Jogar e se Transformar

Do original em http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=322516

Instrumento lúdico facilita processos de autoconhecimento, mudanças internas e de comportamento


Rose Mary Bezerra

 

Rolar um dado é o primeiro movimento para se permitir ‘‘nascer’’ e entrar no jogo da vida – na realidade, no Jogo da Transformação. É desta forma que cada participante inicia sua viagem de autodescoberta pelas veredas das mudanças e do entendimento dos ciclos da existência.

Na abertura, a clareza de se estar iniciando uma ‘‘partida’’ que tem começo, meio e, conseqüentemente, um fim é bem colocada pelo facilitador. Mesmo porque, não há princípio sem um encerramento, vida sem final. No tabuleiro azul do Jogo da Transformação, contudo, o fim representa a compreensão da questão central a qual se foi buscar esclarecimento: em que ponto da mandala azul – similar a uma abóbada celeste – se encontram os bloqueios e em qual dimensão do ser deve-se olhar com mais carinho para promover as mudanças.

 

André Lima

André Lima

 

 

 

 

O tabuleiro também sugere a idéia de como cada um circula pela vida. O Jogo transcorre de forma muito suave, a princípio, pela dimensão física da existência. Em seguida, pela emocional, mental e, finalmente, a espiritual.

E acaba sendo muito mais do que aparenta ser, uma vez que no lúdico se penetra – como em um passe de mágica – na própria realidade interna, enquanto jogador da vida. Joga-se o dado, conta-se as casas, faz-se escolhas e acolhe-se as surpresas que cada movimento vai oferecendo, em termos de descobertas pessoais a quem se aventura experienciar uma partida, sozinho ou em grupo de quatro pessoas, guiados pelo facilitador.

Por esse propósito ‘‘mais elevado’’, os que se arriscam percorrer pelos meandros espiralados do que está encoberto pelos véus do inconsciente, não têm como retornar dessa viagem insólita ao mesmo ponto em que se encontravam antes. Como o casal Howard e Suyanne Wood, os únicos facilitadores credenciados do Jogo da Transformação em Fortaleza. Para eles, este tem sido um instrumento precioso para o próprio crescimento pessoal.

Norte-americano e cearense, Howard e Suyanne se conheceram há dez anos na comunidade espiritualista de Findhorn, na Escócia, onde esta ferramenta lúdica foi criada e ainda hoje é incitada ao longo de vários dias, por participantes do mundo inteiro, em uma espécie de tabuleiro gigante desenhado no chão.

Antes de morar por três anos na Escócia, Suyanne havia entrado em contato com o Jogo e se preparado em São Paulo para ser facilitadora. Foi para a Inglaterra fazer formação em Aconselhamento Biográfico e visitou Findhorn, jogando várias vezes na ecovila.

‘‘O Jogo é lúdico, mas consistente e efetivo para autoconhecimento e transformação, revelando claramente a maneira como se orienta na vida. Focaliza as experiências que cada um cria e o jeito como se reage a elas, propiciando mudanças que permitem identificar os próprios potenciais e alcançar os objetivos maiores’’, esclarecem.

Participar de uma partida dessas, pontua Suyanne, dá ao jogador oportunidade de observar tanto seus pontos fortes como suas limitações, as quais são lançadas em sua trajetória pessoal. Encontra-se muitos ‘‘feedbacks’’ e ‘‘insights’’ valiosos, o que ajuda ainda em esclarecimentos pessoais, ao se identificar pontos de estresse, certos hábitos prejudiciais e círculos viciosos. Além disso, no lúdico acaba-se descobrindo e podendo explorar novas possibilidades em cada área da vida, como para dissolver conflitos, enfrentar períodos de mudança com maior compreensão e eliminar obstáculos para o exercício da própria espontaneidade.

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