“Como a sagrada folha da árvore cai ao chão, assim, quando o tempo se extinguir, a vida chega ao fim. Como uma gota de orvalho presa ao topo de uma folha dura pouco tempo, assim também é a vida dos homens. Atravessaste o grande oceano, por quê paras tão perto da paris? Apressa-te a alcançar o outro lado. Cuida-te, não percas a ocasião!”.
Vardhamana Mahavira (599-527 a.C.)
O jainismo foi, como o budismo, um movimento de reforma dentro do hinduísmo. Tomou depois forma como religião independente e existe até os dias de hoje, com mais de dois milhões de adeptos na Índia.
Milenar religião e filosofia da Índia, usando a suástica como símbolo, o jainismo foi criado no século VI a.C. por Nataputa Vardhamana, conhecido como Mahavira (Grande Herói). Segundo alguns, contudo, o jainismo teria surgido dois séculos antes, com Parsvanatha, cujo título honorífico de “vencedor” (jaina ou jina, donde jainismo), também dado a Mahavira, teria sido a origem do nome do sistema. De qualquer forma, coube a Mahavira desenvolver a nova religião. Como Buda, ele pertencia à casta guerreira, na qual o movimento teve origem, e, voltando-se para uma vida de renúncia e ascetismo, saiu em busca de conhecimento, de como se libertar da roda de Samsara. Tanto o jainismo como o budismo reagiam contra as concepções existentes sobre a Divindade e adotavam posição “não-teísta”, ensinando também que a libertação (moksha) dependia do esforço de cada um e não dos deuses. Ambos protestavam também contra o regime de castas e os privilégios dos brâmanes.
Não acreditando em deuses, espíritos ou demônios, os jainistas adotam uma metafísica muito complexa e até contraditória. Dualistas, afirmam que o Universo está dividido em duas categorias últimas e eternas: os seres vivos ou almas (jiva) e as coisas inanimadas ou materiais (ajiva). Entre as últimas distinguem quatro categorias: matéria, movimento, repouso e tempo. Já os seres vivos constituem uma combinação de alma e matéria, reunidas pelo karma (ação) e divididos em oito classes com inúmeras subdivisões. A salvação consiste em liberar-se dos laços materiais e alcançar o nirvana. Para isso devem obedecer às três jóias: o reto conhecimento, a reta fé e a reta conduta:
- o reto conhecimento: prisioneira de um corpo material, a consciência torna-se obscurecida e o conhecimento, imperfeito pelas limitações que a matéria lhe impõe, segundo as inexoráveis leis do karma. A alma liberta conhece a Verdade;
- a reta fé, oriunda da crença de que não há nenhum Criador, ninguém além do próprio indivíduo, auxiliado pelos Tirthankaras, que possa acelerar o processo evolutivo. Louvam seus Mestres através de mantras, tomando o cuidado para que suas preces não sejam egoístas; e
- a reta conduta, que valida as duas primeiras. Prestam votos de conduta, sendo o mais importante o princípio da não-violência (ahimsa), o ahimsa, não fazer mal a qualquer ser vivo, mesmo que involuntariamente.
No jainismo o princípio do ahimsa (não fazer mal a nenhuma criatura) é mais rigoroso do que no budismo, e hinduísmo pois entende como ser vivo também as pedras, o vento, a água etc.. Uma vez que todo o Universo pulsa de vida, o cotidiano das jainas torna-se severamente limitado. Alimentam-se do que chamam da primeira vida sensível: nozes, frutas e vegetais. Não podem ser agricultores, para não prejudicar animais, vegetais ou ferir a terra com o arado. Não podem ser marceneiros, ferreiros ou escultores, porque a madeira, o metal e as pedras sofrem dores atrozes quando trabalhadas, etc..
A salvação só pode ser conseguida através de uma extrema renúncia e autodisciplina. Em 1.990 existiam cerca de quatro milhões de seguidores em Bombaim e Gujarate, na Índia.