Jogo da Transformação

Mova-se rolando os dados

Do original em http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=322523

Mudar pode ser simples, basta formular bem seu propósito e iniciar a partida

Thiago Gaspar

Thiago Gaspar

O Jogo da Transformação pode ser utilizado de muitas maneiras, visando autoconhecimento, integração de grupos, reconciliação de casais, entre outros. E suas cartas podem ser usadas individualmente para trazer bênçãos, ‘‘insights’’ e os mais diversos esclarecimentos.

Antes de dar início à partida, o participante terá que definir bem, junto com o facilitador, o seu propósito. Previamente, focalizará uma questão ou aspecto de sua vida que deseja elucidar.

Suyanne Wood, com anos de experiência neste processo, tanto consigo mesma como na posição de facilitadora da atividade com outros, esclarece que o intento deve ser sempre objetivo, claro e conciso, de modo a obter no Jogo uma experiência intensa e específica. ‘‘É importante que a pessoa reflita e direcione para um alvo, escolhendo um assunto pessoal no qual deseja ter maior compreensão e orientação de como transformá-lo, a fim de realizar sua meta.’’

 

 

 

 

 

 

Na formulação, o participante poderá deixar registrado seu anseio: ‘‘Eu quero…’’, especificando a área (familiar, profissional, financeira, saúde, auto-realização, relacionamentos) que precisa receber maior atenção ou para correção pessoal de deficiências (criticidade, relapso, perfeccionismo, irritação, conflitos,…).

DOAÇÃO – No Jogo, o objetivo sempre vem acompanhado de uma intenção de doação, pois para se obter a iluminação em determinado setor, é importante reconhecer as qualidades já existentes. Identificá-las e doá-las é muito valioso para o crescimento pessoal, uma vez que olhar para sua essência com auto-estima, indica gratidão pelos processos de transformação antes conquistados.

Há uma contextualização de tudo o que facilitará o encaminhamento do Jogo e, por meio de uma meditação inicial, Suyanne conduz o jogador (ou o grupo de jogadores) para averiguar sua real intenção. Feito isso, a partida é iniciada ao escolher as cartas que ficarão em um envelope (do ‘‘inconsciente’’), retiradas ao longo do tempo pelo participante, que rola o dado para ‘‘nascer’’. Seu marcador de casas será uma pedrinha, um cristal ou um anel.

Os caminhos desenhados no tabuleiro são indicadores do movimento do jogador por sua própria vida. Este se envolve de tal modo – as partidas são tão descontraídas que lembram um jogo de salão – que acaba dando um mergulho interior como se estivesse brincando, saindo com respostas às suas questões essenciais.

SURPRESA – Movida por uma intensa curiosidade, Aparecida (nome fictício) aventurou-se neste Jogo pela primeira vez, há cerca de dois meses, por indicação de uma amiga. Logo foi surpreendida, ao formular seu objetivo. Durante a meditação inicial, abriu-se para uma forte intuição que revelou a área de sua vida que necessitava ser clarificada.

‘‘Tive dificuldade de entrar no jogo, situação idêntica à minha própria chegada a esta vida. Sempre me pareceu não haver um momento propício para o meu nascimento. Sem contar a dificuldade que tive de finalizar as coisas, por gerar muita ansiedade. Passei anos me sentindo inadequada, com baixa auto-estima, registro que foi logo de cara transformado, pois na entrada do Jogo, fui saudada com palmas de parabéns (cantado) e o concluí de forma alegre.’’

Na seqüência, recebeu os auspícios do anjo da guarda da Educação, lembrando a ela que a jornada da vida exige a humildade do verdadeiro aprendiz, que poderá entrar sempre em contato com a sabedoria de seu reino interior.

Recebeu bênçãos nas dimensões física e emocional. ‘‘A percepção que tinha de meu problema foi alterada, pois supunha ter dificuldade em lidar com minhas emoções. Os bloqueios, contudo, se revelaram no campo mental. Não imaginava que a mente fosse minha real tirana interior.’’

Bloqueios e dores surgiram na jornada de Aparecida. A esfera mental revelou suas fraquezas pessoais, vícios de comportamento e tentações, as quais caia para se livrar de suas dores, em sucessivos círculos viciosos, seguidos de forma obsessiva.

‘‘Vi que me tornei vítima de minhas exigências exageradas, com relação a mim mesma e aos outros. Além do pensamento obsessivo, que criava e recriava de forma obstinada sempre a mesma realidade. Este padrão de conduta bem cristalizado, pôde ser liberado.’’

NOVO CICLO – Portas de inspiração e criatividade revelaram à jogadora perspectivas para iniciar um novo ciclo de desafios e explorar outros atributos de seu ser. No Jogo, ela acabou sendo obrigada a retornar várias casas do caminho para liberar suas dores. Aprendeu a se distanciar das situações problemáticas, mantendo a presença da consciência, para poder novamente avançar. E a ficar atenta aos seus ciclos de mudança, facilitando-os.

Aparecida se deu conta do apoio espiritual que obteve em sua transformação pessoal. ‘‘Se antes tinha algum tipo de dúvida a esse respeito, não restou mais nenhuma. Somos todos bem sustentados em nossas metas de melhoria e mudança interior. Basta acreditarmos. O medo de não sermos bons o bastante pode nos dominar. Costuma-se dizer que corajoso não é aquele que não tem medo, mas sim o que, mesmo com muito medo, não se deixa paralisar e segue em frente o seu caminho.’’

ENIGMÁTICO – Suyanne Wood afirma se encantar com um dos atributos do Jogo da Transformação que é sua condição enigmática, pois nem ela, tampouco qualquer jogador sabe, ao certo, para onde este instrumento lúdico vai conduzir seus jogadores. Em sua concepção original, suas criadoras, se fundamentaram muito na energia angelical (denominaram na época de Deva ou Anjo do Jogo).

Para Suyanne, são tais apoiadores que encorajam os seres a prosseguirem a alcançar seus sonhos. ‘‘Fica bem claro nessas partidas que cada um possui livre-arbítrio para fazer suas escolhas de vida e exercitar a tomada de decisões. Mas o anjo aqui representa uma espécie de ‘‘inteligência’’ que sincroniza os jogadores e as cartas, com uma energia aparentemente mágica que flui na direção que se precisa.’’

Para os incrédulos e céticos, anjos e magias podem ficar de lado, já que os especialistas em comportamento infantil hoje admitem que as brincadeiras de criança são muito mais sérias do que se imagina. O lúdico, na verdade, possibilita a realização do rico trabalho interior (de revelar-se e transformar-se), de forma suave e prazerosa, sem qualquer impedimento para ser feliz.

A origem do Jogo da Transformação

Joy Drake, em 1976, morava na comunidade holística de Findhorn, no norte da Escócia. Influenciada por inspiração oriunda de suas meditações no Santuário do local, criações em vivências de grupo, um jogo Tibetano apresentado por alguém da comunidade e experiências em workshops, passou a germinar a idéia de um jogo.

Em sua mente, um intrumento lúdico poderia ser elaborado com o objetivo de recriar a experiência de vida na ecovila, o que incluia o aprendizado das lições espirituais que o contato com esse ambiente propiciava às pessoas, sem terem de fato que viver lá por alguns anos.

Para ela, era uma forma de destilar a essência do processo educacional: aprender as lições do dia a dia, elevar o nível de vibração pessoal e entender como agir perante os fatos mais corriqueiros, trazendo a bagagem espiritual para a vida prática.

Outros ajudaram Drake a desenvolver o Jogo. Dentre eles, Kathy Tyler, professora de meditação que trouxe foco, claridade e compreensão intuitiva às partidas, ao agregar a essa ferramenta lúdica seu alto nível de conhecimento interior, mudando parte do material e otimizando a estrutura dos workshops. Ela criou uma versão comercializada para se ter em casa como ferramenta para experiências pessoais.

A elaboração do material não parou aí. As discussões do grupo de colaboradores (dentre eles, Mary Inglis) foram longas, sobre modelos de tabuleiros e questões filosóficas diversas como a natureza da dor, criatividade, Deus, espiritualidade, inteireza, como o mundo funciona. Mais tarde, Inglis se tornou sócia da Innerlinks e, com a morte de Drake, sua representante legal na Europa.

Os primeiros facilitadores credenciados no Brasil do Jogo da Transformação foram preparados por Inglis, em São Paulo, no Centro de Estudos Triom, também uma editora que publica até hoje obras dos integrantes de Findhorn. As duas sócias e irmãs, Ruth e Renata Carvalho Lima, além de conhecerem a comunidade escocesa, também são estudiosas e credenciadas no Jogo, na denominada ‘‘Versão Caixa’’, com o tabuleiro onde até quatro pessoas jogam com um facilitador. E também em sua ‘‘Versão Grupo’’, que se inspira na formação original, praticada em Findhorn, com equipes que jogam num caminho organizado no chão, com grandes cartelas, enormes marcadores, e um dado gigante.

Ruth e Renata ministram na Triom a vivência individual ou para grupos de três a quatro pessoas, em um dia de Jogo. Oferecem, ainda a grupos em espaços maiores. Estes levam em média três dias para se completar.

SERVIÇO: Jogo da Transformação. Facilitadores Suyanne e Howard Wood (em inglês). Informações: (85) 3224-3966/9922-4796. Ruth ou Renata Ramos (Triom Editora): (11) 3168-8380.

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