A Física da Era Quântica

“… aquele que deseja ter o certo sem o errado, ordem sem desordem, não compreende os princípios do céu e da Terra. Ele não sabe de que modo as coisas influenciam-se mutuamente”  4:109.

Chuang Tsé

 

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A atual teoria quântica aposentou a visão rígida e determinista da natureza, dando nascimento a uma concepção probabilística dessa. Ela trata as subpartículas como um campo espalhado no espaço, com um “quantum” de energia proporcional à sua freqüência, ou vibração.

Dessa noção, infere-se que toda a matéria vibra. Poder-se-ia dizer que os sólidos são semelhantes à luz, mas de uma forma condensada, vibrando a baixíssimas freqüências. À medida que essa freqüência aumenta esses sólidos vão ficando menos densos, transformando-se em líquidos, gases até chegar a um ponto em que se transformariam em som (16 a 32.768 vibrações/s), e depois em eletricidade (1 bilhão de vibrações/s), calor (200 trilhões de vibrações/s), luz/cor (500 trilhões de vibrações/s), Raios-X (2 milhões de trilhões de vibrações/s), e etc..

Enquanto a relatividade geral vê o movimento como algo contínuo, na teoria quântica o movimento é descontínuo. Estudando-se os elétrons, logo se evidenciou que eles saltavam subitamente de nível energético quando recebiam níveis paulatinamente crescentes de energia (os saltos quânticos, a Catástrofe dos matemáticos, os insights da psicologia), configurando a existência de “transições descontínuas instantâneas”. À noção de imprevisibilidade e indeterminação quânticas, se somou a noção de instantaneidade.

Mas a instantaneidade ia contra a idéia de uma velocidade máxima no Universo. Albert Einstein (1.879-1.955), Nathan Rosen e Boris Podolsky, em 1.935 imaginaram uma situação (efeito EPR) em que a velocidade máxima do universo seria ultrapassada, querendo invalidar as descobertas da física quântica. Em 1.972, por John Clauser, e desde 1.981 por diversos cientistas, experiências comprovaram as teses de John S. Bell (1.964) de que a mudança de sinal no spin de um elétron realmente acarretava uma mudança instantânea no spin de sua antipartícula, independente da distância entre elas (efeito EPR) 4:124. Surgiu então o conceito de sincronicidade, da existência de ocorrências que independem do tempo e do espaço.

Se um sistema com duas partículas formadas num mesmo evento (por exemplo um fóton dando origem a um conjunto elétron/posítron) são sempre sincrônicos, logo o Big-Bang formou um Universo de partículas sincrônicas, em permanente intercorrelação, uma teia de relações interligadas, segundo Jack Sarfatti, por sinais que não podem ser energéticos, pois viajam acima da velocidade da luz 4:126.

Há uma outra implicação mais fantástica. Partindo da noção de que o mundo objetivo pode ser definido como aquele que existe independente da consciência pessoal de cada indivíduo, vê-se que essa noção se choca com o teorema de Bell e com a física quântica como um todo. Não há esse mundo exterior, fixo, objetivo e independente. Uma “integração invisível“ une todo o universo, numa “unicidade elementar”. Um determinismo parece derivar do teorema: todas as ocorrências são resultado de mudanças em alguma parte do Universo.

Surgiu uma outra maneira de se ver a existência dos elementos quânticos: a abordagem bootstrap à física das partículas, criada por Geoffrey Chew. Ela parte da idéia de que a natureza não pode ser reduzida a entidades fundamentais. O Universo seria então uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados, com nenhuma propriedade de qualquer parte dessa teia sendo fundamental, mas todas se seguindo das propriedades das outras partes, com suas inter-relações determinando a estrutura de toda a teia. Seria como uma rede interconexa de relações na qual partículas são dinamicamente compostas uma das outras, cada uma dela envolvendo todas as outras, cada uma sendo todas as outras. Então não poderíamos mais falar de partículas e sim de padrões de energia-matéria inter-relacionados, envolvidos num processo dinâmico em que consciência e matéria são necessárias à compreensão da natureza. Essa abordagem seria aplicada à descrição dos hadríons, partículas sujeitas às interações fortes. O bootstrap dos hadríons é formulado na estrutura de uma teoria, a teoria da matriz S, que explica a “estrutura quark”, sem ter que presumir que eles são os blocos de construção de que os hadríons são feitos.

Fritjof Capra, físico da Universidade da Califórnia, em Berkeley, afirma que “a teoria quântica nos força a perceber o Universo não como uma coleção de objetos físicos, mas sim como uma complicada teia de relações entre as várias partes de um todo unificado… Todas as partículas são dinamicamente compostas umas das outras de uma maneira autoconsistente, e, nesse sentido, pode-se dizer que ‘contém’ uma às outras…” (1977).

Ao lado da abordagem bootstrap, David Bohm especula a existência de uma “ordem implicada” ou implícita. Além de também não admitir a existência de “blocos de construção” ou campos de força, também vê o mundo como uma teia de inter-relacionamentos, necessariamente ordenada. O Universo seria holográfico, ou melhor, um “holomovimento”, onde cada uma de suas partes contém o todo, e esse todo englobaria matéria e consciência como duas características fundamentais no Universo. Dessa forma uma alteração local se refletiria no todo e uma alteração no todo se refletiria em todas as suas partes, de uma forma sincrônica, não-linear e não-local. Explicaria a distribuição aleatória pelos princípios holográficos. Haveriam simetrias subjacentes nas ocorrências ao acaso.

A existência de uma “ordem implicada” subjacente ao mundo “explicado”, implica a existência de uma dimensão em que todas as dualidades coexistem como uma totalidade fundamental indivisível, ao contrário do “mundo explicado”, onde o sentimento de separatividade existe. Dessa forma matéria e consciência, saúde, doença e toda a aparente separatividade são uma só unidade, como no 4o Princípio Hermético, descrito adiante (religião egípcia). Nessa dimensão todas as coisas são vivas num fluxo contínuo. Por exemplo, vida e morte são movimento e não têm existência por si mesmos, nada é estático.

William A. Tiller, professor na Universidade de Stanford, foi mais além na teoria de Einstein. Além da velocidade da luz haveria um mundo de energias não mensuráveis, que não seguiriam as leis de conservação de energia. Einstein admitia a existência dessas “formas sutis de energia que não podem ser medidas, mas que existem, logo são importantes”. Ele falava da dor da perda de um ente querido. Tiller postulou um outro espaço/tempo, negativo, ao qual chamou de espaço/tempo etérico, de vibrações mais altas que as do espaço/tempo físico, esse positivo. Esse espaço/tempo negativo seria composto de matéria etérica (sutil) onde repousariam todas as energias dos sentimentos. Acima desse nível haveria um mais sutil ainda, com vibrações ainda mais altas, o nível da mente e da espiritualidade. Todas essas energias interagiriam diretamente com o nível quântico subatômico, interferindo no aparente determinismo quântico do teorema de Bell. Teríamos então como mudar o Universo com a força sutil da espiritualidade, do pensamento e das emoções? Há realmente algo como o livre-arbítrio?

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