O medo da redenção

Capítulo 13 – O MUNDO SEM CULPA

III.  O medo da redenção

1. Podes perguntar a ti mesmo porque é tão crucial que olhes para o teu ódio e reconheças toda a sua extensão. Podes também pensar que seria bastante fácil para o Espírito Santo mostrá-lo a ti e dissipá-lo sem a necessidade de que o erguesses à tua consciência por ti mesmo. No entanto, há mais um obstáculo que interpuseste entre tu e a Expiação. Nós temos dito que ninguém sancionará o medo se o reconhecer. No entanto, em teu estado mental desordenado, não tens medo do medo. Não gostas dele mas não é o teu desejo de atacar que realmente te amedronta. Não estás seriamente perturbado com a tua própria hostilidade. Tu a manténs escondida porque tens mais medo do que ela encobre. Poderias até mesmo olhar para a pedra angular mais escura do ego sem medo, se não acreditasses que, sem o ego, acharias dentro de ti algo que te amedrontaria ainda mais. Tu não estás realmente com medo da crucificação. O teu terror real é a redenção.

2. Sob o escuro fundamento do ego está a memória de Deus e é disso que realmente tens medo. Pois essa memória te restituiria instantaneamente ao lugar que te é próprio e é esse o lugar que buscaste deixar. O teu medo do ataque não é nada comparado ao teu medo do amor. Estarias disposto a olhar até mesmo para o teu selvagem desejo de matar o Filho de Deus, se não acreditasses que ele te salva do amor.  Pois esse desejo causou a separação e tu o protegeste porque não queres que a separação seja curada. Reconheces que, removendo a nuvem escura que o obscurece, o teu amor pelo teu Pai iria impelir-te a responder ao Seu chamado e dar um salto para o Céu. Acreditas que o ataque é salvação porque te impede isso.  Pois muito mais profundo do que o fundamento do ego e muito mais forte do que ele jamais será, é o teu intenso e ardente amor por Deus e o Dele por ti.  Isso é o que realmente queres esconder.

3. Honestamente, não é mais difícil para ti dizer “eu amo” do que “eu odeio”? Associas amor com fraqueza e ódio com força e o teu próprio poder real te parece ser a tua real fraqueza. Pois não poderias controlar a tua alegre resposta ao chamado do amor se o ouvisses e todo o mundo que pensaste ter feito desapareceria. O Espírito Santo, então, parece estar atacando a tua fortaleza, pois queres deixar Deus de fora e não é Vontade de Deus ser excluído.

4. Construíste todo o teu insano sistema de crenças porque pensas que ficarias indefeso na Presença de Deus e queres salvar a ti mesmo do Seu Amor porque pensas que ele te esmagaria no nada. Tens medo de que ele te varra para longe de ti mesmo e te faça pequeno, porque acreditas que a magnitude está no desafio e que o ataque é grandioso. Pensas que fizeste um mundo que Deus quer destruir e amando-O como tu O amas, jogarias fora esse mundo, o que, de fato, farias.  Portanto, usaste o mundo para encobrir o teu amor e quanto mais te aprofundas no negror do fundamento do ego, mais perto chegas do Amor que lá está escondido. E é isso que te assusta.

5. Podes aceitar a insanidade porque a fizeste, mas não podes aceitar o amor porque não o fizeste. Preferes ser um escravo da crucificação do que um Filho de Deus na redenção. A tua morte individual te parece mais valiosa do que a tua unicidade viva, pois o que te é dado não é tão valorizado quanto o que fizeste. Tens mais medo de Deus do que do ego e o amor não pode entrar onde não é bem-vindo. Mas o ódio pode, pois entra por vontade própria e não se importa com a tua.

6. Tens que olhar para as tuas ilusões e não mantê-las escondidas, porque elas não se baseiam em um fundamento próprio. Estando ocultas parecem fazê-lo e assim aparentam manter-se por si mesmas. Essa é a ilusão fundamental sobre a qual repousam as outras. Pois, abaixo delas e permanecendo oculta enquanto elas estão escondidas, está a mente amorosa que pensou tê-las feito na raiva. E a dor nesta mente é tão evidente quando é descoberta, que a sua necessidade de cura não pode ser negada. Nenhum, entre todos os truques e jogos que tu lhe ofereces, é capaz de curá-la, pois lá está a real crucificação do Filho de Deus.

7. E, no entanto, ele não é crucificado. Aqui está tanto a sua dor quanto a sua cura, pois a visão do Espírito Santo é misericordiosa e o Seu Remédio é rápido. Não escondas o sofrimento da Sua vista mas, com contentamento, traze-o a Ele. Dispõe diante da Sua eterna sanidade tudo o que está ferido em ti e permite que Ele te Cure.  Não deixes nenhum ponto de dor escondido da Sua Luz e procura com cuidado em tua própria mente quaisquer pensamentos que possas ter medo de descobrir. Pois Ele curará todos os pensamentos, por pequenos que sejam, que tenhas guardado para ferir-te e os limpará de sua pequenez restaurando-os à magnitude de Deus.

8. Por baixo de toda a grandiosidade à qual dás tanto valor, está o teu pedido real de ajuda. Pois chamas o teu Pai pedindo amor, assim como o teu Pai te chama para Ele Mesmo. Naquele lugar que escondeste, a tua vontade é apenas unir-te ao Pai em Sua memória com amor. Acharás esse lugar da verdade na medida em que o vires nos teus irmãos, pois embora eles possam enganar a si mesmos, como tu anseiam pela grandeza que está neles. E percebendo-a, darás boas-vindas a ela e ela será tua. Pois a grandeza é o direito do Filho de Deus e nenhuma ilusão pode satisfazê-lo ou salvá-lo do que ele é. Só o seu amor é real e ele só ficará contente com a sua realidade.

9. Salva-o de suas ilusões para que possas aceitar a magnitude do teu Pai em paz e alegria. Mas não excluas ninguém do teu amor ou estarás escondendo um lugar escuro na tua mente onde o Espírito Santo não é bem-vindo. E assim estarás te excluindo do Seu poder de cura, pois não oferecendo amor total, não serás completamente curado. A cura tem que ser tão completa quanto o medo, pois o amor não pode entrar onde existe uma mancha de medo para turvar as boas-vindas a ele.

10. Tu, que preferes a separação à sanidade, não podes obtê-la em tua mente certa. Estavas em paz até que pediste um favor especial. E Deus não o concedeu, pois o pedido era algo alheio a Ele e tu não poderias pedir isso a um Pai Que verdadeiramente amasse Seu Filho. Por conseguinte fizeste Dele um Pai sem amor, exigindo algo que somente um pai assim seria capaz de dar. E a paz do Filho de Deus foi despedaçada, pois ele não mais compreendeu seu Pai. Ele tinha medo do que tinha feito, mas temia ainda mais o seu Pai real, tendo atacado a sua própria igualdade gloriosa em relação a Ele.

11. Em paz, ele não precisava de nada e não pedia nada. Em guerra, ele exigia tudo e nada achava. Pois como poderia a gentileza do amor responder às suas exigências, exceto partindo em paz e retomando ao Pai? Se o Filho não desejava permanecer em paz, ele não podia permanecer de modo algum. Pois uma mente escura não pode viver na luz e tem que buscar um lugar de trevas onde possa acreditar que está onde não está.  Deus não permitiu que isso acontecesse. Entretanto, tu exigiste que acontecesse e, por conseguinte, acreditaste que era assim.

12. “Escolher um” é “tornar sozinho” e, portanto, solitário. Deus não fez isso contigo. Seria Ele capaz de te colocar à parte conhecendo que a tua paz está na Sua Unicidade?  Ele só te negou o teu pedido de dor, pois o sofrimento não faz parte da Sua criação. Tendo dado a ti a criação, Ele não poderia tirá-la de ti. Ele só poderia responder ao teu pedido insano com uma resposta sã que viesse a habitar contigo na tua insanidade. E isso Ele fez. Ninguém que ouça a Sua resposta deixará de desistir da insanidade. Pois a Sua resposta é o ponto de referência além das ilusões, do qual podes olhar para trás e vê-Ias como insanas. Apenas busca esse lugar e o acharás, pois o Amor está em ti e te conduzirá até lá.

 

 

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