Īśa Upaniṣad

A vida no mundo e a vida no espírito não são incompatíveis. O trabalho, ou a ação, não é contrário ao conhecimento de Deus, porém, na verdade, se realizado sem apego, é um instrumento para Ele. Por outro lado, a renúncia significa renúncia ao ego, do egoísmo – não da vida. A finalidade, tanto do trabalho como da renúncia, é conhecer o Eu interiormente e Brahman exteriormente, e perceber sua identidade. O Eu é Brahman, e Brahman é tudo.

 

Preenchidas totalmente com Brahman estão as coisas que vemos,

Preenchidas totalmente com rahman estão as coisas que não vemos,

De Brahman flui tudo o que existe:

De Brahman, tudo – todavia, ele ainda é o mesmo.

Om… Paz – paz – paz.

 

  1. No coração de todas as coisas, de tudo o que existe no Universo, habita Deus. Somente Ele é a Realidade. Portanto, renunciando às vãs aparências, rejubilai-vos Nele. Não cobiceis a riqueza de ninguém.
  2. Bem pode ficar satisfeito de viver cem anos, aquele que age sem apego – que realiza seu trabalho com zelo, porém sem desejo, não ansiando por seus frutos – ele, e somente ele.
  3. Existem mundos sem sóis, cobertos pela escuridão. Para esses mundos vão, depois da morte, os ignorantes, assassinos do Eu.
  4. O Eu é um só. Sendo imóvel, ele se move mais rápido do que o pensamento. Os sentidos não o alcançam, pois ele sempre vai primeiro. Permanecendo imóvel, ultrapassa tudo o que corre. Sem o eu, não há vida.
  5. Para o ignorante, o Eu parece mover-se – embora ele não se mova. Ele está muito distante do ignorante – embora esteja próximo. Ele está dentro de tudo, e está fora de tudo.
  6. Aquele que vê todos os seres no Eu, e o Eu em todos os seres, não odeia ninguém.
  7. Para a alma iluminada, o Eu é tudo. Para aquele que vê harmonia em todos os lugares, como pode haver ilusão ou pesar?
  8. O Eu está em todos os lugares. Ele é brilhante, imaterial, sem mácula de imperfeição, sem osso, sem carne, puro, intocado pelo mal. Aquele que vê, Aquele que pensa, Aquele que está acima de tudo, o Auto-existente – Ele é aquele que estabeleceu a ordem perfeita entre os objetos e seres desde o tempo que não tem princípios.
  9. À escuridão estão destinados os que se dedicam apenas à vida no mundo, e à uma escuridão ainda maior os que se entregam apenas à meditação.
  10. Viver somente no mundo leva a um resultado, meditar apenas leva a outro. Assim falaram os sábios.
  11. Aqueles que se dedicam tanto à vida no mundo como à meditação superam a morte através da vida no mundo e atingem a imortalidade através da meditação.
  12. À escuridão estão destinados os que cultuam apenas o corpo, e a uma escuridão ainda maior os que veneram apenas o espírito.
  13. Cultuar somente o corpo leva a um resultado, venerar apenas o espírito leva a outro. Assim falaram os sábios.
  14. Os que veneram tanto o corpo como o espírito, pelo corpo vencem a morte, e pelo espírito atingem a imortalidade.
  15. A face da verdade está oculta por vosso orbe dourado, ó Sol. Removei-o, para que Eu, que sou dedicado à verdade, possa contemplar a sua glória.
  16. Ó vós que alimentais, o único que vê, o que controla tudo – Ó sol que ilumina, fonte de vida para todas as criaturas – retende a vossa luz, reuni os vossos raios. Possa Eu contemplar através da vossa graça a vossa forma mais abençoada. O Ser que aí habita – mesmo esse Ser, sou Eu.
  17. Permiti que minha vida agora se una à vida que tudo permeia. As cinzas são o fim do meu corpo. OM… ó mente, lembrai-vos de Brahman. Ó mente, lembrai-vos das vossas ações passadas. Lembrai-vos de Brahman. Lembrai-vos das vossas ações passadas.
  18. Ó deus Agni, levai-nos à felicidade. Vós conheceis nossas ações. Preservai-nos da ilusória atração do pecado. A vós oferecemos nossas saudações, uma outra vez.

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