra Pura, fundada pelo monge japonês Shinran (1173-1262), com base nos ensinamentos da escola Jôdo[-Shû]. O shin é a única variedade japonesa do tipo de budismo conhecido como Terra Pura. Sua origem se remonta ao século XIII pela figura carismática e profética de Shinran cuja interpretação da doutrina e dos ensinamentos tradicionais não somente influenciou enormemente em seu próprio tempo mas conservou sua força até nossos dias. Em uma época em que o budismo japonês estava dominado por um elite monástica, Shinran propôs um caminho de libertação que democratizou a doutrina e estendeu sua influência entre todas as camadas da população, sem distinção de idade, classe ou sexo. O shin é uma das grandes contribuições religiosas do Japão, sendo a forma de budismo mais praticada neste país. Entretanto, é pouco conhecida no Ocidente.

JÔDO[-SHÛ] (jap.) – Escola da Terra Pura, fundada pelo monge japonês Hônen (1133-1212) com base na escola Ching-T'u[-Tsung] chinesa.

JOHN MAIN (1926-1982) – monge beneditino que recuperou a tradição da meditação no cristianismo. Em 1975 fundou o priemiro Centro de Meditação Cristã, que veio a florescer na World Community for Christian Meditation (Comunnidade Mundial de Meditação Cristã), em Londres.

JÓIA-TRÍPLICE – veja Triratna.

JÔJITSU (jap.) – Escola da Perfeição da Verdade, fundada no Japão pelo monge coreano Ekwan em 625, com base na escola Ch'eng-Shih chinesa. A escola não existe independentemente, mas sim como uma parte da escola japonesa Sanron (chinês San-Lun).

JU CHING (1163-1228) – o mestre de Zenji Dogen na China, sob cuja orientação ele alcançou a iluminação. Em japonês, ele é conhecido como Tendo Nyojo.

JÛGYÛ[-NO]-ZU (jap.) – Dez Figuras de Boiadeiro; representação gráfica dos diversos níveis de realização Zen.

JÛJÛ[-KIN]-KAI (jap.) – Dez Preceitos Principais da escola Zen (não matar, não roubar, não cometer adultério, não mentir, não difamar, não ser orgulhoso ao elogiar, não cobiçar, não ter raiva, não difamar as Três Jóias). Veja dez perfeições.

JÛKAI (jap.) – receber os preceitos budistas.

 

K

 

K’ANG-CHÜ (chinês) – Sogdiana.

KADAM[-PA] (tib., Bka' Gdams [Pa]) – escola da Instrução Oral, escola Vajrayana tibetana fundada pelo monge indiano Atisha (980/90-1055), precursora da escola Gelug. É uma pessoa que pratica sinceramente o Lamrim e que in­corpora todos os ensinamentos do Buda que ela conhece à sua prática de Lamrim. Veja Lamrim.

KAGYÜ[-PA] (tib., Bka' Rgyud [Pa]) – Escola da Transmissão Oral, escola Vajrayana tibetana fundada pelo monge Gampopa (1079-1153), centralizada nos ensinamentos Mahamudra.

KAGYUR – Tratado tlbetano do Vinaya em cem volumes.

KALA DEVALA – sábio venerável, também chamado Asita, que tinha poderes de clarividência. Foi ele quem disse ao pai de Sidarta, o rei Suddhodanna, que seu filho não seria um homem comum, mas que estava destinado a se tornar totalmente Iluminado.

KALACHAKRA (tib., Dükyi Khorlo/ Dus Kyi 'Khor Lo) – Roda do Tempo; o tantra mais complexo e popular do budismo Vajrayana tibetano.

KALPA (sânscr.; páli, kappa) – “ciclo ou era universal”; na cronologia hindu período de tempo correspondente a 4.320.000 anos (um éon; aeon em latim). Significa eternidade, no sentido de um tempo aparentemente interminável, mas que, apesar de tudo, tem limite; tempo que o universo leva para expandir-se e contrair-se.

KALYANAMITRA (sânscr.; páli, kaluanamitta) – bom amigo, amigo espiritual, mestre.

KAMADHATU – veja Três Mundos.

KANCHÔ (jap.) – abade geral de um monastério Zen.

KANGYUR TENGYUR (tib., Bka' Gyur Bstan 'Gyur) – tradução da Palavra e Tradução do Ensinamento; o cânone do budismo tibetano.

KANNO DOKO (jap.) – “apelo e resposta que se cruzam muito rapidamente”, ou sinceridade.

KANNON (jap.) – veja Avalokiteshvara.

KANTHAKA – era o nome do cavalo do príncipe Sidarta, que, quando resolve não mais voltar à casa paterna, ordena a seu assistente Channa, que levasse o animal de volta. Channa não consegue movê-lo. Foi necessário que Sidarta insistisse com seu cavalo, que apenas caminhou um tanto, virou-se uma última vez para seu mestre, e quando finalmente movimentou-se para o seu retorno, diz a tradição, as lágrimas rolavam-lhe de seus olhos. Em breve Kanthaka morria, segundo diziam, de saudades.

KANZEON (jap.) – veja Avalokiteshvara.

KAO-SENG-CHUAN (chinês) – biografias de monges eminentes.

KAPILA – veja Sankhya.

KAPILAVASTU – hoje chamada Tilaurakot, capital do reino dos Sakyas (atualmente Nepal), ao norte da Índia, no sopé do Himalaia; cidade onde nasceu o Buda histórico, em cerca de 563 a.E.C.

KARMA (sânscr.; páli, kamma; jap., inga, innen) – “trabalho”, “ação”; Lei universal de Causa e Efeito. Todos os atos intencionais produzem efeitos, que inevitavelmente serão vivenciados por quem os praticou. Uma das doutrinas fundamentais do budismo.

KARMAN – ato que possui um valor moral, bom, mau ou neutro.

KARMAPA (páli, Kamma; tib., Ka Rma Pa) – líder da escola tibetana Karma Kagyü.

KARUNA (sânscr. e páli) – compaixão; um dos quatro Brahma-Viharas.

KASANA (sânscr.) – uma fração de segundo; uma unidade de tempo indiana equivalente à sexagésima quinta parte de um segundo.

KASAYA (sânscr.) – veja kesa.

KASHAYA (sânscr.) – “paixão”; sutil influência deixada como resíduo na consciência em forma de samskara, seguindo o deleite dos sentidos. Também usado como referência à roupa (hábito) usada pelos monges.

KASHYAPA – discípulo e contemporâneo de Buda; irmão mais jovem de Uruvilvakashyapa, que converteu seus duzentos discípulos ao Budismo; presidiu o 1º Concílio. É, também, o nome do Buda que precedeu Shakyamuni.

KASINA – artifício externo usado para desenvolver a concentração da mente.

KEGON-KYÔ (jap.) – veja Avatamsaka Sutra.

KEGON[-SHÛ] (jap.) – Escola da Guirlanda de Flores; escola fundada no Japão pelo monge chinês Shen-Hsiang (jap. Shinshô), com base nos ensinamentos da escola chinesa Hua-Yen. E também o nome de uma im­portante escritura (sânscr., Avatamsaka Sutra) que relata os ensina­mentos do Buda logo após sua iluminação.

KEIZAN JÔKINfamoso mestre zen japonês que se tornou monge sob a orientação de Koun Ejo, um discípulo de Zenji Dogen. Fundou o Soji-ji, um dos dois principais mosteiros do budismo Soto no Japão atual.

KEKKA-FUZA (jap.; sânscr., padmasana) – posição de lótus completa, com cada pé sobre a coxa oposta.

KENDO (jap.) – esgrima praticada com espadas de bambu,

KENSHÔ (jap.) – estado mental próximo à iluminação.

KESA (jap.; sânscr., kasaya) – manto; parte do hábito utilizado pelos monges Zen.

KHADROMA (tib., Mkha' 'Gro Ma) – veja Dakini.

KHANTI – paciência, tolerância.

KHUDDAKA-NIK?YA (páli) – Coleção Curta; uma das seções do Sutta Pitaka.

KI (jap.) – “ação”; veja chi.

KINHIN (jap.) – meditação do caminhar lento, realizada entre os períodos da meditação convencional sentada, o Zazen. Kinhin ajuda a relaxar as pernas ao mes­mo tempo em que o praticante se mantém no estado de meditação.

KLESHAS (sânscr.: páli, kilesa) – são as funções mentais perniciosas como, por exemplo, as obsessões nocivas; impurezas. Veja Quatro Demônios.

KOAN (jap.; chinês, Kung-An) – “documento público”. No budismo Rinzai, um koan é uma frase ou episódio Zen que utiliza o paradoxo para transcender a lógica ou os preceitos; é uma afirmação ou uma pergunta que não po­de ser compreendida ou solucionada intelectualmente; por exemplo: “Qual o som que resulta de se bater palmas com uma só mão?” A meditação acerca de um koan nos leva a transcender o intelecto e a experimentar a natureza não-dual da realidade,

KÔBO-DAISHI – veja Kûkai.

KODO, SAWAKI (ROSHI) (1880-1965) – famoso mestre Zen Soto que evitou qualquer forma de institucionalização e que nunca teve seu próprio tem­plo. Viajou muito por todo o Japão para ensinar o Zazen.

KOKORO (sino-jap., shin) – coração-mente.

KONDANNA – foi o oitavo brâmane chamado pelo rei Suddhodanna, pai de Sidarta, para examinar o filho, logo após seu nascimento, como já o fizera o sábio Kala Devala. Depois de examinar as marcas do corpo do bebe disse que, quando Sidarta presenciasse os Quatro Sinais Especiais, renunciaria ao mundo e se tornaria um Buda.

KOROMO (jap.) – manto externo usado pelos monges zen-budistas; é origi­nário da China.

KOSHA[-SHÛ] – escola japonesa surgida entre os séculos VII e VIII, baseada na escola chinesa Chu-She.

KOTI (jap.) – um número astronômico, às vezes indicando dez milhões, ou­tras vezes cem milhões.

KRIYA – ação, a primeira das quatro séries de tantras.

KSHANTI (sânscr.; páli, khanti) – paciência; um dos seis paramitas.

KSHITIGARBHA (sânscr.; chinês, T'i-Ts'ang; jap., Jizô) – “Ventre da Terra”; no budismo Mahayana, é o Bodhisattva que protege dos tormentos, principalmente as crianças. Ele fez voto de permanecer no inferno até que todos os seres sencientes tenham sido libertados (iluminados).

(jap.) – veja shunya.

KUAN-YIN PU SA (chinês) – versão chinesa do Bodhisattva Avalokiteshvara (sânscr.: “Aquele que ouve todos os sons do mundo”) – de poder e compaixão infinitos. Um dos mais grandiosos Bodhisattvas do budismo Mahayana. O Bodhisattva Avalokiteshvara pode se manifestar sob qualquer forma para dar auxílio onde quer que seja necessário. Diz a tradição que tem mil olhos e mãos para poder salvar todos os seres sencientes e aplacar seus temores. Na iconografia, quando o budismo se espalhou pela China, passou a ser representado sob forma feminina, por estar associado à compaixão maternal.

K'UEI-CHI – monge chinês (632-835), discípulo de Hsüan-Tsang e co-fundador da escola Fa-Hsiang.

KUEI-FENG (780-841) – também conhecido como Tsung-mi, foi o quinto patriarca da Escola Hua-yen do budismo chinês.

KÛKAI – monge japonês (774-835), também conhecido como Kôbo-Daishi, que fundou a escola Shingon com base nos ensinamentos da escola chinesa Mi-Tsung.

KUMARAJIVA – um dos principais tradutores de textos budistas do sânscrito para o chinês (334-413). Nascido em Kucha, na Ásia Central, foi um dos grandes tradutores dos sutras budistas na China. Suas traduções são extraordinárias por sua fluidez e permanecem populares até hoje.

KUNDA – era um ferreiro, artesão em metal, proprietário de um pequeno bosque de mangueiras, em Pava, no qual Buda Shakyamuni parou para descansar, vindo de viagem desde Bhoga-gama. Ao saber da presença de Buda, Kunda saudou-o, convidando-lhe para tomar sua refeição, no dia seguinte, em sua casa, juntamente com seus acompanhantes. Foi servido arroz-doce, bolos e um prato de javali. Esta foi a última refeição de Buda, pois em seguida caiu gravemente enfermo, com uma violenta diarréia e dores lancinantes. Buda comunica a Ananda que deseja ir para Kusinara, onde acaba fazendo sua passagem ao Parinirvana. Suas últimas palavras foram: “Ouvi-me, meus irmãos, eu vo-lo digo, a dissolução é inerente a todas as formações! Trabalhai sem descanso para vossa salvação!” Buda foi cremado com o cerimonial adotado para os reis. Segundo a tradição Ele tinha oitenta e um anos.

KUNG-AN (chinês) – “documento público”, pois originalmente diz respeito à ação jurídica que constituía um precedente. Popularizada na forma japonesa koan, essa palavra significa um pensamento que contém um paradoxo. No Ch'an, frase de um sutra, episódio da vida de um mestre, ensinamento sobre a com­preensão do Ch'an que apontam a natureza da realidade suprema. Essencial no kung-an é o paradoxo, ou seja, aquilo que se encontra além do raciocínio e transcende o lógico ou o conceitual. Assim, uma vez que não pode ser resolvido pelo emprego da razão, um kung-an não é um enigma comum; sua solução requer um salto para outro nível de compreensão. Veja kôan.

KUNG-FU (chinês) – “homem suado”, “trabalho duro”; no Ocidente o sentido da expressão foi reduzido a uma forma de arte marcial. Originalmente, perfeição alcançada em uma ou várias artes. Prática que mantém o corpo saudável, previne e cura doenças, fortalece a vontade, aumenta a concentração, controla a mente, acalma o espírito.

KYÔ (jap.) – veja sutra.

KYOSAKU (jap.) – no budismo Zen, bastão utilizado para “despertar” os praticantes de zazen com uma batida no ombro.

 

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