Nós não podemos nos identificar com a nossa religião

É no nosso egoísmo que os nossos pecados têm origem, os quais são geralmente tidos como graves, se são também crimes. Como se sabe, há três coisas que muito mexem com o nosso ego: religião, política e futebol. É que eles representam opiniões coletivas nossas e de um público companheiro nosso, com cujos pontos de vistas simpatizamos, e assim, de algum modo, nós estamos massageando reciprocamente os nossos egos de uns e de outros. Ocupar-nos-emos apenas da questão religiosa. A união entre os adeptos duma religião é, às vezes, tão forte, que eles até se tratam entre si como irmãos em detrimento de outras pessoas. E, assim, a religião que deveria ter como fundamento principal a união entre todas as pessoas, acaba dividindo-as. Realmente, para muitos religiosos, os que têm outra crença diferente da sua, além de não serem considerados como irmãos, são até vistos freqüentemente como adversários. Tenhamos, pois, cuidado com a nossa religião, para que ela não se torne uma barreira intransponível para nossa jornada evolutiva em busca da nossa perfeição, norteada pela perfeição do Pai.

Muitos indivíduos, se não tivessem determinada religião, estariam mais próximos de Deus. E, com razão, o espiritismo e alguns padres têm dito que há ateus mais perto de Deus do que muita gente que não sai dos centros espíritas e da igreja. Que beleza de evolução a Igreja está tendo, ela que, no passado, dizia que fora dela não havia salvação! Isso, sem dúvida, era fruto da ignorância e do ego das autoridades eclesiásticas inconscientes desse erro, as quais eram também aplaudidas pelo ego e ignorância dos fiéis, que, igualmente inconscientes desse seu erro, ficavam orgulhosos, arrogantes e prontos para criticar, agredir oralmente e até fisicamente quem não era católico. E essa animosidade acabava, muitas vezes, em guerras odiosas e sangrentas, e o pior, em nome de Jesus e de Deus! Que santa ignorância dos católicos do passado! Muitas agremiações de nossos irmãos evangélicos, herdando esses e outros erros católicos do passado, ainda pensam que só as suas igrejas salvam, quando a vontade de Deus é de que todos se salvem (são Mateus 18,14), pois Deus não faz acepção de pessoas.

Existiria um ser que iria derrotar Deus nesse seu desejo? Seria esse ser outro Deus tão poderoso tal qual o é o Pai, ou até mais poderoso do que Ele, e que vai pôr abaixo justamente o que Deus mais quer, ou seja, amar sempre os seus filhos? Quando Deus coloca um espírito imortal num corpo mortal, temporariamente, a imutabilidade divina não permite que Deus cesse de amar o espírito que é seu filho e que Lhe é semelhante, só porque o próprio Deus o tira do corpo, que, se tornando cadáver, não pode mais ser morada do espírito. O fenômeno da reencarnação, permitindo que o espírito tenha novas chances de regeneração (Mateus 19,28; e Tito 3,5), prova-nos que Deus está sempre sendo vitorioso pelas eternidades afora, não dando trégua ao diabo em suas tentativas de arruinar o projeto divino de amor imutável e “sempiterno” para com todos os seus filhos. A luta do diabo não é contra nós, mas contra Deus! Não sejamos religiosos fundamentalistas e exclusivistas, identificando-nos com a nossa própria religião, como se ela fosse nós mesmos ou nosso ego egoísta, pois se assim agirmos, estaremos adorando-nos a nós mesmos, em vez de adorarmos a Deus!

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