Sumário
Importantes conceitos de gnosiologia e ontologia nas Escrituras são incompatíveis com muitas ideias no pensamento antigo, assim como, com parte substancial do pensamento filosófico na era cristã tributário da filosofia grega. Entretanto essas ideias bíblicas podem ser encontradas em concepções epistemológicas e ontológicas da física moderna. Exemplos: opacidade da realidade e impotência dos sentidos, matematização universal, unicidade da matéria, realidade do espaço e do tempo, substancialidade da luz, existência do vácuo, não existência dos cinco elementos etc.
Summary
Important gnosiological and ontological concepts in Holy Writ are incompatible with no few ideas in ancient thought, and as well as, with a substantial content of the Greek dependent philosophy in the Christian era. Those Biblical ideas however, can be found in modern physics. Examples: opacity of physical reality and impotency of human senses, universal mathematization, uniqueness of matter, reality of space and time, substantiality of light, existence of the vacuum, non existence of the five elements, and so forth.
CONTINUAÇÃO…
7. O Tempo é imanente a todos os entes
“Todas as coisas têm seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada um foi prescrito”. (Ecles. III, 1)
Diferentemente de Aristóteles, cuja “Física” apresenta o tempo como mera relação entre o antes e o depois no movimento, uma espécie de ornamento quando o ente é movido por outro.Para Agostinho o tempo é imanente ao ser do ente e é determinado pelas formas do ente. Tomás de Aquino também insere o tempo no ser de modo que o tempo é apresentado como relação entre o ERA e o É, e não simplesmente entre o ANTES e o DEPOIS, no movimento. Diz TOMÁS que a definição aristotélica de tempo não é suficiente, porque a relação temporal é imanente às coisas, o que é conforme ao texto bíblico citado e a Agostinho.
O historiador das ciências Stanley Jaki, O.S.B., diz que a física moderna teve seu início no séc. XIV, com a teoria do impetus de Jean Buridan, e que isto tem a ver com a concepção do tempo linear oriundo da Bíblia, diferente do tempo cíclico que dominava a antiga filosofia grega e muçulmana. Não só o tempo cíclico, mas o mobilismo ontológico do ente nas filosofias de Platão e Aristóteles domina o cenário filosófico helênico e islâmico. Assim, a física não podia se desenvolver em tal cenário especulativo onde o tempo cíclico e o imobilismo ontológico eram dominantes. A grande obra científica dos gregos foi a geometria, e, a dos árabes, a álgebra e a trigonometria. A astronomia na Grécia e no Islã se manteve dentro do espírito da geometrização e de uma incipiente cinemática: só no século XVII com Newton é que a astronomia passou a depender de uma física. A física começa a existir na Idade Média do século XIV ao XVIII, porque aparecem então as primeiras especulações em cinemática e dinâmica, ou seja, a inserção do tempo nas incipientes matematizações da realidade material.
Mas é no século XVII que nascem a física e a astronomia modernas, pois com Isaac Newton surge o primeiro grande sistema teórico da dinâmica e da gravitação. Defendo a tese que a física só passou a existir na história com a inserção do tempo nas matematizações das qualidades e processos do universo material. E isto foi possível devido ao desenvolvimento da consciência do tempo no Cristianismo. Agostinho é um exemplo superlativo da consciência cristã do tempo. O físico húngaro-canadense Geza Szamosi mostra como foi Agostinho em suas “Confissões”, que fez surgir uma autêntica concepção moderna do tempo que se insere na física.
As palavras de Salomão no versículo do Eclesiastes citado, são ecoadas na física moderna. São equivocadas as afirmações de não poucos escolásticos atuais quando vêm na física apenas quantidades aristotélicas, como comprimento, área e volume, ignorando o tempo e as qualidades matematizadas cientificamente.
8. A matematização universal
“Vós dispusestes tudo com medida, número e peso … ” (Sab. XI, 21)
“Quando Ele se preocupava em pesar os ventos e em regular a medida das águas, quando Ele fixava as leis da chuva e tratava uma rota aos relâmpagos … ” (Jb. XXVIII, 25, 26)
Geralmente nas obras de história das ciências e da filosofia se atribui a Pitágoras (séc. VI a.C.) e a Platão (séc. V-IV a.C.) a ideia da matematização do mundo físico. Porém, bem antes, Salomão e Jó, por volta do século X a.C., exibem essa ideia e com o caráter de radicalidade ontológica. Salomão usa o termo “tudo” e que podemos interpretar da seguinte maneira:
- Medida: envolve a ideia de relação.
- Número: individualização de conjunto ou ser-classe.
- Peso qualidade.
Jó dá exemplos ilustrativos como PESO DOS VENTOS, que fisicamente significa a pressão que os ventos exercem; como MEDIDA DAS ÁGUAS, que pode significar o volume ou a massa das águas relacionadas com algum recipiente; ROTA DOS RELÂMPAGOS, isto é, sua trajetória geometricamente determinada. Os dois textos bíblicos sugerem fortemente uma universalidade de conceitos da ordem material matematizados. Pitágoras, visualizou a determinação matemática em termos de números, e, Platão como se vê bem no “Timeu” em termos de formas geométricas.
Por outro lado, vemos na Física moderna a matematização universal, que envolve relações físicas traduzidas em equações diferenciais e funções. As qualidades matematizadas são, por exemplo, a energia, a força, o momento angular etc. Também realidades virtuais, como campo gravitacional, campo eletromagnético, campo psi etc. Aquilo que os físicos chamam de “grandezas”, são efetivamente qualidades matematizadas.
Aristóteles na sua gnosiologia sensualista estabelece uma separação inaceitável entre quantidade e qualidade. Com seu princípio da potência iluminativa dos sentidos e sua Teoria da Abstração, infere que existem três graus de abstração: o físico, o matemático e o metafísico. Na primeira abstração, a física, concebemos as “qualidades” da matéria, que sabemos ser fictícias. Exemplos de “qualidades” aristotélicas: secura e umidade, quentura e frigidez, raridade e densidade, leveza e gravidade, brancura e negrura, moleza e dureza, vermelhidão, verdor, azulão, amarelão etc. Na segunda abstração, a matemática, teríamos comprimento, área e volume. Esse realismo ingênuo de Aristóteles separa a ordem qualitativa da ordem quantitativa, configurando um dos erros epistemológicos mais graves que contaminou a filosofia até nossos dias.
Aristóteles logicamente concluiu a partir dessa premissa epistemológica falsa, que nenhum tratamento matemático da física podia atingir a inteligibilidade das coisas. A essência, ou seja, os nexos causais estariam fora do tratamento matemático. Ele exemplifica com a astronomia, cujas formalizações matemáticas não exibiam os porquês do comportamento dos corpos celestes. Isto era verdadeiro na época, porque, como se vê em Eudoxo e Calipo, a matematização do sistema solar estava baseada em critérios meramente geométricos e cinemáticos vazios de porquês.
Somente em Newton, com a matematização do princípio de causalidade, isto é, com a inserção de uma física matemática na astronomia, foi possível se introduzir os porquês na ciência astronômica. A Idade Média, do século XIII ao século XIV, e, a Revolução Científica do século XVI ao XVII, desacreditam Aristóteles: os porquês da física exigem matematização. O estagirita criou uma física exclusivamente qualitativa baseada naquelas “qualidades” obtidas via crença na inteligibilidade comunicada pelas impressões sensíveis. Infelizmente a escolástica pseudotomista da Renascença retornou à falaciosa epistemologia peripatética, e, essa estância, perdura até nosso século.
Tomás de Aquino distanciando-se de muitos parsecs (1 parsec = 3,26 anos-luz) de Aristóteles, matematiza a ordem ontológica atribuindo valor numérico a qualidades, o que ele chama de Quantidade Virtual. Tomás fala de números e quantidades transcendentais, ideias ontológicas não originários de um segundo grau de abstração. Tomás se compatibiliza com a Bíblia, o que não acontece com a escolástica fossilizada que da Renascença ao século XX repete as falácias peripatéticas.
Sobre o caráter ontológico dos conceitos fundamentais da matemática quero ainda acrescentar que Agostinho em uma cogitação de inspiração platônica nos diz que o conceito de número inteiro pressupõe o conceito metafísico de unidade e o de dualidade. Ele antecipa a definição mais rigorosa formulada pelo grande matemático tcheco, o Pe. Bernhard Bolzano (séculos XVIII-XIX) da Universidade de Praga. O tema da formulação dos conceitos de número da matemática desenvolvido do século XIX ao século XX, foi abordado em uma investigação filosófica que mostra que o princípio de participação de ser formulado por Platão, o conceito de unidade e o conceito de ser-classe, atual e virtual, são necessários para se constituir a inteligibilidade do número enquanto número.
A conceituação de número como se pode ver a partir de Agostinho, envolve juízos de ser que constituem aqueles conceitos transcendentais na base da intelecção dos números. Temos a ver, pois com ideias de ordem metafísica. O segundo grau de abstração de Aristóteles para fundar os conceitos e princípios de base da matemática é uma ficção. O conceito de conjunto (ser-classe) na teoria dos conjuntos de Georg Cantor (séc. XIX-XX), pressupõe, como ele mesmo sublinha, a necessidade do conceito de unidade. Ora, este é um conceito de nível ontológico.
9. Opacidade do mundo físico e impotência dos sentidos
“Todas as coisas são difíceis; o homem não as pode explicar com palavras. O olho não se farta de ver, nem o ouvido se cansa de ouvir”. (Ecles. I, 8)
“Conheces as leis do céu e darás a razão da sua influência sobre a terra?” (Jb. XXXVIII, 33)
Estas duas passagens respectivamente de Salomão e Jó, em primeiro lugar falam da opacidade da realidade, e, em segundo, que nossos sentidos mais nobres são impotentes para revelar a inteligibilidade imanente às coisas. Platão apresenta uma postura gnosiológica equivalente. Ele considera que os sentidos mais nobres não fornecem ao homem alguma verdade. Disse Platão que a ordem inteligível do real está além dos sentidos e exemplifica com a astronomia: o visível fornece o belo, mas a inteligibilidade não pode ser apreendida pelos sentidos, mas só pelo pensamento reflexo, e isto, via matematização.
Agostinho, numa formulação compatível com a Bíblia e Platão diz: “Assim eu creio que antes podemos navegar sobre a terra, que compreender a geometria com a ajuda dos sentidos, se bem que estes possam ao que me parece, ajudar os debutantes”. Creio que Aristóteles foi um eterno debutante porque sua gnosiologia, em tudo ficou agrilhoada aos dados dos sentidos. Aristóteles enuncia o princípio básico do empirismo gnosiológico, endossado pelo filósofo escocês David Hume: “Nada há na inteligência que não tenha provindo dos sentidos”.
O filósofo de Estagira desenvolve toda uma teoria da abstração dos sentidos. A gnosiologia desenvolvida por Aristóteles pressupõe o sensualismo, isto é, a inteligibilidade está virtualmente nas aparências sensíveis, e, mediante a abstração dos sentidos, a inteligência recebe a quantidade, a forma dos objetos materiais, ou seja: a inteligibilidade se estabelece na inteligência, como se as impressões sensíveis comunicassem tal inteligibilidade à alma intelectiva. Esse sensualismo gnosiológico redescoberto por Edmund Husserl, é contraditado pela Sagrada Escritura, como se vê em Salomão.
Xavier Rousselot (séc. XIX) nos diz que na escolástica a partir do século XIII, a teoria da abstração originária de Aristóteles atingiu um alto grau de extravagância e que a teoria das espécies aí inerente foi uma das causas do descrédito da escolástica. A Igreja do século II ao VIII seguindo as Escrituras se mantiveram longe de Aristóteles e tiveram como consequência a preparação do nascimento da física moderna.
Mas a partir da Renascença, o nefasto decreto do Papa Nicolau V (séc. XV) obrigando a Universidade de Paris seguir Aristóteles, a escolástica se mumificou em parâmetros substancialmente aristotélicos, o Cardeal Pierre D'Ailly, que fora reitor da Universidade de Paris no século XIV, denuncia a insensatez daqueles que se submetem à doutrina do estagirita. Diz ele:
“Na filosofia ou na doutrina de Aristóteles, não há absolutamente, ou então há poucas razões evidentemente demonstráveis… Concluo que a filosofia ou doutrina de Aristóteles mais merece ser chamada de opinião que de ciência. Em consequência são fortemente censuráveis as pessoas que aderem à autoridade de Aristóteles.
10. Senso comum ou Inferência indutiva não é fonte de leis e princípios
“Todos os deuses das nações não passam de ídolos”. (I Cr. XVI, 26; Ps. XCV, 5)
“Este costume, tendo se firmado com o tempo, foi depois observado como lei (a idolatria)”. (Sab. XIV, 12-16)
“Não imiteis os costumes das nações; e não temais os sinais do céu como temem os pagãos; porque as leis dos povos são vãs”. (Jer. X, 2)
Os dois primeiros versículos dizem respeito às leis da idolatria e o segundo sobre a astrologia e sobre todas as leis e costumes dos povos antigos. Como vemos o consenso dos povos ou a inferência indutiva não é fonte de princípios e leis verdadeiras. Em um extremo oposto da Sagrada Escritura está a gnosiologia peripatética, onde a fonte de leis e princípios universais é derivada do senso comum e da indução, procedimentos equivalentes. Sobre a origem dos primeiros princípios do ser como o de identidade, o de não-contradição etc, diz Aristóteles: “Chamo princípios da demonstração as opiniões comuns sobre os quais todo mundo se baseia para fazer demonstrações … “
O critério de verdade aí, como se percebe, é a repetição da aceitação dos povos. No seu tratado sobre o céu, Aristóteles invoca a continuidade no tempo do consenso dos povos para estabelecer as “verdades” da existência dos deuses e da imutabilidade do céu astronômico. Heródoto foi mais sensato em não aceitar a multiplicidade de deuses das tradições pagãs, mas apenas em aderir à ideia de divindade que se manifestava nessas tradições. O estagirita estende o princípio da repetição histórica do testemunho dos homens ao domínio dos fenômenos da natureza e postula o falacioso princípio da inferência indutiva, segundo o qual toda lei universal ou toda premissa na base da ciência é estabelecida a partir da recorrência de fenômenos. Isto é um monumental erro epistemológico. Qualquer bom cientista ou raro filósofo das ciências, sabe que nenhuma lei da natureza deriva da inferência indutiva.
Sir Karl Popper, eminente filósofo das ciências austríaco, diz: “A indução, isto é, a inferência baseada em grande número de observações, é um mito”. Físico teórico do gabarito de Einstein, Popper (Prêmio Nobel) disse que nenhuma teoria científica pode ter origem na indução. O Prêmio Nobel de Medicina Sir Peter Medawar fez esta britânica ironia: ” … se alguém que trabalhe no laboratório alegar que esteja tentando estabelecer as Leis da Natureza pela indução, devemos começar a pensar que já está mais do que em tempo de aposentar-se”.
Desafortunadamente a escolástica renascentista e pós-renascentista ignorando a pesquisa científica, tem sistematicamente sentenciado que o “princípio” da inferência indutiva é aquele que os pesquisadores-científicos utilizam para inferir leis e deduzir teorias. Poderia citar um número não pequeno de escolásticos afirmando a insensatez de que a ciência está baseada na indução, Jacques Maritain, por exemplo, ainda faz da indução um princípio inconcusso. Pontifica: “Ce principe est évident par lui-même ou connu de soi, tout comme le principe suprême du Syllogisme”.
A filosofia laica foi gerada pela escolástica renascentista e, por isso, exibe os mesmos tiques indutivistas desta. A metodologia científica envolve o processo teórico hipotético-dedutivo que determina a existência de laboratórios e observatórios, nos quais a complexa tecnologia de medições nada tem a ver com a indução de Aristóteles e de seu discípulo renascentista Francis Bacon.
Blaîse Pascal (séc. XVII) célebre matemático iniciador do cálculo de probabilidades, foi suficientemente inteligente para não se amarrar a escolas filosóficas. Talvez, por isso, e, sobretudo devido a sua formação científica, fez um juízo negativo da inferência indutiva.
11. A aprioridade ou imanência à consciência dos princípios do ser
“Os quais (os gentios) mostram as prescrições da Lei escrita nos seus corações, dando-lhes testemunho a própria consciência e os pensamentos de dentro, que os acusam e os defendem … ” (Rom. II, 15)
“Gravada está em nós, Senhor, a luz do vosso rosto… ” (Ps. IV, 7)
Uma vez que a lei moral é lei do ser, fica patente no N.T. e A.T. que os princípios supremos do ser estão impressos em nossa alma e não são adquiridos por nenhuma indução ou tradicionalismo (consenso).
Paulo de Tarso fala da Lei impressa nos corações dos homens. Vou citar dois filósofos pagãos asiáticos que proclamam isso de modo eloquente. O filósofo japonês Miwa Shisai que define:
“A luz espiritual de nosso ser essencial é pura e não é afetada pela vontade do homem. Espontaneamente brotando de nossa mente, mostra sempre aquilo que é reto e errado: é o que se chama consciência e é a própria luz que procede do Deus do céu”.
O filósofo chinês Tseng Tsé, emite esta reflexão:
“A lei do Grande Estudo, ou da filosofia prática, consiste em desenvolver e em trazer de novo à luz o principio luminoso da razão que recebemos do Céu…
Tomás de Aquino, seguindo Agostinho, diz o seguinte:
“Toda criatura racional conhece a lei eterna em sua reflexão maior ou menor. Pois todo conhecimento da verdade é um tipo de reflexão e participação da lei eterna, que é verdade imutável”.
Percebe-se aqui nesta reflexão tomista sobre a lei moral, que entra o principio de participação e ser da inteligência criada na inteligência divina, que configura a imanência da lei na consciência. Tomás de Aquino invoca os dois textos das Escrituras para defender sua posição anti-indutivista. Como podemos ver, a aprioridade dos princípios do ser não é exatamente uma descoberta de Kant, séc. XVIII. Tomás diz claramente que os primeiros princípios especulativos “estão em nós”. Citando Agostinho e Platão, Tomás ao argumentar com o principio de participação de ser, procura justificar essa imanência dos primeiros princípios. Diz ainda que o homem adquire a ciência por um princípio interior e usa a expressão,
“… a luz do intelecto agente, pelo qual o homem conhece desde a origem e naturalmente, certos princípios universais de toda ciência”.
Neste contexto pode-se entender por que Tomás diz que os primeiros princípios são apreendidos por simples intuição. A filosofia pseudo-tomista da Renascença que domina até hoje o meio filosófico católico, escondeu esse pensamento tomista e contaminou a escolástica com o indutivismo aristotélico. Neste século o jesuíta belga Joseph Marèchal, e o jesuíta canadense Bernard Lonergan resgataram a aprioridade em Tomás, sobretudo o canadense que realizou uma obra epistemológica de alto nível, onde ele mostra sua familiaridade com a física moderna.
No século XVII pensadores lúcidos como Pascal e Leibniz endossam a imanência do ser e dos princípios do ser à consciência. No século XIX, o Pe. Jaime Balmes, filósofo não-escolástico com formação matemática, também se compagina com esses pensadores sérios que fazem eco ao que diz a Bíblia. Acrescento que procuro justificar o caráter muitas vezes bem sucedido da formulação de hipóteses cientificas com essa doutrina da eminência dos princípios do ser à consciência.
A eminência da lei moral no entendimento humano, verdade revelada na Sagrada Escritura e endossada por Agostinho e Tomás de Aquino, está completamente fora das elucubrações éticas aristotélicas. O estagirita afirma que os primeiros princípios são discernidos por indução, percepção, pelo hábito e outros, por “outras maneiras” (sem especificação). Aristóteles ainda invoca o consensus gentium para justificar que o bem supremo é a felicidade. Seu empirismo gnosiológico postula que o fato é o ponto de partida e o primeiro princípio. Como se depreende de seus escritos sobre moral, a base indutivista em que o estagirita a fundamenta, é incompatível com o dever ser imanente à consciência e que é a base inconcessa da ética. Não se pode verdadeiramente pensar em lei moral na ética aristotélica. Esta é eloquentemente contraditada pela Bíblia.
12. Inteligibilidade do real, leis necessárias atrás de ordem sensível
“Foi pela sabedoria que o Senhor criou a terra, foi com inteligência que Ele ordenou os Céus”. (Prov. III, 19)
” … quando por uma lei inviolável, encerrava os abismos dentro de seus limites”. (Prov. VIII, 27)
“Ele as estabeleceu para sempre; fixou-lhes uma lei que não passará”. (Ps. C XLVII, 6)
“quando Ele fixava as leis da chuva e traçava uma rota para os relâmpagos … ” (Jb. XXVIII, 25, 26)
“Conheces as leis dos céus e darás razão de sua influência sobre a terra”. (Jb. XXXVIII, 33)
Como vemos, o primeiro versículo citado torna óbvio que todo o universo material é prenhe de inteligibilidade. Os três versículos seguintes falam do caráter necessário das leis da natureza, o que se depreende das palavras “lei inviolável”, “fixou-lhes uma lei que não passará”, “fixava as leis da chuva”. Ora, necessidade é uma consequência da inteligibilidade. Vemos também que no aparente, caos de uma tempestade existem leis que não vemos e que governam aquilo que nossos sentidos supõem caótico. O último versículo é conforme àquele trecho do Eclesiastes em que Salomão fala da opacidade do real e da impotência dos sentidos. Assim, o quinto versículo reforma a inferência de que as leis que representam a inteligibilidade da ordem de ser escapam à ordem sensível. Relembrando ainda, Platão faz considerações que perfeitamente se compatibilizam com estas passagens do A.T.
Não Aristóteles. Este pensava ingenuamente atingir as leis da natureza via inferência indutiva; em um enfoque mais metafisico, Platão propõe o método hipotético-dedutivo, base de toda pesquisa científica, como nos mostra o físico teórico e eminente historiador das ciências Pièrre Duhem. Todo trabalho de laboratório é determinado pelas hipóteses e teorias, o que contorna os obstáculos da opacidade do real e da impotência dos sentidos. Mostro como Salomão e Platão favorecem uma epistemologia totalmente oposta à de Aristóteles e que esta é estéril para gerar ciência.
Com base na gnosiologia sensualista de Aristóteles, que faz da inferência indutiva o determinante de proposições necessárias e universais, um fenômeno recorrente seria lei da natureza. A repetição de um fenômeno já é lei da natureza. Noutros termos: O INTELIGÍVEL SE CONFUNDE COM O FENÔMENO REPETITIVO. ERRO MONUMENTAL. Dou apenas um exemplo científico contrário a esta postura onírica comum a todos os aristotélicos.
Suponhamos a proposição fenomênica fruto da repetição: “O verão retoma cada 365 dias”. Para os aristotélicos isto é lei física. Ora, a ciência nos mostra que isto é efeito sensível de um complexo de leis da dinâmica e da gravitação. A lei da constância do momento angular determinando a direção imutável do eixo de rotação da Terra, inclinado em relação ao plano da órbita, mais a órbita do planeta decorrente das leis da dinâmica e da gravitação, são a CAUSA FORMAL DO FENÔMENO da recorrência das estações.
Por outro lado, a obtenção dessas leis nada tem a ver com a fantasia indutivista de Aristóteles, Francis Bacon e de toda essa escolástica agrilhoada ao estagirita. As hipóteses newtonianas, base das teorias da dinâmica da gravitação, foram sendo corroboradas com a experiência e observação científicas, e estas, não encerram nenhum método indutivo. “A indução é um mito” como disse bem Popper.
Os cinco versículos da Sagrada Escritura que transcrevo, distinguem tacitamente lei de fenômeno: as leis aparecem aí regendo os fatos, ou seja, as leis são o porquê dos mesmos. Isto é claro quando a Bíblia diz que Deus fixava as leis da chuva e traçava a rota dos relâmpagos. Ora, nada mais caótico que chuvas e relâmpagos e no entanto obedecem a leis que escapam aos sentidos. Nenhuma indução revela tais leis.
13. Caráter relacional do movimento. Órbita da Terra?
“A sua saída (do Sol) é desde uma extremidade do céu; e o seu curso vai até à outra extremidade…” (Ps. XVIII, 7)
“Então Josué… e disse em presença deles: Sol, não te movas… e, tu, Lua,… E o Sol e a Lua pararam… ” (Jos. X, 12-13)
“Firmou o orbe da Terra que não vacila”. (Ps. XCII, 2)
” … endireita o orbe da Terra que não vacila”. (Ps. XCV, 10)
Os dois primeiros versículos do A.T. citados nos falam do movimento diurno do Sol na linguagem poética e coloquial. Observem que o discurso coloquial é utilizado por qualquer cientista. Os astrônomos, por exemplo, quando tratam de problemas envolvendo a determinação de posições e tempos no sistema planetário, supõem o movimento do sol relativamente à Terra. Hicetas de Siracusa (séc. V a.C.) da escola pitagórica, foi ao que parece, o primeiro a intuir o caráter relacional do movimento, ou seja: o movimento diurno do Sol e da esfera celeste pode ser entendido como reflexo do movimento de rotação da Terra com período de 24 horas.
Aristóteles absolutizou o lugar e o movimento, de modo que, pelos dados dos sentidos, devemos sempre atribuir à Terra um repouso absoluto, e, ao Sol, movimento de circuitação em torno de nosso planeta. A relatividade de referenciais, e, como decorrência, a relatividade do movimento, são ignorados na filosofia peripatética. Hicetas foi mais inteligente. É devido ao caráter relativo do movimento, que podemos falar do movimento diurno do Sol, apesar de ser a Terra que se movimenta em torno de seu eixo. Da linguagem da Bíblia, como de todo mundo, não podemos inferir necessariamente que a Terra esteja quiescente e o Sol girando em torno da mesma com período de horas.
Na Idade Média durante o século XIII, Witelo da Universidade de Cracóvia redescobrira o caráter não-absoluto da localização e do movimento. Nicolau de Oresme, matemático da Universidade de Paris, bispo de Lourdes (século XIV) abordou o tema da relatividade do movimento e reelaborou a teoria de Hicetas respondendo às objeções que tinham sido levantadas na antiguidade contra o movimento de rotação da Terra. Sua análise tratava também de exegese bíblica, e, suas conclusões sobre o episódio de Josué podem ser subscritas por um exegeta sério.
As investigações históricas de Pierre Duhem, mostram que o tema da rotação da Terra foi muito discutido na Universidade de Paris e os superiores eclesiásticos da época não levantaram suspeitas de heterodoxia. Na Renascença, porém, período histórico de espantosa mediocridade intelectual, quando se estabeleceu uma simbiose da doutrina aristotélica com a Bíblia, o movimento de nosso planeta na astronomia de Copérnico foi sentenciado como doutrina “absurda e insensata em filosofia e formalmente herética”, quanto ao movimento orbital, e, “pelo menos erro de fé”, quanto ao movimento diurno (decreto de 1616 repetido em 1633).
Os dois versículos finais, respectivamente, dos Salmos 92 e 95, me levam à seguinte reflexão:
A Vulgata latina fala de “orbis terram”, isto é, orbe terrestre, o que não é encontradiço nas versões vernáculas da Vulgata como nos modernos textos das chamadas versões originais. Apenas o termo “terra” aparece nessas versões. Por quê? Arrisco a seguinte hipótese interpretativa:
O termo ORBE significa REDONDEZA, ESFERA, GLOBO, CÍRCULO, RODA, CURSO DOS ASTROS, isto é, ÓRBITA. Não parece que a expressão “o orbe da Terra que não vacila” nos dois salmos, se refira à esfericidade ou redondeza da Terra. Não faz sentido dizer que a esfericidade não vacila, já que esta em si é estática. Mas se entendermos orbe como ÓRBITA, ou seja, trajetória da Terra, faz sentido em se dizer que a trajetória da Terra em torno do Sol não vacila, pois a trajetória é dinâmica. Creio pois que os Salmos 92 e 95 se referem ao movimento Qrbital do nosso planeta. Parece que a sistemática eliminação do termo” orbe” nas traduções, visa a ocultar de pessoas perspicazes que a Bíblia admite o movimento orbital da Terra, e assim, favorecer o esquecimento do estulto decreto do Santo Ofício (de 1616 e 1633 ) que declarou herético esse movimento.
14. Multiplicidade dos elementos. Não existência dos cinco elementos do paganismo
” … virá como um ladrão o dia do Senhor … e os elementos se dissolverão pelo calor… ”
” … e os elementos se fundirão ao calor do fogo”. (II Pd. III, 10, 12)
Parece-me óbvio que nestas duas passagens de Pedro, os elementos aí referidos não podem ser os célebres elementos, água, ar, terra, fogo e éter. Pelo seguinte: destes cinco, apenas à terra, poderíamos aplicar o termo “fusão”. Ora, o texto bíblico se refere a uma pluralidade de elementos se derretendo pelo calor do fogo. Observemos que nos versículos considerados, o fogo aparece como um agente atuando sobre os elementos, o que significa que ele se distingue das substâncias que se derretem ou seja: não é elemento.
Na tabela dos elementos químicos de Mendelejef, o ferro, a prata, o ouro, o chumbo, o cobre, o tungstênio e outros, derretem-se sob o calor a partir de certa temperatura específica para cada um. Existe uma multiplicidade de substâncias químicas elementares que se fundem pela razão do calor, o que é compatível com o texto bíblico. No contexto do pensamento pagão isso não seria possível, quero dizer, essa multiplicidade sendo derretida.
Os quatro elementos e os cinco elementos, são geralmente atribuídos a Empédocles e a Aristóteles, respectivamente, ou seja, do século V ao IV a.C. Entretanto tal ideia aparece no pensamento pagão antigo, séculos antes.
No “Chou King” (Livro da História) do taoísmo, mais ou menos no século XI a.C., aparecem cinco elementos: água, fogo, terra, metal e madeira. No hinduísmo por volta do século V a.C. aparecem os cinco elementos de Aristóteles: éter, terra, água, ar e fogo. No budismo tibetano se fala dos elementos: espaço, terra, ar, água e fogo. Por que tal coincidência em povos tão separados no tempo e no espaço?
O filósofo das ciências Gaston Bachelard falando dos obstáculos epistemológicos ao conhecimento científico, destaca a Experiência Primeira. Trata-se do empirismo sensualista que domina o pensamento pré-científico dos homens. Essa experiência primeira, como se vê bem em Aristóteles ao justificar os quatro elementos de Empédocles, reflete o realismo ingênuo que é a crença na inteligibilidade do real explicitada pelos dados sensoriais. Isto como vimos (Item 9) é repudiado por Salomão no séc. X a.C.
É próprio da ingenuidade dos homens a crença no caráter das informações sensoriais. Salomão (Sab. IX, 14, 15) tornou a “alma pesada” fazendo “os pensamentos dos mortais tímidos e incertos”. Uma incoercível preguiça domina o ente humano, que o leva a crer naquilo que é imediato e fácil. Mas como essa fraqueza apontada por Salomão atinge também pensadores cristãos, até santos, que endossaram essa fantasia laica dos cinco elementos ausente na Sagrada Escritura. Quero observar que o pensamento chinês mais antigo não é incompatível com os dois textos do N.T. porque “metal” supõe uma multiplicidade de substâncias metálicas que podem derreter sob ação do calor. Já o pensamento hinduísta, budista e helênico é contraditado pelo N.T.
15 . O ESPAÇO CÓSMICO SURGE APÓS A CRIAÇÃO DO NADA
“Faça-se o firmamento no meio das águas e separe umas águas de outras águas … ” “E Deus chamou o firmamento Céu”. ((Gen. I, 6-8)
“Sejam feitos luzeiros no firmamento do Céu e separem o dia da noite … “” … e fez também as estrelas”. (Gen. I, 14-18)
O termo latino firmamentum foi usado por Jerônimo no lugar da palavra hebraica raq'iah que significa extensão. O termo “Céu” é em hebraico samin que significa espaços elevados. Vemos que os termos hebraicos traduzem melhor aquilo que chamamos de espaço cósmico ou contínuo quadridimensional do universo.
Esses versículos mostram que Deus cria o espaço cósmico no 2º “dia”, ou seja: após a criação da matéria e da substância eletromagnética que estão do 1º “dia”. Isto configura um pensamento sobre a realidade material que é totalmente alheio à filosofia pagã assim como a todo pensamento filosófico cristão.
Para Leucipo e Demócrito o universo é composto de átomos e espaço-nada, sendo eterno. Não faz sentido no atomismo grego um espaço cósmico surgir após a realidade material. Platão considera o espaço como receptáculo indeterminado para todos os elementos do universo.Aristóteles rejeita a postura platônica e enche o espaço com uma forma elementar, o éter, a quinta essência. Tanto o espaço platônico, quanto o pseudo-espaço aristotélico não podem ser concebidos como surgindo após uma criação da matéria. O fato da ausência da ideia de criação no pensamento gentílico, o torna incompatível com a concepção exibida pelo Gênesis.
Vimos que no budismo tibetano, o espaço aparece como elemento no lugar do éter, e no hinduísmo encontramos os cinco elementos de Aristóteles. No contexto das ideias cosmológicas helênicas como orientais, não lá lugar para a teoria bíblica. Também a filosofia ocidental, tributária do pensamento grego não parece exibir algo sobre o espaço que possa se compaginar om a revelação bíblica.
A filosofia renascentista e pós-renascentista, sobretudo o pseudotomismo, é prenhe de equívocos em suas elucubrações sobre o espaço. Esse “tomismo” endossou o conceito falso de espaço do filósofo antitomista Francisco Suarez que fez do espaço físico ente de razão, negando a realidade do mesmo. Essa ficção da escolástica pseudo-tomista entra em flagrante contradição com a Bíblia, que, nos versículos citados, transmite a ideia da realidade do espaço físico. O Pe. Jaime Balmes no século XIX, fez uma crítica arrasadora das incongruências e absurdos exibidos pela escolástica em sua doutrina sobre o espaço. A escolástica renascentista e pré-renascentista é totalmente incompetente para interpretar as passagens bíblicas consideradas. Não conheço nenhum exegeta que tenha percebido a incompatibilidade das noções usuais sobre o espaço na filosofia com essas passagens da Sagrada Escritura.
Se por um lado, a filosofia de modo geral entra em choque frontal com o Gênesis, não parece acontecer o mesmo em relação à física moderna. Vejamos.
No Item 1 quando tratamos do big-bang, que para o tempo de 10-43segundo após a criação, os conceitos de partícula elementar e espaço-tempo entram em colapso. Quando a idade do universo supera 10 segundos (conhecido como Tempo Planck), é que passa a existir a estrutura relacional do espaço-tempo físico, o contínuo quadridimensional. Antes do Tempo Planck o universo é completamente ininteligível: carece de estrutura espaço-temporal. O físico teórico britânico, Steven Hawking disse que antes do Tempo Planck o universo é apenas uma “espuma” de mini-buracos negros com Massa Planck da ordem de 10-5g, nada de partículas elementares e nada de espaço-tempo. A física quântica mais a teoria da gravitação de Einstein, mostram isto. A primeira etapa do big-bang até 10-43segundo transcende a física e na segunda etapa aparece a determinação de partículas e espaço-tempo.
Creio que o texto bíblico considerado reflete isso. Quero ainda lembrar que as estrelas são criadas a partir do 4º “dia”. Isto, conforme apontei (Item 3), é compatível com a cosmologia e a astrofísica que ensina que as estrelas começaram a se formar após quatrocentos mil anos do Big-Bang.
Estas reflexões que desenvolvi sobre temas ontológicos e gnosiológicos na Bíblia me fazem lembrar o conhecido astrofísico alemão, Carl Von Weizsacker, que comparando os muitos mitos de criação de várias culturas com o relato do Gênesis, julga-o nestes termos:
“Um Deus que não tem adversários constrói o mundo como uma casa, dispõe a terra como um jardim. A linguagem não é poesia, mas prosa. É preciso e condensado”.
“A idade da razão iniciou sua marcha ascendente” .
“O mundo é agora visto como um todo inteligível”.
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